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Johnny & June (Walk the Line, 2005). Direção: James Mangold. Roteiro: Gill Dennis e James Mangold, baseado nos livros Cash – The Autobiography, de Johnny Cash e Patrick Carr, e Man in Black, de Johnny Cash.

"Já pedi sua mão de 40 jeitos diferentes. É hora de você ter uma resposta nova".

“Já pedi sua mão de 40 jeitos diferentes. É hora de você ter uma resposta nova”.

Em 22 de fevereiro de 1968, Johnny Cash (Joaquin Phoenix), June Carter (Reese Witherspoon) e seus músicos chegam a Ontario, Canadá, para mais um show de sua turnê. Faz poucos meses que Cash conseguiu parar com as drogas, que demoliram sua carreira. Fez isso com a ajuda de June, com quem teve um relacionamento conturbado através dos anos – ambos eram casados. No ônibus, de madrugada, durante a viagem a Ontario, mais uma vez ele a pediu em casamento e ela mais uma vez recusou. No camarim, ela se recusa a conversar com ele: “Só fale comigo no show”. E, no show, ele canta “Ring of fire”, composta por June – ela também está no palco, tocando. Quando a música termina, eles conversam simpaticamente como parte do show para a plateia.

CASH – Obrigado! Esta canção foi composta por esta adorável garota de pernas compridas aqui do meu lado, senhorita June Carter.

O público aplaude.

JUNE – Obrigada, pessoal. Muito obrigada.

CASH – Vai ficar aí a noite toda ou vem cantar comigo?

JUNE – Eu canto com você, senhor Cash. Tem certeza que é isso o que quer?

CASH – É.

Enquanto June sai do palco para deixar seu instrumentos nos bastidores, ele reflete e se dirige à plateia.

CASH – O que dizem, pessoal? Querem ouvir “Jackson”?

Ela volta e assume o posto junto ao mesmo microfone de Cash.

JUNE – Achei que iria ficar na enrolação mais um pouquinho.

CASH – Ah, não. Já parei com isso, June.

JUNE (incisiva) – Ok. Ótimo.

Eles começam a cantar o dueto “Jackson”. Na primeira parte solo de June, Cash olha para ela fixamente. Na sua vez de cantar, ele permanece calado. Ela se surpreende e retoma a canção por um momento, mas logo é a vez dele de novo e ele novamente não entra. Então, se dirige à plateia.

CASH – Desculpe a interrupção, pessoal.

A banda, no entanto, continua tocando.

CASH – …Mas tenho que fazer uma pergunta aqui a June antes de terminarmos a canção.

JUNE (meio desconcertada, mas ainda no espírito do show) – O que é isso, John?

CASH – Casa comigo?

JUNE – Por que a gente só não canta a canção, John?

CASH – Não, querida.

JUNE (incomodada, mas ainda ‘interpretando’) – Vamos lá, termine a canção. As pessoas querem nos ouvir cantar.

CASH – (para a plateia) Desculpe, pessoal. Mas eu não posso mais tocar essa canção a menos que ela case comigo. (vira-se para ela) Seria como se estivéssemos mentindo.

June agora está mesmo preocupada. A banda continua tocando.

JUNE – Você agitou esse pessoal, John. Agora vamos lá, vamos cantar “Jackson”.

CASH – Você me agitou totalmente. Eu pedi sua mão de 40 jeitos diferentes. É hora de você ter uma resposta nova.

JUNE (baixinho) – Por favor, cante.

CASH – Estou pedindo… para casar comigo.

Ela troca olhares com a banda, pedindo ajuda.

CASH – Eu te amo, June.

Ela olha para ele, em silêncio.

CASH – Olha, eu sei que disse e fiz um monte de coisas que te magoaram. Mas eu prometo: eu nunca vou fazer de novo. Eu só quero cuidar de você.

Ela abaixa o rosto e as lágrimas começam a descer.

CASH – Eu não vou deixar você ficar como aquele garoto holandês com o dedo no furo da represa.

Ela ainda faz “não” com a cabeça.

CASH – Você é minha melhor amiga. Casa comigo.

Ela olha para ele, em silêncio.

JUNE (baixinho) – Tá certo.

CASH (surpreso) – É?

Ela faz um sinal quase imperceptível de “sim” com a cabeça. Eles se beijam, abraçados e a plateia explode em vibração. A banda continua tocando, agora sorrindo abertamente. Cash ainda fala à plateia.

CASH – Caso vocês não tenham ouvido, ela disse “sim”!

E volta-se para June.

CASH – Ela finalmente disse “sim”.

Declaração anterior: Hannah e Suas Irmãs

Hoje este blog (se contarmos desde o primeiro Minha Vida de Cinéfilo) completa cinco anos. Lá naquele comecinho havia uma apresentação do que eu gostava e do que odiava. Aqui vai uma reprodução de uma das coisas que gostei, pra lembrar o aniversário:

Mulheres. É lógico que são maravilhosas. Foi a última criação de Deus – ele já havia treinado bastante, estava com prática. E, além do mais, o homem já estava ali, para dar seus palpites.

– Afina a cintura um pouquinho. Isso. Agora, aumenta mais um pouco mais essas duas coisas redondas aqui em cima.

– “Seios”, Adão.

– Pára, pára aí! É isso! Não mexe mais em nada…

Quando Deus concluiu seu projeto, sentiu-se realizado: havia chegado à perfeição. Ao sublime. Sem equívocos, como a tromba do elefante ou as pernas em excesso da centopéia. Ali, chegou ao equilíbrio ideal. Porém, depois de um tempo, Adão não parecia muito satisfeito.

– Qual é o problema, Adão?

– Não sei… Sabe quando algo é perfeito demais? Em excesso? Ela é linda, é inteligente, é divertida… A verdade é que está meio sem graça.

– Sem graça?

– É. Meio sem emoção. Eu já sei tudo o que vai acontecer. Aí, está meio chato.

– Bom, eu posso fazer com que ela tenha algumas atitudes imprevisíveis de vez em quando.

– Parece interessante… O que o Senhor pretende?

– Bem, talvez fazê-la ter umas reações desproporcionais ou sem sentido. Ou, às vezes, as duas coisas juntas. Ah, peraí, pensei numa coisa que vai desconcertar você.

– O que é?

– Olha só: ela vai ficar emburrada e você não vai saber o que é. Aí, quando você quiser resolver o problema e perguntar, ela vai responder: “Nada”. Garanto que isso vai tirar você do sério.

– Beleza! Pode instalar.

E, assim, o ser que é perfeito foi aperfeiçoado com a inclusão de alguns defeitos charmosos. Adão nunca soube se agradecia ou se arrependia. Mesmo assim nunca teve dúvidas de que Eva era o ponto alto da veia artística divina. Dá-lhe, Senhor!

Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, 1986). Direção e roteiro: Woody Allen.

"Eu não sei o que existe em ti que me prende e me libera"

"Eu não sei o que existe em ti que me prende e me libera"

Apaixonado por Lee (Barbara Hershey), irmã de sua mulher Hannah (Mia Farrow), o consultor financeiro Elliot (Michael Caine) provoca um encontro casual com ela, o que acontece quando ela está voltando de uma reunião do AA. E consegue que ela o leve até uma livraria ali perto.

LEE – Não é demais? Eles têm tudo aqui!

ELLIOT – É, é maravilhosa.

LEE – Olha, que livro você quer comprar?

ELLIOT – Como? Livro? Livro?

LEE – O livro. Não queria comprar um livro?

ELLIOT – Não, eu, eu só estou matando o tempo. Eu, eu só queria dar uma olhadinha.

Lee está entre as estantes, abarrotadas de livros.

LEE – Ah, então você veio ao lugar certo. Pode ficar a tarde toda, não comprar nada e só ficar lendo.

Ela anda entre as entantes. Eles estão em estantes diferentes, sempre olhando os livros enquanto conversam.

ELLIOT – A menos, é claro, que, se você estiver com tempo, podemos tomar um café.

LEE – Não, estou sem tempo…

ELLIOT – (nervoso) Não, não, não, eu entendo pefeitamente. Mas não tem problema. Você está ocupada, eu, eu…

LEE – Você está tão tenso. Está tudo bem?

ELLIOT – Não!

LEE – Não?

ELLIOT – Oh, sim! (andando entre as estantes)

LEE – As coisas vão bem?

ELLIOT – Sim. E você?

LEE – Ah, tudo bem.

ELLIOT – Como vai o Frederick?

LEE – Ótimo. Ah, fomos à exposição do Caravaggio. É outra coisa ir a uma exposição com o Frederick. Quero dizer, você aprende tanto! Você gosta de Caravaggio?

ELLIOT – Oh, sim. Quem não gosta? Olhe! (anda até uma estante) e.e. Cummings! Quero te dar isto.

Ele pega o livro na estante.

LEE – Ah, não posso deixar você me dar isso!…

ELLIOT – Oh, sim, eu, eu gostaria… muito.

LEE – Não, não, eu acho…

ELLIOT – Eu, eu li um poema seu e pensei nele… Um poema dele e pensei… em você (risos). Você entendeu.

Ela se aproxima dele.

LEE – Isso é ótimo. Adoro e.e. Cummings.

ELLIOT – Eu, eu, eu, eu adoraria te dar isso. E, e, talvez, talvez possamos discuti-lo uma hora.

Dá a ela o livro. Eles saem da livraria, ela já com o pacote na mão.

LEE – Muito obrigada!

ELLIOT – Obrigado por me mostrar a livraria. Talvez  você pudesse me levar à reunião do AA uma vez. Eu adoraria conhecer.

LEE – É, você ia adorar! É realmente interessante. Você vai se divertir, sei que vai! (chamando um táxi)

ELLIOT – E… E não esqueça o poema da página 112. Ele me fez lembrar você.

LEE – (rindo, encabulada) Mesmo?

Ele abre a porta para ela entrar.

ELLIOT – Página 112.

LEE – Tchau!

ELLIOT – Tchau!

O táxi se vai e ele fica observando. Depois, ela está lendo o livro na cama.

LEE – “Um simples olhar teu facilmente me desabrocha
Embora me feche com os dedos da mão
Tu sempre abres pétala por pétala do meu ser, como a Primavera abre…”

Elliot, em sua casa, anda no escuro, insone.

LEE – “(quando toca cuidadosa e misteriosamente) a primeira rosa
Eu não sei dizer o que existe em ti que me prende
E me libera; somente uma parte de mim compreende que a
Voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas”.

Ela fica calada, emocionada.

Declaração anterior: Gigi

O Casamento do Meu Melhor Amigo (My Best Friend’s Wedding, 1997). Direção de P.J. Hogan. Roteiro de Ronald Bass.

"Me escolhe"

“Me escolhe”

Depois se dar conta que ama o amigo que está prestes a se casar, de tentar por alguns dias e de todas as formas atrapalhar o casamento, e acabar unindo de novo o casal no dia da cerimônia, Julianne Potter (Julia Roberts) e seu amigo Michael O’Neil (Dermot Mulroney) conversam, enquanto caminham no jardim. Ele acaba de agradecê-la por estar lá e ter salvado o dia.

JULIANNE – Tem um minuto?

MICHAEL – O que foi?

JULIANNE – Prefiro dizer rápido ou vou ter um infarto fulminante e você nunca vai ficar sabendo o que era. É a coisa mais idiota que já fiz. Tão idiota que não posso… Mas eu vou.

MICHAEL – O que foi?

JULIANNE – Michael… Eu te amo. Te amei por nove anos, só fui muito arrogante e medrosa para perceber. Agora só estou com medo. Sei que a hora é inoportuna, mas preciso te pedir um favor gigantesco: me escolhe. Casa comigo. Deixa que eu te faça feliz. (ri) Parecem três favores, não é?

Mas ela toma coragem e o beija.

Declaração anterior: Ally McBeal

Ally McBeal (Ally McBeal, 1997). Episódio: “Sozinha novamente”. Direção de Dennis Dugan; roteiro de David E. Kelley.
* Esta lista é só para filmes de longa-metragem, mas faço aqui uma honrosa exceção.

"Às vezes, a beleza de não saber. A esperança vive"

"Às vezes, a beleza de não saber. A esperança vive"

O advogado John Cage (Peter MacNicol) e sua colega Ally McBeal (Calista Flockhart) estão defendendo Vincent Robbins (Dabbs Greer), um homem de 72 anos que está preso há 18 anos e, faltando um mês para ser libertado, tentou fugir. Ele planejou construir uma cama elástica e pular por cima do muro da prisão – mas demorou os 18 anos para reunir todos os elásticos necessários para tecer uma colcha com eles para a cama elástica. A promotora é Hayley Chisholm (Cynthia Stevenson), antiga colega de faculdade de John e sua melhor amiga. Ally não demora a perceber que o colega sempre foi apaixonado por Hayley e o incentiva a arriscar e revelar seus sentimentos, o que ele nunca fez – até a hora da argumentação final do julgamento, diante do júri.

JOHN (para o júri) – Ele precisava pular o muro. 18 anos. Juntando aqueles… elásticos. Para sobreviver na prisão, é preciso esperança. E por quase duas décadas, ele concentrou toda a sua esperança em um único momento. E quando aquele momento finalmente chegou… como não poderia aproveitá-lo?

Ele pára e caminha mais um pouco, pensando.

JOHN – Na questão da esperança, muitas pessoas secretamente desejam que esse momento nunca se apresente porque, se isso acontecer, bem, há a chance da esperança ser frustrada. Eu conheci um homem que estava apaixonado por uma mulher, que é sua melhor amiga.

Ally percebe que John não está falando apenas de Vincent Robbins.

JOHN – Mas nunca ousou dizer-lhe… por medo… de ela não ter os mesmos sentimentos. Por medo de perder sua melhor amiga.

Hayley começa a perceber algo que nunca tinha passado por sua mente.

JOHN – Acho também que nunca disse a ela porque… Bem, algumas vezes, a beleza de não saber… A esperança vive. Mas a coragem. A coragem é quando chega a hora de pular e você pula. Coragem é saber que não pode não pular. Em algum lugar lá fora, há um homem com o coração… talvez não partido… certamente não, mas não contente… que desejaria ter conhecido Vincent Robbins. Talvez as coisas fossem…

Ally e Hayley, cada uma em seu lugar, estão absolutamente surpresas e sem saber o que pensar.

JOHN – Ele saudaria Vincent Robbins. Sim, saudaria.

Cena começa aos 41seg no vídeo abaixo:

Declaração anterior: O Diário de Bridget Jones

O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones’ Diary/ Le Journal de Bridget Jones, 2001). Direção de Sharon Maguire; roteiro de Helen Fielding, Andrew Davies e Richard Curtis, baseado no livro de Helen Fielding.

"Há elementos ridículos em você"

“Há elementos ridículos em você”

Depois de um jantar em que ela era a única solteira à mesa, Bridget Jones (Renée Zellweger) está se vestindo para ir embora. Mark Darcy (Colin Firth) desce as escadas e, ainda de longe, tenta puxar conversa.

MARK – Gostei muito da sua reportagem no corpo de bombeiros de Lewisham.

BRIDGET – (sem se virar) Muito obrigada.

Ele se aproxima e ela se vira.

MARK – Bem… Hã… Não deu certo com o Daniel Cleaver?

BRIDGET – Não, não deu.

MARK – (sério) Adorei saber disso.

BRIDGET – Olha, você e o Cosmo estão juntos nisso? Parece que faz questão de me fazer sentir uma completa idiota toda vez que eu te vejo. E realmente não precisa se incomodar: já me sinto idiota na maior parte do tempo. Pendurada ou não no cano do corpo de bombeiros. (A campainha toca) É o meu táxi. Boa noite.

MARK – Olha… Hã… Desculpe-me se fui…

BRIDGET – O quê?

MARK – Não acho que você é uma idiota. Quer dizer, há elementos ridículos em você. Sua mãe é muito interessante. Você é uma péssima oradora em público. E deixa sair tudo o que vem pela boca sem considerar as conseqüências. Percebi que quando a conheci no almoço do peru ao curry fui imperdoavelmente grosso e usava aquele suéter de rena que minha mãe me deu um dia antes. Mas a questão é… O que estu tentando dizer… de uma forma totalmente desarticulada… é que, na verdade, talvez, apesar das aparências, eu gosto de você. Muito.

BRIDGET – Apesar do cigarro, da bebida, da mãe vulgar e da diarréia verbal.

MARK – Não, gosto muito de você. Do jeito que você é.

Declaração anterior: Simplesmente Amor

Simplesmente Amor (Love Actually, 2003). Direção e roteiro de Richard Curtis.

"Eu sei que ser louco... porque mal te conheço..."

“Eu sei que ser louco… porque mal te conheço…”

Traído pela esposa e recém-descasado, o escritor Jamie (Colin Firth) se isola em uma casa à beira de um lago. Para ajudá-lo nos serviços domésticos, uma vizinha recomenda uma bela jovem portuguesa, Aurélia (Lúcia Moniz). O problema é que ela não fala uma palavra de inglês e ele tampouco entende português. A convivência sem palavras não impede que os dois se apaixonem, porém ela volta para Portugal sem que o romance se concretize. Jamie se esforça em um curso de português e viaja para surpreendê-la: primeiro, na casa dela, onde é informado de que ela trabalha em um restaurante; depois, lá, escoltado por uma comitiva de parentes e vizinhos. Aurélia está servindo mesas no piso superior quando vê Jamie na entrada, embaixo, e ele começa a falar.

JAMIE – (em português) Boa noite…

AURÉLIA – Boa noite, Jamie.

Ele dá uns passos à frente e ela se aproxima da grade do piso. Todo o restaurante observa a cena.

JAMIE – Bonita Aurélia… Eu vir aqui… para te pedir para… casar comigo.

Ela fica um tanto desconcertada.

JAMIE – Eu sei que… que ser louco… porque mal te conheço… ma às vezes as coisas são muito claras para mi. Não… não preciso de provas.

Os clientes e funcionários apenas observam, assim como Aurélia lá de cima.

JAMIE – Iu… vive aqui ou tu viver na Inglaterra comigo.

IRMÃ – Ah, mas vá para a Inglaterra, rapariga! Pode ser que conheças o Príncipe William e casaste, mas é com ele!

JAMIE – É claro que iu saber que tu não é tão louca com… com… com’eu. É claro que eu pensar que tu diz “não”. Mas é Natal e… eu só queria… saber.

Aurélia não diz nada.

IRMÃ – Oh, pelo amor de Deus! Diz que sim, minha parvalhona!

AURÉLIA – (em inglês) Thank you. It will be nice…

Jamie agora já sorri.

AURÉLIA – “Yes” is be my asnwer.

Os dois abrem largos sorrisos.

AURÉLIA – Easy question…

PAI – (em português) Que é que tu disseste?

AURÉLIA – (em português) Que sim, claro.

E ela desce as escadas para encontrá-lo, sob aplausos do restaurante.

Declaração anterior: Zelig

Zelig (Zelig, 1983). Direção e roteiro de Woody Allen.

"Eu te amo... Mas chega de panquecas..."

“Eu te amo… Mas chega de panquecas…”

Leonard Zelig (Woody Allen) é um homem-camaleão: um distúrbio o faz ficar parecido com quem quer que esteja à sua volta – física e psicologicamente. Quem o trata é a doutora Eldora Fletcher (Mia Farrow), que se isola com ele numa casa de campo, esperando conseguir respostas através da hipnose. Depois de dias de uma convivência próxima, mas sem conseguir avanços, ela finalmente consegue hipnotizá-lo.

ELDORA – Você será totalmente sincero. Está em transe profundo. Será não quem pensa que quero que seja, mas você mesmo. Agora, você gosta daqui?

ZELIG – É horrível… Odeio o campo… Odeio a grama e os mosquitos… E a comida… Sua comida é horrível… Suas panquecas… Eu as jogo no lixo quando você não está olhando… E as piadas que tenta contar, quando acha que é divertida, são longas e sem sentido… Não acabam nunca…

ELDORA – (levemente constrangida) Entendo… O que mais?

ZELIG – Quero ir para a cama com você…

ELDORA – (surpresa e constrangida) Bem, isso… Isso me surpreende… Achei que não gostasse muito de mim…

ZELIG – Eu te amo…

ELDORA – Ama?

ZELIG – Você é muito meiga… porque não é tão esperta quanto acha que é… Você é toda enrolada… Você é nervosa e você é uma péssima cozinheira…  Aquelas panquecas… Eu te amo… Quero cuidar de você. Mas chega de panquecas…

Declaração anterior: Desfile de Páscoa

Desfile de Páscoa (Easter Parade, 1948). Direção de Charles Walters. Roteiro de Sidney Sheldon, Frances Goodrich e Albert Hackett, baseado em história de Frances Goodrich e Albert Hackett. Canção “Easter parade”, de Irving Berlin.

"Poderia escrever um sonto sobre o rapaz que levo ao desfile de Páscoa"

“Poderia escrever um soneto sobre o rapaz que levo ao desfile de Páscoa”

Inconformado por ter sido abandonado por sua parceira (às vésperas da Páscoa de 1911), o dançarino Don Hewes (Fred Astaire) decide treinar uma iniciante. Esta é Hannah Brown (Judy Garland), que cantava em um restaurante. Depois de muitas tentativas e erros, durante um ano, eles conseguem achar o tom certo e se tornam um sucesso. Mas a aparição da antiga parceira faz Hannah, já apaixonada por ele, acreditar que ele ainda ama a ex-partner e romper a parceria. Só depois de convencida por um amigo em comum de que Don também a ama é que ela decide voltar. Don está em seu apartamento, com o mordomo Sam (Peter Chong), na manhã da Páscoa, quando toca a campainha: é um entregador. Don está no cômodo ao lado quando entra e vê as flores.

DON – Sam, onde você botou meu…? O que é isso?

SAM – Isso acaba de chegar.

DON – Pra quem são?

SAM – Para o senhor (e desce com elas para a sala).

DON – Pra mim? Bem, não pode ser. Sam, não ponha isso aí, não, Alcance o rapaz e…

SAM – Sem cartão.

Batem à porta e Sam vai atender de novo enquanto Don fica olhando as flores.

DON – Deve haver algum engano. Descubra a quem pertencem, sim, Sam? São muito bonitas…

Sam volta com duas caixas.

SAM – Pro senhor.

DON – Pra mim? Bem, quem trouxe?

SAM – Um mensageiro.

DON – Coloque ali, sim?

Então, Sam as coloca sobre uma mesa.

DON – (desconfiado) Sam, você sabe alguma coisa sobre isto?

Sam responde que não com a cabeça enquanto Don tira o laço da primeira caixa.

DON – Acha que devemos abrir?

É um bolo, com uma mensagem confeitada com glacê em cima.

DON – “Feliz Páscoa, querido”… Deve haver algum engano. Ele obviamente errou de apartamento.

SAM – Devo abrir a outra?

DON – (ainda desconfiado) Não, não, não. Eu abro.

Ele leva a caixa até o sofá e levanta a borda da tampa, desconfiado. Assim que vê o conteúdo, a fecha, assustado. É Sam quem abre a caixa.

SAM – Ah! Mas que coelhinho bonitinho!

Ele tira o coelho da caixa e os dois se derretem.

DON – Oi, amiguinho! Olá!

SAM – Não é uma gracinha?

Don percebe que o coelho veio dentro de uma cartola.

SAM – Está com fome? De onde você veio? O coelho quer um biscoito?

Batem na porta mais uma vez, enquanto Don está experimentando a cartola.

DON – Eu atendo.

Hannah adentra o apartamento intempestiva, para surpresa de Don, que é ignorado por ela. Com muita naturalidade, ela cumprimenta primeiro o mordomo, com o coelho no colo.

HANNAH – Oi, Sam!

SAM – Oh, oi, senhorita Brown. Apresento-lhe o coelhinho.

HANNAH – (acariciando o coelho) Ah, somos velhos amigos. Feliz Páscoa!

SAM – Feliz Páscoa!

HANNAH – Obrigada.

Sam leva o coelho para o outro cômodo, deixando os dois sozinhos.

DON – Foi você que…?

HANNAH – Você ainda não está pronto? Como todo homem…

DON – (apontando a cartola na cabeça) E também o…?

HANNAH -Sam, você pega o paletó dele?

SAM – Pego.

HANNAH – (para Don) Você vai chegar tarde, sabia?

DON – Tarde?

HANNAH – Para o desfile de Páscoa. Nós tínhamos um encontro, lembra?

DON – (abrindo os braços) Ah…

O mordomo aproveita para vestir o paletó nele. Os dois dão risada e ela marotamente dá uma boa olhada em Don, dos pés a cabeça.

HANNAH – Aqui, deixe-me ver… Ah, muito bom.

No fim, dá uma piscadela que o deixa encabulado e o faz se virar. Mas ela corre para a frente dele e começa a cantar.

HANNAH – “Nunca vi sua aparência tão bonita antes.
Nunca vi você vestido com tanta elegância – e mais”.

Ela continua circulando-o.

HANNAH – “Mal podia esperar para chegar nosso encontro
Nessa adorável manhã de Páscoa”

Ela limpa os ombros dele. Ele, de novo encabulado, tenta sair dali, mas Hannah o segura pelo braço e o abraça por trás. Ele, agora, já sorri.

HANNAH – “E meu coração bate rápido enquanto eu atravesso a porta
Para…”

Ela o vira para apontar para sua cartola.

HANNAH – “Com seu chapéu de Páscoa, com todos os enfeites nele,
(ela segura a mão dele, o leva até o sofá e o senta) Você será o maior cara do desfile de Páscoa.
(ela se senta no encosto do sofá) Eu estarei com sorte
(ela desce para o sofã e coloca a cartola nele) e quando eles todos nos olharem…”

Don levanta e anda pela sala, limpando a cartola e a vestindo, e ela o segue.

HANNAH – “Nós seremos o casal mais orgulhoso no desfile de Páscoa”

Ela o abraça e começam a dançar.

HANNAH – “Na avenida, Quinta Avenida,
Os fotógrafos vão nos registrar…”

Ela se ajoelha e ele senta no colo dela, mas logo percebe e se levanta.

HANNAH – “… e você logo vai perceber que está numa rotogravura”.

De braços dados, eles vão pela sala e ela pega seu chapéu na mesa.

HANNAH – “Oh, eu poderia escrever um soneto sobre o seu chapéu de Páscoa
(eles sobem os degraus da sala dançando, ela abre a porta para ele e eles saem) E sobre o rapaz que estou levando ao desfile de Páscoa”.

Já no desfile, eles desfilam na avenida, de braços dados.

DON – “Na avenida, Quinta Avenida,
(ele tira um anel do bolso do casaco, ela oferece a mão direita e ele a abaixa mostrando que deve ser a esquerda) Os fotógrafos vão nos registrar
(ele coloca o anel nela) E você vai descobrir que está numa rotogravura”.

Um fotógrafo tira uma foto e logo outro os pára e Hannah faz uma pose engraçada. Os dois riem enquanto o côro canta o final da canção e os casais passeiam na Quinta Avenida.

CÔRO – “Oh, eu poderia escrever um soneto
Sobre o seu chapéu de Páscoa
E sobre a garota que estou levando ao desfile de Páscoa”.

A letra original:

Never saw you look quite so pretty before
Never saw you dress quite so handsome – what’s more

I could hardly wait to keep our date
This lovely Easter morning
And my heart beat fast as I came through the door
For…

In your Easter bonnet, with all the frills upon it
You’ll be the grandest fella in the Easter parade.
I’ll be all in clover, and when they look us over
We’ll be the proudest couple in the Easter parade.

On the avenue, Fifth Avenue,
The photographers will snap us
And you’ll find that you’re in the rotogravure.

Oh, I could write a sonnet, about your Easter bonnet
And of the guy I’m taking to the Easter Parade.

On the avenue, Fifth Avenue,
The photographers will snap us
And you’ll find that you’re in the rotogravure.

Oh, I could write a sonnet
About your Easter bonnet
And of the girl I’m taking to the Easter Parade.

Declaração anterior: Muito Barulho por Nada

Muito Barulho por Nada (Much Ado About Nothing, 1993). Direção e roteiro de Kenneth Branagh, baseado na peça de William Shakespeare.

"´Você e eu somos inteligentes demais para namorarmos em paz"

"Somos inteligentes demais para namorarmos em paz"

Benedick (Kenneth Branagh), soldado de uma comitiva que chega a Messina, e Beatrice (Emma Thompson), uma dama local, possuem uma rusga antiga e não se suportam – não podem se encontrar sem soltar farpas agudas um contra o outro, em discussões intermináveis. Por uma artimanha dos amigos de ambos, eles acabam por revelar seu amor um pelo outro e a namorar – a seu modo. Eles se encontram pela manhã, depois que Beatrice exigiu que Benedick desafiasse o melhor amigo dele, Claudio (Robert Sean Leonard) para um duelo para vingar a honra da prima dela (Kate Beckinsale). Ela chega e quase surpreende Benedick lendo um poema que escreveu para ela.

BENEDICK – Doce Beatrice! Virias se eu a chemasse?

BEATRICE – Sim, signior. E iria embora quando ordenasse.

BENEDICK – Ah, pode ficar até depois!

BEATRICE – O “depois” já chegou, me despeço agora.

Ela faz menção de sair, mas pára. O tom dela fica mais sério.

BEATRICE – E, agora, antes de ir… (se aproxima dele). Deixe-me ir com aquilo pelo que vim… que é saber o que se passou entre você e Claudio.

BENEDICK – Apenas palavras sujas, e por causa disso eu te beijarei.

Ela, porém, o interrompe.

BEATRICE – Palavras sujas nada mais são que hálito sujo, e hálito sujo nada mais é que respiração suja, e respiração suja é nauseante. Portanto, saio sem ser beijada.

BENEDICK – Assustastes a palavra para fora do sentido correto, tão poderosa é a tua sagacidade.  Mas devo contar claramente: Claudio recebeu meu desafio. E devo ouvir logo notícias dele, ou vou acusá-lo como um covarde. E eu te rogo agora… dize-me: (relaxando) por qual das minhas partes más te apaixonaste primeiro?

BEATRICE – (ela também relaxa) Por todos elas juntas (ele ri). Elas mantém tão cuidadosamente um estado de maldade que não admitem nenhuma parte boa se misturando com elas. Mas por qual das minhas partes boas sofreste amor primeiro?

BENEDICK – “Sofrer amor”! Bela expressão! Eu sofro amor realmente já que amo-te contra a minha vontade.

BEATRICE – Para a irritação do teu coração, imagino, coitado. Pobre coração… Se o desprezais por minha causa, eu o desprezarei por tua causa, porque nunca amarei o que o meu amigo odeia.

BENEDICK – (rindo) Tu e eu somos inteligentes demais para namorarmos em paz… Agora, conta-me (mais sério): como está tua prima?

BEATRICE – Muito… mal.

BENEDICK – (quase sussurrando) E tu?

BEATRICE – Muito mal também.

BENEDICK – Sirva a Deus… Me ame… E cure-se.

E se aproximam para um beijo, mas são interrompidos.

O diálogo começa em 3’23” na cena abaixo:

Declaração anterior: Jerry Maguire – A Grande Virada

Jerry Maguire – A Grande Virada (Jerry Maguire,  1996). Direção e roteiro: Cameron Crowe.

"Você me ganhou no 'olá'"

“Você me ganhou no ‘olá'”

Jerry Maguire (Tom Cruise), um competente agente de atletas perde o emprego depois de um “ataque de ética” e tenta recomeçar agenciando o único jogador de futebol que manteve seus serviços, com a ajuda de uma funcionária da empresa em que trabalhava, Dorothy (Renée Zellweger), que largou tudo por acreditar nele. Eles se apaixonam e se casam, mas se separam quando as coisas não dão certo. Mas depois, ele consegue fazer de seu jogador novamente um sucesso e viaja em seguida até a casa dela. Dorothy está participando do grupo de autoajuda de sua irmã mais velha, para mulheres descasadas falarem mal dos homens. Jerry entra na sala no meio do debate.

JERRY – Olá. Olá. (Elas param a conversa) Estou procurando a minha esposa.

Dorothy, que estava recolhendo a comida, levanta lentamente de trás de um sofã, surpresa. Depois de se olharem por alguns instantes, ela se dirige para a cozinha.

JERRY – Espera.

Ela pára. Todas as mulheres da sala olham fixamente para ele, o inimigo.

JERRY – Ok. Ok… Ok… (Solta a mala) Se é aqui que tem que ser, então é aqui que vai ser. Não vou deixar que se livre de mim. Que tal essa?

Ela apenas observa, calada.

JERRY – Isso costumava ser minha especialidade. Eu era bom na sala de exposição. Me mandavam para lá… e eu me virava sozinho.

Ela continua calada.

JERRY – E agora eu só… (respira fundo) Não sei.

Ela apenas observa.

JERRY – Mas esta noite… nosso projeto, nossa empresa… teve uma grande noite. Uma noite muito, muito grande.

Ainda calada, ela dá só um pequenino sorriso de satisfação e estranhamento.

JERRY – Mas não foi completa. Não chegou nem perto de estar na vizinhança de ser completa porque eu não pude compartilhar com você.

Ela volta a olhar para ele, mas apenas isso.

JERRY – Não pude ouvir sua voz… nem rir com você. Sinto falta da minha… Sinto falta da minha esposa.

Ela continua calada. Ele e as mulheres na sala ficam na expectativa de alguma reação.

JERRY – Nós vivemos num mundo cínico. Um mundo… cínico. E trabalhamos num ramo de muita competição.

Ela continua calada.

JERRY – Eu te amo. Você… me completa. E eu…

DOROTHY – Cala a boca. Só cala a boca. Você me ganhou no “olá”. Você me ganhou no “olá”…

Ele atravessa a sala e eles se abraçam.

Declaração anterior: Cantando na Chuva

Um Lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill, 1997). Direção de Roger Michell. Roteiro de Richard Curtis.

"E se o senhor Thacker tiver se dado conta que que foi um... babaca idiota...?"

“E se o senhor Thacker tiver se dado conta que que foi um… babaca idiota…?”

William Thacker (Hugh Grant), um dono de livraria do bairro de Notting Hill, em Londres, conheceu por acaso uma estrela americana do cinema, Anna Scott (Julia Roberts). Eles se apaixonaram e a imprensa os flagrou juntos, no que se tornou um grande escândalo para ela, que namorava sem qualquer paixão um ator igualmente famoso. Anna procura por ele quando volta à Inglaterra, mas ele decide que eles são de mundos diferentes e a dispensa. Mas percebe a besteira que fez e, para falar com ela antes que vá embora do país, entra no meio dos jornalistas em uma coletiva de imprensa que ela concede antes de partir.

DOMINIC – Anna, quanto tempo vai ficar no Reino Unido, então?

ANNA – Tempo nenhum. Vou embora esta noite.

AGENTE – Por isso, temos coisas a preparar – então, últimas perguntas. Sim? A moça ali.

MOÇA – Sua decisão de tirar uns anos de folga tem a ver com os boatos sobre Jeff e sua namorada atual?

ANNA – De forma alguma.

MOÇA – Acredita nos boatos?

ANNA – Bem, já não é da minha conta, embora eu diga, por exeperiência própria, que boatos sobre Jeff tendem a ser reais.

Risadas entre os jornalistas.

REPÓRTER – Certo, hum… Em sua última visita, houve algumas fotos indiscretas tiradas de você com um jovem inglês. Então, ahn, o que aconteceu?

ANNA – Ele era só um amigo. Ainda somos amigos, eu acho.

AGENTE – Próxima questão? Certo, hum… (William levanta a mão) O rapaz de camisa rosa.

Anna vê William entre os jornalistas.

WILLIAM – Sim. Senhorita Scott, existe alguma possibilidade de que você e ele possam ser mais do que apenas amigos?

ANNA – Eu esperava que sim, mas não, eu… tenho certeza que não.

WILLIAM -Sim, mas o que você diria se…

AGENTE – Lamento, apenas uma pergunta, por favor.

ANNA – Não, tudo bem. Estava dizendo…?

WILLIAM – Eu só estava pensando se… ahn… acontecesse dessa pessoa…

REPÓRTER – Thacker. O nome dele é Thacker.

WILLIAM – Certo. Obrigado. Eu estava pensando… Se o senhor Thacker tiver se dado conta que foi um… babaca idiota…

Ela levemente se espanta.

WILLIAM – …E se ajoelhasse e… implorasse que você reconsiderasse… você iria… de fato, então… reconsiderar?

Os amigos que levaram William ao hotel e também já estavam na sala prendem a respiração, na expectativa.

ANNA – Sim, acredito que sim.

Começa um burburinho entre os repórteres e William respira aliviado.

WILLIAM – Estas são ótimas notícias.

Os dois trocam olhares cúmplices.

WILLIAM – Os leitores de Hípica e Caça ficarão maravilhados.

Risadas na sala, enquanto ela sussurra ao ouvido do agente ao seu lado.

AGENTE – Certo… Dominic, gostaria de fazer sua pergunta de novo?

DOMINIC – Certo. Anna, quanto tempo pensa em ficar aqui na Inglaterra?

Eles se olham. Silêncio na sala.

ANNA – Indefinidamente.

Começa o burburinho. Um fotógrafo ao lado de William percebe, enfim, que ele é o “Sr. Thacker” e começa a fotografá-lo, seguido por outros. A entrevista sai completamente do protocolo, mas William e Anna estão alheios a tudo. Apenas se olham, fixamente e sorrindo.

Declaração anterior: Pacto de Justiça

Pacto de Justiça (Open Range, 2003). Direção de Kevin Costner. Roteiro de Craig Storper, do romance de Lauran Paine.

"Sei que vou ser um bom marido para você"

“Sei que não sou o tipo de homem que esperava na sua porta”

Depois de se despedir de Charley (Kevin Costner), Sue Barlow (Annette Bening) está cuidando do jardim ao lado de sua casa. Ela olha para trás e vê o cavalo dele na sua porta. Continua trabalhando, mas, de fato, Charley aparece, ainda mancando dos ferimentos do tiroteio. Ela continua trabalhando e de costas enquanto ele começa a falar.

CHARLEY – Eu a amo, Sue. Desde a primeira vez que pus meus olhos em você. Demorei um pouco para ver as coisas claramente. Sei que não sou o tipo de homem que esperava na sua porta. E, se eu fosse o seu irmão, não me escolheria para você.

Sue se levanta e tira o chapéu enquanto olha para ele.

SUE – Charley (limpa o suor e respira fundo), sabe quantos anos eu tenho?

CHARLEY – Não me importa a sua idade.

SUE – Não sou mais uma menina.

CHARLEY – Você é a mulher mais bonita que eu já vi.

SUE – Eu tive muitas decepções, Charley.

CHARLEY – Bem, eu não vou ser uma delas (vai até ela, mancando). Nunca pensei que iria viver até agora, Sue. Do modo que eu vivia, isso não me importava. Mas ir embora pensando que nunca mais iria vê-la foi a pior sensação que já tive na vida. Sei que posso ser um bom marido para você. E sei que não pedi do modo mais adequado (tira o chapéu), mas estou pedindo agora. (pausa) Quer se casar comigo, Sue?

SUE – (Pausa, antes de abrir um sorriso) Charley, sim, me caso com você.

CHARLEY – (dá mais dois passos, meio sem saber como agir) Posso beijar você?

Ela diz que sim acenando com a cabeça e eles se beijam.

Declaração anterior: Homem-Aranha

Homem-Aranha (Spider-Man, 2002). Direção de Sam Raimi; roteiro de David Koepp, baseado nos quadrinhos de Stan Lee e Steve Ditko.

"fff"

"Quando ela olha de volta nos seus olhos, você se sente mais forte e mais fraco ao mesmo tempo..."

Peter Parker (Tobey Maguire), que combate o crime como o Homem-Aranha, vai ao hospital visitar sua tia May (Rosemary Harris) e lá encontra Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), a garota de quem ele secretamente gosta desde criança – e que agora vinha namorando seu melhor amigo. Mas ela conta que o casal não anda muito bem.

MARY JANE – O fato é que eu amo outra pessoa.

PETER – Ama?

MARY JANE – Acho que amo. Bem, não é hora de falar nisso.

PETER – Não, não, continua. Eu deveria saber o nome dele, desse cara?

MARY JANE – Vai achar que é amor bobo de criança…

PETER – (animado) Confie em mim.

MARY JANE – É engraçado… Ele salvou minha vida duas vezes e eu nunca vi o rosto dele.

PETER – (menos animado, mas ainda sorrindo) Ah, ele…

MARY JANE – (rindo) Você está rindo de mim…

PETER – (sentando) Não, não, eu entendo. Ele é muito legal.

MARY JANE – (senta-se em frente a ele) Mas você acha que é verdade todas as coisas horríveis que falam dele?

PETER – Não, não. Não o Homem-Aranha. Sem chance. Eu o conheço um pouco. Sou um tipo de fotógrafo não-oficial dele.

MARY JANE – (animada) Ele já falou de mim?

PETER – Já.

MARY JANE – E o que ele disse?

PETER – Bem, eu disse… Ele, ele perguntou o que eu achava de você.

MARY JANE – E o que você disse?

PETER – Eu disse: “Homem-Aranha”, eu disse, “a melhor coisa sobre a MJ é quando você olha nos olhos dela e ela olha de volta nos seus… tudo parece fora do normal porque você se sente… mais forte… e mais fraco ao mesmo tempo. Você fica eufórico e ao mesmo… apavorado. A verdade é que você não sabe como se sente, só sabe o tipo de homem que quer ser. É como se atingisse o inatingível… sem estar preparado pra isso”.

MARY JANE – (emocionada) Você disse isso?

PETER – (se dando conta do que acabou de fazer) Bom, mais ou menos isso.

Declaração anterior: Um Dia em Nova York

Um Dia em Nova York (On the Town, 1949). Direção de Gene Kelly e Stanley Donen; roteiro de Betty Comden e Adolph Green; canção “You’re awful”, de Roger Edens.
* Primeiro, a versão traduzida, para fazer sentido no diálogo, e a original depois do vídeo.

"Você é terrível"

“Você é terrível”

Gabe (Gene Kelly), Chip (Frank Sinatra) e Ozzie (Jules Munchin) são três marinheiros que tem 24 horas para curtir Nova York. Por meio de mil peripécias, eles acabam conseguindo encontros para uma noite na cidade – a dançarina Ivy (Vera-Ellen), a taxista Hildy (Betty Garrett) e a antropóloga Claire (Ann Miller), respectivamente. O encontro para saírem todos juntos é no alto do Empire State, às 20h30. Chip e Hildy são os primeiros a chegar, mas ela está aborrecida porque o namorado só quer olhar os pontos turísticos da cidade pelo telescópio.

CHIP – Puxa vida, por que não vim aqui antes? Perdi todo o meu dia!

HILDY: Ora, obrigada!

Ela se afasta e ele, se dando conta da mancada, vai até ela.

CHIP: Puxa, desculpe, Hildy. Eu não queria dizer isso…

HILDY: Volte para o seu telescópio! Vocês fazem um belo casal!

CHIP: Eu não quero olhar pelo telescópio, eu prefiro olhar pra você.

HILDY: Você só fica me sussurrando doces bobagens, como qual a população do Brooklyn ou quanto cachorros-quentes foram vendidos no estádios dos Yankees!… Você só liga para esse seu guia!

Chip joga o guia pelo parapeito do edifício.

HILDY: Oh, Chip… Você se importa… Por que nunca disse?

Chip começa a cantar.

CHIP – Puxa, eu não sei, eu gostaria de sussurrar doces bobagens
Estas palavras que todo mundo conhece,
Mas minhas idéias ficam confusas
E todas as palavras ficam enroladas,
Mas, se você quer, aqui vai:
Você… é terrível,…

Surpresa e ofendida, Hildy o afasta e fica de costa. Ele rapidamente a abraça.

CHIP – …Terrivelmente boa de ser olhar,
Terrivelmente legal para se estar junto,
Terrivelmente doce para ter e abraçar.

Ela entende a brincadeira e sorri.

CHIP – Você não é nada,…

Outro espanto e ela se solta, olhando para ele.

CHIP – …Nada senão adorável, (ele a faz girar)
Nada senão deslumbrante,
Nada além de ouro puro.

Ele se escosta no muro onde ela está, sorrindo.

CHIP – Você é assustadora,…

De novo Hildy se ofende, mas Chip é rápido.

CHIP – Assustadora quando diz
Que pode ir embora.

Ela a faz ficar de frente para ele.

CHIP – Você é chata,…

Desta vez, ela já sabe o que esperar.

CHIP – …Insistente para ficar no meu coração.

Ele a abraça e começam a dançar.

CHIP – Você é barata, meu bem,
Barata a qualquer preço, meu bem,
Barata para um diamante,
Barata para uma pérola.

Ele a afasta para olhar para ela.

CHIP – O que eu disse antes, eu digo de novo:
Você é terrível!

Ela ri.

CHIP – …Terrivelmente boa para ser minha garota.

Ele a senta e se ajoelha diante dela.

HILDY – Você é velho, meu bem,
Velho de conhecimento do mundo,
Velho como gorgonzola,
Velho como o melhor champanhe francês.
Você é assim-assim,…

Ela se levanta.

HILDY – Assim-assim tão, tão charmoso,
Tão, tão inteligente,
Tão que eu não posso explicar!

CHIP – Não agüento você,
Não agüento você olhando
Para outro rapaz.
Não agüento você
Nos braços de outro cara.

Se abraçam para dançar de novo.

CHIP – Quem precisa de você?
Precisa de você para se distrair,
Precisa de você para esta loucura,
Precisa de você faça chuva ou faça sol.

Param de dançar para se olhar.

AMBOS – Sou eu quem precisa de você,
E eu acho você terrível!

Se beijam.

AMBOS – Terrivelmente legal para dizer que você é meu…

Se beijam de novo.

A letra original:

CHIP:
Gee I don’t know, I’d like to whisper sweet nothings
Those words that everyone knows
But my thoughts gets mangled,
And all the words get tangled,
But since you asked me, here goes:

You’re awful,
Awful good to look at,
Awful nice to be with,
Awful sweet to have and hold.

You’re nothing,
Nothing if not lovely,
Nothing if not dazzling,
Nothing but pure gold.

You’re frightening,
Frightening me when you say
That you might go away,
You’re boring,
Boring into my heart to stay.

You’re cheap, dear,
Cheap at any price, dear,
Cheap for such a diamond,
Cheap for such a pearl.

What I said before, I’ll say again:
You’re awful,
Awful nice to be my girl.

HILDY:
You’re old, dear,
Old with worldly wisdom,
Old like gorgonzola,
Old like finest French champagne.

You’re so-so,
So-so, so-so kinda charming,
So-so kind of witty,
So I can’t explain!

CHIP:
Can’t stand you,
I can’t stand you giving
Some fellow the eye,
Can’t stand you
In the arms of another guy.

Who needs you?
Need you to distraction,
Need you to this crazy,
Need you rain or shine.

AMBOS:
I’m the one who needs you,
And I think you’re awful,
Awful nice to say you’re mine…

Declaração anterior: Tootsie

Tootsie (Tootsie, 1982). Direção de Sydney Pollack; roteiro de Larry Gelbart e Murray Schisgal, baseado em história de Larry Gelbart e Don McGuire. Também colaboraram (não creditados) Robert Garland, Barry Levinson e Elaine May.

Tootsie-04

“Fui melhor homem com você como mulher do que jamais fui com uma mulher como homem”

Michael Dorsey (Dustin Hoffman) é um ator de teatro que dá aulas de atuação, mas não consegue um emprego na área. A situação está tão difícil que, desesperado, tenta uma saída arriscada: disfarçado de mulher, Dorothy Michaels, tenta uma vaga para atriz em testes para uma novela de televisão. Não só consegue a vaga, como se torna uma coqueluche nacional, em um sucesso grande e inesperado. Mas a coisa se complica ao se apaixonar por uma colega de elenco, Julie Nichols (Jessica Lange), que encontrou em Dorothy uma grande amiga. Quando Michael revela tudo, Julie, naturalmente, não o perdoa. Ainda assim, ele resolve esperá-la na saída da emissora. Ela o vê e caminha para o outro lado para não falar com ele, mas Michael vai atrás e a acompanha.

MICHAEL – Oi. Eu… Eu vi o seu pai. Eu, hã, fui até o bar onde ele vai sempre.

JULIE – Ele não vai sempre lá.

MICHAEL – Ah, é. Eu, eu esqueci. Como está Amy?

JULIE – Bem.

Silêncio. Ela não está a fim de papo e nem olha para ele, mas Michael insiste.

MICHAEL – Seu pai e eu… hã… tomamos umas cervejas e jogamos bilhar. Foi bem divertido.

Mais silêncio.

MICHAEL – Como estão as coisas?

JULIE – Terry Bishop voltou ao programa. April perdeu sua licença…

MICHAEL (interrompendo) – Perguntei de você.

JULIE – Eu sei.

Mais silêncio.

JULIE – Ficou famoso após a revelação, Michael. Qual o seu próximo triunfo?

MICHAEL – Bom, vou fazer uma peça com uns amigos…

JULIE (interrompendo e se afastando para atravessar a rua) – Legal, preciso pegar um táxi, Michael.

MICHAEL – Julie!…

Ela pára e olha para ele.

MICHAEL – Posso… ligar pra você… um dia desses?

Ela não diz nada.

MICHAEL – Não quero atrasar você. Eu só fiz isso pelo emprego. Nâo quis magoar ninguém. Principalmente você.

Ela continua calada e só fala depois de pensar um pouco.

JULIE – Sinto falta da Dorothy.

MICHAEL – Não precisa. Ela está bem aqui. E ela sente a sua falta.

Ela apenas olha para ele.

MICHAEL – Olha, você nunca me viu mais gordo… mas fui melhor homem com você como mulher do que jamais fui com uma mulher como homem. Entende o que eu digo?

Ela apenas faz que não com a cabeça.

MICHAEL – Só preciso aprender a fazer isso sem o vestido.

Ela continua calada.

MICHAEL – Nesse ponto do nosso relacionamento, é vantagem eu estar usando calças.

Ela continua calda, mas finalmente abre um sorrisinho. Ele também.

MICHAEL – A parte difícil já acabou, sabe? Nós já éramos bons amigos.

Ela fica ainda um instante em silêncio.

JULIE – Você me empresta aquele vestidinho amarelo?

MICHAEL (desconfiado) – Qual?

JULIE – O Halston.

MICHAEL – O Halston?! Ah, não… (começando a caminhar; ela acompanha) Você vai estragar…

JULIE – Michael!

MICHAEL – Vai derramar vinho nele.

JULIE – Não vou!

MICHAEL – Eu empresto, mas tem que me devolver, hein?

JULIE – Ora, você vai usá-lo para quê?

E seguem caminhando, discutindo, até finalmente se abraçarem.

Declaração anterior: Pacto de Justiça

Pacto de Justiça (Open Range, 2003). Direção de Kevin Costner. Roteiro de Craig Storper, do romance de Lauran Paine.

"Não tenho medo de você, Charley"

“Não tenho medo de você, Charley”

Um grande tiroteiro acontece em uma pequena cidade do Oeste entre a gangue de um poderoso criador de gado do local, aliado a um xerife corrupto, e quatro homens que atravessaram a região com seu rebanho e foram roubados. Os homens saem vencedores, graças principalmente à perícia de Charley Waite (Kevin Costner), que em outros tempos foi um exímio pistoleiro e tentava esquecer seu passado sombrio. Ele fica levemente ferido e se isola no bar. Avisada, Sue Barlow (Annette Bening), irmã e auxiliar do médico local que havia atendido o grupo, vai até lá, enquanto uma pequena multidão aguarda do lado de fora.

CHARLEY – Não queria que entrasse nesse lugar na frente de todo mundo.

SUE – Não me importo com que os outros pensam, Charley. Não precisa se preocupar.

CHARLEY – Mesmo assim, queria dizer que vou embora daqui a um ou dois dias.

SUE – (pausa) Gostaria que você ficasse. Acho que os outros também.

CHARLEY – Não posso dizer que não pensei nisso. Mas cada esquina aqui teria uma má lembrança de mim.

SUE – Já encobri meu amor muito tempo, Charley. Sei que sente algo por mim também.

CHARLEY – Eu sinto. Mas não sou diferente daqueles que vieram nos matar. Você mesma viu.

SUE – Talvez tenha feito coisas ruins, talvez pior que ruins, mas o que aconteceu hoje não foi uma delas.

CHARLEY – Toda essa matança não a assusta?

SUE – (pausa) Não tenho medo de você, Charley.

Ele devolve a ela uma medalha religiosa.

CHARLEY – Me trouxe sorte. Como você disse.

SUE – É seu agora. Fique com ele. (pausa) Não tenho as respostas, Charley, mas sei que as pessoas ficam confusas nesta vida em relação ao que querem e o que fizeram e o que acham que merecem por causa disso. O que elas acham que são ou o que fizeram as oprime tanto que não as deixa ver o que elas podem ser. (respira fundo) Tenho planos para nós, Charley. E não vou esperar para sempre. Mas vou esperar. E quando você estiver longe, quero que pense nisso e volte para mim.

E ela deixa o bar.

Declaração anterior: A Pequena Loja dos Horrores

A Pequena Loja dos Horrores (Little Shop of Horrors, 1986). Direção de Frank Oz; roteiro de Howard Ashman, baseado no musical de sua autoria, por sua vez baseado no roteiro de Charles B. Griffith para o filme de 1960. Música “Suddenly, Seymour” de Howard Ashman e Alan Menken.

Não precisa de maquiagem, não tem que fingir

"Não precisa de maquiagem, não tem que fingir"

Testemunhado por um côro formado por um trio de cantoras, o tímido funcionário de uma decadente loja de plantas Seymour Krelborn (Rick Moranin) – que encontrou uma planta estranha que se alimenta de sangue e cresce espantosamente – é apaixonado por uma colega, a voluptuosa Audrey Fulquard (Ellen Greene), tanto que deu o nome de Audrey II ao vegetal. Ela, porém, sofre nas mãos do namorado sádico, um dentista (Steve Martin), que acaba devorado pela planta. Com o caminho livre, o tímido Seymour tenta consolar a frágil Audrey, no beco atrás da loja.

SEYMOUR – Levante a cabeça, limpe sua máscara.
Use meu Kleenex, tire esse batom.

Ela aceita e enxuga as lágrimas.

SEYMOUR – Me mostre seu rosto limpo como a manhã.
Sei que as coisas estavam mal, mas agora estão bem.

Ele se levanta, confiante.

SEYMOUR – De repente, Seymour está do seu lado.
Não precisa de maquiagem, não tem que fingir.
De repente, Seymour está aqui para te dar
Doce compreensão. Seymour é seu amigo.

Audrey se levanta e se afasta.

AUDREY – Ninguém nunca me tratou gentilmente.
Papai nos deixou cedo, mamãe era pobre.
Conheci um homem e o segui cegamente.
Ele estalou os dedos pra mim. Eu disse: “Claro”.

Ela se vira para ele.

AUDREY – De repente, Seymour está do meu lado.
Ele não me dá ordens, e ele não se rebaixa.

Eles se olham e se aproximam lentamente.

AUDREY – De repente, Seymour está aqui para me dar
Doce compreensão. Seymour é meu amigo.

SEYMOUR – Diga que este sentimento vai ser para sempre.
Diga que os tempos ruins foram limpos, lavados.

Ela corre, assustada, e sobe uma escada até uma saída dos fundos.

AUDREY – Por favor, entenda que é ainda estranho e assustador.
Para perdedores como sempre fui, é difícil dizer.

Lá de cima, ela volta-se para ele.

AUDREY – De repente, Seymour…

SEYMOUR E O CÔRO – De repente, Seymour…

AUDREY – …Ele me purifica.

SEYMOUR E O CÔRO – …Ele te purifica.

AUDREY – De repente, Seymour, me mostra que eu posso…

SEYMOUR E O CÔRO – Sim, você pode!

Seymour sobe a escada correndo e eles ficam lado a lado.

AUDREY E SEYMOUR – …Aprender como ser mais que a garota que está dentro de mim…

SEYMOUR – …Com doce compreensão,…

AUDREY – …Com doce compreensão,…

SEYMOUR – …Com doce compreensão,…

AUDREY – …Com doce compreensão,…

AUDREY E SEYMOUR – … Com doce compreensão!
Seymour é meu homem!

E eles se beijam apaixonadamente, com direito a pôr-do-sol ao fundo.

*Abaixo do vídeo, a versão original da letra.

SEYMOUR:
Lift up your head.
Wash off your mascara.
Here take my Kleenex,
Wipe that lipstick away.

Show me your face
Clean as the morning.
I know things were bad,
But now they’re ok.

Suddenly, Seymour
Is standing beside you.
You don’t need no make-up,
Don’t have to pretend.

Suddenly, Seymour
Is here to provide you
Sweet understanding.
Seymour’s your friend.

AUDREY:
Nobody ever
Treated me kindly.
Daddy left early,
Mama was poor.

I’d met a man
And I’d follow him blindly.
He’d snap his fingers in me,
I’d said: “sure”.

Suddenly, Seymour
Is standing beside me.
He don’t give me orders,
He don’t condescend.

Suddenly, Seymour
Is here to provide me
Sweet understanding.
Seymour’s my friend.

SEYMOUR:
Tell me this feeling
Lasts till forever.
Tell me the bad times
Are clean washed away.

AUDREY:
Please understand that
It’s still strange and frightened.
For losers like I’ve been,
It’s so hard to say.

Suddenly, Seymour,
He purified me. (He purifieds you)
Suddenly, Seymour,
Showed me I can

Learn how to be more (yes, you can!)
The girl that’s inside me
With sweet understanding,
With sweet understanding,
With sweet understanding
Seymour’s my man (your man)!

Declaração anterior: Simplesmente Amor

Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961). Direção de Blake Edwards. Roteiro de George Axelrod, baseado no conto de Truman Capote.

-Não quero colocar você numa jaula. Quero amar você-

“Não quero colocar você numa jaula. Quero amar você”

Depois de ser presa pelo envolvimento com um gangster, Holly Goolightly (Audrey Hepburn) sai da cadeia. Quem a pega é seu amigo, o escritor Paul Varjak (George Peppard), que passou antes no apartamento da moça para pegar as coisas dela – incluindo o gato, que ela chama apenas de Gato. A caminho do aeroporto de Idlewild, Holly ainda espera pegar um avião e casar com um rico herdeiro do Brasil, mas Paul lê para ela uma carta em que, por causa do escândalo, o milionário a dispensa.

PAUL – Lá se foi a América do Sul. Bom, você não foi feita para ser a rainha dos pampas, mesmo. (Para o taxista) Hotel Clayton.

HOLLY – Idlewild.

PAUL – O quê?

HOLLY – O avião sai às 12 e pretendo estar a bordo.

PAUL – Holly, você não pode.

HOLLY – Et pouquoi pas? Não vou atrás do José, se é isso o que está pensando. Na minha opinião, ele é o futuro presidente de lugar nenhum. Porque deveria desperdiçar a passagem? Além do mais, nunca fui ao Brasil.

Ele a observa, incrédulo e em silêncio.

HOLLY – Por favor, querido, não me olhe assim. Eu vou de qualquer jeito. Tudo o que querem de mim é que eu deponha contra Sally. Ninguém tem a mínima intenção de me processar. Eles nem têm a mínima chance. Esta cidade acabou para mim, pelo menos por enquanto. Às vezes, a fama pode arruinar a pele de uma mulher. Devem ter montado forcas para mim em toda a cidade. Sabe o que pode fazer por mim? Telefone para o New York Times. Quero que me envie uma lista dos 50 homens mais ricos do Brasil. Os 50 mais ricos!

PAUL – Holly, não vou permitir isso.

HOLLY – Não vai permitir?

PAUL – Holly, estou apaixonado por você.

HOLLY – E daí?

PAUL – “E daí”? Isso chega. Eu a amo. Você me pertence.

HOLLY – Não. As pessoas não se pertencem.

PAUL – Claro que sim.

HOLLY – Ninguém vai me pôr numa jaula.

PAUL – Não quero colocar você numa jaula. Quero amar você.

HOLLY – É a mesma coisa.

PAUL – Não é, não, Holly.

HOLLY – Não sou Holly! Não sou nem Lula Mae! Não sei quem sou! Sou como o Gato, somos dois coitados sem nome! Não temos dono, nós nem pertencemos um ao outro! (para o taxista) Pare o táxi!

O carro pára na entrada de um beco, enquanto cai uma chuva torrencial. Ela abre a porta.

HOLLY – (Para o Gato) O que acha? Parece ser o lugar certo para um cara durão como você! Latas de lixo, ratos por toda a parte… Suma! Disse para ir embora! Se manda! (Bota o Gato para fora e fecha a porta) Vamos!

Paul não acredita no que aconteceu. Tita uma nota do bolso.

PAUL – Motorista, pare aqui.

O carro pára e ele sai, mas antes de fechar a porta e ir embora, se vira para Holly.

PAUL – Sabe qual é o seu problema, “senhorita Seja-lá-quem-for”? Você é covarde. Você não tem coragem. Tem medo de encarar a realidade e dizer: “Ok, a vida é um fato. As pessoas se apaixonam”. As pessoas pertencem umas às outras porque é a única chance que têm de serem realmente felizes. Você acha que tem um espírito livre e selvagem e morre de medo de ser enjaulada. Bem, querida, você está na jaula que você mesma construiu. E não só em Tulip, Texas, ou na Somália: estará sempre nela. Não importa para onde corra, estará sempre trombando consigo mesma! (Tira do bolso uma caixinha) Pegue. Tenho carregado isso comigo há meses. Não quero mais.

Ele joga a caixinha no colo dela e vai embora. Ela abre a caixa e chora quando vê o conteúdo: um anel, simples brinde de uma caixa de biscoitos, no qual ele tinha mandado gravar as iniciais de ambos na joalheria Tiffany’s.

Declaração anterior: Casablanca

Casablanca (Casablanca, 1942). Direção de Michael Curtiz; roteiro de Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch, baseado na peça Everybody Comes to Rick’s, de Murray Burnett e Joan Alison.

-Nós sempre teremos Paris-

“Nós sempre teremos Paris”

Em Casablanca, Rick Blaine (Humphrey Bogart) reencontra sua antiga paixão, Ilsa Lund (Ingrid Bergman), com quem foi feliz em Paris, antes da II Guerra, mas o abandonou. Ela aparece casada com Victor Lazlo (Paul Henreid), líder da resistência contra os nazistas. Eles estão em busca de salvos-condutos que garantiriam uma fuga segura e que foram parar nas mãos de Rick. O amor renasce e Rick e Ilsa planejam contar de sua paixão a Lazlo no aerporto antes dele partir. Perseguidos, eles levam o capitão Renault (Claude Rains) sob a mira de uma arma e Lazlo sai para acompanhar um guarda que embarca a bagagem.

RICK – (para Renault) Se não se importa, você escreve os nomes. Isto vai deixar mais oficial.

RENAULT – Você pensa em tudo, não é?

RICK – Os nomes são Sr. e Sra. Victor Lazlo.

Ilsa e Renault olham para Rick, atônitos.

ILSA – Por que meu nome, Richard?

RICK – Porque você vai pegar aquele avião.

ILSA – Eu não entendo. E você?

RICK – Eu fico aqui com ele até o avião estar a salvo.

ILSA – Não, Richard, não. O que aconteceu com você? A noite passada você disse…

RICK – …A noite passada nós dissemos muita coisa. Você disse que eu deveria pensar por nós dois. Bem, eu fiz isso desde então e tudo leva a uma coisa: você pegando aquele avião com Victor, a quem você pertence.

ILSA – Mas Richard, não, eu, eu…

RICK – …Você tem que me ouvir. Tem idéia do que espera você se ficar aqui? Nove chances em dez de irmos para um campo de concentração. Não é verdade, Louis?

RENAULT – (assinando os papéis) Temo que o Major Strasser insistiria.

ILSA – Você está dizendo isso apenas para me fazer ir.

RICK – Estou dizendo porque é verdade. Dentro de nós, ambos sabemos que você pertence ao Victor. Você é parte da vida dele, o que faz ele prosseguir. Se o avião partir e você não estiver nele, você vai se arrepender.

ILSA – Não.

RICK – Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas breve, e pelo resto da sua vida.

ILSA – Mas e quanto a nós?

RICK – Nós sempre teremos Paris. Nós não a tínhamos, a tínhamos perdido até você vir a Casablanca. A recuperamos a noite passada.

ILSA – E eu disse que nunca deixaria você…

RICK – E nunca deixará. Mas eu tenho um trabalho a fazer também. Para onde eu vou, você não pode seguir. Do que eu vou fazer, você não pode tomar parte. Ilsa, não sou bom em ser nobre, mas não é difícil ver que os problemas de três pessoas não são mais que um monte de feijões neste mundo louco. Algum dia você vai entender isso. Agora, agora…

Os olhos de Ilsa estão cheios de lágrimas. Rick põe sua mão no rosto dela.

RICK – Estou de olho em você, garota.

Declaração anterior: Harry & Sally, Feitos um para o Outro

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