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A MÃO POR TRÁS DO RATO – A HISTÓRIA DE UB IWERKS
½
Diário de filmes 2024: 11
Onde ver (em 25/01/2024) – Mídia física: DVD (extra em As Aventuras de Oswald, o Coelho Sortudo, da Disney). Streaming: Não disponível no Brasil.
Dirigido pela neta do desenhista e animador Ub Iwerks, o documentário conta a história do muito menos conhecido co-criador de um dos personagens mais conhecidos da história: o Mickey Mouse. Iwerks era o grande parceiro de Walt Disney e principal animador de seu então nascente estúdio e foi a ele que Walt recorreu quando seu personagem de maior sucesso, Oswald, o Coelho Sortudo, foi tirado sorrateiramente de suas mãos, em 1928.
Precisando urgentemente de um novo personagem e que ele desse certo, Walt e Iwerks chegaram à ideia de que poderia ser um camundongo. E foi Iwerks quem, então, desenhou o Mickey. Não só isso, como desenhou e animou sozinho e em tempo recorde o primeiro curta do ratinho: Plane Crazy.
O doc conta a história de Ub Iwerks, sua amizade e parceria com Disney, tem animadores comentando a perícia do artista nos curtas de Oswald e nos primeiros do Mickey, conta o período hoje meio esquecido de quando deixou a Disney para tocar um estúdio próprio e de seu retorno ao trabalho com Walt, agora no desenvolvimento de técnicas de animação e efeitos visuais.
Um filme bastante eficiente em desvendar um personagem importante para a história do cinema. O filme não está disponível em streaming e nem no YouTube, só podendo ser encontrado oficialmente no Brasil como extra no DVD duplo da série Walt Disney Treasures dedicado aos curtas de Oswald, o Coelho Sortudo, lançado pela Disney em 2009. Como o doc é produção da Disney, bem que o Disney + podia colocar no catálogo.
The Hand Behind the Mouse – The Ub Iwerks Story. Estados Unidos, 1999. Direção: Leslie Iwerks.
VOCÊ JÁ FOI À BAHIA?
Diário de filmes 2023: 47
Mídia física: DVD. Streaming: Disney Plus.
Projeto da Disney para dar aquela força nos planos do governo americano de estreitar laços com a América Latina durante a II Guerra, este filme em segmentos e com um estilo mais simples de animação que os outros longas do estúdio até então dedica sua maior parte à Bahia (o Rio já havia aparecido no anterior Alô, Amigos, de 1942) e, sobretudo, ao México. Zé Carioca volta para representar o Brasil e Panchito entra em cena para apresentar um pouco das músicas e danças mexicanas, formando um trio com o americano Donald. O destaque vai para os vários momentos de interação entre desenhos e atores reais, como a cena com Aurora Miranda, irmã de Carmen, cantando “Os quindins de Iaiá”.
The Three Caballeros. Estados Unidos, 1945. Direção: Norman Ferguson, Clyde Geronimi, Jack Kinney, Bill Roberts, Harold Young. Elenco: Clarence Nash (voz), José Oliveira (voz), Joaquin Garay (voz), Aurora Miranda, Carmen Molina, Dora Luz, Almirante.
VIÚVA NEGRA
½
Diário de Filmes 2021: 107
Marvel paga o filme que devia à heroína
Nastasha Romanoff, a Viúva Negra, já merecia ser próprio filme há muito tempo. Começando em Homem de Ferro 2 (2010), esta é a nona aparição da personagem no universo Marvel nos cinemas, tendo se tornado gradualmente um membro cada vez mais central dos Vingadores e a principal figura feminina no grupo de super-heróis.
As super-heroínas demoraram a ganhar o protagonismo merecido no cinema, a encabeçar seus próprios filmes. Mulher-Maravilha, na DC, e Capitã Marvel, na Marvel, conseguiram isso antes da personagem vivida por Scarlett Johansson, que só teve direito ao seu após Vingadores – Ultimato (2019).
Até aí, a Viúva Negra não tinha muito passado ou relações fora do meio dos heróis. O filme solo serve para explorar isso. A trama se passa entre Capitão América – Guerra Civil (2016) e Vingadores – Guerra Infinita (2108) e mostra Natasha reencontrando personagens de seu passado na União Soviética: sua “família” falsa de uma missão de espionagem (Florence Pugh, David Harbour e Rachel Weisz).
Esse é a soma de dois pontos positivos do filme: a boa abordagem dramática desse passado que a personagem tentou esquecer e o ótimo elenco de apoio. Florence Pugh é excelente como a irmã e possível sucessora de Natasha, Harbour está muito divertido como um Capitão América soviético, e Rachel Weisz é Rachel Weisz.
O tom do filme está mais para o espírito da aventura de espionagem “sério”, como Capitão América 2 – O Soldado Invernal (2014) do que para comédias mais rasgadas como Guardiões da Galáxia, por exemplo. Claro, em que pese o uso de feromônios por vilões e as discussões tipo sitcom entre os personagens.
A história – que gira em torno da organização que treina garotas para serem superespiãs e que agora está tirando suas vontades próprias em um plano de dominação global –, no fim, é um filme bem decente com que a Disney paga – com atraso – sua dívida com a Viúva Negra.
Onde ver: cinemas, Disney Plus (a partir de 25 de agosto).
Black Widow, 2021.
Direção: Cate Shortland. Elenco: Scarlett Johansson, Florence Pugh, David Harbour, Rachel Weisz, Ray Winstone, William Hurt, Olga Kurylenko.
CRUELLA
½
Diário de Filmes 2021: 106
Sobrou estilo, faltou vilania
Nessa dependência do cinemão de Hollywood de produzir filmes que se apoiam em personagens já conhecidos, um nicho recente tem sido o de colocar no centro da narrativa vilões carismáticos. Pode ser um desafio interessante, se o filme se propuser a mantê-los como vilões. De maneira bem mais preguiçosa, os roteiros não se arriscam a isso (ou não têm talento para) e transformam personagens maus toda vida em mal compreendidinhos.
A Disney já havia cometido esse erro de maneira gritante em “Malévola” que, de bruxa implacável, virou uma mãezona de cara fechada. Cruella não escapa disso.
Em 101 Dálmatas, tanto o desenho de 1961 quanto o filme com atores de 1996, Cruella De Vil (ou Cruela Cruel, na dublagem da animação) simplesmente sequestra 99 filhotinhos de dálmata com a intenção de matá-los e fazer um casaco. Este prelúdio se propõe a ser a “origem” da vilã. Mas aqui, apesar de muita pose, ela nunca faz nada de vilã realmente. Apesar de ser tão talentosa como ladra quanto como estilista.
Na verdade, o filme de Craig Gillespie usa o velho truque da vilã pior que a vilã que dá nome ao filme, o que justifica as ações da protagonista.
A necessidade autoimposta de fazer referências a 101 Dálmatas também criam situações forçadas além da conta. A própria aparição dos cachorros é sempre desnecessária. Anita e Roger, casal que é dono dos dálmatas adultos na história original, também surgem de maneira forçada (ela, subaproveitada; ele, completamente desnecessário, em cena só por obrigação).
São problemas, mas felizmente o filme tem muitas qualidades. Começando pelas duas atrizes principais. Emma Stone é uma ótima escolha para Cruella, chegando perto da escalação perfeita que foi Glenn Close em 1996. E Emma Thompson, como a Baronesa, estilista com quem Cruella passa a rivalizar, deita e rola. De uma relação “O Diabo Veste Prada”, a coisa evolui para um duelo de arrogâncias bem divertido.
Em torno disso, o diretor australiano traz sua verve narrativa que ele ostentou em “Eu, Tonya”. “Cruella” é um filme esperto, que é ambientando na Londres dos anos 1970 e tira proveito disso. No visual, além da direção de arte e dos figurinos caricatos, o filme elabora alguns planos sequências e usa o familiar recurso das manchetes de jornais, porém as mostrando integradas às cenas.
E na trilha sonora, desfila canções de The Clash, David Bowie, Rolling Stones, Queen, Blondie, Supertramp e outros.
É um filme que poderia ir muito mais longe, mesmo dentro da caixa das produções-para-a-família da Disney, mas também entrega mais elaboração do que seria esperado. Tenta, nisso, reverberar a personalidade exuberante da sua protagonista. Só que Cruella De Vil é mais que uma garota genial que fala de maneira arrogante. O filme quer torná-la mais “complexa”, mas, paradoxalmente, também a diminui.
Uma continuação já está no gatilho. Vamos ver o que acontece.
Onde ver: Disney Plus.
Cruella, 2021.
Direção: Craig Gillespie. Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, Mark Strong.
ZOOTOPIA
½
Diário de Filmes 2021: 44
Mordida nos preconceituosos
O subtitulo brasileiro cretino (Essa Cidade É o Bicho) tende a ser esquecido com o tempo diante da grandeza dessa animação da Disney, muito carismática e bem escrita e que, como costuma dizer a Ana Maria Bahiana, é mais inteligente do que precisava ser.
Para começar, um mundo de animais antropomórficos não é uma novidade desde, pelo menos, Mickey Mouse, mas há um esforço admirável em Zootopia para que essa ambientação seja a mais verossímil possível. A arquitetura da cidade, no que diz respeito às edificações, às ruas e bairros e aos meios de transporte, responde às particularidades físicas dos habitantes – de elefantes a ratinhos.
Há também uma questão referente ao comportamento natural de cada espécie, mas também há sua herança cultural. E aí é que o filme cresce. Embora sejam todos racionais, essa herança ainda define os animais entre “predadores” e “presas”. E, com isso, vem o preconceito, de ambos os lados.
Por isso, uma coelhinha do campo não poderia ser uma policial. Por isso, uma raposa será sempre indigna de confiança.
O filme junta exatamente uma coelhinha policial que deseja resolver um mistério e provar seu valor e um raposo malandro com quem ela esbarra no processo. O decorrer da trama leva a uma conspiração que tem, por trás de tudo e no fim das contas, o racismo.
Filmes que se passam em um mundo como este se equilibram entre dois aspectos a princípio contraditórios: o humor está em explorar as particularidades do tipo de habitantes que formam esse mundo (animais, monstros, fantasmas, peixes, bruxos, etc.) ao mesmo tempo em que mantém o funcionamento “humano” reconhecível dessa sociedade (governos, empregos, automóveis, famílias, etc).
Nisso, Zootopia é exemplar. É tudo bem elaborado e divertido, como a repartição pública em que os funcionários são preguiças. E, no fim, é muito mais sobre o ser humano do que se poderia esperar.
Onde ver: Disney Plus.
Zootopia, 2016.
Direção: Byron Howard e Rich Morre. Co-direção: Jared Bush. Vozes na dublagem original: Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, J.K. Simmons, Octavia Spencer, Shakira. Vozes na dublagem brasileira: Monica Iozzi, Rodrigo Lombardi, Taryn Szpilman, Ricardo Boechat.
20 – CARNAVAL NO FOGO
Onde ver: YouTube (faltam trechos).
É o filme que estabeleceu o modelo clássico das chanchadas (não sou eu quem digo, é o Sérgio Augusto, no Este Mundo É um Pandeiro), com muita confusão no Copacabana Palace, trocas de identidade, números musicais com artistas do rádio, José Lewgoy de vilãozão, Eliana como a mocinha que dá bordoadas, e, claro, Oscarito e Grande Otelo. Não apenas isso, mas Oscarito e Grande Otelo na antológica cena do balcão de Romeu e Julieta. Otelo estava vivendo uma tragédia indizível: na noite anterior à filmagem da cena, a esposa do ator tinha matado uma filha do casal e se matado. Bebeu sem parar, foi filmar mesmo assim aos bagaços e entregou uma performance antológica.
Brasil. Direção: Watson Macedo. Roteiro: Alinor Azevedo e Watson Macedo, de argumento de Anselmo Duarte. Elenco: Oscarito, Anselmo Duarte, Eliana Macedo, José Lewgoy, Grande Otelo, Adelaide Chiozzo, Wilson Grey, Jece Valadão, Dircinha Batista, Bené Nunes.
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19 – RIO BRAVO ou RIO GRANDE (Rio Grande)
Onde ver: DVD, Telecine Play, Looke, Oldflix, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes.
A melhor coisa de John Ford não está em seus filmes sobre cavalaria, mas de novo ele se aproveita do cenário para tratar da relação entre os personagens: um coronel que vê o próprio filho (que ele não vê desde que o rapaz era um bebê) ingressar como soldado em suas fileiras para o difícil combate com os índios, e a mãe do rapaz, que vai lá buscá-lo. O conflito interno entre o dever com a família e o dever com o exército é o cerne do personagem de John Wayne. Além do mais, é o filme que viabilizou o posterior (e maravilhoso) Depois do Vendaval e é o primeiro dos cinco filmes de Wayne com Maureen O’Hara – então a gente tem que agradecer. O título brasileiro é curioso. O Rio Grande do original virou Rio Bravo aqui. Acontece que o rio que é fronteira dos EUA com o México é chamado de Grande do lado americano e Bravo do lado mexicano – e a tradução brasileira optou pelo nome do México. Quando anos depois Hollywood lançou um filme chamado Rio Bravo (Onde Começa o Inferno, aqui), deu-se a confusão. Em DVD, o filme de Ford chegou a sair com o título original: Rio Grande.
Estados Unidos. Direção: John Ford. Roteiro: James Kevin McGuiness, baseado em conto de James Warner Bellah. Elenco: John Wayne, Maureen O’Hara, Ben Johnson, Claude Jarman Jr, Victor McLaglen.
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18 – BONITA E VALENTE (Annie Get Your Gun)
Onde ver: DVD.
Annie Oakley, atiradora que foi estrela do show de Buffalo Bill no velho oeste e foi adotada pelo chefe índio Touro Sentado, inspirou um musical no teatro produzido por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, com músicas de Irving Berlin, e, depois, este filme da MGM. Judy Garland começou a filmar, mas foi demitida. Busby Berkeley também começou dirigindo e recebeu o bilhete azul. Muita confusão, mas o filme sobrevive com cenas ótimas como “There’s no business like show business” e “Anything you can do, I can do better’.
Estados Unidos. Direção: George Sidney, Busby Berkeley (não creditado). Roteiro: Sidney Sheldon, baseado em peça musical de Herbert Fields e Dorothy Fields. Elenco: Betty Hutton, Howard Keel, Louis Calhern, J. Carrol Naish.
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17 – PÂNICO NAS RUAS (Panic in the Streets)
Onde ver: DVD (na coleção Filme Noir – Vol. 5).
Inesperada atualidade para esse filme: uma caçada policial a um assassino, mas o motivo principal é que ele está infectado com uma doença e pode contaminar a cidade. Kazan estava ainda nos primeiros anos de sua grande carreira como diretor.
Estados Unidos. Direção: Elia Kazan. Roteiro: Richard Murphy, argumento de Edna Anhalt e Edward Anhalt, e adaptação de Daniel Fuchs. Elenco: Richard Widmark, Paul Douglas, Barbara Bel Geddes, Jack Palance, Zero Mostel.
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16 – ESSE PINGUIM É UMA FRIA (8 Ball Bunny)
Onde ver: YouTube.
“Com licença. Tem algum trocado para ajudar um compatriota americano um pouco sem sorte?”. Azar deu o Pernalonga, ao dar de cara com um pinguim e se comprometer a levá-lo para casa – na Antártida. A viagem rende um dos melhores curtas do coelho, o tempo todo esbarrando no Humphrey Bogart maltrapilho do começo de O Tesouro de Sierra Madre.
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Vozes na dublagem original: Mel Blanc, Dave Barry.
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15 – O MATADOR (The Gunfighter)
Onde ver: DVD, YouTube (dublado).
A fama de rápido no gatilho pode parecer bacana, mas cobra um preço. É sobre isso este filme, um exemplar do que ficou sendo chamado de faroeste psicológico: um pistoleiro chega a uma cidadezinha e sua mera presença leva turbulência ao lugar. Alguns querem vingança, outros querem fama. Ele não quer briga, só reencontrar a humanidade que já teve e deixou para trás.
Estados Unidos. Direção: Henry King. Roteiro: William Bowers e William Sellers, argumento de William Bowers e André De Toth. Elenco: Gregory Peck, Helen Westcott, Millard Mitchell, Jean Parker, Karl Malden.
Crítica de O Matador:
O peso da fama
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14 – A ILHA DO TESOURO (Treasure Island/ Robert Louis Stevenson’s Treasure Island)
Onde ver: DVD, Disney Plus.
Primeiro filme da Disney totalmente com atores, é uma aventurona que adapta um dos maiores clássicos literários do gênero. E não decepciona: é uma produção bem cuidada, movimentada e até violenta para os padrões de hoje do cinema infanto-juvenil.
Estados Unidos/ Reino Unido. Direção: Byron Haskin. Roteiro: Lawrence Edward Watkin, baseado em romance de Robert Louis Stevenson. Elenco: Bobby Driscoll, Robert Newton, Basil Sidney, Walter Fitzgerald.
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13 – OS ESQUECIDOS (Los Olvidados)
Onde ver: DVD, YouTube.
Buñuel começou seu exílio no México com este filme, já uma pedrada na sociedade do país adotivo. Com atmosfera neo-realista, o cineasta espanhol conta a história de garotos marginalizados e a violência ao seu redor sem economizar nas tintas. Pessoas no país não gostaram nada de ver suas mazelas expostas de tal maneira.
México. Direção: Luís Buñuel. Roteiro: Luis Alcoriza e Luís Buñuel. Elenco: Alfonso Mejía, Roberto Cobo, Estela Inda, Miguel Inclán.
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12 – O GAROTO FABULOSO (Gerald McBoing-Boing)
Onde ver: YouTube (som original).
Nem Warner, nem Disney, nem MGM: foi a UPA que surpreendeu e ganhou o Oscar de curta de animação com este primor de grafismo. Baseado na obra do Dr. Seuss, o filme conta a história do garoto que não falava, só dizia ‘boing’.
Estados Unidos. Direção: Robert Cannon. Roteiro: Bill Scott e Phil Eastman, baseado em história de Dr. Seuss. Narração na dublagem original: Marvin Miller.
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11 – WINCHESTER 73 (Winchester 73)
Onde ver: DVD, Looke, NetMovies.
Anthony Mann ajudou a reinventar a carreira de Jimmy Stewart. Consagrado como bom moço, tímido e idealista, aqui ele é durão, amargo e vingativo. Sua carreira também não vinha bem das pernas e esta redefinição veio bem a calhar.
Estados Unidos. Direção: Anthony Mann. Roteiro: Robert L. Richards e Borden Chase, de argumento de Stuart N. Lake. Elenco: James Stewart, Shelley Winters, Dan Duryea, Millard Mitchell.
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10 – O SEGREDO DAS JÓIAS (The Asphalt Jungle)
Onde ver: DVD (só e na coleção Filme Noir – Vol. 3).
Um dos grandes filmes de roubo da história. John Huston mostra uma coleção de personagens antes, durante e depois de um muito arquitetado assalto a uma joalheria. De quebra, duas beldades daquelas: Jean Hagen (que dali a dois anos seria a inesquecível Lina Lamont de Cantando na Chuva) e ninguém menos que Marilyn Monroe (em papel pequeno, mas roubando a cena).
Estados Unidos. Direção: John Huston. Roteiro: Ben Maddow e John Huston, baseado em romance de W.R. Burnett. Elenco: Sterling Hayden, Sam Jaffe, Louis Calhern, Jean Hagen, Marilyn Monroe, James Whitmore, Jack Warden, Marc Lawrence.
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9 – NASCIDA ONTEM (Born Yesterday)
Onde ver: DVD, Claro Vídeo.
Judy Holliday ganhou o Oscar com essa interpretação com a qual já tinha arrasado no teatro: a amante de um político brutalhão e corrupto que deve receber uma aula de etiqueta de um jornalista, mas acaba adquirindo cidadania e o poder de pensar. Holliday conseguiu outro feito raro: foi indicada ao Globo de Ouro a melhor atriz de comédia (que ganhou) e de drama pelo mesmo papel.
Estados Unidos. Direção: George Cukor. Roteiro: Albert Mannheimer, baseado em peça de Garson Kanin. Elenco: Judy Holliday, William Holden, Broderick Crawford, Howard St. John, Frank Otto.
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8 – STROMBOLI (Stromboli, Terra di Dio)
Onde ver: DVD.
Ingrid Bergman largou o estrelato em Hollywood para fazer filmes neo-realistas na Itália. Foi parar numa ilhota vulcânica primitiva como a mulher linda e sofisticada entre os aldeões brutalizados — um choque cultural inevitável.
Itália/ Estados Unidos. Direção: Roberto Rossellini. Roteiro: Roberto Rossellini, com colaboração de Sergio Amidei, Gian Paolo Callegari, Art Cohn, Renzo Cesana e Félix Morlión. Elenco: Ingrid Bergman, Mario Vitale, Renzo Cesana.
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7 – PATETA NO TRÂNSITO ou MOTORMANIA (Motor Mania)
Onde ver: YouTube (dublado).
O Sr. Andante e o Sr. Volante são as duas faces de uma mesma pessoa que é o Dr. Jekyll quando pedestre e vira o Mr. Hyde quando entra no carro. Ainda é a melhor tradução dos humores de boa parte do trânsito em qualquer lugar do mundo. O curta é daquela série da Disney em que todos os personagens são versões do Pateta, numa sátira da sociedade. E este é eterno.
Estados Unidos. Direção: Jack Kinney. Roteiro: Dick Kinney e Milt Schaffer. Vozes na dublagem original: Bob Jackman, John McLeish.
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6 – O COELHO DE SEVILHA (Rabbit of Seville)
Onde ver: DVD Aventuras com Pernalonga – Vol. 1.
O final dos anos 1940 e o começo dos anos 1950 foi a época mais incrível do Pernalonga. Seus dois melhores diretores – Chuck Jones e Friz Freleng – estavam no máximo e deram ao seu astro o melhor material em que trabalhar. Aqui, a eterna perseguição do Hortelino ao coelho invade o palco de uma ópera que está para começar e se desenrola freneticamente ao som da abertura de O Barbeiro de Sevilha.
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Vozes na dublagem original: Mel Blanc, Arthur Q. Bryan.
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5 – CINDERELA ou A GATA BORRALHEIRA (Cinderella)
Onde ver: DVD, blu-ray, Disney Plus, Looke, YouTube (dublado).
Em apuros financeiros, a Disney recorreu à fórmula com que fez sucesso em Branca de Neve e os Sete Anões (1937): uma garota oprimida por uma madrasta, bondosa a ponto de conversar com os bichinhos, e que, no fim, vive feliz para sempre com seu príncipe. Com a ajuda de uma fada madrinha, como em Pinóquio (1940). O estilo de conto-de-fadas é cativante, mas o que torna o filme memorável, mesmo, é a animação maravilhosa, em cenas como a de Cinderela esfregando o chão e as bolhas de sabão repetindo sua imagem, ou sua corrida em desespero para a escuridão e saindo ao fundo para o jardim, vista através da grande janela. Para rapidez, o estúdio filmou tudo com uma atriz antes – os desenhistas disseram depois que não gostaram muito disso, e usaram só o que achavam que deviam. No Brasil, o filme foi exibido nos cinemas (na estreia e em reprises até os anos 1990) de A Gata Borralheira.
Estados Unidos. Direção: Wilfred Jackson, Hamilton L. Luske, Clyde Geronimi. Roteiro: Bill Peet, Erdman Penner, Ted Sears, Winston Hibler, Homer Brightman, Harry Reeves, Ken Anderson, Joe Rinaldi, Maurice Rapf (não creditado), Frank Tashlin (não creditado). Vozes originais: Ilene Woods, Eleanor Audley, Verna Felton. Vozes na dublagem brasileira: Simone de Morais, Tina Vita, Olga Nobre, Aloysio de Oliveira.
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4 – MORTALMENTE PERIGOSA (Gun Crazy/ Deadly Is the Female)
Onde ver: DVD (só ou na coleção Filme Noir – Vol. 2).
17 anos antes de Bonnie & Clyde, o filme, e 16 anos após a morte do casal real de assaltantes de banco, houve Mortalmente Perigosa. Clássico exemplar do filme B: com baixo orçamento, mas muita personalidade e grandes ideias narrativas. Aqui, o fio condutor é o amor bandido entre um atirador e sua esposa que parece gostar demais do crime. Além da tensão sexual e psicológica entre os protagonistas, há cenas como a do assalto a banco, mostrado num plano-sequência. Com a câmera sempre dentro do carro, ela mostra desde a chegada do casal à cidade até a fuga.
Estados Unidos. Direção: Joseph H. Lewis. Roteiro: MacKinlay Kantor e Dalton Trumbo (como Millard Kaufman), com argumento de Kantor. Elenco: Peggy Cummins, John Dall, Berry Kroeger, Anabel Shaw, Harry Lewis.
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3 – RASHOMON (Rashomon)
Onde ver: DVD, Belas Artes a la Carte.
Foi no Festival de Veneza que Rashomon mostrou ao ocidente a qualidade do cinema que se fazia no Japão. A história do samurai e sua esposa surpreendidos por um ladrão na floresta (o que terminou com a morte do marido) é contada quatro vezes, de maneira muito diferente dependendo do ponto de vista de quem conta. A verdade é a contada pela mulher, pelo ladrão, pelo fantasma do morto ou por um observador de fora, que estava passando na hora? Kurosawa disse que Rashomon espelhava a vida, e a vida não tinha sentido.
Japão. Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Akira Kurosawa e Shinobu Hashimoto, baseado em história de Ryunosuke Akutagawa. Elenco: Toshiro Mifune, Machiko Kyo, Masayuki Mori, Takashi Shimura.
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2 – A MALVADA (All About Eve)
Onde ver: DVD, blu-ray, Telecine Play.
Uma atriz está para ser laureada nas primeiras cenas de A Malvada. “Saberemos tudo sobre Eve”, diz o narrador. Então vemos sua aparição quase como uma gatinha escondida num beco chuvoso, uma fã ardorosa que cai nas graças de uma amiga da estrela do teatro, de quem Eve é devota. O que acontece entre um ponto e outro é um dos grandes filmes da história, capitaneado por duas atrizes esplêndidas: Bette Davis e Anne Baxter. Entre os coadjuvantes, a competência de sempre de Celeste Holm, uma brilhante Thelma Ritter, um refinadamente odioso George Sanders e uma iniciante Marilyn Monroe. A bordo de um roteiro que entrega um diálogo antológico após outro. Narrado quase todo o tempo por flashbacks de personagens diferentes, é um mergulho fascinante e duro no mundo do teatro. Ganhou o Oscar de melhor filme e outros cinco, partindo de 14 indicações (recorde até hoje).
Estados Unidos. Direção: Joseph L. Mankiewicz. Roteiro: Joseph L. Mankiewicz, baseado em conto de Mary Orr (não creditada). Elenco: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Hugh Marlowe, Thelma Ritter, Marilyn Monroe, Gregory Ratoff, Barbara Bates.
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1 – CREPÚSCULO DOS DEUSES (Sunset Blvd.)
Onde ver: DVD, blu-ray, Telecine Play, Oi Play, Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
“Você é Norma Desmond. Você era grande!”. “Eu SOU grande. Os filmes é que ficaram pequenos”. Billy Wilder deu uma sapatada na cara de Hollywood com essa história tortuosa do roteirista fuleira que se envolve com uma estrela do cinema mudo, aposentada contra a vontade quando os filmes passaram a ser falados. É cheio de piadas internas: Gloria Swanson tinha sido mesmo uma estrela dos filmes mudos, Erich von Stroheim foi um dos grandes diretores dela, Cecil B. De Mille e a colunista Hedda Hopper interpretam a si mesmos, Buster Keaton faz uma ponta. Billy dá um nó tático narrativo desde o começo ao fazer o filme ser narrado por um morto, enche o filme de frases antológicas e o encerra com um dos melhores e terríveis finais já vistos. “Tudo bem, Sr. DeMille, estou pronta para o meu close-up”.
Estados Unidos. Direção: Billy Wilder. Roteiro: Billy Wilder, Charles Brackett e D.M. Marshman Jr. Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Fred Clark, Jack Webb, Cecil B. DeMille, Buster Keaton, Hedda Hopper, H.B. Warner.
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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:
- 1920 – 1921 – 1922 – 1923
- 1930 – 1931 – 1932 – 1933
- 1940 – 1941 – 1942 – 1943
- 1951 – 1952 – 1953
- 1960 – 1961 – 1962 – 1969
- 1970 – 1971 – 1972 – 1973
- 1980 – 1981 – 1982 – 1989
- 1990 – 1991 – 1992 – 1993 – 1999
- 2000 – 2001 – 2002 – 2003
- 2010 – 2011 – 2012 – 2013
- 2021 – 2022
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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico
Em 2002, o CGI estava em franca ascensão e dominaria o mercado de longas em breve. Mas Lilo & Stitch é um atestado da beleza da animação feita à mão. A combinação de ficção científica (um alien criado artificialmente para ser uma máquina de destruição) e inocência infantil (uma garotinha e sua irmã, orfãs, que estão na mira da assistência social) deu muito certo, fora o visual belíssimo para o qual os cenários foram pintados em aquarela (a primeira vez desde Dumbo, de 1941). O filme tem uma ótima narrativa dramática e de humor e mostra que perdemos muito com a postura da Disney de não lançar mais longas animados à mão.
Diário de Filmes 2020: 19
LILO & STITCH (Dean deBlois e Chris Sanders, 2002)
20 — ALTA FIDELIDADE (High Fidelity)
Onde ver: DVD, blu-ray, Star Plus.
Música e romance sempre andaram juntos e seguem o mesmo ritmo nessa adaptação do romance de Nick Hornby. Narrado em primeira pessoa, comentando canções e fazendo listas, também é uma saudação às lojas de discos como local de encontros entre as pessoas.
Reino Unido/ Estados Unidos. Direção: Stephen Frears. Roteiro: D.V. DeVincentis, Steve Pink, John Cusack e Scott Rosenberg, baseado em livro de Nick Hornby. Elenco: John Cusack, Iben Hjejle, Jack Black, Todd Louiso, Lisa Bonet, Catherine Zeta-Jones, Joan Cusack, Tim Robbins, Lili Taylor, Sara Gilbert, Beverly d’Angelo.
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19 — OS CATADORES E EU (Les Glanuers et la Glaneuse)
Onde ver: Mubi.
Agnès Varda percorre a França para investigar a tradição dos catadores no país. E aborda desde o pessoal que cata as sobras das colheitas, aos que precisam catar lixo para comer e os que pegam o que ninguém quer mais para fazer arte. A diretora belga também faz umas digressões sobre o próprio envelhecimento e o ato de filmar pela primeira vez com uma câmera digital: se detém nas ranhuras das próprias mãos ou nos caminhões na estrada. Nos mantém aos seu lado, batendo papo.
França. Direção e roteiro: Agnès Varda.
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18 — AMORES BRUTOS (Amores Perros)
Onde ver: DVD, Netflix, Now.
Um rapaz da periferia tenta conseguir uma grana em uma rinha de cachorros, para fugir com a esposa grávida do irmão bandido; uma modelo e atriz famosa que vai finalmente morar junto ao amante vê a vida degringolar após um acidente de carro e ao bizarro sumiço de seu cachorrinho sob o assoalho do apartamento dos sonhos novo; um mendigo que perambula pela cidade na verdade é um assassino profissional lidando com suas próprias perdas. Todas essas histórias se cruzam no intrincado roteiro de Guillermo Arriaga (mas a segunda história é mais fraca que as demais).
México. Direção: Alejandro González Iñárritu. Roteiro: Guillermo Arriaga. Elenco: Gael García Bernal, Emilio Echevarría, Goya Toledo.
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17 — A NOVA ONDA DO IMPERADOR (Emperor’s New Groove)
Onde ver: DVD, blu-ray, Disney Plus.
O longa da Disney parece se inspirar nos curtas de humor alucinado dos Looney Tunes para contar a história do mimado imperador Cuzco, transformado em lhama e que precisa da ajuda de um camponês que ele desprezou. Muito engraçado, com os vilões Izma e Kronk roubando o show e a dublagem brasileira (com Sélton Mello e Marieta Severo) engraçadíssima.
Estados Unidos. Direção: Mark Dindal. Roteiro: David Reynolds, história original de Roger Allers e Matthew Jacobs, história de Chris Williams e Mark Dindal, material adicional de Stephen J. Anderson, Don Hall, John Norton, Doug Frankel, Mark Kennedy e Mark Walton. Vozes na dublagem original: David Spade, John Goodman, Eartha Kitt, Patrick Warburton. Vozes na dublagem brasileira: Sélton Mello, Humberto Martins, Marieta Severo, Guilherme Briggs.
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16 — ERIN BROCKOVICH, UMA MULHER DE TALENTO (Erin Brockovich)
Onde ver: DVD, blu-ray, Netflix, Star Plus, Now, Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
Julia Roberts domina a cena como a personagem real que não e advogada, é uma mulher comum, sem grana ou conhecimentos legais, cheia de problemas, mas que lidera um processo importante contra uma poderosa industria farmacêutica. Soderbergh dá aquele verniz de filme independente, mas o destaque é mesmo a atuação.
Estados Unidos. Direção: Steven Soderbergh. Roteiro: Susannah Grant. Elenco: Julia Roberts, Albert Finney, Aaron Eckhart, Peter Coyote, Erin Brockovich-Ellis.
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15 — CORPO FECHADO (Unbreakable)
Onde ver: DVD, blu-ray, Star Plus, YouTube (dublado).
M.Night Shyamalan explora o universo dos super-heróis de quadrinhos, tratando do tema de maneira mais introspectiva e misteriosa. Foi o filme feito logo após O Sexto Sentido e, ainda que já desse para ver que o diretor-roteirista estava ficando prisioneiro do próprio estilo de “surpresa final”, é um filme envolvente de um período em que a cultura das histórias em quadrinhos ainda era raridade na tela.
Estados Unidos. Direção e roteiro: M. Night Shyamalan. Elenco: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard, M. Night Shyamalan.
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14 — TRAFFIC (Traffic)
Onde ver: DVD, blu-ray, Amazon Prime Video, Star Plus, YouTube (legendado em inglês).
Soderbergh lançou dois filmes nesse ano e este é o que tinha mais ambições artísticas. Uma ampla trama sobre drogas, que entrelaça várias histórias e aspectos do problema: o trabalho policial; a mulher do traficante que assume o negócio; o juiz que move uma cruzada, mas que descobre que a própria filha é viciada. Cada história numa tonalidade de cor diferente.
Estados Unidos/ Alemanha. Direção: Steven Soderbergh. Roteiro: Stephen Gaghan, baseado na minissérie de Simon Moore. Elenco: Michael Douglas, Benicio Del Toro, Catherine Zeta-Jones, Don Cheadle, Erika Christensen, Luis Guzmán, Dennis Quaid, Alec Roberts, Miguel Ferrer, James Brolin, Steven Bauer, Amy Irving, Benjamin Bratt, Salma Hayek.
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13 — NOVE RAINHAS (Nueve Reinas)
Onde ver: DVD, Star Plus.
Todo mundo que já viu um certo número de filmes sabe que, em um filme sobre golpistas, a chance de um dar um golpe no outro é grande. Nove Rainhas lida com essa expectativa, jogando com o espectador o tempo todo. E o carisma de Ricardo Darín é um trufo importante.
Argentina. Direção e roteiro: Fabián Bielinsky. Elenco: Gastón Pauls, Ricardo Darín, Leticia Brédice, Tomás Fonzi.
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12 — X-MEN — O FILME (X-Men)
Onde ver: DVD, blu-ray, Disney Plus, YouTube (dublado).
Toda essa onda de filmes de super-heróis começou aqui: com essa adaptação do supergrupo da Marvel, superstars nos quadrinhos e com uma série animada popular na TV. O filme deu muito certo ao situar tudo no mundo “real” (em vez de cenários estilizados) e escalar um elenco carismático. Patrick Stewart como Professor Xavier, e Ian McKellen, como Magneto, emprestam seus status artísticos para as duas forças morais do filme. E Hugh Jackman como Wolverine foi um achado que se provou fundamental. O diretor Bryan Singer ainda soube conduzir bem a questão do preconceito contra os mutantes, o que ajudou este filme a furar a bolha da aventura de quadrinhos só para fãs.
Estados Unidos. Direção: Bryan Singer. Roteiro: David Hayter, história de Tom DeSanto e Bryan Singer, baseado na série de quadrinhos criada por Stan Lee e Jack Kirby. Elenco: Patrick Stewart, Hugh Jackman, Ian McKellen, Anna Paquin, Famke Janssen, James Marsden, Halle Berry, Tyler Mane, Ray Park, Rebecca Romijn-Stamos, Bruce Davison, Stan Lee.
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11 — MALÈNA (Malèna)
Onde ver: DVD, Claro Vídeo, Microsoft Store.
Senhoras e senhores: Monica Bellucci. Uma deusa do cinema, do quilate de outras deusas italianas que viveram no tempo de um cinema mais elegante, Monica é a mulher que passa ondulando por um grupo de adolescentes e vira o sonho impossível de um garoto. Esse garoto assiste ao desenrolar da vida da musa durante a II Guerra na Itália, em meio a uma cidadezinha conservadora hipócrita e de mentalidade miserável. A versão para os EUA, que é a que passou aqui nos cinemas e foi lançada em DVD, foi muito cortada. A original italiana, basicamente, tem mais Monica Bellucci e, principalmente, mais da Monica Bellucci nos delírios eróticos do garoto. Então só poderia mesmo ser ainda melhor.
Itália/ Estados Unidos. Direção e roteiro: Giuseppe Tornatore, história original de Luciano Vincenzoni. Elenco: Monica Bellucci, Giuseppe Sulfaro, Luciano Federico, Matilde Piana.
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10 — EU, TU, ELES
Onde ver: DVD.
Nordeste do Brasil e Regina Casé encontra não um, nem dois, mas três pretendentes. Mais do que isso, elas consegue estabelecer uma relação com os três (Lima Duarte, Stênio Garcia e Luiz Carlos Vasconcelos) na mesma casa. Um grande sucesso, de uma época em que o cinema brasileiro ainda estava lutando para ressurgir após a política cultural assassina do governo Collor.
Brasil. Direção: Andrucha Waddington. Roteiro: Elena Soarez. Elenco: Regina Casé, Lima Duarte, Stênio Garcia, Luís Carlos Vasconcelos, Nilda Spencer.
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9 — RÉQUIEM PARA UM SONHO (Requiem for a Dream)
Onde ver: DVD, blu-ray, Amazon Prime Video, Telecine Play.
Uma paulada que aborda a vida de diversos personagens e o estrago que diversas drogas fazem em suas vidas. O filme proporcionou à grande Ellen Burstyn uma de suas interpretações mais elogiadas e sua sexta indicação ao Oscar. Entre os personagens que estão descendo a ladeira, está a de Jennifer Connelly, protagonizando uma das cenas mais chocantes daquele ano.
Estados Unidos. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Hubert Selby Jr. e Darren Aronofsky, baseado no livro de Selby Jr. Elenco: Jared Leto, Jennifer Connelly, Ellen Burstyn, Marlon Wayans, Christopher McDonald, Louise Lasser, Marcia Jean Kurtz.
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8 — AS COISAS SIMPLES DA VIDA (Yi Yi)
Onde ver: DVD, YouTube (legendado em inglês).
Um longo épico intimista sobre uma família e os dramas de seus integrantes: quando a avó entra em coma, a filha adolescente se sente culpada e acaba envolvida no namoro da vizinha; o pai reencontra uma namorada do passado; a mãe entra em crise por não ter perspectivas na vida e refugia-se na religião; o tio vive numa confusão financeira e sentimental. Há várias sequências especiais, como o encontro do pai com a ex em Tóquio espelhado no da filha com o ex da amiga em Taipei.
Taiwan/ Japão. Direção e roteiro: Edward Yang. Elenco: Nien-Jen Wu, Kelly Lee, Elaine Jin, Jonathan Chang.
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7 — A FUGA DAS GALINHAS (Chicken Run)
Onde ver: DVD, blu-ray, Netflix, Oi Play, Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes.
Um Fugindo do Inferno com penas. A animação em stop-motion da britânica Aardman faz uma versâo inusitada do clássico filme de guerra de 1963, com galinhas que tramam uma fuga espetacular de sua granja, que parece um campo nazista de prisioneiros. A animação é impressionante, sem optar por atalhos fáceis, e o roteiro é inteligente e muito divertido.
Reino Unido. Direção: Peter Lord, Nick Park. Roteiro: Karey Kirkpatrick, com diálogos adicionais de Mark Burton e John O’Farrell, história de Peter Lord e Nick Park. Vozes na dublagem original: Julia Sawalha, Mel Gibson, Miranda Richardson, Lynn Ferguson, Imelda Staunton, Timothy Spall. Vozes na dublagem brasileira: Miriam Fischer, Dário de Castro, Nádia Carvalho, Sylvia Salustti.
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6 — AMNÉSIA (Memento)
Onde ver: DVD, blu-ray, Netflix, Amazon Prime Video, Oldflix, Starz, Looke, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
O filme com o qual Christopher Nolan estourou é um inteligente quebra-cabeças narrativo. A história de vingança de um homem obcecado em encontrar o sujeito que estuprou e matou sua mulher é contada em dois eixos intercalados: um, em preto-e-branco, o mostra conversando por telefone em um quarto; o outro, a cores, mostra a caçada, mas em sequências que vão voltando no tempo. É que o homem sofre de perda de memória recente. Para dar um pouco dessa sensação ao espectador, a cada três, quatro, cinco minutos, o filme volta para mostrar o que aconteceu antes. Assim, a desorientação vai ganhando sentido e vamos também obtendo informações que o protagonista não tem mais, porque já esqueceu. Entre as cenas a cores, a narrativa em preto-e-branco vai nos dando um pouco mais do contexto. Mas tem mais: essa narrativa é em “V”. Ou seja: as duas linhas narrativas vão se encontrar no final: o desfecho do filme é o meio da história, e traz o motivo pelo qual a sequência de trás para a frente acontece. Para algo tão complicado de explicar, a destreza narrativa faz o filme não perder o sentido.
Estados Unidos. Direção e roteiro: Christopher Nolan, baseado em conto de Jonathan Nolan. Elenco: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano, Mark Boone Junior, Stephen Tobolowsky.
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5 — O AUTO DA COMPADECIDA
Onde ver: DVD (filme e minissérie), Globoplay (filme e minissérie), Telecine Play, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store, YouTube (versão minissérie).
A minissérie de TV de 1999 ganhou esta versão reduzida para o cinema e fez grande sucesso também na telona. A peça de Ariano Suassuna ganhou muito ao ser filmada no interior da Paraiba, onde efetivamente acontece. O elenco se deu bem demais com isso. O tom teatral de Guel Arraes (que já tinha dirigido o texto no palco) combina e o resultado é tão bom que poderiam ter cortado menos para o cinema.
Brasil. Direção: Guel Arraes. Roteiro: Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão, baseado em peça de Ariano Suassuna. Elenco: Matheus Natchtergaele, Sélton Mello, Rogério Cardoso, Denise Fraga, Diogo Villela, Virgínia Cavendish, Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Marco Nanini, Luís Melo, Maurício Gonçalves, Paulo Goulart, Enrique Diaz, Aramis Trindade.
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4 — NÁUFRAGO (Cast Away)
Onde ver: DVD, blu-ray, Amazon Prime Video, HBO Max, Now, Globoplay, Telecine Play, Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
Último grande filme de Zemeckis, de uma época em que ele parecia infalível. Tom Hanks leva o filme sozinho em cena parte considerável do tempo, como o funcionário da Fedex que sscapa de um acidente aéreo para se ver em uma ilha deserta. O desempenho de Hanks — com seu personagem conversando com uma bola de vôlei pra não pirar de verdade — é brilhante (perder para Russell Crowe em Gladiador no Oscar do ano seguinte foi uma piada de mau gosto). Todo o segmento de sua volta à civilização é um primor, culminando no ótimo final aberto.
Estados Unidos. Direção: Robert Zemeckis. Roteiro: William Broyles Jr. Elenco: Tom Hanks, Helen Hunt, Nick Searcy, Chris Noth, Lari White, Geoffrey Blake.
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3 — QUASE FAMOSOS (Almost Famous)
Onde ver: DVD, blu-ray, Star Plus, Paramount Plus, Looke, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
Cameron Crowe usou suas memórias de jornalista de música para este conto sobre amadurecimento nos bastidores do rock dos anos 1970. É bonito e é engraçado. Crowe nunca mais fez algo tão bom. Katie Holmes, então — tão linda e promissora que era — nem se fala.
Estados Unidos. Direção e roteiro: Cameron Crowe. Elenco: Patrick Fugit, Kate Hudson, Billy Crudup, Frances McDormand, Jason Lee, Philip Seymour Hoffman, Fairuza Balk, Noah Taylor, Anna Paquin, Jimmy Fallon.
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2 — O TIGRE E O DRAGÃO (Wo Hu Cang Long ou Crouching Tiger, Hidden Dragon)
Onde ver: DVD, blu-ray, Netflix, Star Plus, Looke, Claro Vídeo, Apple TV/ iTunes.
Após convencer em sua carreira nos EUA, Ang Lee voltou a Taiwan para dirigir este épico de artes marciais, praticamente um filme de super-heróis oriental, temperado com grandes doses de poesia visual —Zhang Ziyi não é uma lutadora treinada, mas usou suas técnicas de dança pra ajudar). Ziyi, Michelle Yeoh e Chow Yun-Fat estão ótimos, fazendo as acrobacias e tudo (os cabos que os içavam foram retirados digitalmente). Um deleite dramático, de aventura e para os olhos.
Taiwan/ Hong Kong/ Estados Unidos/ China. Direção: Ang Lee. Roteiro: Hui-Ling Wang, James Schamus e Kuo Jung Tsai, baseado em livro de Du Lu Wang. Elenco: Chow Yun-Fat, Michelle Yeoh, Zhang Ziyi.
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1 — AMOR À FLOR DA PELE (Fa Yeung Nin Wa ou In the Mood for Love)
Onde ver: DVD, Mubi.
Existe um outro filme que Wong Kar-Wai deixou de fora na montagem para dar vida a Amor à Flor da Pele. Tirou o que tinha de mais explícito na relação entre o Sr. Chow (Tony Chiu Wai Leung) e a Sra. Chan (Maggie Cheung) e depurou tudo até não ficar mais claro se há ou não algo para valer entre eles. Seus cônjuges, sim, estão mandando ver numa relação adúltera (e nunca aparecem plenamente em cena — ficaram de fora na montagem). Mas eles, embora estejam muito a fim, andam no fio da navalha entre dar ou não esse passo. O filme brinca com essa expectativa, em diálogos onde parece que a coisa se consumou e, depois, o espectador vê que é um “ensaio” sobre um possível diálogo futuro, ou um exercício de imaginação. E tem todo o charme sessentista, a voz de Nat King Cole cantando em espanhol na trilha, a claustrofobia dos corredores apertados e escadas onde os dois personagens se cruzam…
Hong Kong/ França/ Tailândia. Direção e roteiro: Wong Kar-Wai. Elenco: Maggie Cheung, Tony Leung Chiu Wai, Ping Lam Siu.
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OUTRAS LISTAS:
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- 1980 – 1981 – 1982 – 1989
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- 2010 – 2011 – 2012 – 2013
- 2021 – 2022
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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico.