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INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL
½
Diário de filmes 2023: 101
Mídia física: DVD e blu-ray, da Paramount. Streaming: Disney Plus, Paramount Plus, Globoplay/ Telecine. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.
Espinafrado por quase todo mundo desde seu lançamento e enfrentando a injusta concorrência da memória afetiva e qualidade imbatível da trilogia original do personagem, o quarto filme com Indiana Jones enfrentou uma batalha que dificilmente poderia vencer. Para piorar, de fato há elementos inaceitáveis: as formigas assassinas claramente digitais (contra os insetos verdadeiros usados aos milhares em Indiana Jones e o Templo da Perdição, 1984) ou o irritante personagem de Shia LaBeouf aprendendo a ser Tarzan de uma hora para a outra. A geladeira à prova de explosão nuclear também leva o exagero que marca a série um pouco longe demais, mas está inserida no melhor momento do filme, que é justamente seu início. O prólogo no galpão do governo e na cidade artificial é digno dos melhores Indianas e o filme poderia ter seguido pela trama do perigo nuclear. A opção pelos alienígenas disfarçados de seres extradimensionais (ideia de George Lucas, da qual Spielberg não estava muito a fim de fazer) até faz sentido, se levarmos em conta que as aventuras de Indiana refletem o cinema de aventura da época em que suas aventuras se passam. Antes anos 1930, neste a ambientação é anos 1950, época de clássicos filmes de invasão extraterrestre. A inspiração do começo se desvanece em grande parte quando a ação se transfere para a América do Sul. Ainda bem que Cate Blanchett comparece como a ótima vilã.
Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull. Estados Unidos, 2008. Direção: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Cate Blanchett, Karen Allen, Shia LaBeouf, Ray Winstone, John Hurt, Jim Broadbent, Igor Zhizhikin.
INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA
Diário de filmes 2023: 98
Mídia física: DVD e blu-ray, da Paramount. Streaming: Disney Plus, Paramount Plus, Globoplay/ Telecine. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.
Se a série Indiana Jones começou a surgir quando Steven Spielberg contou a George Lucas sobre a vontade que tinha de dirigir um filme de James Bond, nada mais natural que o 007 por excelência, Sean Connery, apareça como o pai do protagonista. A escalação foi mesmo uma sacada de mestre e a química entre ele e Harrison Ford é tão grande que faz com que este seja, para bastante gente, o melhor filme da série. A ideia geral era deixar o tom mais leve depois da atmosfera mais tensa de Templo da Perdição. E o resultado é que o humor beira o pastelão, com cenas que não estariam deslocadas numa produção dos Três Patetas. Ainda assim, o carisma é tão grande que o humor funciona divinamente. E o que é um tom ainda acima dos dois filmes anteriores (que já tinham sua forte cota de graça) não causa estranheza porque soa como um reflexo da natureza do relacionamento na tela entre pai e filho. Assim, o filme acerta desde o começo, com o prólogo mostrando a adolescência de Indy (com River Phoenix ótimo no papel) e a ocasião em que ganhou suas principais características, e até o final, com o emblemático plano da cavalgada rumo ao por do Sol ao som da inesquecível “Raider’s march” de John Williams, imagem que o diretor acreditava que seria o encerramento da série (e foi, por 19 anos).
Indiana Jones and the Last Crusade. Estados Unidos, 1989. Direção: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Sean Connery, Alison Doody, Denholm Elliott, John-Rhys Davies, Julian Glover, River Phoenix, Richard Young.
INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO
Diário de filmes 2023: 95
Mídia física: DVD e blu-ray, da Paramount. Streaming: Disney Plus, Paramount Plus, Globoplay/ Telecine. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.
“Se a aventura tem um nome, o nome é Indiana Jones”, dizia o slogan nos cartazes e era verdade. O segundo filme da série tem um dos começos mais eletrizantes da história do cinema, começando com tiroteio e confusão num nightclub chinês até chegar a alguma região isolada da Índia (após o salto de um avião à deriva sem paraquedas e a bordo de um bote inflável). Diferente dos outros quatro filmes da série, Indy não está numa corrida contra os vilões para chegar antes a um tesouro histórico-mítico. Desta vez, a pedra mágica de uma aldeia pobre já está de posse de uma seita maligna antiga, que sequestra crianças e as põe para trabalhar em uma mina. Também é um filme que carrega mais na violência e na tensão, e que levou Spielberg a tornar tudo bem mais leve nos seguintes. Mas há muito humor também, sobretudo nos dois parceiros de Indy: a cantora Willie, sem qualquer jeito para a aventura e que cai de paraquedas nessa busca, e o garoto Short Round, com um Ke Huy Quan esbanjando carisma. E Spielberg está no auge como narrador: mais uma vez, cada cena é contada de um jeito especial, mas sem querer “aparecer”. É uma cena antológica atrás da outra, num ritmo impressionante: tanta coisa acontece que é espantoso que o filme tenha menos de duas horas de duração.
Crítica de Indiana Jones e o Templo da Perdição:
Desembestada corrida num vagão sobre trilhos
Indiana Jones and the Temple of Doom. Estados Unidos, 1984. Direção: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Ke Huy Quan, Amrish Puri, Roshan Seth, Roy Chiao, Dan Aykroyd.
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MAIS INDIANA JONES:
OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA
Diário de filmes 2023: 94
Mídia física: DVD e blu-ray, da Paramount. Streaming: Disney Plus, Globoplay/ Telecine, Now, Oldflix. Aluguel ou compra digitais: Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/iTunes, Microsoft Store.
A ideia era beber na fonte dos antigos seriados de aventura do cinema, dos anos 1930, que eram exibidos em episódios nas matinês. Já tinha dado certo com Guerra nas Estrelas, revivendo Flash Gordon. Agora, seriam as peripécias de um arqueológo aventureiro, cruzando o mundo atrás de relíquias históricas e místicas. Concentrando em si toda essa tradição da aventura no cinema, Indiana Jones se tornou um dos maiores personagens da história da sétima arte. E este primeiro filme não é menos do que perfeito. Começando pelo elenco carismático, liderado por um Harrison Ford já se tornando indissociável (sem trocadilho) do personagem. O roteiro de Lawrence Kasdan (com argumento de George Lucas e Philip Kaufman) providencia uma grande cena atrás da outra. Mas, sobretudo, é a direção de Steven Spielberg que torna o filme uma obra-prima. Como narrador, ele está aqui em um de seus pontos mais altos. Não só nos grandes momentos (a bola gigante de pedra, a fuga do Poço das Almas, a perseguição de caminhões, etc), mas também nos de tom menos espetacular, como o plano-sequência “invisível” da introdução de Marion (Karen Allen), com o duelo de bebidas em que a câmera passa de um personagem a outro através dos copos na mesa, ou sua disparada a cavalo pelo corredor formado por duas filas de trabalhadores egípcios. Cada imagem é uma beleza, sem roubar o protagonismo da trama.
Crítica de Os Caçadores da Arca Perdida:
A afirmação da aventura
Raiders of the Lost Ark. Estados Unidos, 1981. Direção: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman, Ronald Lacey, John-Rhys Davies, Denholm Elliott, Alfred Molina.
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MAIS INDIANA JONES:
INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO
⭐⭐⭐⭐⭐
Diário de Filmes: 95
Mídia física: DVD e blu-ray, da Paramount. Streaming: Disney Plus, Paramount Plus, Globoplay/ Telecine. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.
Desembestada corrida num vagão sobre trilhos
É conhecida a história de que Steven Spielberg se arrepende do tom usado em Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) – segundo filme do arqueólogo e que se passa antes de Os Caçadores da Arca Perdida (1981). De fato, tem cenas mais pesadas e Spielberg pegou bem mais leve nos filmes seguintes do personagem. Ele pode até ter se arrependido, mas isso não muda o fato de que Templo da Perdição é um dos melhores filmes da série – se não for o melhor.
Certamente, os 20 primeiros minutos estão entre os melhores 20 primeiros minutos da história do cinema. Num nightclub de Xangai (o Club Obi Wan), Willie Scott (Kate Capshaw, futura Sra. Spielberg) canta “Anything goes”, de Cole Porter (em mandarim!), seguida por um número musical estilo Busby Berkeley, Indy (Harrison Ford, claro) negocia com gangsters a troca de um ídolo por um diamante, é envenenado, tiroteio e confusão enquanto ele tenta pegar o antídoto, depois ele foge com a cantora e com o garoto Short Round (Ke Huy Quan, que agora, adulto, voltou aos holofotes), perseguição de carros, o trio escapa em um avião de carga, pula dele em um bote antes que exploda ao bater num pico, desliza por uma montanha e cai de um abismo até um rio caudaloso. Quando as águas se acalmam, Indiana percebe que estão na Índia. Ufa!
Templo da Perdição é realmente diferente dos outros filmes da série. Para começar, não se trata de uma corrida contra os vilões para encontrar e se apossar de algum artefato poderoso. Aqui, a missão de Indiana Jones é recuperar a pedra sagrada de um vilarejo indiano, que sofre com a fome e o sequestro de todas as crianças do lugar. O que envolve o ressurgimento de uma seita que faz sacrifícios humanos.
Não há, como nos outros filmes, referências ao passado pessoal do personagem. Em Caçadores, ele reencontra Marion, uma antiga namorada. Em A Última Cruzada (1989), o pai. Em Reino da Caveira de Cristal, Marion de novo. No novo, Indiana Jones e aRelíquia do Destino (2023), a afilhada. Em Templo da Perdição, a história é uma aventura isolada da continuidade de Indy: ele aparece no meio de uma ação, se envolve com a trama principal por acaso e cruza com personagens que ficam confinados a este filme – não se ouve falar de Willie Scott ou Short Round nos filmes seguintes.
Como no anterior, aqui temos um Spielberg narrador afiadíssimo. Cada plano é um deleite, não só pela composição visual e pelos movimentos de câmera (com os planos-sequência “invisíveis” típicos do diretor), mas também pela movimentação dos atores dentro do plano. Envolvidíssimo com as peripécias da trama, o espectador não repara nessas coisas na primeira vez, mas elas fazem diferença para que Templo da Perdição seja um filme especial.
Repare na cena em que Indiana e Willie se jogam um diálogo malicioso no quarto dela, quando estão hospedados no palácio de Pankot. Depois que ele fecha as duas metades da porta, ela abre um lado para discutir e ele abre o outro lado. É sempre a maneira como Spielberg procura tornar visualmente mais interessante uma cena que poderia ser contada de maneira banal, sem qualquer bossa. Da mesma forma, quando Indy depois irrompe o quarto dela para procurar um invasor e ela acha que ele está lá para fazerem sexo, o balé visual dos dois pelo quarto é bem divertido.
Também é por isso que o final começa daquela maneira: Indy, Willie e Short Round retornando à aldeia aparentemente sozinho, mas, por trás deles, surgem as dezenas de crianças correndo ao encontro de seus pais e mães. Ao som, claro, da triunfal marcha de John Williams. O compositor, aliás, tem aqui um de seus trabalhos mais memoráveis. Não só por causa do tema principal, que naturalmente o público já conhecia, mas também com as melodias identificadas com Willie e Short e com o tema indiano. É para sair cantarolando depois da sessão.
Essas cenas citadas, veja bem, nem são as grandes cenas do filme. Mais lembradas são a fuga a bordo dos vagões de mineração, a inundação rasgando pela mina (mais uma cena inspirada nos quadrinhos do Tio Patinhas escritos e desenhados por Carl Barks, como a bola de pedra gigante do primeiro filme) e a sequência na ponte de corda. Há ainda o momento em que Indy e Short estão para serem esmagados por um teto que desce sobre eles e Willie, cheia de insetos sobre ela, precisa salvá-los, e a tensa sequência em que, enfeitiçado, o herói lança Willie em um poço de fogo.
Enfim, é um momento antológico após o outro e em ritmo tão intenso que impressiona constatar que Templo da Perdição não tem nem 2 horas de duração. Tem, com os créditos finais, 1h58 contra 1h55 de Caçadores, o mais curto da série. Os dois filmes seguintes ficam na mesma média: 2h07 e 2h02. São aulas de concisão que o cinema de Hollywood desaprendeu. O novo filme, por exemplo, tem 2h34, na faixa de tantos outros filmes de aventura que têm sido lançados recentemente.
O tanto de coisa que acontece em Indiana Jones e o Templo da Perdição hoje talvez levasse umas 3h para ser contado. Do jeito que está, é uma eletrizante corrida desembestada num vagão sobre trilhos.
INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO. Indiana Jones and the Temple of Doom. Estados Unidos, 1984. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Willard Huyck e Gloria Katz, a partir de argumento de George Lucas. Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Ke Huy Quan, Amrish Puri, Roshan Seth, Roy Chiao, Dan Aykroyd.
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MAIS INDIANA JONES:
– Crítica de Os Caçadores da Arca Perdida
– Crítica de Indiana Jones e a Relíquia do Destino
OS FABELMANS
⭐⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2023: 5
Mídia física: Não disponível no Brasil. Streaming: Não disponível no Brasil.
Spielberg revisita sua infância e adolescência para fazer uma declaração de amor à sua família e ao cinema. E, de fato, o filme exala esse amor a cada segundo e possibilita uma reavaliação desse tema – o da família – na obra do diretor. Nos pais, uma dicotomia entre a técnica e a arte, ambos componentes importantes na grande carreira do cineasta.
Crítica de Os Fabelmans:
Memórias cinematográficas de Spielberg
The Fabelmans. Estados Unidos/ Índia, 2022.
Direção: Steven Spielberg. Elenco: Gabriel LaBelle, Michelle Williams, Paul Dano, Mateo Zoryan, Seth Rogen, Judd Hirsch, Chloe East, David Lynch.
OS FABELMANS
Diário de filmes 2023: 5
Onde ver: cinemas
Memórias cinematográficas de Spielberg
Na primeira cena de Os Fabelmans, um menino está com medo de entrar no cinema. Seus pais tentam acalmar a criança ansiosa. O pai explica o funcionamento técnico da coisa: é só um projetor emitindo uma luz, com uma série de fotos em sequência, de modo que parecem se movimentar, etc. A mãe vai por outro caminho: “É como um sonho. Um sonho do qual você nunca se esquece”. Sammy, o garotinho que é a versão no filme do próprio diretor e co-roteirista Steven Spielberg, vai viver entre essas duas visões de mundo: o pai cientista, a mãe artista. O que, de certa forma, acabou moldando a carreira do cineasta, que uniu os prodígios técnicos dos efeitos especiais a uma visão sempre dedicada a contar cada cena de modo interessante, ir além do banal.
Em Os Fabelmans, Spielberg volta à sua infância e adolescência para fazer uma declaração de amor para sua família e para o cinema. São dois elementos indissociáveis na vida do cineasta. É a mãe que dá a ele uma câmera super-8. O menino ficou impressionado demais com a cena do choque de um trem e um carro no filme que viu, O Maior Espetáculo da Terra (1952). O presente era terapêutico: Sammy/ Steven poderia recriar com seus brinquedos a cena do filme, filmá-la e rever quantas vezes quisesse até aquilo não o assustar mais (e, assim, não quebrar seu trenzinho elétrico).
O Maior Espetáculo da Terra foi realmente o primeiro filme que Spielberg viu no cinema. Aliás, embora o cineasta tenha dito que o filme é “semiautobiográfico”, são tantos os fatos reais na tela que é curiosa a opção de mudar os nomes dos personagens. Enfim, é simbólico que a primeira vez de Spielberg no cinema tenha sido com um filme de Cecil B. DeMille – o próprio Spielberg foi uma espécie de DeMille moderno, sendo o maior nome do superespetáculo cinematográfico de seu tempo.
A câmera terapêutica logo ganha asas. O menino (Mateo Zoryan quando criança, Gabriel LaBelle na adolescência) passa a fazer pequenos filmes amadores usando as irmãs e amigos como atores em faroestes, histórias de múmia e dramas de guerra. E aí o Spielberg de 75 anos (fez 76 em dezembro) aproveitou para refilmar alguns de seus primeiros filmes, com a ajuda da fotografia de Janusz Kaminski. Através desses pequenos curtas de brinquedo, a arte vai ganhando espaço. O filme mostra todo o carinho pelas câmeras e pelo processo de montagem. É o A Noite Americana (1973) de Spielberg, misturado com seu Amarcord (1973).
A presença rápida de um tio (Judd Hirsch) que se afastou da família para trabalhar em um circo e no cinema mudo deixa as coisas claras: família e arte entrarão em conflito dentro do jovem. E amor e obrigação talvez não sejam correlacionadas com aquilo que imaginamos a princípio.
Entra aí o circo de novo e, por extensão, DeMille de novo. Críticos mal-humorados tantas vezes torceram o nariz para Spielberg, acusando-o de não fazer mais do que espetáculos circenses na tela. Ao refilmar partes de seus próprios filmes de infância, Spielberg celebra o mais puro amor em narrar histórias através de um câmera. E mostra que já estavam ali, desde cedo, os “dois lados” de sua carreira: o puro escapismo e o cineasta “sério”.
Essa revisita de Spielberg à própria história é, ao mesmo tempo, uma narrativa de como compreendeu os fatos na época e a visão que tem deles hoje. É muito sobre a relação do pai, Burt, um homem das ciências exatas, pioneiro dos computadores, um sujeito metódico e introspectivo, e da mãe, Mitzi, uma pianista que trocou a arte pelo trabalho de dona de casa, é expansiva e até exagerada na personalidade, mas que, embora ame sua família, se sente presa. É um relacionamento visto de modo complexo: todos se amam, mas isso será o suficiente?
É naturalmente seu filme mais pessoal (ele assina como co-roteirista, função que exerce raramente, com Tony Kushner), mas permite observar uma camada extra desse aspecto em outros de seus filmes. A família, sobretudo a relação entre pais e filhos, sempre foi perceptível em sua obra, mas ganha um reforço importante a partir do que se vê em Os Fabelmans.
Há a questão do pai em ir ou não embora no fim de Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977). A família ainda sofrendo com um divórcio e um pai ausente em E.T., o Extraterrestre (1982). A complicada relação pai e filho de Indiana Jones e a Última Cruzada (1989), onde os dois são arqueólogos, mas o pai é mais “cientista” e o filho mais “artista”, digamos assim. A questão da maternidade em Inteligência Artificial (2001). O jovem que sofre com o divórcio dos pais em Prenda-me Se For Capaz (2002). Pai e filhos forçados a se reconectar em meio ao caos de Guerra dos Mundos (2005). Nunca é o tema principal, mas esteve sempre presente e agora é possível ver com que força.
Um momento em especial do novo filme converge dramaticamente os dois temas – família e cinema – e mostra de maneira exemplar a visão do protagonista. Em uma ocasião traumática, que Sammy vive e testemunha, ele de repente vê um espelho e se vê filmando aquele momento, imaginando a melhor maneira de mostrar seus pais (vividos por Paul Dano e Michelle Williams, ambos ótimos) e irmãs (Keeley Karsten, Julia Butters e Sophia Kopera). Essa é uma representação sagaz de Spielberg como cineasta: alguém cuja visão sempre busca a maneira mais interessante de mostrar algo na tela.
Veja a maneira como o pequeno Sammy projeta a imagem nas mãos: o cineasta tem, em suas mãos, o controle do que conta. Ou como o jovem Sammy descobre ao montar um filme um segredo no fotograma (ecos de Blow-Up, de Antonioni) e de como revela o segredo não com palavras, mas com a projeção do filme. E como a alma artística da mãe é capturada numa bela sequência em que ela dança com uma camisola que fica translúcida iluminada pelos faróis de um carro. Ou a conexão entre ele e a primeira namorada quando ela olha pelo visor da câmera com que ele está filmando.
Essa busca se conecta diretamente à cena em que o jovem Sammy conhece o mitológico John Ford. É outra ocasião que Spielberg viveu mesmo e já havia contado muito bem no documentário de Peter Bogdanovich sobre o Homero do western, Directed by John Ford (2006). A lição que ele recebe do irascível Ford (“Quando o horizonte está no alto é interessante. Quando está embaixo é interessante. Quando está no meio é uma chatice de merda!”), ele sempre procurou seguir (atenção para o divertido último plano do filme).
Essa cena, aliás, merece menção também pela ótima escalação de David Lynch para o papel de Ford. Ele está ali como ator, mas dá para desassociar Lynch da sua figura de diretor? Spielberg o colocou no papel consciente disso? Nada mais diferente que o cinema de David Lynch do cinema de John Ford e o de Spielberg. Essa cena – Lynch vivendo Ford conversando com um ator vivendo Spielberg, dirigidos por Spielberg – é como se o cinema desse uma volta em torno de si mesmo, uma bela pirueta.
Spielberg ainda passa por sua relação com a herança judaica e pelo primeiro amor, sempre temperando o drama com boa dose de humor e salpicando de referências cinematográficas em imagens, diálogos e música, até sobre o próprio filme (“Nunca conte isso para ninguém!”; “Ok. A não ser que eu faça um filme sobre”). Antes dos logos das produtoras, ele aparece com uma mensagem de agradecimento ao público por ter saído de casa para assistir ao seu filme. Ao final, nós é que agradecemos.
Ah, sabe quem uma vez também apareceu antes dos créditos de um filme para apresentá-lo ao público do cinema? Cecil B. DeMille, em Os Dez Mandamentos (1956).
***
OS FABELMANS. The Fabelmans. Estados Unidos/ Índia, 2022.
Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Steven Spielberg e Tony Kushner. Elenco: Gabriel LaBelle, Michelle Williams, Paul Dano, Mateo Zoryan, Seth Rogen, Judd Hirsch, Chloe East, David Lynch, Keeley Karsten, Julia Butters, Sophia Kopera, Alina Brace, Birdie Borria.
É um clichê sem vergonha dizer que “crítico só gosta do que mais ninguém gosta”. Mas na lista dos 100 melhores filmes do mundo publicada pela revista Sight and Sound, do British Film Institute, a comunidade de críticos parece confirmar a premissa. Em uma comparação entre os eleitos de 1.639 críticos do mundo e a lista (corrigida pela inflação) dos 100 filmes de maior bilheteria, o que se vê é uma dissociação quase total entre o que atraiu as plateias e o que os profissionais da análise cinematográfica consideram como o Olimpo cinematográfico. Um único e solitário filme aparece nas duas relações: O Poderoso Chefão (1972, foto), de Francis Ford Coppola.
Também aí é simbólico que o primeiro filme da lista da Sight and Sound seja virtualmente desconhecido por qualquer um que não trabalhe com cinema (e mesmo para muita gente que trabalha): Jeanne Dielman (1975), de Chantal Akerman. Mas o segundo colocado também foi um dos maiores fracassos de público de Hitchcock; Um Corpo que Cai (1958). E o terceiro foi Cidadão Kane (1941), que também não foi bem nessa seara, em que pese a campanha contra que sofreu do magnata da imprensa William Randolph Hearst.
(EDIÇÃO EM 17/12: Antes de continuar, é bom ter sempre em mente que esta comparação é entre duas listas que possuem limitações naquilo a que se propõem. A lista das maiores bilheterias, corrigidas pela inflação, reduz uma distorção que naturalmente deixa para trás filmes mais antigos, mas tem outras. Por falta de dados ao redor do mundo, ela considera apenas o mercado americano, portanto é basicamente de filmes em língua inglesa. Mercados fortes como o indiano ou o chinês não aparecem. Além disso, há as diferenças de preços de ingressos de sessões normais para sessões 3-D, etc. Já os 100 mais dos críticos é feita a partir de listas de top 10 dos votantes, sem ordem de preferência. O filme citado em mais listas é o primeiro colocado, o melhor do mundo. Logo, matematicamente, este filme pode aparecer em mais listas e não ser o primeiro de nenhum desse eleitores. Mas, para efeito de análise de um cenário e com ponderações, há coisas interessantes a se observar).
O Poderoso Chefão ocupa na lista dos críticos o 12º lugar. Na eleição dos diretores, também ouvidos pela revista para um lista à parte, ficou bem melhor colocado: em 3º. Na lista das 100 bilheterias, ocupa o 25º posto.
A lista dos diretores dá um pouco mais de atenção aos filmes de grande bilheteria. Mais dois chegaram a esse top 100: Tubarão (1975, 62º para os diretores; 7º nas maiores bilheterias) e Lawrence da Arábia (1962, 62º na lista dos cineastas; 84º nas bilheterias).
Nem Steven Spielberg, diretor de Tubarão, nem David Lean, do monumental Lawrence da Arábia, emplacou qualquer filme no top 100 dos críticos. Outro dado extremamente simbólico. Spielberg tem cinco filmes entre os 100 de maior bilheteria, Lean tem três.
Mesmo com a atualização da inflação, a lista das 100 maiores bilheterias é dominada atualmente por filmes de super-heróis e exemplares de séries como Star Wars e Harry Potter, entre outros blockbusters. Produções que, mesmo chegando ao seu máximo, têm chance zero de alcançar um top 100 numa eleição de críticos, claro. Mas muitos clássicos sobrevivem ao tempo também aí, mas, seja lá por que razão, não tiveram reconhecimento da crítica o suficiente para figurar na relação da Sight and Sound.
Começando pela já citada e escandalosa omissão de Lawrence da Arábia, mas também Ben-Hur (1959), de William Wyler, A Primeira Noite de um Homem (1967), de Mike Nichols, ou M.A.S.H. (1970), de Robert Altman. Nem estou falando de filmes como Banzé no Oeste (1974), de Mel Brooks, e De Volta para o Futuro (1985), de Robert Zemeckis, que seriam ótimas surpresas num top 100 da crítica, mas, enfim, são “leves demais” para o perfil da lista que veio a público.
A verdade é que há mais filmes da lista das bilheterias que parecem passíveis de entrar nos 100 mais da crítica que exemplares da lista dos críticos que poderiam figurar numa lista das bilheterias. Nesse caso, ninguém nega o sucesso de filmes de Chaplin ou de um Casablanca, mesmo que não figuram como recordistas de bilheteria. Enfim, se esticarmos um pouco o campo e formos buscar nos 200 mais das bilheterias, encontramos mais alguns que entraram no top 100 da Sight and Sound.
São os casos de Janela Indiscreta (38º na dos críticos; fora na dos diretores; 112º na das bilheterias), 2001 – Uma Odisseia no Espaço (6º na dos críticos; 1º na dos diretores; 154º na das bilheterias); Psicose (31º na dos críticos; 46º na dos críticos; 165º na das bilheterias.
Ainda mostra que essas duas faixas de consumidores de cinema talvez realmente não procurem as mesmas coisas em um filme. Claro que a crítica não se preocupa e nem deve se preocupar com isso – muito de sua função passa justamente por tentar chamar a atenção para filmes que deveriam e não têm a atenção de mais gente. Mas que isso não signifique fechar os olhos para aquela parcela de filmes abraçados pelo público e que também merecem uma atenção mais generosa dos analistas – ou mesmo uma redescoberta.
E.T., O EXTRATERRESTRE
Diário de filmes 2022: 122
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Amazon Prime Video, Globoplay. Aluguel ou compra digitais: Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon. (Em 22/10/2022)
Os adultos são os alienígenas
Em 1982, os filmes que estavam completando 40 anos eram filmes como Casablanca, A estranha passageira, Soberba, Bambi. Como filmes assim eram vistos em sua quarta década? Como mitos distantes, ícones de um passado remoto do cinema? Como eram vistos em 1982 especialmente por quem assistiu a eles na época da estreia? Será que E.T., o Extraterrestre, que completa 40 anos este ano e voltou aos cinemas este mês, evoca sentimento semelhantes? Que ideia ele desperta em quem não viu o filme em seu lançamento? E quem viu há quatro décadas o terá como um filme de “outro dia mesmo”? Talvez mais do que esse nosso espectador imaginário que, em 1982, assistiu Casablanca na pré-estreia em 1942?
Resumindo: E.T. é tão clássico agora quanto os filmes de 1942 eram em 1982? Trata-se, claro, de uma pergunta com muitas subjetividades. Entre as variáveis a serem pesadas está a questão do acesso ao filme. Em 1982, um filme de 40 anos antes só poderia ser visto pegando alguma reprise na TV ou retrospectiva no cinema. E.T. ficou pouco tempo indisponível para quem quisesse vê-lo: Spielberg resistiu por um tempo à ideia, mas o filme acabou lançado em fitas para videocassete em 1988, depois vieram as exibições em TV (no Brasil, no final de 1990), os lançamentos em DVD e blu-ray, no streaming (atualmente está no Prime Video e no Telecine). Em 2020, a Band exibia o filme quase uma vez por mês.
Ou seja: E.T. nunca esteve distante de quem quisesse assisti-lo. Talvez por isso pareça “menos antigo”? Não tão clássico quanto Casablanca já era quando o próprio E.T. chegou aos cinemas? Talvez isso tenha algo a dizer sobre nossa relação com os filmes e com o passar do tempo nessa era de aceleração.
(Leia o texto completo em CinemaEscrito)
Estados Unidos. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Melissa Mathison. Elenco: Henry Thomas, Dee Wallace, Robert MacNaughton, Drew Barrymore, Peter Coyote, C. Thomas Howell, Erika Eleniak, Pat Welsh (voz).
AMOR, SUBLIME AMOR
Diário de Filmes 2021: 152
Onde ver: cinemas
Spielberg dança com a câmera para dialogar com o filme de 1961
“A chave principal na nova versão é que o original ressaltava o lado de fantasia que subvertia a realidade. Um sublinhado psicológico nos números musicais que se espalhava pela composição da imagem. A nova versão busca um tom mais realista nos cenários, na construção dos personagens, nas motivações, no contexto social.
Isso, claro, levando em conta que é próprio do musical a subversão da realidade, e ela está aqui presente – apenas não tão exacerbada quanto na versão de 1961. E considerando que se trata de uma versão de Romeu e Julieta, que já traz consigo sua quantidade de subversão da realidade.
Um exemplo claro disso na versão original é como a imagem desfoca ao redor do casal romântico Tony e Maria (Richard Beymer e Natalie Wood) quando se percebem no baile ou quando cantam juntos “Tonight” na “cena do balcão.
Por outro lado, a versão de Spielberg desloca “America” do telhado, onde acontece na versão de 1961, para as ruas. Embora na encenação faça falta mais força nas provocações dos rapazes contra as moças e vice versa, é interessante que a letra que confronta as aspirações e a realidade dura dos imigrantes nos Estados Unidos seja feita nos locais onde esse conflito acontece todo dia e conclua como uma afirmação de comunidade.”
Texto completo em Cinema Escrito.
West Side Story, 2021
Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Tony Kushner, baseado no libreto de Arthur Laurents. Elenco: Ansel Elgort, Rachel Zegler, Ariana DeBose, David Alvarez, Mike Faist, Rita Moreno.
OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA
Diário de Filmes 2021: 77, 137, 138
Onde ver: DVD, blu-ray, Now, Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
A afirmação da aventura
40 anos após o lançamento, Os Caçadores da Arca Perdida continua como uma das mais puras expressões da aventura cinematográfica. Pensado inicialmente por George Lucas, com argumento de Lucas e Philip Kaufman, roteiro de Lawrence Kasdan e dirigido por Steven Spielberg, o filme foi mais fundo naquilo que já havia sido um dos pilares de Guerra nas Estrelas (1977): imprimir de novo o clima dos velhos seriados cinematográficos do tipo “continua na próxima semana”.
Porém, a aventura de Indiana Jones (Harrison Ford, perfeito) na corrida contra os nazistas para encontrar primeiro a Arca da Aliança, onde Moisés teria depositado as tábuas dos dez mandamentos, se passa em 1936, justamente na época em que esse seriados eram produzidos. Isso faz de Caçadores também um filme sobre o próprio cinema: ele não só reproduz, mas mimetiza e atualiza aquele estilo.
Mas talvez o filme não tivesse o status que tem hoje se não fosse o talento narrativo de Spielberg. Um diretor guiado pela composição de imagens, ele estava em plena fase de esplendor, que vinha de Tubarão (1975) e Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) – com a exceção do equívoco de 1941 (1979) – e iria em seguida para E.T. (1982).
Em Caçadores, a gente pode logo apontar as cenas mais famosas, como a bola gigante de pedra rolando atrás do nosso protagonista (cena tirada diretamente dos quadrinhos do Tio Patinhas, escritos e desenhados por Carl Barks). Ou a troca do ídolo por um saco de areia. Ou Indiana olhos nos olhos com uma naja.
Ou a saudação nazista do agente alemão, que revela as marcas do medalhão fumegante que ficou gravada em sua mão. Ou a piada em que o árabe ameaça Indy com uma facão, exibe sua perícia, mas, sem tempo e paciência, o arqueólogo apenas dá um tiro nele e segue em frente.
Mas o filme está recheado de pequenos momentos visualmente lindos. Essa última cena, mesmo, começa com um plano em que uma multidão se descortina e revela Indiana para o público, e revela para ele o pretenso agressor.
A abertura é espetacular desde o primeiro plano, o da montanha que insere o logo da Paramount na trama. E segue demorando a mostrar nosso protagonista, visto primeiro nos detalhes de suas mãos trabalhando, ou de costas, ou em silhueta, e cujo rosto só aparece quando desarma com seu chicote um traidor armado.
Mais à frente, a tripulação de um navio que havia sido interceptado pelos nazistas contempla o oceano enquanto se pergunta onde estará Indiana, que ainda não foi encontrado. Até que um tripulante calmamente diz que o achou. “Onde?”, pergunta o capitão. E ele, intempestivo, aponta para o mar: “LÁ!”. Indy estava chegando, nadando, ao submarino alemão antes que ele submergisse.
Marion (Karen Allen, ótima) é introduzida num duelo de birita que termina quando a oponente bebe o último copo, dá um sorriso vencedor e, com esse sorriso no rosto, vai desabando aos poucos. Ou Indy disparando a cavalo por um corredor ladeado por uma multidão de árabes.
Um ponto importante é que parte do carisma do herói é que se trata de um personagem indestrutível que não sabe que é. Ele pode passar por baixo de um caminhão em alta velocidade, ser arrastado, subir por trás dele, voltar à boleia e tomar a direção do motorista na porrada, mas quando tem que enfrentar um sujeito muito maior do que ele, faz uma expressão de “putz…”, demora, faz para ele um gesto “tá, já vou, espera um pouco…”, “rouba” na luta porque não tem a menor chance de vencer, e só ganha com uma boa dose de sorte e esperteza.
(Isso é refletido até no desfecho, em que Indy não consegue vencer a burocracia a quem a Arca é entregue, ou mesmo antes, quando os nazistas parecem vencer a parada – e só perdem para o que deve ser o maior deus ex-machina do cinema.
Não tem nada pior que um herói invencível que sabe que é invencível. Indy está longe disso: tem medo o tempo todo. Mas vai em frente, de uma sequência de ação antológica para outra. Da escapada de uma câmara subterrânea para a tomada de uma avião num campo de pouso e dali para uma perseguição a caminhões, etc.
Essa movimentação intensa responde por muita da animação deste primeiro Indiana Jones. O filme é frenético e carismático, com um bem temperado senso de humor, embalado por uma das melhores trilhas sonoras já ouvidas (de John Williams) e vilões contra quem podemos torcer alegremente sem qualquer culpa. Como apontou Roger Ebert, depois veríamos que os nazistas não estavam ali por acaso. Como A Lista de Schindler (1993) revelaria em tons mais sombrios, este é um tema bem pessoal para o diretor.
E se alguns dos efeitos ficaram datados com o tempo (não havia CGI, lembre-se), isso hoje apenas reforça a ligação do filme com seus objetos de inspiração dos anos 1930. Para quem sabe apreciar, aqueles seriados ainda transpiram charme, apesar de suas limitações técnicas e do baixo orçamento. Baixo orçamento, claro, é um problema que as aventuras de Indiana Jones nunca tiveram. E charme é algo que nunca faltou a Os Caçadores da Arca Perdida.
Raiders of the Lost Ark, 1981.
Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Lawrence Kasdan, de argumento de George Lucas e Philip Kaufman. Elenco: Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman, Ronald Lacey, John-Rhys Davies, Denholm Elliott, Alfred Molina.