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A última impressão é a que fica? Aqui está uma lista de meus 50 finais preferidos de filmes.
50. NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA. Woody Allen, 1977
ALVY: “Eu, eu pensei naquela velha piada, sabe, um, um cara vai a um psiquiatra e diz: ‘Doutor, hã, meu irmão está louco. Ele pensa que é uma galinha’. E, hã, o doutor diz: ‘Bem, por que você não o interna?’. E o cara diz: ‘Eu ia, mas eu preciso dos ovos’. Bem, acho que isso é muito como eu me sinto sobre relacionamentos. Você sabe, eles são totalmente irracionais e loucos e absurdos e… mas, hã, acho que continuamos com eles porque, hã, a maioria de nós precisa dos ovos”.
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49. O BEBÊ DE ROSEMARY. Roman Polanski, 1968
ROSEMARY: “Você está balançando muito rápido”.
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48. A DOCE VIDA. Federico Fellini, 1960
MARCELLO: “Não consigo escutar!”.
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47. O SÉTIMO SELO. Ingmar Bergman, 1957
JOF: “E a Morte, a mestre severa, os convida para dançar”.
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46. OS INTOCÁVEIS. Brian de Palma, 1987
ELLIOT NESS: “Acho que vou tomar um drinque”.
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45. CHINATOWN. Roman Polanski, 1974
WALSH: “Esqueça, Jake. É Chinatown”.
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44. BONEQUINHA DE LUXO. Blake Edwards, 1961
HOLLY: “O Gato… Onde está o Gato?…”
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43. A SEPARAÇÃO. Asghar Farhadi, 2011
JUIZ: “Você quer que eles esperem lá fora, se for difícil para você?
TERMEH: “Eles podem?”
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42. A VIDA DE BRIAN. Terry Jones, 1979
SR. FRISBEE: “Olhe sempre o lado bom da vida”.
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41. CLUBE DOS CINCO. John Hughes, 1985
BRIAN: “Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um cérebro…”
ANDREW: “…e um atleta…”
ALLISON: “…e uma inútil…”
CLAIRE: “…e uma princesa…”
BENDER: “…e um criminoso.”
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41. PACTO DE SANGUE. Billy Wilder, 1944
KEYES: “Você não vai chegar nem ao elevador”.
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40. BUTCH CASSIDY. George Roy Hill, 1969
BUTCH: “Tenho uma grande ideia de onde deveríamos ir depois daqui”.
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39. A MONTANHA DOS SETE ABUTRES. Billy Wilder, 1951
CHUCK: “Gostaria de ganhar mil dólares por dia, Sr. Boot? Sou um jornalista que vale mil dólares por dia. Pode ficar comigo por nada”.
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38. DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. Glauber Rocha, 1964
CORISCO: “Mais fortes são os poderes do povo!”.
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37. OS BONS COMPANHEIROS. Martin Scorsese, 1990
HENRY: “Sou um ninguém. Vou viver o resto da minha vida como um merda”.
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36. TOY STORY 3. Lee Unkrich, 2010
WOODY: “Até mais, parceiro”.
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35. CAVADORAS DE OURO DE 1933. Mervyn LeRoy, 1933
CAROL: “Lembre-se do meu homem esquecido”.
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34. HOMEM DE FERRO. Jon Favreau, 2008
TONY STARK: “Eu sou o Homem de Ferro”.
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33. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS. Bruno Barreto, 1976
TRILHA SONORA: “O que será, que será, que andam suspirando pelas alcovas?”
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32. SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Peter Weir, 1989
KEATING: “Obrigado, garotos. Obrigado”.
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31. OURO E MALDIÇÃO. Erich von Stroheim, 1924
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29. A PRINCESA E O PLEBEU. William Wyler, 1953
ANN: “Muito feliz, Sr. Bradley”.
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28. A MALVADA. Joseph L. Mankiewicz, 1950
ADDISON: “Você deve perguntar à Srta. Harrington como conseguir um. A Srta. Harrington sabe tudo sobre isso”.
Assista!
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27. 8 ½. Federico Fellini, 1963
GUIDO: “Esta confusão… sou eu”.
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26. INIMIGO PÚBLICO. 1931
MIKE: “Mãe, estão trazendo Tom para casa!”.
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25. OS INCOMPREENDIDOS. François Truffaut, 1959
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24. THELMA & LOUISE. Ridley Scott, 1991
THELMA: “Apenas vamos em frente”.
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23. TEMPOS MODERNOS. Charles Chaplin, 1936
CARLITOS: “Sorria!”
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22. OS SUSPEITOS. Bryan Singer, 1995
VERBAL: “O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe”.
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21. CINEMA PARADISO. Giuseppe Tornatore, 1988
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20. …E O VENTO LEVOU. Victor Fleming, 1939
RHETT: “Francamente, minha querida, estou cagando pra isso”.
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19. OS PÁSSAROS. Alfred Hitchcock, 1963
CATHY: “Posso levar os periquitos, Mitch? Eles não machucaram ninguém”.
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18. LADRÕES DE BICICLETA. Vittorio de Sica, 1948
BRUNO: “Papai! Papai!”
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17. SE MEU APARTAMENTO FALASSE. Billy Wilder, 1960
FRAN KUBELIK: “Cale a boca e dê as cartas”.
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16. CASABLANCA. Michael Curtiz, 1942
RICK: “Louis, acho que este é o início de uma bela amizade”.
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15. O PLANETA DOS MACACOS. Franklin J. Schaffner, 1968
GEORGE TAYLOR: “Seus maníacos! Vocês estragaram tudo! Malditos sejam!”.
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14. A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM. Mike Nichols, 1967
TRILHA SONORA: “Olá, escuridão, velha amiga”.
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13. DE VOLTA PARA O FUTURO. Robert Zemeckis, 1985
DOUTOR BROWN: “Ruas? Para onde vamos não precisamos… de ruas”.
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12. 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO. Stanley Kubrick, 1968
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11. BONNIE AND CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS. Arthur Penn, 1967
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10. RASTROS DE ÓDIO. John Ford, 1956
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9. CIDADÃO KANE. Orson Welles, 1941
JERRY THOMPSON: “Talvez ‘Rosebud’ seja alguma coisa que ele não conseguiu. Ou algumas coisa que ele perdeu”.
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8. PSICOSE. Alfred Hitchcock, 1960
NORMA BATES: “Ele vão dizer: ‘Ela não mataria uma mosca’…”.
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7. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR. Billy Wilder, 1959
OSGOOD: “Ninguém é perfeito”.
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6. NOITES DE CABÍRIA. Federico Fellini, 1957
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5. MANHATTAN. Woody Allen, 1979
TRACY: “Nem todo mundo se corrompe. Você tem que ter um pouco de fé nas pessoas”.
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4. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA. Frank Capra, 1946
HARRY: “Ao meu irmão George: o homem mais rico da cidade”.
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3. O PODEROSO CHEFÃO. Francis Ford Coppola, 1972
KAY: “É verdade? É?”
MICHAEL: “Não”.
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2. CREPÚSCULO DOS DEUSES. Billy Wilder, 1950
NORMA DESMOND: “Está bem, Sr. DeMille, estou pronta para o meu close-up”.
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1. LUZES DA CIDADE. Charles Chaplin, 1931
CARLITOS: “Você consegue ver agora?”
FLORISTA: “Sim, eu consigo ver agora”.

Justin Timberlake, Kate Winslet e Juno Temple: tragédia pairando no ar
ROGA GIGANTE
A roda viva traçada por Woody Allen
por Renato Félix
Em determinado momento de Roda Gigante, o salva-vidas Mickey (Justin Timberlake), que quer ser escritor, dá a Carolina (Juno Temple), a jovem que está se escondendo do marido gangster, um livro que analisa o teatro de Eugene O’Neill. É a senha da inspiração de Woody Allen para sua nova crônica das tragédias humanas: o ótimo Roda Gigante (2017).
O’Neill faz parte de um time de dramaturgos americanos que exploraram as entranhas das famílias americanas e suas relações. Sua peça mais conhecida é Longa Jornada Noite Adentro, um texto de 1941, que o dramaturgo manteve lacrada em um cofre com instruções para ser montada apenas após sua morte (provavelmente por retratar as disfunções de sua própria família em 1912). Ele morreu em 1953 , a primeira montagem é de 1956 e rendeu um Pulitzer póstumo a O’Neill.
O filme de Woody Allen se passa nos anos 1950, década da morte de O’Neill e da montagem póstuma. As tragédias criadas por nós mesmos, que se tornam prisões das quais alguns não conseguimos escapar, são os temas deste novo filme. Mas nem Mickey e nem Carolina são os grandes protagonistas de Roda Gigante. Este papel cabe a Ginny, mais um grande personagem feminino de Woody Allen e mais uma grande interpretação feminina em um de seus filmes: Kate Winslet.
Ginny é uma garçonete que vive em Coney Island e cujo marido que ela não ama, Humpty (Jim Belushi), trabalha no carrossel do histórico parque de diversões do lugar – ambiente que ela odeia e que a deixa com constantes dores de cabeça. O casal vive ainda com Richie (Jack Gore), filho do primeiro casamento de Ginny, e que tem um estranho impulso incendiário.
É uma vida quase miserável para Ginny, mas duas coisas acontecem: ela começa um caso com Mickey que devolve a ela o prazer de viver; e Carolina, filha de Humpty, reaparece, pedindo abrigo para se esconder, depois de ter delatado o marido. Quando Carolina também se interessa por Mickey e ele por ela, Ginny vê sua tábua de salvação para fora daquela vida afundar passo a passo.
A tragédia está pairando no ar. E a irresistível vontade de Richie de colocar fogo nas coisas pode ser uma metáfora de que uma hora essas pequenas fogueiras podem sair do controle.
É visualmente um dos filmes mais bonitos de Woody Allen – fotografia formidável de Vittorio Storaro, que usa de maneira impressionante o visual de parque de diversões como fundo melancólico para dramas humanos, assim como a luz dos neons, da noite, do entardecer.
A fotografia é beneficiada pela opção de Allen de usar menos os planos sequência de que tanto gosta: os longos diálogos sem cortes, muitas vezes com um dos personagens falando fora do enquadramento. Os diálogos aparecem em plano e contraplano mais que o usual para um filme de Allen dos anos 1980 para cá. Isso deixa Storaro livre para compor a luz das imagens de maneira a irem mudando durante o plano. O rosto de Winslet às vezes está sob a luz amarela de um farol, para depois ser banhada pelo azul da noite.
Mas os planos-sequência estão lá, surgindo em momentos-chave. Em um monólogo de Winslet confrontando acusações de seu amante. Num emocionalmente caótico, mas visualmente bem coreografado ajuste de contas da família. Na tocante imagem final, em que velhos diálogos são repetidos como se fossem o cotidiano, mas o desespero é transmitido pelo olhar.
O sabor do teatro é constante no filme. É fácil imaginar tudo aquilo acontecendo em um palco. Mickey, que narra o filme, até começa a contar a história por uma rubrica de texto tetral: “Entra Carolina”. Allen sai poucas vezes do registro mais direto para um mais figurativo (quando os efeitos dos analgésicos em Ginny são mostrados pela ausência do som dos brinquedos do parque de diversões, que a atormentam).
O aspecto teatral certamente beneficia Kate Winslet e sua grande composição de uma mulher rumo ao desequilíbrio – há um pouco de Blue Jasmine (e, portanto, da Blanche DuBois de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams) em Ginny. Não só ela, mas também Caroline, passam o filme tentando lidar com o resultado de suas escolhas e de como elas as encarceraram numa vida da qual as duas mulheres tentam escapar por alguma brecha.
Roda Gigante. Wonder Wheel. EUA, 2017. Direção: Woody Allen. Elenco: Kate Winslet, Justin Timberlake, Jim Belushi, Juno Temple.
DIÁRIO DE FILMES 2018: 1 – RODA GIGANTE
Woody Allen situa seu filme nos anos 1950, em uma decadente, mas ainda barulhenta Coney Island, com seus parques de diversões, neons e praias. Aí, trama um entrelaçado de tragédias humanas centrado principalmente na infeliz Ginny (Kate Winslet). Seu caso com o salva-vidas vivido por Justin Timberlake e a vaga esperança de escapar de sua vida miserável junto ao marido bruto que ela não ama e o parque de diversões que ela odeia passam a ser ameaçada pela aparição da filha do marido, fugindo do marido gangster e que também se interessa pelo salva-vidas. A luz incrível de Vittorio Storaro faz deste um dos filmes visualmente mais bonitos de Allen. O diretor reduz os planos-sequência, usando mais os planos e contraplanos, deixando os planos mais longos para monólogos de Winslet e uma grande de desestabilização da família. A inspiração teatral está sempre presente, assim como o ar de tragédia.
Roda Gigante. Wonder Wheel. EUA, 2017. Direção: Woody Allen. Elenco: Kate Winslet, Justin Timberlake, Jim Belushi, Juno Temple. No cinema, 3/1
O novo filme de Woody Allen, Roda-Gigante, é um drama com elementos de filme noir que se passa em Coney Island, nos anos 1950. Kate Winslet é a esposa do operador de carrossel vivido por Jim Belushi. Ela se apaixona pelo salva-vidas da praia, papel de Justin Timberlake. E aparece na vida de todos a filha de seu marido, vivida por Juno Temple, perseguida por gangsters. É a primeira vez que Kate é dirigida por Woody e a segunda colaboração do diretor com o diretor de fotografia Vittorio Storaro. Estreia no Brasil: 28 de dezembro.
Woody Allen visita a Hollywood dos anos 1930 em seu novo filme, Café Society. A ambientação é um prato cheio para inspirar o diretor. A trama é centrada em Jesse Eisenberg, novaiorquino que sonha em vencer no mundo do cinema, mas encontra em los Angeles um mundo diferente do que esperava (e também se apaixona). No elenco também estão Kristen Stewart, Steve Carrell, Blake Lively e Parker Posey. Estreia no Brasil: 25 de agosto.
O Lobo de Wall Street estreou em janeiro e, na nossa votação em que cada mês vai sendo votado de cada vez, ele assumiu a primeira posição já ali e nunca mais a largou. O filme de Martin Scorsese chegou a ter O Passado e Garota Exemplar empatados com ele, mas sempre desempatou à frente e chegou confortável à vitória.
Veja a lista completa e comentada dos 114 filmes na página da votação.
Ele agora integra o rol de que fazem parte Boa Noite e Boa Sorte, de George Clooney (2006), Ratatouille, de Brad Bird (2007), Batman, o Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan (2008), Quem Quer Ser um Milionário?, de Danny Boyle (2009), Toy Story 3, de Lee Unkrich (2010), Meia-Noite em Paris, de Woody Allen (2011), A Separação, de Asghar Farhadi (2012), e A Caça, de de Thomas Vinterberg (2013).
Até outubro, quando vai começar o nosso 10º Melhores do Ano.
— MAIS RETROSPECTIVA 2014:
– Meus melhores filmes de 2014
– Musas/ cinema em JP
– 50 filmes que não foram exibidos em João Pessoa
– A foto mostra o top 10 da nossa eleição até agora. Até agora (de janeiro a julho, meses abertos à votação) foram computados 102 filmes que estrearam em João Pessoa. Desses, 55 atingiram o quórum mínimo de quatro notas. Um índice muito alto de “abstenção”, quase 50%.
– Após o empate, ‘O Lobo de Wall Street’, de Martin Scorsese, voltou à liderança por microscópica margem. ‘O Passado’ está somente 0,008 atrás.
– A grande novidade da lista é ‘Guardiões da Galáxia’, filme de julho que já aparece em 3º. Aliás, mostra o poder da Marvel no cinema atualmente: três filmes baseados em HQs da editora estão no top 10: ‘Capitão América 2’ está em 5º e ‘X-Men – Dias de um Futuro Esquecido’ em 10º. A decepção é ‘O Espetacular Homem-Aranha 2’, amargando apenas um 40º lugar.
– O pessoal continua preferindo o primeiro ‘Ninfomaníaaca’ (22º, média 3,318) ao segundo (31º, média 2,952).
— Top 25 (até agora): —
O Lobo de Wall Street – 4,28
O Passado – 4,272
Guardiões da Galáxia – 4,181
Blue Jasmine – 4,083
12 Anos de Escravidão – 4,074
Capitão América 2 – O Soldado Invernal – 4,047
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – 4
O Menino e o Mundo – 3,833
Praia do Futuro – 3,818
X-Men – Dias de um Futuro Esquecido – 3,789
Tatuagem – 3,785
Azul É a Cor Mais Quente – 3,739
Frozen – Uma Aventura Congelante – 3,7
Planeta dos Macacos – O Confronto – 3,555
Como Treinar Seu Dragão 2 – 3,5
Uma Aventura Lego – 3,454
Trapaça – 3,4
Sem Escalas – 3,4
No Limite do Amanhã – 3,4
Eu, Mamãe e os Meninos – 3,375
Noé – 3,272
Ninfomaníaca – Volume 1 – 3,318
A Culpa É das Estrelas – 3,222
Um Amor em Paris – 3,2
Uma Relação Delicada – 3,166
– Entraram no top 25: ‘Guardiões da Galáxia’ (3º), ‘Planeta dos Macacos – O Confronto’ (14º), ‘Como Treinar Seu Dragão 2’ (15º), ‘No Limite do Amanhã’ (17º).
– Saíram do top 25: ‘Malévola’ (caiu de 25º para 26º), ‘RoboCop’ (de 21º para 27º), ‘Walt nos Bastidores de Mary Poppins’ (de 22º para 28º) e ‘As Aventuras de Peabody e Sherman’ (de 23º para 30º).
– Filmes com três notas (faltando uma para o quórum): ‘Caminhando com Dinossauros’, ‘Namoro ou Liberdade’, ‘O Grande Herói’, ‘Um Plano Perfeito’, ‘Uma Viagem Extraordinária’, ‘Antes do Inverno’, ‘Inatividade Paranormal 2’, ‘Em Busca de Iara’, ‘Junho – O Mês que Abalou o Brasil’ e ‘O Homem das Multidões’.
Mais uma semana de votação, filmes de abril incluídos, e Capitão América 2 – O Soldado Invernal já entra em segundo no nosso ranking. Com média 4,142, está 0,191 atrás do líder, que ainda é O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese. A animação nacional O Menino e o Mundo subiu muito de média e chegou também ao top 5, empatado com o francês (de diretor iraniano) O Passado. É interessante notar a diferença de médias entre os volumes 1 e 2 de Ninfomaníaca: o primeiro tem 3,125; o segundo nem chega ao top 25, com 2,363.
Ao todo 36 filmes conseguiram o quórum mínimo até agora. A seguir, nosso top 25:
O Lobo de Wall Street – 4,333
Capitão América 2 – O Soldado Invernal – 4,142
Blue Jasmine – 4,055
O Menino e o Mundo – 4
O Passado – 4
12 Anos de Escravidão – 3,928
Frozen – Uma Aventura Congelante – 3,812
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – 3,8
Azul É a Cor Mais Quente – 3,733
Tatuagem – 3,727
Sem Escalas – 3,5
Walt nos Bastidores de Mary Poppins – 3,4
Trapaça – 3,375
Uma Aventura Lego – 3,375
Eu, Mamãe e os Meninos – 3,25
RoboCop – 3,181
Ninfomaníaca – Volume 1 – 3,125
Caçadores de Obras-Primas – 3
Noé – 3
Uma Relação Delicada – 3
Confissões de Adolescente – 2,8
Divergente – 2,75
A Menina que Roubava Livros – 2,666
Frankenstein – Entre Anjos e Demônios – 2,6
Operação Sombra – Jack Ryan – 2,571
Os seis piores do ano até agora:
300 – A Ascensão do Império – 2
Rio 2 – 2
Atividade Paranormal – Marcados pelo Mal – 2
Muita Calma Nessa Hora 2 – 1,8
Pompeia – 1,5
S.O.S. – Mulheres ao Mar – 1,25
Cinco filmes estão com três notas, falta uma para o quórum: Caminhando com Dinossauros; As Aventuras de Peabody e Sherman; Need for Speed – O Filme; O Grande Herói; Um Amor em Paris.
A verdadeira magia
Toda vez que Woody Allen faz um filme de menor pretensão – o que se tornou bastante comum após sua fase de ouro nos anos 1980 – é a mesma coisa: os cinéfilos se dividem entre aquele que acreditam que a criatividade do cineasta acabou e aqueles que defendem que mesmo um filme menor de Woody é melhor do que a maioria (se você ainda não percebeu, este crítico costuma ser da segunda turma).
A verdade é que Magia ao Luar (Magic on the Moonlight, Estados Unidos, 2014) está consideravelmente distante dos momentos mais inspirados de Allen (o último desses momentos foi Meia-Noite em Paris, de 2011). Mas é preciso ter em mente que esses “momentos mais inspirados” são coisas para entrar no panteão do cinema. Assim, não falta com o que se deleitar neste novo filme.
A história começa com Stanley (Colin Firth), um mágico inglês que se apresenta nos palcos de Paris como chinês. Uma noite, ele recebe um colega (Simon McBurney) que o convida a ir à Riviera desmascarar uma falsa vidente (Emma Stone) que está claramente enganando uma rica família americana que caiu de amores por ela e suas previsões. Apesar de trabalhar apresentando mágica às plateias (ou até por causa disso), Stanley é um cético terminal e tem muito orgulho disso, sem fazer o menor esforço para esconder sua desagradável arrogância. O contraste com o jeito espontâneo de Sophie, a vidente, e a complexidade crescente do relacionamento que se forma entre eles dá seguimento à trama.
Trata-se de uma comédia romântica aparentemente bastante simples, temperada com um pouquinho de mistério (não muito, qualquer cinéfilo experiente mata logo a dúvida se a personagem de Emma Stone é ou não uma impostora). Acontece que, embora seja o fio condutor da trama, esse mistério importa menos do que a visão de Woody sobre um de seus assuntos preferidos: a dúvida se existe ou não um mundo além do que este em que vivemos.
O cineasta costuma paradoxalmente ser um cético que sempre coloca em seus filmes magia como sendo algo que existe, à revelia do que acreditam seus personagens (e do que ele mesmo, ateu de carteirinha, acredita). Há exemplos disso em filmes tão diferentes como Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão (1982), Contos de Nova York (1989), Simplesmente Alice (1990), Neblina e Sombras (1991) e Scoop – O Grande Furo (2006).
Aqui, quando menos se espera, Woody mostra que está menos fazendo um filme de mistério e mais fabulando sobre o que ele acredita ser a magia verdadeira da vida. E isso ainda é emoldurado pelo sul da França e o tradicional e delicioso jazz de suas trilhas (em Magia ao Luar, ele nos faz querer ouvir mais das big bands de Leo Reisman e de Bix Beiderbeicke). Combinar esses elementos não deixa de ser – menor aqui, maior ali – uma magia que Woody Allen sabe bem como fazer.
Magia ao Luar – Magic in the Moonlight. Estados Unidos, 2014. Direção: Woody Allen. Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Símon McBurney, Marcia Gay Harden.
* Versão estendida de crítica publicada no Correio da Paraíba.
Leve passeio

Penélope Cruz (falando em italiano) é a espetacular garota de programa que aparece no quarto de um recém-casado interiorano
Woody Allen ter escolhido narrar pequenos contos em Para Roma, com Amor (To Rome, with Love, EUA/ Itália/ Espanha, 2012) não é por acaso. Mesmo narrados paralelamente, as histórias (independentes entre si) remetem aos filmes em episódios do cinema italiano dos anos 1960, como Boccaccio’ 70 (1962) ou Ontem, Hoje e Amanhã (1963). As quatro tramas formam um conjunto coerente, leve e muito agradável.
Mesmo com a referência do formato e a trilha sonora (que já começa com o indefectível “Volare”), desta vez a visão de Allen não está intrinsecamente ligada à alma cultural da cidade, como aconteceu no excelente Meia-Noite em Paris (2011). Em um filme bem menos ambicioso, Roma é, basicamente, um cenário de tirar o fôlego para histórias de comédia e romance que poderiam se passar em qualquer outro lugar. Uma cinecittà e tanto.
Duas delas envolvem turistas americanos. Allen e Judy Davis são o casal que vão à capital italiana para conhecer os pais do noivo da sua sua filha – e descobrem que o pai dele é um excelente cantor de ópera, mas só no chuveiro. Woody volta a atuar depois de seis anos, e que bom: ele está muito engraçado como o diretor de ópera aposentado, que sempre foi “à frente de seu tempo”, como repete a personagem de Judy Davis (também ótima como a esposa psicanaista que analisa o marido o tempo todo). O clímax dessa história é o grande momento cômico do filme.
Na outra, Alec Baldwin é o arquiteto que lembra quando morou na cidade, testemunhando o nascimento do romance entre um jovem estudante (Jesse Eisenberg) e uma atriz (Ellen Page). É a melhor das histórias, muito porque Woody não escancara o que ela realmente é, fazendo com que o público tenha que raciocinar um pouquinho para ligar os pontos.
As duas tramas são com personagens italianos. Os recém-casados que chegam a Roma vindos do interior e se metem em confusão (a jovem esposa se perde na cidade e esbarra em uma filmagem; o marido vê em sua porta uma garota de programa – a deslumbrante Penélope Cruz – enviada a seu quarto por engano) lembra alguns filmes de Fellini – em especial, o primeiro que ele assina sozinho, Abismo de um Sonho (1952), onde também uma esposa do interior acaba envolvida pelo clima de uma produção (no caso, a de uma fotonovela).
E há a história estrelada por Roberto Benigni, a do homem absolutamente comum que, de uma hora para outra, vira uma celebridade e nem entende a razão. Os brasileiros torcem o nariz para Benigni desde que seu A Vida É Bela derrotou nosso Central do Brasil no Oscar, em 1999, mas sua força continua a mesma: a combinação de um histrionismo tipicamente italiano com um quê chapliniano. E a trama – com seu final patético que deveria ser assistido por todos os ex-participantes de reality shows – joga com um realismo fantástico que sempre é revisitado por Allen.
O filme ainda rende outras homenagens ao cinema italiano na participação discreta de alguns ícones dos filmes de lá, como a sempre bela Ornella Muti, como uma atriz famosa, e Giuliano Gemma, astros dos faroestes-spaghetti, em um hotel. Ninguém é gênio todo dia, logo não se pode cobrar de Allen um acerto da magnitude de Meia-Noite em Paris ano após ano. Mas Para Roma, com Amor também é um acerto de sensibilidade e bom humor.
Para Roma, com Amor. To Rome, with Love. Estados Unidos/ Itália/ Espanha, 2012. Direção: Woody Allen. Elenco: Woody Allen, Roberto Benigni, Penélope Cruz, Alec Baldwin, Jesse Eisenberg, Ellen Page, Judy Davis, Ornella Muti, Giuliano Gemma.
Veja aqui um preview do que vai rolar no Trilha Sonora de hoje – Especial Woody Allen. Jazz, a Filarmônica de Nova York, e as vozes de Goldie Hawn, Ewan McGregor, Diane Keaton e… Woody Allen! Às 20h na Tabajara FM (105.5, em João Pessoa) ou pelo site da rádio.
Igual, mas diferente
Quem conhece a obra de Woody Allen sabe que a velha piada de que ele faz sempre o mesmo filme não corresponde à verdade. Mas no ritmo de um filme por ano (este é seu 40º), ideias são naturalmente revisitadas e pensamentos reafirmados. Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, Estados Unidos, 2009), a volta de Woody a Nova York após quatro filmes na Europa, usa elementos que o cineasta já usou e os mistura e modifica para criar um novo filme.
Ancorado na relação acidental entre Boris (Larry David), um ex-professor de física grosseiro e que não vê sentido na vida, e Melody (Evan Rachel Wood), uma garota do interior muitos anos mais nova e um QI bem menor, o filme mostra como esse encontro totalmente casual influi drasticamente em suas vidas e nas de todos em volta. A sorte, mais uma vez, como em Ponto Final – Match Point (2005). Woody também já usou a relação professor-pupila como assunto amoroso (em Manhattan, 1979, Hannah e Suas Irmãs, 1986, e Maridos e Esposas, 1993), mas desta vez o professor também tem a aprender.
E o recurso de falar para a câmera já apareceu em filmes como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), mas repare como as pessoas na rua estranham como Larry David fala com a plateia neste filme. O que poderia ser só um recurso de estilo é amarrado com extrema esperteza no desfecho, numa saborosa cumplicidade entre personagem e público.
David, no caso, assume “o papel” de Woody no filme: neurótico, hipocondríaco (tipos que Allen gosta de interpretar na tela), mas muito mais rude, desagradável. Melody – com um sotaque impagável – é a jovem que vem fazê-lo reencontrar o prazer de viver, que vem suavizá-lo, mesmo contra a vontade dele.
É um filme leve e sem grandes pretensões, mas com uma visão de mundo bastante clara. É uma obra com algo a dizer: veja como Woody sempre trata em seus filmes do passo seguinte, mostrando que o fim de um relacionamento é dureza, mas não o fim do mundo.
É isso o que está em Tudo Pode Dar Certo, em meio a muitas piadas muito engraçadas, divididas entre os imprompérios de Boris e as tentativas de Evan de explicar o que sente usando teorias da física que ouviu dele – os melhores momentos do filme. Uma delícia.
Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works). Estados Unidos, 2009. Direção: Woody Allen. Elenco: Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley Jr., Henry Cavill, Jessica Hecht.