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A MENINA SILENCIOSA
⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2023: 41
Inédito nos cinemas brasileiros. Mídia física: não disponível no Brasil. Streaming: não disponível no Brasil.

“A Menina Silenciosa” é contido e discreto como sua protagonista. Cáit é uma menina que vive resignada com sua família pobre, na qual ninguém parece ligar muito pra ela, na Irlanda rural do começo dos anos 1980. Com a mãe esperando mais um filho, ela é despachada sem muita cerimônia para passar uns meses com uma prima distante da mãe e o marido, completos desconhecidos para ela. Acolhida calorosamente pela mulher e friamente pelo marido, ela vai experimentar outra convivência, mas também descobrir um segredo do casal. Aparentemente simples, é um belíssimo conto, que é tocante na delicadeza com seus personagens e cheio de empatia com seus dolorosos destinos. É mais um filme onde as atuações são as principais estrelas e a pequena Catherine Clinch, estreante e no centro das atenções, sustenta bem demais o filme.

An Cailín Ciúin. Irlanda, 2022. Direção: Colm Bairéad. Elenco: Catherine Clinch, Carrie Crowley, Andrew Bennett, Michael Patric, Kate Nic Chonaonaigh.

JÁ QUE NINGUÉM ME TIRA PRA DANÇAR
⭐⭐⭐½
Diário de Filmes 2022: 11
Onde ver: Itaú Cultural Play, a partir de 25 de março.

Leila Diniz era a revolucionária de biquíni

“Já que ninguém me tira pra dançar, vou dar uma mijadinha”, brincava Leila Diniz nos bares da vida, quando ia ao banheiro. O título dá o tom do documentário: a trajetória da atriz icônica, sob o ponto de vista intimista de uma de suas grandes amigas, Ana Maria Magalhães, que dirige o filme.

Ana faz a narração como uma carta para Leila (que morreu em um acidente aéreo, em 1972, na India, aos 27 anos, quando voltava de um festival de cinema). Em junho serão completados 50 anos da morte da atriz, mas Ana começou a fazer esse filme quando a tragédia estava completando 10 anos: quase todas as entrevistas são de 1982.

Com o passar dos anos, o significado da vida de Leila transcendeu muito seu trabalho como atriz. Ela virou um símbolo muito poderoso da liberação da mulher, sobretudo naquele período de ditadura militar. Mas isso de uma maneira bastante carioca: simplesmente vivendo a liberdade que tentavam tolher das mulheres.

Para uma geração de mulheres, das quais Leila acabou sendo a grande representante, era simplesmente natural que tivessem os mesmos direitos que os homens. Inclusive no amor, namorando quem quisessem ou fossem para a cama com quem escolhessem sem dar satisfações a ninguém.

Era natural que mulheres pudessem sentar num bar para tomar um chopinho com os amigos, falar palavrão ou ir à praia grávida e de biquíni. Se hoje isso parece tudo muito trivial, ainda não era assim nos anos 1960. Leila Diniz atraiu atenção e enfrentou muitos escândalos e perseguições por dar visibilidade a essa postura que fazia conservadores trincar os dentes.

O filme de Ana Maria Magalhães toca nessa questões com o ponto de vista de outra mulher daquela geração, que viveu aquelas mesmas situações. Também tece uma natural trajetória artística de Leila, sobretudo no cinema. É pena que as imagens não tragam o créditos dos filmes: quem quiser se aprofundar no trabalho de Leila Diniz indo à fonte não vai saber de que produção é a cena que despertou interesse.

O afetivo, portanto, se sobressai diante da comunicação. Mas é perfeitamente compreensível que não ser afetivo é uma impossibilidade para quem conheceu de perto Leila Diniz.

Já que Ninguém Me Tira pra Dançar, 2022.
Direção: Ana Maria Magalhães.

O novo filme do diretor polonês Pawel Pawlikowski, de Ida, é um romance que se passa no contexto da guerra fria, nos anos 1950, na Polônia, mas passando por outras cidades da Europa. Ganhou o prêmio de direção em Cannes e concorre pela Polônia a uma vaga no Oscar de filme de língua não inglesa. Como Ida, que ganhou o Oscar, este também é em preto-e-branco e formato de tela 4×3. Estreia no Brasil: 7 de fevereiro.

A animação brasileira Tito e os Pássaros ganhou o Anima Mundi, foi selecionado para o Fesyival de Annecy e está pré-indicado ao Oscar de longa de animação. Na história, um garoto e seus amigos enfrentam uma epidemia de medo que assola o mundo. Olha só o visual do filme de Gustavo Steinberg. Ainda não há data para o lançamento no Brasil, que eu saiba.

Uma garota tímida de Ohio descobre o cinema de Fellini e vai á Itália para tentar conhecê-lo. É o tema de Em Busca de Fellini, filme que estreia dia 7 no Brasil. Esta cena mostra esse momento de descoberta, em que Lucy assiste a A Estrada da Vida, do mais sonhador dos cineastas:

A Melhor Escolha é o novo filme de Richard Linklater, diretor-roteirista da trilogia Antes do Amanhecer, de Escola de Rock e de Boyhood. O elenco é muito interessante: Steve Carrell, Bryan Cranston e Laurence Fishburne, três homens que serviram juntos no Vietnã e se encontram para enterrar o filho de um deles, soldado morto no Oriente Médio. Estreia no Brasil: 25 de janeiro.

O novo filme de Woody Allen, Roda-Gigante, é um drama com elementos de filme noir que se passa em Coney Island, nos anos 1950. Kate Winslet é a esposa do operador de carrossel vivido por Jim Belushi. Ela se apaixona pelo salva-vidas da praia, papel de Justin Timberlake. E aparece na vida de todos a filha de seu marido, vivida por Juno Temple, perseguida por gangsters. É a primeira vez que Kate é dirigida por Woody e a segunda colaboração do diretor com o diretor de fotografia Vittorio Storaro. Estreia no Brasil: 28 de dezembro.

Daniel Day-Lewis + Paul Thomas Anderson: é só o que você precisa saber. Aparentemente não há data de estreia no Brasil ainda (nem título em português). Nos EUA, chega aos cinemas no Natal.

 

No do Diabo - 02a

Assombrados pela História: Alexandre Souza e Clébia Souza em “O Nó do Diabo”

O NÓ DO DIABO

Horrores do Brasil real

Fazer um filme de horror é um projeto sempre arriscado: a possibilidade de se cair no ridículo é grande. Por esse teste, o longa paraibano O Nó do Diabo passa bem: é um filme competente em seu passeio por diversos estilos do gênero, sem medo do mergulho. E em um festival onde Daniella Thomas recebeu muitas críticas por sua narrativa da escravatura em Vazante, o longa paraibano também passou no teste: sua abordagem onde os negros são os protagonistas em cinco contos que voltam no tempo do século XXI ao XIX, agradou também pelo viés adotado.

O filme é a transposição para o cinema de uma série criada por Ramon Porto Mota para a TV Brasil e que permanece inédita. Os cinco episódios são enfileirados contando diferentes histórias interligadas por se passarem sempre no mesmo local, uma fazenda, e por um mesmo ator, Fernando Teixeira. Ele interpreta sempre o dono da propriedade, nas diferentes épocas (um simbolismo de que essa elite é, no fundo, sempre a mesma através dos anos).

As histórias combinam com bastante eficiência questões de racismo e opressões de classe, terrores bem reais da realidade brasileira, com o terror sobrenatural consagrado no cinema. Na primeira (dirigida por Mota; escrita por ele, Jhésus Tribuzi e Gabriel Martins), Tavinho Teixeira é um capataz que precisa defender uma fazenda vazia de posseiros. Mas a atmosfera da casa o vai enlouquecendo.

Na segunda (de Martins; escrita por ele, Mota e Anacã Agra), em 1987, um casal negro (Clébia Souza e Alexandre Sena) consegue emprego na fazenda decadente, mas também é afetado pela atmosfera sombria do lugar e da família da casa. A terceira (que tem Ian Abé como diretor e ele, Tribuzi, Martins e Mota como roteiristas), em 1921, mostra duas irmãs negras (Miuly Felipe da Silva e Yurie Felipe da Silva) ainda tratadas como escravas – uma deseja se rebelar, a outra tem medo, mas demonstra poderes paranormais.

O quarto episódio (de Jhésus Tribuzi; roteiro dele, Agra e Martins) acompanha um escravo (Edilson Silva) que, em 1871, foge após vingar a morte da esposa. Perseguido, ele tenta escapar pelas pedras, mas é atormentado por lembranças e demônios interiores. O episódio final volta a ser dirigido por Mota, com roteiro dele, Agra e Tribuzi, tem participação de Zezé Motta e se passa em 1818. Aqui a fazenda é o refúgio de escravos fugidos que tentam se proteger dos perseguidores: capangas do dono da fazenda, retratados quase como uma horda de zumbis. O confronto revela também a origem da maldição de assola a casa, intimamente relacionada à opressão vivida pelos negros nesse período e nas décadas que se se seguem.

Os três primeiros episódios mantêm uma pegada parecida e mais direta no gênero do terror. No quarto, o ritmo cai. O episódio de Tribuzi não é ruim por si só, mas é prejudicado por sua posição na história. Usando da repetição de diálogos e cenas, se torna cansativo após já mais de uma hora de projeção. Ainda tem um “falso final”: quando o público imagina que já está no quinto episódio, descobre que ainda não saiu da quarta parte.

Isso acaba dificultando também a recuperação no quinto episódio. O criador da série contou que não houve edições nos episódios: eles foram colados um no outro da maneira como editados originalmente, sendo trabalhadas apenas as transições entre eles. No fim, o filme acaba se revelando longo e uma edição para reduzir a duração dos episódios não fosse uma má ideia.

Mas o que se sobressai, ainda, é a ousadia da proposta, o ótimo trabalho do elenco, o desenho de som inteligente e o comentário incisivo sobre os horrores nossos que continuam por aí.

O Nó do Diabo. Brasil, 2017. Direção: Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi. Roteiro: Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi e Anacã Agra. Elenco: Fernando Teixeira, Tavinho Teixeira, Zezé Motta, Isabél Zuaa, Clebia Souza, Alexandre Sena, Cíntia Lima, Edilson Silva, Yurie Felipe da Silva, Miuly Felipe da Silva, Everaldo Pontes, Escurinho, Soia Lira. Exibido no Festival de Brasília 2017, ainda inédito nos cinemas.

 

Assim como treino é treino e jogo é jogo, trailer é trailer e filme é filme. Mas não posso deixar de dizer que esse trailer de Homem-Aranha – De Volta ao Lar me passa a melhor das impressões. Um visual simples e direto, economizando nas firulas e com bom destaque para os personagens (mais que aos efeitos). Robert Downey Jr. marcando ótima presença e Michael Keaton assumindo de vez o Birdman (ele faz o vilão Abutre). Estreia no Brasil em 6 de julho.

O anunciado “último filme de Hugh Jackman como Wolverine” ganhou trailer. Logan, baseada de leve na história em quadrinhos “Velho Logan”, se passa em um futuro onde os mutantes praticamente desapareceram e Wolverine vaga com um professor Xavier (Patrick Stewart, mais uma vez) começando a sofrer do mal de Alzheimer. X-Men com pitadas de Mad Max? O diretor é James Mangold, de Wolverine Imotal (2013). Estreia no Brasil: 2 de março de 2017.

Andréia Horta ganhou o Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado este ano interpretando Elis Regina na cinebiografia da cantora. O filme de Hugo Prata ganhou, ontem, seu primeiro trailer, já com uma ampla coletãnea de cenas da vida da Pimentinha recriadas para o filme. Andréia não canta no filme, a voz nas canções é da própria Elis. Elis estreia em 24 de novembro.

Se alguém achou que o diretor-roteirista de Whiplash entende de música, ele foi mais longe: o novo filme de Damien Chazelle é o musical La La Land, que abriu o Festival de Veneza esta semana e foi aplaudido de pé na exibição para a imprensa. É o romance entre um pianista de jazz (Ryan Gosling) e uma aspirante a atriz (Emma Stone) em Los Angeles. Ainda sem data de estreia no Brasil (nos EUA, entra em cartaz no dia 16 de dezembro).

Do mesmo diretor de Cine Holliúdy, e com o mesmo Edmilson Filho, O Shaolin do Sertão parece um desdobramento lógico do filme anterior. Afinal, depois da brincadeira de evocar os baratíssimos filmes de kung fu que rodavam pelos cinemas de antigamente, por que não fazer um para valer? O elenco coadjuvante tem Dedé Santana, Fafy Siqueira, Marcos Veras e um Falcão com jeito de quem vai roubar o filme. Estreia nacional: 27 de outubro (no Ceará começa antes, dia 13).

Saiu o trailer de Luke Cage, próxima série da Netflix no universo Marvel – depois das duas de Demolidor e de Jessica Jones (nesta, o personagem já apareceu). Gostei do clima de “herói do bairro” (no caso, o Harlem) e o personagem apareceu muito bem em Jessica Jones, tem bom potencial. Estreia: 30 de setembro.

Woody Allen visita a Hollywood dos anos 1930 em seu novo filme, Café Society. A ambientação é um prato cheio para inspirar o diretor. A trama é centrada em Jesse Eisenberg, novaiorquino que sonha em vencer no mundo do cinema, mas encontra em los Angeles um mundo diferente do que esperava (e também se apaixona). No elenco também estão Kristen Stewart, Steve Carrell, Blake Lively e Parker Posey. Estreia no Brasil: 25 de agosto.

Clint Eastwood e Tom Hanks. Pela primeira vez juntos, o primeiro dirige e o segundo atua em Sully, baseado na história real de Chesley Sullenberger, comandante de voo que salvou 150 passageiros ao pousar o avião que pilotava nas águas do Rio Hudson, em Nova York, em 2009. O filme, que ainda tem no elenco Laura Linney e Aaron Eckhart, estreia nos EUA em 9 de setembro e ainda não tem previsão no Brasil.

(Atualização em 1º de julho: a Warner do Brasil divulgou a data de lançamento aqui: 1º de dezembro. E o título no Brasil: Sully, o Herói do Rio Hudson)

 

Ainda há algo para saber sobre os Beatles? Bem, está para sair este novo documentário sobre o quarteto de Liverpool: The Beatles – Eight Days a Week: the Touring Years (“apresentando imagens raras e nunca vistas”, diz o trailer). Ele vai se concentrar no período da beatlemania, com o grupo excursionando pelo mundo e levando fãs à histeria, a ponto de não conseguir se ouvir nos shows. Não sei se trará alguma grande novidade, mas e daí? É claro que assistiremos! Para certa surpresa minha, a direção é do Ron Howard, de quem gosto (são dele Splash, CocoonApollo 13Uma Mente BrilhanteO Código Da VinciFrost/ Nixon, Rush…), mas desconhecia o lado documentarista (ele tem um longa no gênero: Made in America, de 2013). A data de estreia na Inglaterra é 15 de setembro, ainda não há data prevista no Brasil.

Saiu um novo trailer de O Lar das Crianças Peculiares, próximo filme de Tim Burton (ou “os X-Men de Tim Burton, dizem). É baseado no livro O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares, de Ransom Riggs, que saiu no Brasil pela Leya. Eva Green é a Srta. Peregrine, que comanda uma casa que acolhe crianças com estranhos dons. Estreia no Brasil: 29 de setembro.

Pelo jeito, o mundo de Guerra nas Estrelas vai ser mesmo onipresente por muito tempo. Mal saímos de Star Wars – O Despertar da Força e já saiu o primeiro trailer de Rogue One – A Star Wars Story, o primeiro derivado (para o cinema) da série criada por George Lucas (mas só se não contarmos a animação Star Wars – Clone Wars, piloto da série de TV, mas que passou no cinema). Rogue One se passa pouco antes do Guerra nas Estrelas original (rebatizado depois como Uma Nova Esperança, blá-blá-blá), com uma equipe de rebeldes encarregada de roubar os planos da arma definitiva do Império: a Estrela da Morte, uma estação espacial armada com poder para destruir um planeta inteiro. Com Felicity Jones (de A Teoria de Tudo), Madd Mikkelsen (de A Caça) e Forest Whitaker (Oscar de melhor ator por O Último Rei da Escócia). Estreia no Brasil: 16 de dezembro.

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