Tootsie (Tootsie, 1982). Direção de Sydney Pollack; roteiro de Larry Gelbart e Murray Schisgal, baseado em história de Larry Gelbart e Don McGuire. Também colaboraram (não creditados) Robert Garland, Barry Levinson e Elaine May.
Michael Dorsey (Dustin Hoffman) é um ator de teatro que dá aulas de atuação, mas não consegue um emprego na área. A situação está tão difícil que, desesperado, tenta uma saída arriscada: disfarçado de mulher, Dorothy Michaels, tenta uma vaga para atriz em testes para uma novela de televisão. Não só consegue a vaga, como se torna uma coqueluche nacional, em um sucesso grande e inesperado. Mas a coisa se complica ao se apaixonar por uma colega de elenco, Julie Nichols (Jessica Lange), que encontrou em Dorothy uma grande amiga. Quando Michael revela tudo, Julie, naturalmente, não o perdoa. Ainda assim, ele resolve esperá-la na saída da emissora. Ela o vê e caminha para o outro lado para não falar com ele, mas Michael vai atrás e a acompanha.
MICHAEL – Oi. Eu… Eu vi o seu pai. Eu, hã, fui até o bar onde ele vai sempre.
JULIE – Ele não vai sempre lá.
MICHAEL – Ah, é. Eu, eu esqueci. Como está Amy?
JULIE – Bem.
Silêncio. Ela não está a fim de papo e nem olha para ele, mas Michael insiste.
MICHAEL – Seu pai e eu… hã… tomamos umas cervejas e jogamos bilhar. Foi bem divertido.
Mais silêncio.
MICHAEL – Como estão as coisas?
JULIE – Terry Bishop voltou ao programa. April perdeu sua licença…
MICHAEL (interrompendo) – Perguntei de você.
JULIE – Eu sei.
Mais silêncio.
JULIE – Ficou famoso após a revelação, Michael. Qual o seu próximo triunfo?
MICHAEL – Bom, vou fazer uma peça com uns amigos…
JULIE (interrompendo e se afastando para atravessar a rua) – Legal, preciso pegar um táxi, Michael.
MICHAEL – Julie!…
Ela pára e olha para ele.
MICHAEL – Posso… ligar pra você… um dia desses?
Ela não diz nada.
MICHAEL – Não quero atrasar você. Eu só fiz isso pelo emprego. Nâo quis magoar ninguém. Principalmente você.
Ela continua calada e só fala depois de pensar um pouco.
JULIE – Sinto falta da Dorothy.
MICHAEL – Não precisa. Ela está bem aqui. E ela sente a sua falta.
Ela apenas olha para ele.
MICHAEL – Olha, você nunca me viu mais gordo… mas fui melhor homem com você como mulher do que jamais fui com uma mulher como homem. Entende o que eu digo?
Ela apenas faz que não com a cabeça.
MICHAEL – Só preciso aprender a fazer isso sem o vestido.
Ela continua calada.
MICHAEL – Nesse ponto do nosso relacionamento, é vantagem eu estar usando calças.
Ela continua calda, mas finalmente abre um sorrisinho. Ele também.
MICHAEL – A parte difícil já acabou, sabe? Nós já éramos bons amigos.
Ela fica ainda um instante em silêncio.
JULIE – Você me empresta aquele vestidinho amarelo?
MICHAEL (desconfiado) – Qual?
JULIE – O Halston.
MICHAEL – O Halston?! Ah, não… (começando a caminhar; ela acompanha) Você vai estragar…
JULIE – Michael!
MICHAEL – Vai derramar vinho nele.
JULIE – Não vou!
MICHAEL – Eu empresto, mas tem que me devolver, hein?
JULIE – Ora, você vai usá-lo para quê?
E seguem caminhando, discutindo, até finalmente se abraçarem.
5 comentários
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12/04/2009 às 16:02
cafebeatnik
Cheguei ao seu blog, pois estava escrevendo um post sobre o final da SET. Gostei muito. Inclusive estava vendo sua lista de 100 melhores filmes e, já opinando, achei que faltou mais cinema fora do circuito americano.
Mas voltando ao tema central: compro a Revista SET há 15 anos e acho que nesse tempo todo levei em consideração que a proposta editorial da revista sempre foi o cinema pop. O caráter dela era informativo e despojado. Discordei muitas vezes, fiquei irritado tantas outras, mas o objetivo dela foi alcançado.
A internet e sua facilidade de atualização instantânea nunca deveriam ter sido um problema. O leitor que não observou isso e se esqueceu do quão importante um veículo impresso é.
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17/04/2009 às 14:53
renatofelix
John, a Set sempre esteve antenada com o cinema pop atual, claro, mas houve períodos em que o cinema clássico tinha um grande destaque na revista. As seções Mitos e Nostalgia, nos anos 1980, os longos perfis de Suzana Uchôa Itiberê nos 1990 e comecinho dos anos 2000… Também acho que a internet não substitui o veículo impresso, e você está certo: tudo depende do leitor.
Sobre os 100 mais, repare: não são os 100 melhores filmes, mas os meus 100 preferidos…
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14/04/2009 às 12:19
suecosta
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Oha que engraçado, eu tb estava fazendo uma pesquisa sobre mulher maravilha e acabei caindo no teu blog! detalhe eu conheço o rapaz aí de cima.
Enfim, gosto de homens com saias de vez enquando e também acho a Nicole Kidman linda, mas discordo que ela sobressaiu em Mulin Rouge, na verdade o que realmente sobressaiu naquele filme? onde tudo salta o tempo inteiro? Talvez a cena dela entrando no balanço, isso me marcou, também foi só…detesto aquele diretor.
Beijos
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17/04/2009 às 15:13
renatofelix
Também não gosto muito de ‘Moulin Rouge’, Sue. Acho superestimadíssimo. Mas acho que se destaca apesar do filme, muito bonita e cantando bem (e se destacar no meio daquela parafernália de imagens é um feito). Abraço!
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19/04/2009 às 09:56
Minhas declarações de amor preferidas (VIII) « Boulevard do Crepúsculo
[…] anterior: Tootsie […]
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