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O HOMEM COM DOIS CÉREBROS
ou O MÉDICO ERÓTICO
Diário de filmes 2024: 17
Onde ver (em 08/02/2024) – Mídia física: Não disponível no Brasil. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Amazon.
Homenagem biruta aos filmes Z
A fase da parceria entre Carl Reiner e Steve Martin – quatro filmes entre 1979 e 1984 –deixou diversas pérolas da comédia maluca. Eles vinham do amalucado O Panaca (1979) e da antológica brincadeira com o filme noir Cliente Morto Não Paga (1982) quando resolveram mirar os filmes Z dos anos 1950 e 1960 em O Homem com Dois Cérebros. Ou, como se chamou na época do lançamento nos cinemas por aqui e como está lá no Prime Video, O Médico Erótico. Outra avalanche de maluquices que exige o máximo de Steve Martin.
Começa pelo nome do protagonista, o mundialmente famoso cirurgião cerebral Michael Hfuhruhurr. Ele se casa com a gatíssima Dolores Benedict, que ele conhece quando a atropela e em seguida a salva numa cirurgia. ele não sabe, porém, que ela tinha acabado de provocar a morte do marido anterior e que é o Diabo em pessoa, só de olho na grana do médico – que nem sexo com ela consegue ter, apesar do jogo de sedução do avião.
Ela é interpretada por ninguém menos do que Kathleen Turner, muito à vontade autoparodiando sua imagem de voraz símbolo sexual e femme fatale, adquirida dois anos antes em Corpos Ardentes, sua retumbante estreia no cinema (já aos 27 anos).
É bem provável que seja por ela que o filme ganhou, no lançamento brasileiro nos cinemas, o terrível título O Médico Erótico, que parecia vir de alguma pornochanchada de cinco anos antes.
Apesar da insinuante Kathleen Turner, e da falta do sexo atormentar o personagem de Steve Martin, não há nada de erótico no filme. Há, sim, muita loucura, um humor sem freios e que não tem medo do absurdo e da patetice.
Hfuhruhurr acaba conhecendo um cientista que apresenta a ele seu projeto: quer transferir a personalidade de informações de um cérebro moribundo para um corpo, um Dr. Frankenstein moderno. Para isso, tem alguns cérebros “vivos” em estoque. Com um deles, Hfuhruhurr descobre uma misteriosa ligação telepática e daí nasce um romance.
O personagem de Martin fica, então, entre uma mulher detestável com um corpo incrível e outra adorável, mas sem corpo.
Daí temos cenas que extrapolam o limite do nonsense, como Martin conseguindo se grudar à parede com saliva nas mãos, tendo que realizar os mais loucos testes a um guarda para provar que não está bêbado ao volante, e todas as lânguidas declarações de amor de Steve Martin para um cérebro (que tem voz de Sissy Spacek) dentro de um vidro).
Daqui, Carl Reiner voltaria a dirigir Steve Martin em Um Espírito Baixou em Mim, outra comédia antológica. É uma dupla diretor-ator que deveria ser mais lembrada quando se apontam as grandes parcerias do cinema.
The Man with Two Brains. Estados Unidos, 1983. Direção: Carl Reiner. Elenco: Steve Martin, Kathleen Turner, Sissy Spacek (voz), David Warner, Paul Benedict, James Cromwell, Merv Griffin.
GANGA BRUTA
⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2024: 7
Onde ver (em 18/01/2024) – Mídia física: Não disponível no Brasil. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: som original.
O interior do Brasil e o interior dos personagens
Ganga Bruta, terceira produção da Cinédia, foi um retumbante fracasso de público em seu lançamento e quase desapareceu. Ficou quase 20 anos fora do radar até que negativos foram encontrados e, a partir deles, o filme foi montado de novo e ressuscitado. E aí, encontrou seu lugar na história do cinema brasileiro como um importante clássico.
A premissa, claro, seria cancelada hoje: o homem que mata a mulher na noite de núpcias porque descobriu que foi traído, é inocentado no julgamento e vai lidar com a culpa no interior, onde encontra outro amor e briga por ela com outro interessado.
O triângulo amoroso não chega a ser muito inventivo, mas o filme é forte narrativamente e na apresentação dos personagens e a fotografia de Edgar Brasil, A.P. Castro e Paulo Morano se sobressai mesmo em cópias desgastadas. Tanto a grandiosidade da fábrica em construção ou as expressões e formas dos atores são imagens marcantes. Assim, o filme mostra poderosamente o interior do Brasil e o interior dos personagens.
Ganga Bruta. Brasil, 1933. Direção: Humberto Mauro. Elenco: Durval Bellini, Dea Selva, Lu Marival, Décio Murilo, Andréa Duarte.
O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
ou STAR WARS – EPISÓDIO V: O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
ou STAR WARS – O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
⭐⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2024: 1
Onde ver (em 05/01/2024) – Mídia física: DVD (da Fox e da Disney), blu-ray (da Disney). Streaming: Disney Plus.
Urgente e sensacional
Há alguns anos, escolho para primeiro filme do ano um que eu ame muito. Desta vez a escolha caiu sobre o capítulo do meio da trilogia original de “Guerra nas Estrelas”, porque combinou de Arthur ter visto o primeiro no fim do ano passado (e, vale sempre a pena frisar, começamos como todo mundo deveria começar: pelo “Guerra nas Estrelas” original).
O filme é o que parece ter menos sofrido com as alterações digitais feitas por George Lucas ao longo dos anos, ao sabor dos sucessivos relançamentos em diversas mídias. Não que não haja, apenas o filme foi mais poupado de más intervenções que “Guerra nas Estrelas” (ou, vá lá, “Uma Nova Esperança”) e “O Retorno de Jedi”.
Assim, o filme flui sem sobressaltos, aproveitando-se de que a ambientação e os personagens principais já estavam apresentados no anterior para dividir a história em duas subtramas que vão se encontrar lá na frente. Enquanto Luke Skywalker vai em busca do antigo mestre jedi Yoda para continuar seu treinamento, seus amigos Han Solo, Leia, Chewbacca e C-3PO são caçados implacavelmente pelo Império espaço afora.
É mais do que nunca o espírito dos velhos seriados de cinema de Flash Gordon. “Nossos heróis escaparão? Veja na próxima semana!”. Isso está no DNA de Star Wars (além das adições que a gente sabe dos faroestes, filmes de samurai de Akira Kurosawa, capa-e-espadas, etc). Porém no primeiro filme ainda não havia a certeza de que haveria sucesso e, a partir dele, continuações. Então, havia ali um fechamento da trama em algum nível: se não houvesse outro filme, aquela história estava encerrada e pronto. Agora, não havia dúvidas de que o terceiro filme viria, então houve o conforto de deixar o final em aberto mesmo, deixando o público em suspenso até o que viria ser O Retorno de Jedi. Mas o “veja na próxima semana” virou “veja daqui a três anos”.
O final reflete o que é O Império Contra-Ataca: tudo é intenso, urgente, veloz e sensacional, começando com a história em andamento, terminando com a história em andamento e culminando naquela que é uma das maiores revelações da história do cinema, arruinada por algum novato que decida se iniciar pela trilogia-prelúdio.
Estados Unidos, 1980. Direção: Irvin Kershner. Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, James Earl Jones (voz), Alec Guinness, Billy Dee Williams, Anthony Daniels, David Prowse, Kenny Baker, Frank Oz (voz e manipulação de boneco), Peter Mayhew, Jeremy Bulloch, Julian Glover, Clyde Revill (voz), Treat Williams.
TERRA DE NINGUÉM
Diário de filmes 2023: 136
Onde ver (em 14/11/2023) – Mídia física: DVD (da Warner). Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado
Terrence Malick estreou como diretor no cinema com um filme em que já se afirma como um “autor”. É não apenas o diretor, mas também produtor e roteirista, além de co-montador não creditado. Além disso, imprime um estilo próprio, uma espécie de contemplação da natureza que iria reverberar em seus (poucos) trabalhos seguintes. Contribui para isso sua aura de recluso, que cultivou depois. Aqui, a história se inspira no caso real de um jovem casal que foi caçado pela polícia em 1958, com o rapaz matando uma dúzia de pessoas no processo (uma história que inspirou outras histórias de amor bandido ao longo dos anos). Mudando os nomes, ele coloca nos papeis centrais Martin Sheen fazendo um tipo James Dean, e Sissy Spacek, narrando o filme e em um de seus primeiros papeis no cinema. Os dois personagens se conhecem num subúrbio e, na fuga, passam um tempo numa floresta e depois nos largos campos de Montana. A violência caminha ao lado do bucólico e com personagens que lidam com ela de modo quase casual, um tempero que mistura estranheza e beleza no filme: como parar a fuga para uma dança à luz dos faróis do carro.
Badlands. Estados Unidos, 1973. Direção: Terrence Malick. Elenco: Martin Sheen, Sissy Spacek, Warren Oates, Ramon Bieri, Terrence Malick.
LUA DE PAPEL
Diário de filmes 2023: 134
Onde ver (em 26/10/2023) – Mídia física: DVD (da Paramount). Streaming: Looke, NetMovies. Aluguel ou compra digitais: Apple TV/ iTunes, Amazon.
Peter Bogdanovich, em sua grande fase no começo dos anos 1970, tinha como característica a busca por revitalizar gêneros e temas clássicos do cinema americano em filmes que absorviam também a modernidade de que a Nova Hollywood vinha bebendo no período. Em Lua de Papel, que completa 50 anos este ano, que se passa nos anos 1930, ele procurou recuperar o clima dos filmes do período. Filmou em preto-e-branco esta história de um possível pai e sua possível filha, que formam uma parceria em aplicar golpes numa viagem em que ele está levando a menina para parentes distantes. Ryan e Tatum O’Neal, pai e filha na vida real, têm uma química inegável, construindo uma relação através das brigas e da adrenalina das trapaças. A fotografia com profundidade de campo e planos longos, além de grandes direção de arte e figurino. colaboram para a beleza visual desse charmoso road movie episódico com muitos momentos de humor, mas que é sobretudo apoiado na relação entre os protagonistas. Tatum O’Neal, inclusive, ganhou um Oscar de atriz coadjuvante e é até hoje a mais jovem pessoa a ganhar um Oscar competitivo pela atuação.
Paper Moon. Estados Unidos, 1973. Direção: Peter Bogdanovich. Elenco: Ryan O’Neal, Tatum O’Neal, Madeline Kahn, John Hillerman, P.J. Johnson, Randy Quaid.
LOUCURAS DE VERÃO
Diário de filmes 2023: 138
Onde ver (em 25/10/2023) – Mídia física: DVD e blu-ray (solo na Coleção American Graffiti), da Universal. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon.
Loucuras de Verão, que completa 50 anos este ano, é um filme geracional? No momento em que foi lançado, a única “não ficção científica” dirigida por George Lucas, praticamente inaugurou uma onda de nostalgia de anos 1950/ começo dos 1960 no cinema. “Onde você estava em 62?”, perguntava o slogan do cartaz. O mundo havia mudado muito naqueles 11 anos, e aquele reencontro com o passado talvez tenha sido até surpreendente, o filme despertou muitas lembranças em muita gente. Lucas situou a trama em sua cidade natal, Modesto, na California, e os personagens representam fases diferentes de sua própria juventude. Não há uma história central: trata-se de uma noite agitada na vida de um grupo de amigos – dois deles vão para a universidade na manhã seguinte. A balada na cidade envolve a paquera a bordo dos carros que zanzam pelas ruas sem destino específico, a lanchonete drive-in, fliperama, o apresentador preferido onipresente nos rádios tocando os rocks do momento. Música (não há trilha original, só canções da época e da década de 1950), visual, comportamento dos personagens e incertezas sobre o futuro, tudo construiu um ambiente que calou fundo na audiência e transformou o filme em um sucesso inesperado. Depois dele, vieram, entre outros, Grease, Febre de Juventude, Porky’s e, mais tarde, De Volta para o Futuro. Alguns mais leves, outros mais picantes, mas Loucuras de Verão é o quintessencial, o que resume essa dose de nostalgia com melancolia.
American Graffiti. Estados Unidos, 1973. Direção: George Lucas. Elenco: Richard Dreyfuss, Ron Howard, Paul Le Mat, Charles Martin Smith, Cindy Williams, Candy Clark, Mackenzie Phillips, Wolfman Jack, Harrison Ford, Kathleen Quinlan.
A Mostra A Cinemateca É Brasileira começa amanhã no Cine Banguê, com entrada franca. É a rara oportunidade de conferir por aqui clássicos do cinema brasileiro na tela grande. A mostra programou simplesmente oito dos onze primeiros da lista dos 100 melhores filmes brasileiros, segundo a Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine). Veja a seguir quais são os filmes e depois veja a programação por dia para se agendar direitinho.
A distribuição dos ingressos começa uma hora antes de cada sessão e só será permitida a aquisição de um bilhete por pessoa.
OS FILMES, SEUS DIAS E HORÁRIOS:
>>> CENTRAL DO BRASIL (Walter Salles, 1998) – Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim e indicado ao Oscar de melhor filme de língua não inglesa e de melhor atriz, acompanha a viagem de uma mulher endurecida pela vida e de um garoto pelo interior do Brasil em busca da família do menino. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 11º.
27/10, sexta-feira, às 18h e às 20h30
02/11, quinta-feira, às 16h
06/11, segunda-feira, às 20h30
>>> CABRA MARCADO PARA MORRER (Eduardo Coutinho, 1984) – Documentário que retoma seu filme inacabado dos anos 1960 sobre a morte do líder camponês João Pedro Teixeira e tenta encontrar o paradeiro das pessoas que participaram das filmagens. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 4º.
28/10, sábado, às 17h
01/11, quarta-feira, às 20h
>>> À MEIA NOITE LEVAREI A SUA ALMA (José Mojica Marins, 1964) – Ícone do cinema de horror brasileiro, com a estreia do personagem Zé do Caixão. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 46º.
28/10, sábado, às 19h30
02/11, quinta-feira, às 20h30
>>> CINCO VEZES FAVELA (Miguel Borges, Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Diegues, Marcos Farias, Leon Hirzman, 1962) – Cinco cineastas dirigem curtas que se passam nas favelas do Rio.
29/10, domingo, às 15h
07/11, terça-feira, às 16h
>>> DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (Bruno Barreto, 1976) – Por muitos anos, o maior público do cinema brasileiro, o filme sobre a mulher entre seu novo marido certinho e o fogoso fantasma do primeiro marido rendeu até uma refilmagem (mequetrefe e careta) em Hollywood. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 39º.
02/11, quinta-feira, às 18h30
06/11, segunda-feira, às 18h
>>> MACUNAÍMA (Joaquim Pedro de Andrade, 1969) – Baseado no romance de Mério de Andrade, tem o “herói sem caráter” interpretado por Grande Otelo e Paulo José. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 10º.
28/10, sábado, às 15h
01/11, quarta-feira, às 18h
>>> CIDADE DE DEUS (Fernando Meirelles, 2002) – Através do olhar de um jovem que deseja ser fotógrafo, as mudanças da comunidade de Cidade de Deus com a ascensão do crime. Foi indicado a quatro Oscars, todos importantes: direção, roteiro adaptado, fotografia e montagem. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 8º.
29/10. domingo, às 17h e às 19h30
03/11, sexta-feira, às 16h
07/11, terça-feira, às 20h30
>>> DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (Glauber Rocha, 1964) – Um dos maiores clássicos do cinema brasileiro, com a trama do casal sertanejo que busca uma vida melhor, mas a vida o leva ao encontro de um beato messiânico e do cangaceiro Corisco. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 2º.
31/11, terça-feira, às 18h
04/11, sábado, às 19h
>>> CARNAVAL ATLÂNTIDA (José Carlos Burle, 1952) – O representante das chanchadas da Atlântida na mostra, é sobre um produtor que quer filmar um clássico grego, mas uma dupla de malandros quer adaptar tudo para um musical carnavalesco. Oscarito é o professor de história que cai na gandaia.
01/11, quarta-feira, às 16h
06/11, segunda-feira, às 16h
>>> O BANDIDO DA LUZ VERMELHA (Rogério Sganzerla, 1964) – O maior clássico do cinema marginal, que usa linguagem de rádio para contar de maneira irreverente a trajetória do bandido. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 6º.
30/10, segunda-feira, às 18h30
05/11, domingo, às 19h30
>>> LIMITE (Mário Peixoto, 1931) – Filme mudo e de vanguarda que por muitos anos foi um mito no cinema brasileiro, sobre as memórias de três pessoas à deriva num barco. Foi eleito pelos críticos brasileiros como a produção mais importante do nosso cinema. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 1º.
30/10, segunda-feira às 16h
03/11, sexta-feira, às 19h
>>> O CANGACEIRO (Lima Barreto, 1953) – Primeiro sucesso internacional do cinema brasileiro, ganhou o prêmio de melhor filme de aventura no Festival de Cannes (naquele ano, o festival premiou os melhores de gêneros diferentes). Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 64º.
30/10, segunda-feira, às 20h30
04/11, sábado, às 17h
>>> O PAGADOR DE PROMESSAS (Anselmo Duarte, 1962) – Até hoje é o filme que conquistou a maior láurea internacional do cinema brasileiro: a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Da peça de Dias Gomes, mostra o homem humilde que deseja pagar uma promessa, mas entra em conflito com um padre preconceituoso e o impasse deixa Salvador em ebulição. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 9º.
31/10, terça-feira, às 20h30
04/11, sábado, às 15h
>>> A HORA DA ESTRELA (Suzana Amaral, 1984) – Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim para Marcelia Cartaxo, que interpreta Macabéa, a ingênua nordestina na selva de pedra. Na lista da Abraccine dos 100 melhores do cinemas brasileiro: 42º.
31/10, terça-feira, às 16h
05/11, domingo, às 17h30
>>> MARTE UM (Gabriel Martins, 2022) – Representando a novíssima safra do nosso cinema, o filme ganhou recentemente oito categorias do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo filme, direção, ator e ator coadjuvante. Conta os dramas de uma família em que um garoto quer trocar o futuro no futebol pelo sonho de ser um astrofísico.
05/11, domingo, às 15h
07/11, terça-feira, às 18h
***
PROGRAMAÇÃO POR DIA:
27/10, sexta
18h – Central do Brasil
20h30 – Central do Brasil
28/10, sábado
15h – Macunaíma
17h – Cabra Marcado para Morrer
19h30 – À Meia Noite Levarei Sua Alma
29/10, domingo
15h – Cinco Vezes Favela
17h – Cidade de Deus
19h30 – Cidade de Deus
30/10, segunda
16h – Limite
18h30 – O Bandido da Luz Vermelha
20h30 – O Cangaceiro
31/10, terça
16h – A Hora da Estrela
18h – Deus e o Diabo na Terra do Sol
20h30 – O Pagador de Promessas
01/11, quarta
16h – Carnaval Atlântida
18h – Macunaíma
20h – Cabra Marcado para Morrer
02/11, quinta
16h – Central do Brasil
18h30 – Dona Flor e Seus Dois Maridos
20h30 – À Meia Noite Levarei Sua Alma
03/11, sexta
16h – Cidade de Deus
19h – Limite
04/11, sábado
15h – O Pagador de Promessas
17h – O Cangaceiro
19h – Deus e o Diabo na Terra do Sol
05/11, domingo
15h – Marte Um
17h30 – A Hora da Estrela
19h30 – O Bandido da Luz Vermelha
06/11, segunda
16h – Carnaval Atlântida
18h – Dona Flor e Seus Dois Maridos
20h30 – Central do Brasil
07/11, terça
16h – Cinco Vezes Favela
18h – Marte Um
20h30 – Cidade de Deus
O SOL BRILHA NA IMENSIDADE
½
Diário de filmes 2023: 77
Mídia física: DVD (na caixa O Cinema de John Ford, da Versátil). Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: som original, sem legendas.
John Ford dizia que, entre seus próprios filmes, este era o seu preferido. São três histórias do Juiz Priest, personagem criado por Irvin S. Cobb, que Ford já tinha adaptado em Juiz Priest, de 1934. Aqui, o filme mescla três contos onde o juiz usa do bom senso e de humanidade para lidar com os problemas de sua cidadezinha do sul dos EUA. Em meio à disputa pela reeleição, ele defende um homem negro de um linchamento e lida com os problemas de uma jovem rejeitada pelo avô porque a mãe é uma prostituta, que reaparece na cidade após anos de ausência. São contos morais em uma comunidade idealizada, com questões sérias equilibradas com algumas escapadas bem humoradas, tudo bem ao estilo de Ford, com muita admiração por seu personagem central. Mas está longe do vigor dos realmente melhores trabalhos de Ford.
The Sun Shines Bright. Estados Unidos, 1953. Direção: John Ford. Elenco: Charles Winninger, Arleen Whelan, John Russell, Stepin Fetchit, Russell Simpson.
SPACE JAM – O JOGO DO SÉCULO
½
Diário de filmes 2023: 78
Onde ver (em 09/10/2023) – Mídia física: DVD, blu-ray (da Warner). Streaming: Prime Video, HBO Max, Now. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Amazon, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.
Pernalonga e o astro do basquete Michael Jordan coestrelando um filme acabou se revelando uma boa ideia (a parceria já havia sido “testada” em alguns comerciais de TV do tênis Air Jordan). O absurdo total da premissa (alienígenas vem raptar os Looney Tunes, estes os convencem a disputar um jogo de basquete valendo a liberdade eles e acabam sequestrando Jordan para que os ajude) foram combinados muito bem com elementos reais da vida do jogador: o período em que deixou o basquete para jogar beisebol. A graça tradicional do Pernalonga e seus amigos ganha referências modernas (Hortelino e Eufrazino parodiando “Pulp Fiction”, por exemplo) e o coelho ganha um interesse amoroso, Lola (que, infelizmente, não passa aqui de uma gostosa marrenta que joga bem basquete – a personagem viria a ter uma personalidade muito mais interessante na série “O Show dos Looney Tunes). No fim, é o filme é bem divertido e tem um merecido status nostálgico para muita gente.
SERPICO
⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2023: 130
Onde ver (em 09/10/2023) – Mídia física: DVD (da Versátil). Streaming: HBO Max. Aluguel ou compra digitais: Amazon, Apple TV/ iTunes.
Um dos grandes cineastas nova-iorquinos, Sidney Lumet capta e transmite, neste filme que está completando 50 anos este ano, o espírito que ficou celebrizado de Nova York daquele começo dos anos 1970: suja, bagunçada, meio hostil. Isso emoldura a trama (baseada em uma história real então muito recente) do tira honesto que só quer fazer seu trabalho, mas não suporta e resolve enfrentar o meio quase totalmente corrupto da polícia da cidade. Al Pacino agarra o personagem com todas as forças, um tipo que se destaca do seu meio não apenas por não aceitar propina, mas também pelo comportamento meio hippie, querer dialogar co as ruas, ter abertura para cultura refinada, como ouvir ópera ou assistir balé, leitura. Serpico é um idealista e talvez a trama fosse considerada idealizada em excesso se não estivesse pautada em uma história que estava nos jornais um ano antes. Nisso, o filme constrói bem o drama do homem sufocado por um esquema do qual ele teima em não fazer parte.
“Serpico”. Estados Unidos, 1973. Direção: Sidney Lumet. Elenco: Al Pacino, John Randolph, Jack Kehoe, Barbara Eda-Young, Cornelia Sharpe, Tony Roberts, M. Emmet Walsh, F. Murray Abraham.
A VINGANÇA DE MANON
Diário de filmes 2023: 68
Onde ver (em 23/8/2023) – Mídia física: DVD (da Versátil). Streaming: Não disponível no Brasil.
A segunda parte do díptico iniciado por Jean de Florette (lançados com três meses de diferença) se passa anos depois do primeiro filme e mostra a jovem Manon tomando consciência da armação que levou à morte de seu pai. E, a partir de certo momento, ela encontra o meio para se vingar dos proprietários de terra gananciosos. Mas a segunda parte da história também acrescenta peso à trama com a inclusão de revelações de segredos do passado que ressignificam dramaticamente o que se passou no primeiro filme. Outro acréscimo importante é o de Emmanuelle Béart, ainda em seus primeiros anos de carreira, aos 23 anos, e certamente uma das mulheres mais lindas de seu tempo (vencedora do César de atriz coadjuvante pelo papel). No mais, é uma adaptação literária bem cuidada, um tanto formal, bem típica do cinema francês.
Manon de Sources. Suíça/ Itália/ França, 1986. Direção: Claude Berri. Elenco: Yves Montand, Daniel Auteuil, Emmanuelle Béart, Hippolyte Giradot, Margarita Lozano.
JEAN DE FLORETTE
Diário de filmes 2023: 67
Onde ver (em 15/8/2023) – Mídia física: DVD (da Versátil). Streaming: não disponível no Brasil.
Primeira parte do díptico completado por A Vingança de Manon (1986), o filme segue uma tradição de bem cuidadas adaptações literárias francesas. A história segue dois homens que estão de olho em uma propriedade que conta com uma fonte de água. Quando acham que vão poder obtê-la por um preço baixo, aparece um herdeiro otimista com a obstinação de fazer o lugar prosperar. Yves Montand, Daniel Auteuil e Gérard Depardieu garantem as interpretações acima da média em uma trama de ganância que inclui uma falsa amizade com o objetivo de, na verdade, sabotar o forasteiro.
Jean de Florette. França/ Suíça/ Itália, 1986. Direção: Claude Berri. Elenco: Yves Montand, Gérard Depardieu, Daniel Auteuil, Elisabeth Depardieu.