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140. ‘WHEN THE MIDNIGHT CHOO-CHOO LEAVES FOR ALABAM’’, de O Mundo da Fantasia (1954)
Com Donald O’Connor e Mitzi Gaynor. Direção: Walter Lang. Coreografia: Robert Alton. Canção de Irving Berlin.
A delicinha Mitzi Gaynor era limitada por seu próprio estúdio, a Fox, cujo alcance nos musicais não era tanto. Mas ela sempre deu conta do recado, e um de seus momentos especialmente divertidos é esse: com Donald O’ Connor, como dois irmãos que trabalham no teatro musical, fazendo uma paródia caseira de um número apresentado no início do filme por Ethel Merman e Dan Dailey, seus pais no filme.
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139. ‘XANADU’, de Xanadu (1980)
Com Olivia Newton-John. Direção: Robert Greenwald. Coreografia: Kenny Ortega. Canção de Jeff Lynne.
Kitsch até dizer chega, explodindo em neon, Xanadu não é lá essas coisas como filme. Mas o momento bem virada anos 1970/ anos 1980 desse nímero, com uma grande música, tem uma Olivia Newton-John cheia de graça, conseguindo aparecer no meio dessa poluição visual de dançarinos, patinadores, equilibristas…
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138. ‘PUTTIN’ ON THE RITZ’, de O Jovem Frankenstein (1974)
Com Gene Wilder e Peter Boyle. Direção: Mel Brooks. Canção de Irving Berlin.
O doutor Frankenstein vai mostrar sua criatura ao público, seu prodígio científico. E como ele faz isso? Num palco, cantando e dançando com ela um clássico de Irving Berlin! Puro Mel Brooks, um apaixonado por musicais que sempre dava espaço para um número em seus filmes.
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137. ‘AUDITION (THE FOOLS WHO DREAM)’, de La La Land — Cantando Estações (2016)
Com Emma Stone. Direção: Damien Chazelle. Canção de Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul.
Mia conta uma história de sua tia em Paris, que se torna um hino aos “tolos que sonham” — ela própria inclusa. Uma transição delicada e perfeita do diálogo para a canção, do cenário para apenas Emma Stone num foco de luz e uma câmera que, lentamente, vai até ela, dá a volta por trás dela e retorna ao ponto principal. Se feito com talento, não precisa muito mais que isso pra ser brilhante e inesquecível.
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136. ‘I’M OLD FASHIONED’, de Bonita como Nunca (1942)
Com Rita Hayworth (voz de Nan Wynn) e Fred Astaire. Direção: William A. Seiter. Diretor de dança: Val Raset. Coreografia: Fred Astaire e Nicanor Molinare. Canção de Jerome Kern e Johnny Mercer.
Bonita como Nunca foi o segundo e último filme estrelado por Astaire e Rita Hayworth, mostrando de novo que eles eram perfeitos juntos. É charme que não acaba mais e um final gracinha.
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135. ‘SOMEDAY MY PRINCE WILL COME’, de Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Com Adriana Caselotti. Direção: David Hand. Canção de Frank Churchill e Larry Morey.
Sim, claro, é datado: a princesa esperando pelo seu príncipe que vai resgatá-la. Deem um desconto, é 1937. A canção se tornou um ícone que resiste, num momento em que os anões se encantam junto conosco pela menina esperançosa.
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134. ‘IF I ONLY HAD A NERVE/ WE’RE OFF TO SEE THE WIZARD’, de O Mágico de Oz (1939)
Com Bert Lahr, Judy Garland, Ray Bolger, Jack Haley e a voz de Buddy Ebsen. Direção: Victor Fleming. Canção de E.Y. Harburg e Harold Arlen.
Depois de “If I only had a brain”, com o Espantalho, e “If I only had a heart”, com o Homem de Lata, é a vez do Leão covarde cantar sua canção. A diferença é que ela emenda com a icônica “We’re off to see the wizard” (onde a voz do Homem de Lata ainda é a de Buddy Ebsen, que teve alergia à maquiagem e foi substituído na filmagem por Jack Haley). “We’re off to see the wizard” já havia sido cantada três vezes antes, mas esta é a primeira em que estão os quatro juntos, por isso é um momento marcante.
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133. ‘SHALL WE DANCE?’, de Vamos Dançar (1937)
Com Fred Astaire e Ginger Rogers. Direção: Mark Sandrich. Coreografia: Hermes Pan. Canção de George Gershwin e Ira Gershwin.
Depois de ter perdido Ginger, o personagem de Fred lida com isso apresentando um número com várias dançarinas usando máscaras da amada. O que ele não espera é que a verdadeira está lá e ele vai ter que encontrá-la para fazerem, como sempre, mágica juntos. É o delicioso final de Vamos Dançar?, candidato a melhor filme da maior dupla de dançarinos do cinema.
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132. ‘HELLO, DOLLY’, de Alô, Dolly (1969)
Com Barbra Streisand e Louis Armstrong. Direção: Gene Kelly. Coreografia: Michael Kidd. Canção de Jerry Herman.
O grande momento (grande mesmo: mais de sete minutos) de Alô, Dolly, em que a casamenteira atrevida é recebida com pompa e circunstância no restaurante pela infinidade de garçons do lugar. A cereja é a pequena participação do gigante Louis Armstrong. O vídeo abaixo infelizmente não mostra o número todo, mas a canção dá pra ouvir aqui.
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131. ‘CHANSON D’UN JOUR D’ÉTÉ’, de Duas Garotas Românticas (1967)
Com Catherine Deneuve (com voz de Anne Germain) e Françoise Dorléac (com voz de Claude Parent). Direção: Jacques Demy. Coreografia: Norman Maen. Canção de Michel Legrand.
Irmãs no filme e na vida real e irresistíveis, Deneuve e Françoise Dorleac fazem essa apresentação no palco de uma quermesse. Quem resiste quando, no refrão, elas esquecem a plateia e cantam para nós, do outro lado da câmera? Demy namora muito o musical hollywoodiano nesse filme.
A última impressão é a que fica? Aqui está uma lista de meus 50 finais preferidos de filmes.
50. NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA. Woody Allen, 1977
ALVY: “Eu, eu pensei naquela velha piada, sabe, um, um cara vai a um psiquiatra e diz: ‘Doutor, hã, meu irmão está louco. Ele pensa que é uma galinha’. E, hã, o doutor diz: ‘Bem, por que você não o interna?’. E o cara diz: ‘Eu ia, mas eu preciso dos ovos’. Bem, acho que isso é muito como eu me sinto sobre relacionamentos. Você sabe, eles são totalmente irracionais e loucos e absurdos e… mas, hã, acho que continuamos com eles porque, hã, a maioria de nós precisa dos ovos”.
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49. O BEBÊ DE ROSEMARY. Roman Polanski, 1968
ROSEMARY: “Você está balançando muito rápido”.
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48. A DOCE VIDA. Federico Fellini, 1960
MARCELLO: “Não consigo escutar!”.
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47. O SÉTIMO SELO. Ingmar Bergman, 1957
JOF: “E a Morte, a mestre severa, os convida para dançar”.
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46. OS INTOCÁVEIS. Brian de Palma, 1987
ELLIOT NESS: “Acho que vou tomar um drinque”.
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45. CHINATOWN. Roman Polanski, 1974
WALSH: “Esqueça, Jake. É Chinatown”.
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44. BONEQUINHA DE LUXO. Blake Edwards, 1961
HOLLY: “O Gato… Onde está o Gato?…”
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43. A SEPARAÇÃO. Asghar Farhadi, 2011
JUIZ: “Você quer que eles esperem lá fora, se for difícil para você?
TERMEH: “Eles podem?”
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42. A VIDA DE BRIAN. Terry Jones, 1979
SR. FRISBEE: “Olhe sempre o lado bom da vida”.
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41. CLUBE DOS CINCO. John Hughes, 1985
BRIAN: “Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um cérebro…”
ANDREW: “…e um atleta…”
ALLISON: “…e uma inútil…”
CLAIRE: “…e uma princesa…”
BENDER: “…e um criminoso.”
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41. PACTO DE SANGUE. Billy Wilder, 1944
KEYES: “Você não vai chegar nem ao elevador”.
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40. BUTCH CASSIDY. George Roy Hill, 1969
BUTCH: “Tenho uma grande ideia de onde deveríamos ir depois daqui”.
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39. A MONTANHA DOS SETE ABUTRES. Billy Wilder, 1951
CHUCK: “Gostaria de ganhar mil dólares por dia, Sr. Boot? Sou um jornalista que vale mil dólares por dia. Pode ficar comigo por nada”.
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38. DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. Glauber Rocha, 1964
CORISCO: “Mais fortes são os poderes do povo!”.
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37. OS BONS COMPANHEIROS. Martin Scorsese, 1990
HENRY: “Sou um ninguém. Vou viver o resto da minha vida como um merda”.
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36. TOY STORY 3. Lee Unkrich, 2010
WOODY: “Até mais, parceiro”.
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35. CAVADORAS DE OURO DE 1933. Mervyn LeRoy, 1933
CAROL: “Lembre-se do meu homem esquecido”.
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34. HOMEM DE FERRO. Jon Favreau, 2008
TONY STARK: “Eu sou o Homem de Ferro”.
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33. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS. Bruno Barreto, 1976
TRILHA SONORA: “O que será, que será, que andam suspirando pelas alcovas?”
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32. SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Peter Weir, 1989
KEATING: “Obrigado, garotos. Obrigado”.
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31. OURO E MALDIÇÃO. Erich von Stroheim, 1924
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29. A PRINCESA E O PLEBEU. William Wyler, 1953
ANN: “Muito feliz, Sr. Bradley”.
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28. A MALVADA. Joseph L. Mankiewicz, 1950
ADDISON: “Você deve perguntar à Srta. Harrington como conseguir um. A Srta. Harrington sabe tudo sobre isso”.
Assista!
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27. 8 ½. Federico Fellini, 1963
GUIDO: “Esta confusão… sou eu”.
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26. INIMIGO PÚBLICO. 1931
MIKE: “Mãe, estão trazendo Tom para casa!”.
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25. OS INCOMPREENDIDOS. François Truffaut, 1959
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24. THELMA & LOUISE. Ridley Scott, 1991
THELMA: “Apenas vamos em frente”.
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23. TEMPOS MODERNOS. Charles Chaplin, 1936
CARLITOS: “Sorria!”
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22. OS SUSPEITOS. Bryan Singer, 1995
VERBAL: “O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe”.
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21. CINEMA PARADISO. Giuseppe Tornatore, 1988
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20. …E O VENTO LEVOU. Victor Fleming, 1939
RHETT: “Francamente, minha querida, estou cagando pra isso”.
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19. OS PÁSSAROS. Alfred Hitchcock, 1963
CATHY: “Posso levar os periquitos, Mitch? Eles não machucaram ninguém”.
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18. LADRÕES DE BICICLETA. Vittorio de Sica, 1948
BRUNO: “Papai! Papai!”
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17. SE MEU APARTAMENTO FALASSE. Billy Wilder, 1960
FRAN KUBELIK: “Cale a boca e dê as cartas”.
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16. CASABLANCA. Michael Curtiz, 1942
RICK: “Louis, acho que este é o início de uma bela amizade”.
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15. O PLANETA DOS MACACOS. Franklin J. Schaffner, 1968
GEORGE TAYLOR: “Seus maníacos! Vocês estragaram tudo! Malditos sejam!”.
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14. A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM. Mike Nichols, 1967
TRILHA SONORA: “Olá, escuridão, velha amiga”.
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13. DE VOLTA PARA O FUTURO. Robert Zemeckis, 1985
DOUTOR BROWN: “Ruas? Para onde vamos não precisamos… de ruas”.
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12. 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO. Stanley Kubrick, 1968
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11. BONNIE AND CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS. Arthur Penn, 1967
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10. RASTROS DE ÓDIO. John Ford, 1956
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9. CIDADÃO KANE. Orson Welles, 1941
JERRY THOMPSON: “Talvez ‘Rosebud’ seja alguma coisa que ele não conseguiu. Ou algumas coisa que ele perdeu”.
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8. PSICOSE. Alfred Hitchcock, 1960
NORMA BATES: “Ele vão dizer: ‘Ela não mataria uma mosca’…”.
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7. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR. Billy Wilder, 1959
OSGOOD: “Ninguém é perfeito”.
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6. NOITES DE CABÍRIA. Federico Fellini, 1957
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5. MANHATTAN. Woody Allen, 1979
TRACY: “Nem todo mundo se corrompe. Você tem que ter um pouco de fé nas pessoas”.
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4. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA. Frank Capra, 1946
HARRY: “Ao meu irmão George: o homem mais rico da cidade”.
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3. O PODEROSO CHEFÃO. Francis Ford Coppola, 1972
KAY: “É verdade? É?”
MICHAEL: “Não”.
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2. CREPÚSCULO DOS DEUSES. Billy Wilder, 1950
NORMA DESMOND: “Está bem, Sr. DeMille, estou pronta para o meu close-up”.
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1. LUZES DA CIDADE. Charles Chaplin, 1931
CARLITOS: “Você consegue ver agora?”
FLORISTA: “Sim, eu consigo ver agora”.
DIÁRIO DE FILMES 2018: 16 – RASTROS DE ÓDIO
Ethan Edwards é um herói? Não necessariamente. Sim, ele passa anos numa árdua e incansável busca por sua sobrinha Debbie, raptada por índios que dizimaram a família da garota. Mas pode muito bem matá-la, se ela tiver virado índia – ele diz que é melhor morrer que viver como índio. Para não deixar dúvidas sobre seu racismo, trata mal Martin, o irmão adotado de Debbie, um mestiço que ele mesmo encontrou e deu para o irmão criar. Mesmo que seja Martin que fique sempre a seu lado na busca. Um monumental John Wayne é o alicerce dessa obra-prima de um John Ford que mostrava um ponto de vista bem mais complexo que o de seus primeiros faroestes.
Rastros de Ódio. The Searchers. Estados Unidos, 1956. Direção: John Ford. Elenco: John Wayne, Jeffrey Hunter, Vera Miles, Ward Bond, Natalie Wood. Em DVD.
30 de julho, há 10 anos: Morrem no mesmo dia, em 2007, os cineastas Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Ambos são considerados entre os mais importantes diretores da sétima arte, com obras extremamente pessoais. O sueco Bergman discutiu a dor humana, a existência de Deus, a opressão religiosa, a arte em filmes como O Sétimo Selo (1957), Morangos Silvestres (1957), Persona (1966), Gritos e Sussurros (1972), Sonata de Outono (1978) e Fanny & Alexander (1982). O italiano Antonioni ficou conhecido como o cineastas da incomunicabilidade, por obras como A Aventura (1960), A Noite (1961), O Eclipse (1962), Blow Up – Depois Daquele Beijo (1966) e Profissão: Repórter (1975).
10 de julho, há 35 anos: Morre, em 1982, aos 62 anos, o cantor, compositor e instrumentista paraibano Jackson do Pandeiro. Conhecido como o “rei do ritmo”, ele gravou seu primeiro grande sucesso apenas aos 35 anos, em 1953: “Sebastiana”, de Rosil Cavalcanti. Com Almira Carrilho fez uma dupla de sucesso e foi casado de 1956 a 1967. Navegando no forró e samba e seus gêneros aparentados, emplacou sucessos que o tornaram um dos músicos nordestinos mais influentes: “Chiclete com banana”, “O canto da ema”, “Um a um” e “Cantiga do sapo”. Jackson morreu em Brasília, dias depois de passar mal no aeroporto quando voltava de um show na cidade.
6 de julho, há 60 anos: Conhecem-se, em 1957, os cantores, compositores e multi-instrumentistas John Lennon e Paul McCartney, que seriam fundadores e líderes dos Beatles. Lennon tinha 16 anos e McCartney, 15, quando Paul viu uma apresentação da banda de John, The Quarrymen, em uma festa na St. Peter’s Church, em Liverpool (a foto do post é desse show, cerca de 15 minutos antes de John e Paul se conhecerem). Ivan Vaughan, membro da banda, apresentou os dois e McCartney tocou três músicas no violão. Duas semanas depois, entraria para a banda e depois levaria George Harrison, formando-se a base do que mais tarde viria a ser os Beatles, banda de rock mais importante da história.
5 de julho, há 15 anos: Morre, em 2002, aos 78 anos, a atriz mexicana Katy Jurado. Ela começou sua carreira em seu país natal, em 1943, em uma era dourada para o cinema mexicano. A partir de 1951, começou a trabalhar em Hollywood, principalmente em faroestes. O maior deles foi Matar ou Morrer (1952), que rendeu a ela um Globo de Ouro, o primeiro para uma latina. Foi indicada ao Oscar por Lança Partida (1954).
30 de junho, há 100 anos: Nasce, em 1917, a cantora, atriz, dançarina e ativista dos direitos civis americana Lena Horne. Desde os 16 anos, belíssima, ela se tornou cantora de nightclubs, sendo depois contratada para filmes em Hollywood. Foi subutilizada em papéis pequenos e em aparições apenas como cantora em musicais da Metro, mas estrelou Uma Cabana no Céu (1943) e Tempestade de Ritmos (1943), ambos de elenco predominantemente negro. Desencantanda com Hollywood, se concentrou em sua carreira de cantora a partir dos anos 1950, se tornando uma das grandes vozes do jazz. Desde os anos 1940 lutou contra a segregação racial nos EUA. Morreu em 2010, aos 92 anos.
29 de junho, há 50 anos: Morre, em 1967, aos 34 anos, a atriz americana Jayne Mansfield. Um dos principais símbolos sexuais do cinema nos anos 1950 e 1960, parecida com Marilyn Monroe, fez sucesso com comédias como Sabes o que Quero (1956), a grande maioria enfatizando seu corpo. Quando a carreira decaiu, foi a primeira estrela a aparecer nua em um filme de Hollywood, em Promises, Promises (1963). Morreu em um acidente automobilístico.
Marilyn Monroe estaria completando hoje 90 anos. Sempre apontada como o maior sex symbol do cinema, ela também tinha um talento natural para a comédia (foi premiada no Globo de Ouro por Quanto Mais Quente Melhor, 1959) e foi se tornando também uma boa atriz dramática (como mostrou em filmes como Nunca Fui Santa, 1956, e Os Desajustados, 1961). Era insegura, autodestrutiva, esquecia as falas, enlouquecia os diretores com quem trabalhava. Billy Wilder dizia que filmar com ela era um inferno, mas tudo compensava quando se via o resultado na tela. Sua morte trágica aos 36 anos a transformou em um mito eterno.
No meio de um dos maiores faroestes de todos os tempos, o diretor Howard Hawks arrumou um tempo para aproveitar o talento dos dois cantores de seu elenco: o crooner Dean Martin e o astro jovem Ricky Nelson. Eles cantam “My rifle, my pony and me” e “Get along home, Cindy” e criam um momento de camaradagem entre os delegados que estão segurando um assassino na cadeia e aguentando a pressão da gangue que quer soltá-lo. Até o Walter Brennan acompanha, faltou só o John Wayne cantar também.
Onde Começa o Inferno. Rio Bravo. Estados Unidos, 1959. Direção: Howard Hawks. Elenco: John Wayne, Dean Martin, Angie Dickinson, Ricky Nelson, Walter Brennan.
Cena anterior: Cabaret.
Este ano marca os 75 anos do Pernalonga. Para celebrar, já apresentei aqui um top 10 dos desenhos do coelho dirigidos por Chuck Jones, seu maior mestre. Agora, vamos a mais dez antológicos curtas do personagem, um top 10 de seu outro grande diretor: Isadore “Friz” Freleng. Seu começo na animação data dos anos 1920 e ele chegou ao seu auge na mesma época em que Jones: com os curtas do coelho nos anos 1940 e 1950. Seguem os meus 10 preferidos (quatro deles com o Eufrazino!):
10. MUTINY ON THE BUNNY/ O MOTIM (1950)
Friz Freleng gostava muito de usar o Eufrazino como adversário do Pernalonga. Os cenários podiam mudar e ser, por exemplo, em alto-mar, em que o bigodudo contrata o coelho como seu único tripulante. Não é o primeiro com o pirata Eufrazino, mas é o melhor com o começo impactante do marinheiro aos frangalhos fugindo e alertando para a câmera: “Eu já fui um ser humano”. E tem a impagável sequência em que Eufrazino remenda sozinho e seguidas vezes seu navio.
Assista com som original. / Assista com a dublagem da Cinecastro.
9. HARE BRUSH/ TROCA DE SORTE (1955)
Hortelino, louco, pensa que é um coelho. Engana o Pernalonga para ficar em seu lugar no hospital. O coelho, então, é confundido pelo psicólogo (“É o pior caso que já vi!”) e é hipnotizado para voltar a ser o Hortelino. E, como tal, vai á caça do coelho. Basicamente é uma piada só: ver um personagem se comportando como o outro, uma espécie de vingancinha que Freleng proporcionou ao Hortelino, Mas quem resiste à frase “Eu sou Elmer, o milionário. Possuo uma mansão e um iate”?
Assista com som original. / Assista com a dublagem da Cinecastro.
8. RHAPSODY RABBIT/ CONCERTO SEM DÓ (1946)
Todo desenho clássico que se preza tem algum curta envolvendo música clássica. Mickey e Donald têm Mickey, o Maestro (The Band Concert), de 1935. Tom & Jerry têm The Cat Concerto (1947). Pernalonga tem vários deles, de maneiras diferentes, e um dos grandes é este, que coloca o coelho como pianista sofrendo para apresentar uma obra de Liszt (plot semelhante a The Cat Concerto, que veio depois).
7. SHOW BIZ BUGS/ SHOW INFERNAL/ DUELO DE VAIDADES (1957)
Pobre Patolino. No show que divide com Pernalonga no teatro seu nome vem em letras minúsculas, seu camarim é o banheiro e, por mais que faça no palco o mesmo que o coelho ou melhor, só recebe da plateia um silêncio sepulcral ou ocasionalmente um tomate. A disputa entre os dois é ótima: com destaque para os pombos treinados que saem voando ou aquele número de mágica de cortar uma pessoa ao meio para o qual Patolino se oferece para demonstrar a fraude (“O turbante dele também é falso! É uma toalha de banho”).
Assista com som original. / Assista com a dublagem da Cinecastro.
6. LITTLE RED RIDING RABBIT/ UM CHAPEUZINHO VERMELHO DIFERENTE/ CHAPEUZINHO VERMELHO, PERNALONGA E O LOBO MAU (1944)
Mais assemelhado ao Pernalonga de Bob Clampett que ao de Chuck Jones, esta sátira a Chapeuzinho Vermelho é demolidora e não deixa pedra sobre pedra. Começa pela própria Chapeuzinho, uma adolescente chata de galochas, que leva Pernalonga em sua cesta para a vovozinha. O duelo do coelho, claro, será com o lobo, vestido como a velha. É o primeiro curta a creditar mel Blanc como dublador.
Assista com o som original. / Assista com a dublagem da Cinecastro.
5. BUGS BUNNY RIDES AGAIN/ PERNALONGA ATACA DE NOVO/ PERNALONGA ATACA OUTRA VEZ (1948)
O oeste é o lar de Eufrazino, onde ele se sente realmente à vontade. E este curta alopradíssimo é quase um resumo das piadas possíveis com clichês do gênero. O enredo é simples: Eufrazino aparece na cidade tocando o terror e o Pernalonga aceita enfrentá-lo. A partir daí, o coelho subvertendo a realidade de maneira frenética, cortando o baralho no poquer com um facão ou fazendo um show de vaudeville quando Eufrazino atira em seu pés gritando “Dance!”. Que ritmo tem esse desenho!
4. A HARE GROWS IN MANHATTAN/ INFÂNCIA EM MANHATTAN/ TRAPALHADAS DE UM COELHO (1947)
Pernalonga não tem uma origem fixa, graças a Deus. Nesta animação cujo título faz referência ao livro e filme A Tree Grows in Brooklyn. O filme de Elia Kazan, que aqui se chama Laços Humanos, havia saído dois anos deste curta. O astro Pernalonga (o curta começa com um passeio visual pela propriedade suntuosa com piscina, mas cuja casa mesmo ainda é uma toca no chão) conta a uma repórter de fofocas sobre sua infância no East Side, onde é perturbado por uma gangue de cães. A cidade de Nova York é uma bela co-protagonista.
3. BIG HOUSE BUNNY/ COELHO NA PRISÃO (1950)
O coitado do Eufrazino não se dá bem nem mesmo quando está do lado certo da lei. Carcereiro em uma prisão, dá o azar de o Pernalonga aparecer lá fugindo de caçadores. Começa prendendo o coelho, quando acha que ele era um preso tentando fugir. A partir daí a sucessão de gags é quase ininterrupta, com destaque para a fuga cujo túnel vai dar em uma selva que se revelam as plantas da sala do diretor da penitenciária. Eufrazino (que originalmente chama-se Yosemite Sam) aqui é curiosamente chamado de Schultz.
Assista com o som original. / Assista com a dublagem da Cinecastro.
2. BUGS AND THUGS/ PERNALONGA E OS BANDIDOS (1954)
O melhor dos curtas em que o coelho contracena com a dupla de gangsters Rocky e Mugsy. Ele vai ao banco sacar uma cenoura de seu cofre e depois pega um taxi, que é na verdade o carro dos dois assaltantes. Ele acaba sendo levado como refém. Visualmente é um desenho belíssimo (como a cena em que Rocky manda Mugsy dar cabo do coelho, vista apenas em silhueta por trás de uma janela no covil dos bandidos), de narrativa ágil, com ótimas piadas e ainda tem essa cena antológica em que Pernalonga convence os bandidos de que a casa está cercada e os esconde no forno enquanto finge ser interrogado do lado de fora (“Eu acenderia o gás se ele estivesse no forno? Eu acenderia este fósforo se eles estivessem no forno?”). Pessoalmente, me rendeu um bordão que sempre uso: “É possível, coelho, é possível…”.
Antes do primeiro lugar, algumas MENÇÕES HONROSAS: Knighty Knight Bugs/ Cavaleiro Pernalonga (1958), único Oscar vencido por Pernalonga, em uma aventura na Inglaterra medieval; Ballot Box Bunny/ Pernalonga em Campanha/ Disputa Acirrada (1951), em que Pernalonga e Eufrazino disputam uma eleição; Slick Hare/ O Coelho do Dia/ Coelho Saliente (1947), em que o coelho e Hortelino aprontam confusões em um restaurante cheio de estrelas de Hollywood; Baseball Bugs/ O Campeão de Beisebol/ Beisebol com Pernalonga (1946), em que Pernalonga sozinho enfrenta um time de brutamontes.
1. HIGH DIVING HARE/ PRATICANDO MERGULHO/ MERGULHO DE ALTO RISCO (1949)
Promotor de um show no velho oeste, Pernalonga entra em apuros quando sua principal atração, Ousadino, que mergulha de um trampolim altíssimo em uma tina d’água, não aparece. Eufrazino, na plateia, força o coelho a fazer o número. Aí começa o duelo de tenacidade dos dois: Eufrazino empurrando o coelho escada acima sob a mira de uma arma, o coelho fazendo com que o enfezado é que caia lá de cima. A cena se repete freneticamente, o coelho sempre dando um jeito engraçadíssimo e enganar o oponente. Até a frase definitiva: “Eu sei que isso desafia a lei da gravidade, mas, sabe, eu nunca estudei leis…”. Um clássico absoluto de Freleng!
Assista com a dublagem original / Assista com a dublagem da Cinecastro
“O que é que há, velhinho?”, dizia um certo coelho cinza para um certo caçador há 75 anos. No curta A Wild Hare (1940), de Tex Avery, Pernalonga aparecia pela primeira vez completamente desenvolvido, após dois anos de protótipos aparecendo em quatro curtas da Warner. Foram vários os animadores a contribuir para o estrelato do coelho, mas quatro se destacam: Bob Clampett, Friz Freleng, Chuck Jones e Robert McKimson.
Juro que tentei fazer um top 10, mas não consegui (no CORREIO, fui mais objetivo e saiu um). Assim, optei por três top 10 do Pernalonga: um só com os desenhos de Chuck Jones (todos com roteiro de Michael Maltese), outro só com Friz Freleng, e um terceiro com os demais diretores.
10. OPERATION: RABBIT/ OPERAÇÃO: COELHO (1952)
O coiote, que aqui se apresenta como “Willie E. Coyote, gênio”, só havia aparecido uma vez no então único desenho do Papa-Léguas (Fast and Furry-ous, 1949). O alvo do coiote, aqui, é o coelho, a quem ele aristocraticamente se apresenta já no começo, levando sua própria porta. A dupla contracenou outras quatro vezes, mas esta aqui é a que marcou.
9. HAREDEVIL HARE/ COELHO HERÓICO/ COELHO ESPACIAL (1948)
Pernalonga conhece um novo rival: Marvin, o Marciano (aqui, ainda sem nome). O começo já é ótimo, com o coelho sendo lançado em pânico ao espaço pela Nasa. Em Marte, ele conhece o sujeitinho que quer explodir a Terra porque “está atrapalhando sua vista de Vênus”.
8. RABBIT SEASONING/ CAÇA AO PATO (1952)
Segundo da Trilogia da Caça (dirigida por Jones e escrita por Michael Maltese), este é aquele do “Vai atirar nele agora ou vai esperar até chegar em casa?”. Em termos de ritmo de comédia, é tão bom quanto o primeiro, Rabbit Fire (1951). E o terceiro, Duck! Rabbit! Duck! (1953) não fica atrás. Na eleição de 50 melhores cartoons, a partir de uma votação entre mil animadores, ficou em 30º lugar.
Bônus! O desenho dublado por mim!
7. RABBIT HOOD/ PERNALONGA HOOD/ COELHO HOOD/ PERNALONGA EM SHERWOOD (1949)
Pernalonga ataca o canteiro real de cenouras e tem que se ver com o Xerife de Nottingham. Mas João Pequeno aparece ao longo do episódio anunciando solenemente: “Não se aflija! Não tema! Porque Robin Hood não tarda a chegar!”. Não que o coelho precise: fingindo ser o rei, ele destroça o xerife enquanto o sagra cavaleiro seguidas vezes em mais uma sequência antológica (“Levante Sir Royal do Bife! Levante Cavaleiro da Abóbora! Levante, seu cavaleiro idiota!”)..
Assista com o som original / Cena com a dublagem da Cinecastro
6. BULLY FOR BUGS/ COELHO TOUREIRO/ PERNALONGA, O TOUREIRO (1953)
Colocar o herói como toureiro foi um expediente muito usado nas animações clássicas. Nenhum se saiu tão bem quanto o Pernalonga, que foi parar em uma arena ao tomar o caminho errado para um festival de cenouras (“Eu sabia que devia ter virado à esquerda em Albuquerque”). O olhar assassino do touro torna o duelo memorável, assim como as artimanhas do coelho para iludi-lo (como aproveitar uma dança para estapear o bicho).
5. BEANSTALK BUNNY/ O COELHO E O PÉ DE FEIJÃO (1955)
De novo Pernalonga, Patolino e Hortelino juntos, mas numa ambientação diferente. Agora, o pato é o João do pé-de-feijão e a planta cresce a partir dos feijões mágicos que ele joga desavisadamente na toca do sonolento coelho. Hortelino é o gigante. Há diálogos maravilhosos (“É mentira! Meu nome é Aloísio! Ele é o João: João Coelho”), grande ritmo, humor visual de primeira (para fugir de uma redoma com um cortador de vidro, a dupla corta suas exatas silhuetas).
4. ALI BABA BUNNY/ O TESOURO DE ALI BABÁ (1957)
A parceria com Patolino tem mais um grande momento. Os dois por acaso chegam à caverna dos tesouros roubados de Ali Babá. Mas há um guarda brutamontes que tenta liquidá-los. O coelho só quer sair dali, mas é claro que o pato ganancioso pira diante de tal fortuna. Na eleição de 50 melhores cartoons, a partir de uma votação entre mil animadores, ficou em 35º lugar.
3. LONG-HAIRED HARE/ MAESTRO PERNALONGA (1949)
Um dos maiores momentos da comédia em todos os tempos, entre animações e seres humanos: a imitação que Pernalonga faz do maestro Leopold Stokowski, regendo o tenor Giovanni Jones, com quem tem uma rusga em pleno recital do sujeito no Hollywood Bowl. Tudo começa porque o ensaio de Jones é atrapalhado seguidas vezes pelo coelho, atacando “Raining night at Rio” no banjo, depois tocando harpa e uma tuba.
2. RABBIT FIRE/ TEMPORADA DE CAÇA (1951)
O primeiro da Trilogia da Caça marcou a primeira vez em que Pernalonga e Patolino contracenam. Até então duas estrelas da Warner com suas próprias séries de curtas, o coelho e o pato combinaram de maneira espantosa. Jones e Maltese redefiniram aqui a personalidade do Patolino, que deixava de ser o pato maluquete do começo da carreira para se tornar mais sofisticado e complexo: vaidoso, ganancioso, egoísta, vingativo e se achando mais esperto do que de fato é. Os diálogos são brilhantes, partindo, claro, da cena “Duck season! Rabbit season!”. Um show particular do dublador Mel Blanc, que fazia as vozes tanto do coelho quanto do pato.
Bônus! O desenho dublado por mim!
Antes do primeir lugar, algumas MENÇÕES HONROSAS: Duck! Rabbit! Duck! (1953), terceiro da Trilogia da Caça; What’s Opera, Doc? (1957), primeiro lugar na eleição dos 50 melhores cartoons; Bunny Hugged (1951), no mundo da luta livre; Hare-Raising Hare (1946), a estreia do monstro cabeludo depois conhecido como Gossamer; Baby Buggy Bunny (1954), em que Pernalonga adota um bebê sem saber que é um gangster.
1. RABBIT OF SEVILLE/ O COELHO DE SEVILHA (1950)
Em sua eterna perseguição, Pernalonga e Hortelino vão parar no palco de uma ópera que está para começar. Quando a cortina sobe e a orquestra ataca, a confusão se dá ao som da abertura de O Barbeiro de Sevilha. A dupla transforma esse trecho inicial da obra-prima de Rossini em uma ópera à parte, cantada e subvertida por eles. Cada piada é melhor que a outra, num exemplo magnífico da conjunção entre música e animação.