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20 – ROMANCE NA ITÁLIA ou VIAGEM À ITÁLIA (Viaggio in Italia)
Mídia física: DVD, em edições da Versátil, Cinemax e Silver Screen. Streaming: Filmbox Plus. YouTube: legendado.

Terceiro longa da parceria cinematográfico-romântica entre Ingrid Bergman e o diretor Roberto Rossellini (descontado o segmento em Nós, as Mulheres), é o filme que tem aparecido do cineasta na lista dos 100 melhores da Sight and Sound. Aqui ele deixa um pouco de lado o neorrealismo, centrando o foco no casal britânico na Itália, com passeios por museus e ruínas que representam a desagregação desse casamento. O final pouco inspirado não chega a arranhar seriamente o filme.
Itália/ França. Direção: Roberto Rossellini. Roteiro: Vitaliano Brancati e Roberto Rossellini, com colaboração de Antonio Pietrangeli, baseado em romance de Collette. Elenco: Ingrid Bergman, George Sanders, Maria Mauban, Anna Proclemer.

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19 – GUERRA DOS MUNDOS (The War of the Worlds)
Mídia física: DVD, em edições da Obras-Primas e da Paramount. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.

Muitos foram os filmes sobre invasões alienígenas nos anos 1950, muitos ecoando a paranoia anticomunista da guerra fria. Essa adaptação do livro clássico de H.G. Wells vai menos nisso e conta a chegada dos extraterrestres como um terror mais global, com a ambientação atualizada e efeitos especiais que ganharam o Oscar. É um marco do gênero.
Estados Unidos. Direção: Byron Haskin. Roteiro: Barré Lyndon, baseado em romance de H.G. Wells. Elenco: Gene Barry, Ann Robinson, Les Tremayne, Robert Cornthwaite, Cedric Hardwicke (narração).

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18 – PETER PAN ou AS AVENTURAS DE PETER PAN (Peter Pan)
Mídia física: DVD, blu-ray, da Disney. Streaming: Disney Plus.

Ainda a versão mais conhecida do garoto que não queria crescer e que enfrenta o Capitão Gancho na Terra do Nunca. Animação no estilo mais clássico da Disney, ótimas canções, personagens cativantes e o sublime momento da viagem mágica das crianças à Terra do Nunca. No centro de tudo, a questão do crescer, representada em Wendy, a mocinha que quer resistir ao tempo, mas que tem se comportar como mãe dos Garotos Perdidos.
Estados Unidos. Direção: Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamlton Luske, e, não creditado, Jack Kinney. Roteiro: Ted Sears, Erdman Penner, Bill Peet, Winston Hibler, Joe Rinaldi, Milt Banta, Ralph Wright, William Cottrell   e, não creditado, Don Christensen, baseado em peça de J.M. Barrie. Vozes na dublagem original: Bobby Driscoll, Kathryn Beaumont, Hans Conried, Bill Thompson. Vozes na dublagem brasileira: Lauro Fabiano, Therezinha, Aloysio de Oliveira, Orlando Drummond.

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17 – O PREÇO DE UM HOMEM (The Naked Spur)
Mídia física: DVD (na coleção Cinema Faroeste – Vol. 11, da Versátil). Streaming: Não disponível no Brasil.

Terceiro faroeste da colaboração entre James Stewart e o diretor Anthony Mann. Jimmy é um personagem amargurado e obsessivo, tentando levar um assassino à Justiça para receber a recompensa. Mas as contingências o fazem ter que aceitar dois parceiros, aumentando a tensão dessa viagem. São apenas cinco atores, numa trama simples e direta, narrada com a perícia costumeira de Mann.
Estados Unidos. Direção: Anthony Mann. Roteiro: Sam Rolfe e Harold Jack Bloom. Elenco: James Stewart, Janet Leigh, Robert Ryan, Ralph Meeker, Millard Mitchell.

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16 – DUCK DODGERS NO SÉCULO 24½ (Duck Dodgers in the 24½th Century)
Mídia física: DVD (em Coleção Looney Tunes – Aventuras com Patolino e Gaguinho, da Warner). Streaming: HBO Max. Dailymotion: dublado.

Com um visual futurista antológico, este curta da Warner levou o Patolino ao futuro para “interpretar” um herói espacial vagamente inspirado por Buck Rogers. Em parceria com o Gaguinho, ele ruma para o Planeta X para tomar posse antes que, Marvin, o Marciano, o faça. O filme é um ponto alto na série com o pato em outros cenários e parodiando outros personagens famosos, como Sherlock Holmes ou Robin Hood.
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Voz na dublagem original: Mel Blanc.

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15 – INFERNO Nº17 (Stalag 17)
Mídia física: DVD, da Paramount. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

Num campo de prisioneiros, a morte de dois americanos que tentavam fugir acende a desconfiança entre os cativos: quem é o traidor entre eles, passando o serviço para os alemães? William Holden ganhou o Oscar de melhor ator com um personagem antipático, o diretor Otto Preminger comparece como ator e Billy Wilder conseguiu um grande sucesso do público unindo comédia, drama e suspense.
Estados Unidos. Direção: Billy Wilder. Roteiro: Billy Wilder e Edwin Blum, baseado na peça de Donald Bevan e Edmund Trzcinski. Elenco: William Holden, Don Taylor, Otto Preminger, Robert Strauss, Peter Graves.

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14 – ANJO DO MAL (Pickup on South Street)
Mídia física: DVD (na coleção Filme Noir – Vol. 1, da Versátil). Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

Um noir já no espírito da guerra fria, o filme escrito e dirigido por Samuel Fuller coloca um batedor de carteiras no meio de uma trama de espionagem quando toma posse de um microfilme importante. Começa aí um jogo de pressão e negociação. Fuller é o durão de sempre, menos no que diz respeito à personagem da monumental Thelma Ritter, merecedora da compaixão do diretor.
Estados Unidos. Direção: Samuel Fuller. Roteiro: Samuel Fuller, a partir do argumento de Dwight Taylor. Elenco: Richard Widmark, Jean Peters, Thelma Ritter, Murvyn Vye.

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13 – O CANGACEIRO
Mídia física: DVD, da Versátil. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: som original.

Primeiro sucesso internacional do cinema brasileiro, foi o cartão de visitas da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a partir da vistosa abertura ao som de “Mulher rendeira”. Bebendo na fonte do faroeste americano, ganhou o prêmio de filme de aventura em Cannes (naquele ano, filmes foram premiados também por gênero). É super melodramática a história do cangaceiro que entra em conflito com o chefe para proteger uma professorinha, mas um dos grandes filmes míticos nacionais.
Brasil. Direção: Lima Barreto. Roteiro: Lima Barreto, com diálogos de Rachel de Queiroz. Elenco: Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Zé do Norte.

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12 – MÔNICA E O DESEJO ou MONIKA E O DESEJO (Sommaren med Monika)
Mídia física: DVD, da Versátil. Streaming: Belas Artes a la Carte. YouTube: legendado.

Antes das narrativas mais densas, psicológicas ou místicas de O Sétimo Selo (1957), Morangos Silvestres (1957), O Silêncio (1962) ou Persona (1966), Ingmar Bergman fazia abordagens mais diretas como este “Mônica e o Desejo”, que completa 70 anos este ano. A trama é de um jovem casal de namorados que foge da vida sacrificada para um idílio de verão em uma ilha. Os dois resolvem simplesmente viver juntos longe de tudo, mas a realidade depois se impõe e uma série de dificuldades vão testar o relacionamento. O filme fez muito barulho no lançamento nos Estados Unidos por causa de uma cena de nudez (de costas) de Harriet Andersson, além de outros momentos insinuantes. O atrito entre a busca por liberdade (inclusive sexual) e a opressão da sociedade e suas regras é tratado em uma narrativa fácil de acompanhar.
Suécia. Direção: Ingmar Bergman. Roteiro: Per Anders Fogelström e, não creditado, Ingmar Bergman, baseado no romance de Fogelström. Elenco: Harriet Andersson, Lars Ekborg, Dagmar Ebbesen, Ake Fridell.

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11 – OS HOMENS PREFEREM AS LOIRAS (Gentlemen Prefer Blondes)
Mídia física: DVD, blu-ray, da Fox. Streaming: Star Plus.

“Diamonds are a girl’s best friend” é uma das grandes imagens do cinema, e Marilyn Monroe ainda era o segundo nome nos créditos, mas sairia deste filmes como estrela absoluta. Howard Hawks dirige uma comédia musical com duas mulheres se virando em um mundo masculino, em busca de um marido rico ou de sexo (mas se tiver um pouco de romance, melhor). Jane Russell faz um tipo mais cínico, enquanto Marilyn consagrava seu tipo que misturava inocência e sex appeal.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Charles Lederer, baseado no musical de Joseph Fields e Anita Loos. Elenco: Jane Russell, Marilyn Monroe, Charles Coburn, Elliott Reid, Tommy Noonan.

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10 – A UM PASSO DA ETERNIDADE (From Here to Eternity)
Mídia física: DVD, blu-ray, da Sony. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon.

Os dramas numa base militar americana, a partir do soldado que é pressionado a lutar boxe por seu pelotão, levando a conflitos cada vez mais violentos. Por outro lado, o filme ficou marcado pela cena intensa e então controversa de beijo entre Burt Lancaster e Deborah Kerr, os dois rolando na areia da praia. Mas essa base é Pearl Harbor, às vésperas do ataque japonês na II Guerra Mundial. Vencedor de 8 Oscars, incluindo melhor filme, direção e um prêmio de ator coadjuvante para Frank Sinatra que reergueu a carreira do ator-cantor.
Estados Unidos. Direção: Fred Zinnemann. Roteiro: Daniel Taradash, baseado no romance de James Jones. Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober, Ernest Borgnine, Jack Warden, George Reeves.

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9 – PATO FURIOSO (Duck Amuck)
Mídia física: DVD (na Coleção Looney Tunes – Aventuras com Patolino e Gaguinho, da Warner). Streaming: HBO Max. Vimeo: som original, dublado.

Patolino enfrenta uma batalha contra seu animador, que o apaga e o redesenha como quer. Obra-prima que ignora completamente a quarta parede e é um tour de force do personagem, que atua praticamente sozinho o tempo todo, sendo levado ao limite do desespero. E a maneira como brinca com a imagem e o som é bárbara. Não por acaso frequenta listas de melhores cartoons de todos os tempos.
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese, com diálogos de Ben Wansham (não creditado). Voz na dublagem original: Mel Blanc.

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8 – OS CORRUPTOS (The Big Heat)
Mídia física: DVD (solo, da Columbia, e na coleção Filme Noir – Vol. 2, da Versátil). Streaming: Belas Artes a la Carte, Looke, NetMovies.

O emblemático filme noir de Fritz Lang traz elementos narrativos que depois se tornaram clichês no gênero policial: Glenn Ford encara sozinho barões do crime de sua cidade, contrasta a brutalidade do trabalho com uma vida familiar tranquila, mistura justiça com vingança, tem que entregar distintivo e arma aos superiores quando insiste em investigar as coisas do seu jeito. Em um de seus primeiros papéis de destaque, Lee Marvin mostra a que veio e se põe à altura de Glenn Ford e da insinuante Gloria Grahame.
Estados Unidos. Direção: Fritz Lang. Roteiro: Sidney Boehm, baseado em história seriada de William P. McGivern. Elenco: Glenn Ford, Gloria Grahame, Jocelyn Brando, Alexander Scourby, Lee Marvin, Jeanette Nolan, Carolyn Jones.

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7 – AS FÉRIAS DO SR. HULOT (Les Vacances de Monsieur Hulot)
Mídia física: DVD (solo, em edições da Obras-Primas e da Cult Classic, e na caixa A Obra Completa de Jacques Tati, da Obras-Primas). Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

A estreia do personagem Sr. Hulot, um sujeito simpático e desengonçado que tem dificuldades para lidar com as praticidades do mundo. O cenário aqui é um balneário para onde muita gente vai em dias de verão, em um desfile de esquetes e situações, sem uma grande história central e praticamente sem diálogos. Eles só atrapalhariam o humor puramente visual de Jacques Tati.

Crítica de As Férias do Sr. Hulot:
Dispensando as palavras

França. Direção: Jacques Tati. Roteiro: Jacques Tati e Henri Marquet, com colaboração de Pierre Aubert e Jacques Lagrange. Elenco: Jacques Tati, Nathalie Pascaud, Micheline Rolla, Valentine Camax.

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6 – CONTOS DA LUA VAGA (Ugetsu Monogatari)
Mídia física: DVD (edição solo, da Lume, ou no digistack O Cinema de Mizoguchi, da Versátil). Streaming: Belas Artes a la Carte, Oldflix, Filmebox Plus. YouTube: som original, com legendas em inglês.

Dos anos em que o Ocidente estava descobrindo o cinema japonês, Contos da Lua Vaga, que completa 70 anos este ano, foi um dos seis vencedores do Leão de Prata no Festival de Veneza (não teve Leão de Ouro naquele ano) transportando o espectador para o Japão do século XVI para testemunhar uma trama de drama e amor em meio a uma guerra civil. Dois irmãos são obcecados por suas ambições e , por causa disso, põem em risco suas famílias. Um deixa a esposa para trás para tentar virar um samurai. Outro também relega a esposa enquanto quer vender mais de suas cerâmicas, se arriscando a ser capturado por um grupo inimigo ou por uma mulher misteriosa. Sedução, mistério e tragédia, além de um toque sobrenatural, estão entrelaçadas na narrativa de Mizoguchi, em um de seus últimos filmes – o cineasta morreu três anos depois.
Japão. Direção: Kenji Mizoguchi. Roteiro: Matsutarô Kawaguchi e Yoshikata Yoda, com diálogos de Isamu Yoshii, baseado em ideia de Hisakazu Tsuji e em contos de Akinari Ueda. Elenco: Masayuki Mori, Kinuyo Tanaka, Mitsuko Mito, Eitaro Ozawa, Machilko Kyo.

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5 – O SALÁRIO DO MEDO (Le Salaire de la Peur)
Mídia física: DVD, da New Line. Streaming: Não disponível no Brasil.

Um dos grandes clássicos do suspense mostra dois caminhões carregados de nitroglicerina atravessando uma estrada na América Latina, onde cada buraco na pista pode causar uma grande explosão que fará veículo e motoristas em pedaços. Depois de uma longa introdução em um vilarejo miserável, onde são apresentados os personagens, tão desesperados que aceitam a missão suicida em troca de uma bolada, vem a viagem, com tensão do início ao fim.
França/ Itália. Direção: Henri-Georges Clouzot. Roteiro: Henri-Georges Clouzot e Jérôme Géronimi, baseado no romance de Georges Arnaud. Elenco: Yves Montand, Charles Vanel, Folco Lulli, Peter van Eyck, Véra Clouzot.

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4 – A PRINCESA E O PLEBEU (Roman Holiday)
Mídia física: DVD, da Paramount. Streaming: Belas Artes a la Carte. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.

Gregory Peck insistiu para que o nome da iniciante Audrey Hepburn ocupasse um lugar ao lado do seu em destaque nos cartazes. Disse que não queria fazer papel de bobo com seu nome sozinho em destaque quando ela é que seria a verdadeira estrela do filme. O astro não se enganou: a história da princesa que, em visita oficial a Roma, foge dos chatos afazeres diplomáticos para viver um dia de garota comum na cidade deu o Oscar de melhor atriz a Audrey e fez dela estrela de primeira grandeza. A belíssima comédia romântica tira proveito das locações (na época ainda era raro Hollywood filmar em outros países) e William Wyler equilibra humor, romance, graça, um ar jovial, aproveita improvisos e um dramático e belo final.
Estados Unidos. Direção: William Wyler. Roteiro: Dalton Trumbo, Ian McLellan Hunter e John Dighton, a partir de argumento de Trumbo e Hunter. Elenco: Audrey Hepburn, Gregory Peck, Eddie Albert, Hartley Power.

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3 – A RODA DA FORTUNA (The Band Wagon)
Mídia física: DVD (edições da Warner e da Classicline). Streaming: Looke, NetMovies. Aluguel ou compra digitais: Apple TV/ iTunes.

O que Cantando na Chuva é para o cinema, A Roda da Fortuna é para o teatro. Os mesmos roteiristas criam a história do astro veterano dos musicais que é convidado para um espetáculo na Broadway. Mas um celebrado diretor pega esse espetáculo despretensioso para transformá-lo numa versão de Fausto. Cyd Charisse é a bailarina clássica também chamada para o show. Fazer essa colcha de retalhos funcionar, driblando as vaidades de todo mundo, é o desafio do grupo. Muito engraçado, com a direção brilhante de Minnelli, grandes canções e números espetaculares coreografados por Michael Kidd, como “Dancing in the dark”, dueto romântico no Central Park, e o clímax que parodia os romances policiais. Um grande catálogo dos talentos de todos os envolvidos, liderados por um Fred Astaire genial e até experimentando coisas novas na coreografia.
Estados Unidos. Direção: Vincente Minnelli. Roteiro: Betty Comden e Adolph Green, com colaboração Norman Corwin e Alan Jay Lerner. Elenco: Fred Astaire, Cyd Charisse, Oscar Levant, Nanette Fabray, Jack Buchanan, Ava Gardner.

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2 – OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (Shane)
Mídia física: DVD, blu-ray (da Paramount). Streaming: Globoplay/ Telecine, Oi Play.

Western seminal em que um homem chega do nada e ajuda uma família de lavradores contra poderosos pecuaristas que tentam expulsá-los. Shane tem um passado que tenta esquecer, se apaixona pela família, desperta a admiração de um garoto. Mas é empurrado de volta para a violência. Tiros são mostrados com som aumentado para realçar a força e também como ponto de vista do menino. Do personagem principal, pode-se apenas imaginar sobre o que viveu, o que talvez sinta pela esposa do amigo e a brutalidade fez a ele, tudo levando àquele final comovente.
Estados Unidos. Direção: George Stevens. Roteiro: A.B. Guthrie Jr., com diálogos adicionais de Jack Sher, baseado no romance de Jack Schaefer. Elenco: Alan Ladd, Van Heflin, Jack Warden, Brandon De Wilde, Jack Palance, Ben Johnson, Elisha Cook Jr.

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1 – ERA UMA VEZ EM TÓQUIO ou VIAGEM A TÓQUIO (Tokyo Monogatari)
Mídia física: DVD (no digistack O Cinema de Ozu – Vol. 1, da Versátil). Streaming: Belas Artes a la Carte, FilmBox Plus. YouTube: legendado.

O rigor narrativo e estético do japonês Ozu está mais uma vez a serviço de um drama familiar. Acompanhamos um casal idoso, que viaja a Tóquio para rever os filhos. Mas os filhos acabam não dando tanta atenção aos pais, que recebem um pouco mais de carinho da nora viúva. A câmera baixa, quase sem movimentos, os planos e contraplanos com personagens falando diretamente para a câmera, os planos de corredor e de paisagem, o tom sereno da consciência de que a vida inexoravelmente segue em frente. São emoções profundas contadas de uma maneira minimalista, em um filme sempre citado entre os melhores de todos os tempos.
Japão. Direção: Yasujiro Ozu. Roteiro: Kogo Noda e Yasujiro Ozu. Elenco: Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara, Haruko Sugimura, So Yamamura, Kuniko Miyake, Kyoko Kagawa.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico.

HATARI!
⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2023: 9
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

Howard Hawks levou seu time para a Tanzânia a fim de contar as aventuras e comédias de um grupo de profissionais que captura animais para zoológicos do mundo. É, claro, datado em termos de ecologia e representatividade racial, mas é cinema como uma aventura em si mesmo, com os atores participando da ação com girafas e rinocerontes, liderados por John Wayne, e Elsa Martinelli adotando três bebês elefantes (Henry Mancini, na trilha, compôs a “Baby elephant walk”, ou “O passo do elefantinho”). É quintessencial da obra de Hawks: profissionais que correm perigo para fazer o que têm que fazer e a mulher bonita de fora que aparece para bagunçar o coreto.

Crítica de Hatari!:
A quintessência de Howard Hawks

Os 20 melhores filmes de 1962

Hatari!. Estados Unidos, 1962. Direção: Howard Hawks. Elenco: John Wayne, Elsa Martinelli, Hardy Kruger, Red Buttons, Gérard Blain, Michèle Girardon.

HATARI!
⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2023: 9
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

A quintessência de Howard Hawks

Nos créditos de abertura, Hatari! agradece ao governo e ao povo de Tanganica e também aos animais selvagens. Filmado nessa região do norte da África que logo se tornaria um país independente (a Tanzânia), o filme de Howard Hawks deve mesmo muito ao elenco animal de seu filme. O diretor americano levou sua trupe para o continente a fim de contar as aventuras e comédias de um grupo de profissionais que captura animais para zoológicos do mundo. E colocou John Wayne e companhia no meio de rinocerontes em disparada, girafas, elefantes, búfalos.

Dá para perceber que não é só um filme de aventura, a própria filmagem foi uma aventura, isso é a razão de ser e do fascínio do filme. É bastante longo (2h37) mais para acomodar toda a ação envolvendo as seguidas capturas que as tramas de personagens que as entremeiam. Há uma rivalidade entre dois integrantes da equipe, a disputa de dois homens (e depois três) pela mesma mulher, o relacionamento conflituoso do personagem de Wayne com a de Elsa Martinelli, o grupo se virando para lidar com avestruzes fujões ou bebês elefantes esfomeados.

São tramas leves e simpáticas, uma antessala para o que realmente interessa ao filme. Não por acaso, o filme começa direto na ação, antes mesmo do título, em que um dos caçadores se dá mal e o rinoceronte sai vitorioso do duelo. Só depois é que os personagens começam a ser apresentados. A primeira coisa a que o espectador é apresentado, na verdade, é ao perigo da profissão e ao profissionalismo daquele grupo.

O filme possui até um quociente de improviso. Hawks dizia que não adiantava escrever um roteiro detalhado com antecedência porque não dava para determinar o que um rinoceronte iria fazer na cena. De fato, quando a captura é feita, ele escapa, e os personagens precisam recapturá-lo – e o diretor deixou a cena assim. A roteirista Leigh Brackett teve que costurar de maneira coerente as cenas de ação. Ela sabia onde estava pisando: era seu terceiro (de cinco) roteiros para Howard Hawks.

Hatari! é, claro, datado em termos de ecologia e representatividade racial. Mas, além da ética de se ter animais em zoológicos não ser uma questão nos anos 1960, para as plateias que mal conheciam a África ver esses animais em ação era, sem dúvida, uma atração que o cinema (em Technicolor e tela larga) poderia mostrar como nenhum outro meio na época. Os caçadores de Hatari! precisam capturar os animais vivos, o que, sem dúvida, torna a ação mais complexa e espetacular – cenas que não seriam permitidas hoje em dia.

E, além de filmar no local real, Hawks mostra o máximo que pode os atores realizando as proezas do filme – segundo o diretor, sem dublês. É algo bem diferente, em termos de espetáculo, do que, por exemplo, Tarzan, o Filho das Selvas (1932) que, 30 anos antes, colocava os atores numa África de estúdio ou, no máximo, frente a back projections com imagens de tribos locais, num efeito muitas vezes bem precário.

Wayne lidera um elenco internacional, com franceses (Gérard Blain e Michéle Girardon), um alemão (Hardy Krüger) e uma italiana (Martinelli), além de outros americanos (Red Buttons, Bruce Cabot e Valentin de Vargas). Aqui, salta os olhos o fato de que, em um grupo de atores com tantas nacionalidades, não há um africano sequer na equipe principal, ou com falas relevantes. Ao menos não há um personagem chamando-os de “macacos que recém desceram das árvores”, como no italiano O Eclipse, do mesmo ano.

O personagem de Wayne, Sean, é o chefe inequívoco, a ponto de rebatizar ao modo americano o francês Charles (Blain) como “Chips” e a italiana Anna Maria D’Alessandro (Martinelli) como “Dallas”. Ainda que a dona da companhia (Girardon) seja francesa – o filme não diz, mas seu nome, Brandy, pode ser uma apelido que ganhou da mesma forma.

O filme também é bastante representativo da obra de Hawks. Ele usou de maneira recorrente a trama de profissionais que correm perigo (“hatari” significa “perigo” em swahili) para fazer o que têm que fazer e a mulher bonita de fora que aparece para bagunçar o coreto. Sean e seu grupo trabalham bem, mas a chegada da fotógrafa Dallas incomoda Wayne. Ela não é daquele mundo, não é uma profissional como eles, só vai atrapalhar o trabalho (Brandy, que tem seu espaço ali sem ser contestado, é considerada “um dos rapazes”). Essa dinâmica já havia aparecido em Paraíso Infernal (1939), Rio Vermelho (1948) e Onde Começa o Inferno (1959).

Apesar do estranhamento, surgirá o romance entre Sean e Dallas, claro. Mas, mais do que isso, ela vai se integrar e fazer o chefe durão rever alguns conceitos. O exemplo maior é quando a fotógrafa impede a morte de um bebê elefante e o adota (e depois mais dois), contrariando Sean. Autor da trilha sonora, Henry Mancini acabou criando a música “Baby elephant walk” para essas cenas. Nem deve ter imaginado o sucesso que faria com ela, que foi regravada inúmeras vezes (aqui no Brasil ficou conhecida como “O passo do elefantinho”).

Red Buttons, por sua vez, encarna o coadjuvante que aumenta o tom da comédia, como Walter Brennan já havia sido em Onde Começa o Inferno. Seu Pockets se encaixou bem na dinâmica de Hawks, entre Wayne e Martinelli, tendo, inclusive, uma trama para chamar de sua. No quesito humor, ele tem uma competição difícil com o carismático trio de elefantinhos. No final, eles participam com destaque quando Dallas é que passa a ser caçada, quando resolve ir embora, pelos companheiros querem fazê-la desistir (incluindo os pequenos paquidermes).

Esses elementos são a quintessência do diretor. Assinando grandes comédias e grandes aventuras, e sendo um aventureiro na vida real, Howard Hawks sintetiza bem a si mesmo em Hatari!.

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HATARI! Hatari! Estados Unidos. 
Direção: Howard Hawks. Roteiro: Leigh Brackett, a partir de argumento de Harry Kurnitz. Elenco: John Wayne, Elsa Martinelli, Hardy Kruger, Red Buttons, Gérard Blain, Michèle Girardon, Bruce Cabot, Valentin de Vargas.

20 – O PROCESSO (Le Procès)
Mídia física: DVD (só e na coleção O Cinema de Orson Welles). Streaming: Globoplay/ Telecine, Looke, NetMovies, Oi Play.

Orson Welles perambulava pela Europa atrás de quem financiasse seus filmes e, aqui, ele dá sua versão para o clássico literário de Kafka. Mergulhou a trama do burocrata que acorda acusado de um crime que não sabe qual é em uma ambientação expressionista, evocando um pesadelo. Filmado em vários países, o filme resultou visualmente fascinante.
França/ Itália/ Alemanha Ocidental. Direção: Orson Welles. Roteiro: Orson Welles, com adaptação e diálogos por Pierre Cholot, baseado em romance de Franz Kafka. Elenco: Anthony Perkins, Arnoldo Foà, Orson Welles, Jeanne Moreau, Romy Schneider, Elsa Martinelli, Akim Tamiroff.

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19 – O ASSALTO AO TREM PAGADOR
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: som original.

A partir de impressionante um assalto real (os “entendidos” diziam que só poderia ter sido coisa de bandido estrangeiro), o filme conta o depois: a investigação da polícia, mas principalmente como aquele dinheiro mexeu com a vida dos ladrões, considerando que o combinado era não dar na vista gastando a bolada. Usando várias locações onde as coisas de fato aconteceram, é narrado com a perícia costumeira de Roberto Farias.
Brasil. Direção: Roberto Farias. Roteiro: Roberto Farias, a partir de argumento de Alinor Azevedo e Luiz Carlos Barreto. Elenco: Eliezer Gomes, Reginaldo Faria, Jorge Dória, Átila Iório, Ruth de Souza, Helena Ignez, Luiza Maranhão, Grande Otelo, Dirce Migliaccio.

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18 – LOLITA (Lolita)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: HBO Max, Oldflix. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon.

Kubrick mexeu num vespeiro ao filmar a história de um professor de meia idade que se apaixona por uma menina de 14 anos. Mesmo com Kubrick produzindo de maneira independente na Inglaterra, o tema explosivo foi amenizando até onde deu. A relação entre Humbert Humbert (vivido por um bravo James Mason) e Lolita nunca é gráfica e basicamente quase sempre insinuada. A história desconcertante é narrada num belo preto-e-branco e ancorada nos seguros James Mason e Shelley Winters, na beleza de Sue Lyon e em Peter Sellers roubando a cena.
Reino Unido/ Estados Unidos. Direção: Stanley Kubrick. Roteiro: Vladimir Nabokov e, não creditados, Stanley Kubrick e James B. Harris, baseado em romance de Nabokov. Elenco: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters, Peter Sellers, Gary Cockrell.

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17 – 007 CONTRA O SATÂNICO DR. NO (Dr. No)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Amazon Prime Video. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.

O primeiro James Bond, aquele que inaugurou a franquia que já passa dos 25 filmes. Já há aqui a abertura com o tiro na tela, a música-tema, o “Bond. James Bond”, as locações exóticas e Connery personificando o agente secreto à perfeição. Mas Ursula Andress saindo do mar de biquini e faca na cintura é a principal imagem.
Reino Unido. Direção: Terence Young. Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, Berkely Mather e Terence Young (não creditado), com tratamento não creditado de Wolf Mankowitz, baseado em romance de Ian Fleming. Elenco: Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Weiseman, Jack Lord, Bernard Lee, Eunice Gayson, Lois Maxwell.

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16 – A INFÂNCIA DE IVAN (Ivanovo Detstvo)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Belas Artes a la Carte. YouTube: legendado em inglês.

Considerando a carreira de Tarkovsky, este seu primeiro filme é bem menos “difícil”. Ainda não há tanto da contemplação quase espiritual, mas já há planos muito inspirados nesta aventura de guerra, como o do beijo sobre uma vala. Mas a história é a do sofrido menino Ivan, que trabalha como batedor para o exército soviético contra os nazistas e não aceita deixar o perigoso serviço, e os três soldados que se afeiçoam a ele.
União Soviética, 1962. Direção: Andrei Tarkovsky e, não creditado, Eduard Abalov. Roteiro: Vladimir Bogomolov, Mikhail Papava e, não creditados, Andrei Tarkovsky e Andrei Konchalovskiy, baseado em conto de Bogomolov. Elenco:  Nikolay Burlyaev, Valentin Zubkov, Evgeniy Zharikov, Stepan Krylov, Valentina Malyavina, Irina Tarkovskaya.

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15 – A FACA NA ÁGUA (Nóz w Wodzie)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte. YouTube: legendado.

Primeiro filme de Polanski, que joga três personagens num embate psicológico dentro de um barco, quando um casal dá carona a um rapaz no caminho da marina. Feito ainda na Polônia, constrói um clima claustrofóbico mesmo em mar aberto e o elenco responde bem. E que atriz bonita é Jolanta Umecka, que entra em cena numa imagem clichê meio intelectual e se revela a bordo.
Polônia. Direção: Roman Polanski. Roteiro: Jakub Goldberg, Roman Polanski e Jerzy Skolimowski. Elenco: Leon Niemczyk, Jolanta Umecka, Zygmunt Malanowicz.

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14 – HATARI! (Hatari!)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

Howard Hawks levou seu time para a Tanzânia a fim de contar as aventuras e comédias de um grupo de profissionais que captura animais para zoológicos do mundo. É, claro, datado em termos de ecologia e representatividade racial, mas é cinema como uma aventura em si mesmo, com os atores participando da ação em meio a girafas e rinocerontes, liderados por John Wayne. Tem Elsa Martinelli adotando três bebês elefantes ao som de Henry Mancini (“Baby elephant walk”, ou “O passo do elefantinho”, virou um grande sucesso). Com roteiro meio improvisado (“Não dá para escrever antes o que um rinoceronte vai fazer”, diria depois o diretor), é quintessencial da obra de Hawks: profissionais que correm perigo para fazer o que têm que fazer e a mulher bonita de fora que aparece para bagunçar o coreto.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Leigh Brackett, a partir de argumento de Harry Kurnitz. Elenco: John Wayne, Elsa Martinelli, Hardy Kruger, Red Buttons, Gérard Blain, Michèle Girardon.

Crítica de Hatari!:
A quintessência de Howard Hawks

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13 – SOB O DOMÍNIO DO MAL (The Manchurian Candidate)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

No auge da guerra fria, este thriller parte da paranoia anticomunista para alertar sobre o fascismo dentro do próprio país. Começa com um soldado atormentado por pesadelos que vai se lembrando de uma lavagem cerebral sofrida nas mãos dos comunistas na Guerra da Coreia. Eles talvez estejam controlando um ex-colega que pode influir nos rumos do país.
Estados Unidos. Direção: John Frankenheimer. Roteiro: George Axelrod, com John Frankenheimer (não creditado), baseado em romance de Richard Condon. Elenco: Frank Sinatra, Laurence Harvey, Janet Leigh, Angela Lansbury, Henry Silva, Leslie Parrish.

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12 – SANJURO (Sanjuro)
Mídia física: DVD (na edição Yojimbo/ Sanjuro). Streaming: Não disponível no Brasil.

A continuação de Yojimbo surgiu com a adaptação de um roteiro que não era originalmente com o samurai errante do primeiro filme. O sucesso do original fez o estúdio pedir uma sequência, então Kurosawa fez esse rearranjo: agora ele aparece do nada oara ajuda um grupo de samurais a desbaratar uma rede de corrupção dentro do clã deles.
Japão. Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Ryuzo Kikoshima, Hideo Oguni e Akira Kurosawa, baseado em romance de Shugoro Yamamoto. Elenco: Toshiro Mifune, Tatsuya Nakadai, Keiju Kobayashi.

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11 – O ECLIPSE (L’ Eclisse)
Mídia física: DVD. Streaming: Oldflix.

A trilogia (informal) da incomunicabilidade parece ter caminhado para uma narrativa menos hermética. Bem, ao menos na maior parte deste terceiro filme. Antonioni se concentra na mulher recém-separada que tem dificuldade em se relacionar de novo, sem conseguir explicar o porquê, e o homem materialista, operador da bolsa de valores de Roma. Em volta deles, o espaço tão bem filmado por Antonioni, seja das ruas ou dentro do pregão ou dos apartamentos. O espaço é tão importante que é ele o protagonista nos desconcertantes minutos finais do filme.
Itália/ França. Direção: Michelangelo Antonioni. Roteiro: Michelangelo Antonioni e Tonino Guerra, com colaboração de Ellio Bartolini e Ottiero Ottieri. Elenco: Monica Vitti, Alain Delon, Francisco Rabal, Lilla Brignone.

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10 – O PAGADOR DE PROMESSAS
Mídia física: DVD. Streaming: Globoplay. YouTube: som original.

O impasse ideológico-religioso quando um lavrador insiste em depositar uma enorme cruz no altar da Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, e o padre o impede quando sabe que a promessa foi feita num terreiro de candomblé e para salvar a vida de um burro. É uma narrativa precisa da peça de Dias Gomes, aproveitando o que pode, como cenário, das ruas de Salvador e das poderosas escadaria e fachada da igreja. Há todo um caldeirão social soteropolitano representado, emoldurando os dramas pessoais dos personagens, num filme que levou a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado ao Oscar de filme de língua não inglesa.
Brasil. Direção: Anselmo Duarte. Roteiro: Anselmo Duarte, com adaptação e diálogos de Dias Gomes, baseado em peça de Gomes. Elenco: Leonardo Vilar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo del Rey, Roberto Ferreira, Norma Bengell, Othon Bastos, Antonio Pitanga.

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9 – UMA MULHER PARA DOIS ou JULES E JIM – UMA MULHER PARA DOIS (Jules et Jim)
Mídia física: DVD. Streaming: Globoplay/ Telecine. YouTube: legendado.

Inquieto como a juventude, Jules e Jim é um dos filmes que se mostra mais apaixonado por sua atriz. Jeanne Moreau desperta a paixão de dois amigos que logo estarão em lados opostos na guerra. O filme congela sua imagem no tempo e no espaço, a põe para apostar corrida em uma ponte vestida de homem. O filme se tornou uma das principais obras da nouvelle vague.
França. Direção: François Truffaut. Roteiro: François Truffaut e Jean Gruault, baseado em Henri-Pierre Roché. Elenco: Jeanne Moreau, Oskar Werner, Henri Serre, Vanna Urbino.

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8 – O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE? ou O QUE ACONTECEU COM BABY JANE? (What Ever Happened to Baby Jane?)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: HBO Max. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Amazon.

Colocar duas veteranas e grandes atrizes para duelar neste conto macabro acabou gerando todo um subgênero nos anos 1960. Bette Davis e Joan Crawford eram rivais e se detestavam, o que deixou ainda mais forte a trama da irmã que mergulha na loucura por nunca ter se libertado de seu passado de sucesso como atriz infantil e tortura a irmã que foi uma atriz adulta de sucesso, mas agora está numa cadeira de rodas. Mas há algo por trás dessa história.
Estados Unidos. Direção: Robert Aldrich. Roteiro: Lukas Heller, baseado no romance de Henry Farrell. Elenco: Bette Davis, Joan Crawford, Victor Buono, Maidie Norman, Wesley Addy.

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7 – O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN (The Miracle Worker)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Apple TV/ iTunes, Amazon. YouTube: legendado, dublado.

A impressionante história real de Helen Keller, menina cega e surda, e da professora Anne Sullivan, mais que determinada a ensiná-la a se comunicar. Fazê-la entender que as coisas têm nome é um grande desafio, que vai acompanhar toda a saga do relacionamento entre elas. Anne Bancroft ganhou o Oscar de melhor atriz e Patty Duke, o de atriz coadjuvante as duas reviveram os papéis que haviam interpretado nos palcos. O filme é mesmo das duas atrizes, embora muito bem dirigido por Penn (que dedicou, por exemplo, vários minutos a uma luta corporal em torno de boas maneiras à mesa).
Estados Unidos. Direção: Arthur Penn. Roteiro: William Gibson, baseado em sua própria peça e na autobiografia de Helen Keller. Elenco: Anne Bancroft, Patty Duke, Inga Swenson, Andrew Pine.

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6 – O SOL É PARA TODOS (To Kill a Mockingbird)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Apple TV/ iTunes, Amazon.

Pela visão dos dois filhos pequenos, acompanhamos a história do advogado que defende no tribunal um homem negro da acusação de estupro de uma mulher branca. É a visão das crianças da turbulência racista na pequena cidade onde vivem e, em margem mais ampla, da noção de injustiça e justiça (e justiça de modo torto) do mundo. Quando o American Film Institute fez uma eleição para definir o maior herói do cinema americano, Atticus Finch venceu, deixando Indiana Jones em segundo lugar. As duas tramas paralelas o julgamento e as aventuras das crianças, principalmente envolvendo um vizinho misterioso se entrelaçam. Oscar de melhor ator para Peck, que interpreta um discurso de seis minutos num único take.
Estados Unidos. Direção: Robert Mulligan. Roteiro: Horton Foote, baseado no romance de Harper Lee. Elenco: Gregory Peck, Mary Badham, Phillip Alford, Estelle Evans, Robert Duvall, Brock Peters.

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5 – O ANJO EXTERMINADOR (El Ángel Exterminador)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte, Filmbox Plus.

Gente muito fina estica uma noitada na casa de um dos casais. Mas os empregados, com exceção do mordomo, foram embora apressados pouco antes, como se estivessem num navio prestes a afundar. Com o avançar das horas, percebe-se que ninguém consegue sair do salão onde estão. Os dias se passam e essa gente elegante vai gradualmente perdendo a civilidade no confinamento, nesta obra-prima de Buñuel, o grande nome do surrealismo no cinema. Em sua fase mexicana, o diretor espanhol entregou esse clássico que não entrega explicações, mas oferece um espetáculo da decadência.
México. Direção: Luis Buñuel. Roteiro: Luís Buñuel, baseado em roteiro anterior de Buñuel e Luis Alcoriza. Elenco: Silvia Pinal, Augusto Benedico, Enrique Ramball, Patricia de Morelos, Ofelia Montesco, Xavier Massé.

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4 – A ROTINA TEM SEU ENCANTO (Sanma No Aji)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

O último filme de Yasujiro Ozu é um apurado de seu cinema: o dia a dia das relações familiares, a câmera baixa, nenhum movimento de câmera, uma certo fascínio pela vida comum. Isso emoldura o dilema de um pai que começa a perceber que talvez sua filha esteja deixando de lado planos de uma vida independente para cuidar dele na velhice.
Japão. Direção: Yasujiro Ozu. Roteiro: Kogo Noda e Yasujiro Ozu. Elenco: Chishu Ryu, Shima Iwashita, Keiji Sada, Mariko Okada.

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3 – CLÉO DAS 5 ÀS 7 (Cléo de 5 à 7)
Mídia física: DVD (só e no digipack Agnès Varda). Streaming: Globoplay/ Telecine.

Duas horas cruciais na vida de uma mulher, em que ela espera o resultado de um exame. Em tempo real, Agnès Varda mostra as andanças dessa cantora que revê sua vida e suas relações. Paris é muito presente no cenário e também o próprio cinema, até com participações de Godard e sua musa Anna Karina, em uma narrativa episódica e intimista.
França/ Itália. Direção e roteiro: Agnès Varda. Elenco: Corinne Marchand, Antoine Bourseiller, Dominique Davray, Michel Legrand, José Luis de Villalonga, Jean-Luc Godard, Anna Karina.

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2 – O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (The Man Who Shot Liberty Valance)
Mídia física: DVD, blu-ray (só e na coleção Ford Essencial). Streaming: Globoplay/ Telecine.

John Ford joga com os mitos do velho oeste ao colocar um advogado pacifista na mira de um bandido cruel. A chegada da civilização à cidade, representada pela imprensa, a escola e eleições, tem resistência da brutalidade e dos fora-da-lei. James Stewart e John Wayne duelam não abertamente pela mocinha Vera Miles, Lee Marvin é um vilão que adora o que faz e o filme contrapõe jornalistas que dizem “aqui é o oeste: quando a lenda se torna verdade, publicamos a lenda” com outro que se põe em risco para publicar um fato porque “isso é notícia e eu sou um jornalista”. Um dos maiores mitificadores do western, Ford é revisionista acerca da própria obra e realizou um dos seus maiores clássicos. Seu clímax foi até copiado pela novela Roque Santeiro!
Estados Unidos. Direção: John Ford. Roteiro: James Warner Bellah e Willis Goldbeck, baseado no conto de Dorothy M. Johnson. Elenco: James Stewart, John Wayne, Lee Marvin, Vera Miles, Edmond O’Brien, Andy Devine, John Carradine, Woody Strode, Lee Van Cleef.

Crítica de O Homem que Matou o Facínora:
A verdade e a lenda

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1 – LAWRENCE DA ARÁBIA (Lawrence of Arabia)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Amazon, Microsoft Store.

Um monumento do cinema. Para contar a história do militar inglês que trabalhou para unir tribos árabes para enfrentarem juntas os turcos no front do Oriente Médio da I Guerra Mundial, David Lean levou sua equipe inteira ao deserto, filmou em regiões que ficavam a dias da civilização, colocando na terra uma vastidão de deserto intocado. No centro de tudo, um personagem carismático, controverso e megalomaníaco em uma atuação antológica de Peter O’Toole. O resultado é um dos mais impressionantes épicos já lançados nas telas. A direção de fotografia de Freddie Young ressalta passagens incríveis como o apagar de um fósforo sucedido pelo sol nascendo no horizonte do deserto. Ou a aparição de Omar Sharif como uma miragem. A trilha inesquecível de Maurice Jarre emoldura os atores montados em camelos saindo de trás das dunas. Um espetáculo, no sentido mais preciso do termo.
Reino Unido. Direção: David Lean. Roteiro: Robert Bolt e Michael Wilson. Elenco: Peter O’Toole, Alec Guinness, Anthony Quinn, Jack Hawkins, Omar Sharif, José Ferrer, Anthony Quayle, Claude Rains, Arthur Kennedy.

Crítica de Lawrence da Arábia:
épico digno do nome

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico.

10 – O VAMPIRO (Vampyr)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

Ainda é uma oportunidade de ver o vampirismo no cinema sem a influência do Drácula vivido por Bela Lugosi. O filme ainda está visivelmente na transição entre o mudo e o sonoro, com muitas cartelas, poucos diálogos e muitas inspirações visuais.
Alemanha/ França. Direção: Carl Theodor Dreyer. Roteiro: Christen Jul e Carl Theodor Dreyer, baseado no romance de Sheridan Le Fanu. Elenco: Julian West, Maurice Schutz, Rena Mandel, Sybille Schmitz, Jan Hieronimko.

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9 – TARZAN, O FILHO DAS SELVAS (Tarzan, the Ape Man)
Mídia física: DVD (só e na Coleção Tarzan). Streaming: não disponível no Brasil.

Primeiro da série de Tarzan com o campeão de natação Johnny Weissmuller, mostrando o encontro do homem-macaco com a jovem inglesa Jane. Mesmo com as limitações técnicas da época, tem aroma e sabor de grande aventura. Weissmuller e Maureen O’Sullivan continuam os atores definitivos nos personagens, com uma química sexual ainda não seria tolhida pelo Código Hays e que iria ainda mais longe no segundo filme. E o filme consagrou para a história o grito característico do herói e também a chipanzé Cheeta.
Estados Unidos. Direção: W.S. Van Dyke. Roteiro: Cyril Hume e Ivor Novello, baseado no romance de Edgar Rice Burroughs. Elenco: Johnny Weissmuller, Maureen O’Sullivan, Neil Hamilton, C. Aubrey Smith.

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8 – FLORES E ÁRVORES (Flowers and Trees)
Mídia física: DVD (na coleção Disney Treasures – Silly Symphonies). Streaming: Disney Plus. YouTube: som original.

Primeira animação colorida, primeiro filme em Technicolor de três cores e primeiro premiado com o Oscar de melhor curta de animação, este exemplar da série Silly Symphonies, da Disney, é histórico e abriu caminho para a produção de Branca de Neve e os Sete Anões, cinco anos depois.
Estados Unidos. Direção: Burt Gillett. Roteiro: não creditado. Vozes na dublagem original: Clarence Nash, Pinto Colvig.

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7 – BOUDOU SALVO DAS ÁGUAS (Boudu Sauvé des Eaux)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

Um vagabundo é salvo de um afogamento por um livreiro classe média alta. Ao acolhê-lo, a vida pequena burguesa da família é posta de pernas para o ar. Iconoclasta e sexualmente atrevido, a comédia causou escândalo entre puritanos da época.
França. Direção: Jean Renoir. Roteiro: Jean Renoir e Albert Valentin, baseado na peça de René Fauchois. Elenco: Michel Simon, Charles Granval, Marcelle Hainia, Sévérine Lerczinska.

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6 – LOUCURA AMERICANA (American Madness)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

É muito Frank Capra este história de um gerente de banco que tenta conter o caos quando, após um assalto, os correntistas correm ao local para retirar seu dinheiro – que o banco não tem no cofre porque está tudo emprestado. Realizado entre a quebra da Bolsa de 1929 e o New Deal, é um comentário sobre a Grande Depressão no calor da hora.
Estados Unidos. Direção: Frank Capra e, não creditados, Allan Dwan e Roy William Neill. Roteiro: Robert Riskin. Elenco: Walter Huston, Pat O’Brien, Kay Johnson, Constance Cummings, Gavin Gordon, Arthur Hoyt, Sterling Holloway.

Crítica de Loucura Americana:
Humanismo no calor da hora

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5 – AMA-ME ESTA NOITE (Love me Tonight)
Mídia física: DVD. Streaming: Pluto TV.

Mamoulian começa seu filme com uma sinfonia de sons cotidianos da cidade. Depois faz a antológica “Isn’t romantic?” viajar de pessoa em pessoa da capital a uma propriedade no interior, unindo dois predestinados a se amar. Essa ligação vai servir a uma comédia de erros em que um alfaiate é confundido com um nobre e se apaixona por uma princesa. Com uso inventivo de som e imagem, o diretor assina um filme que ajudou o cinema sonoro a avançar. E ainda tem lances atrevidos, que obrigou a cortes quando o filme foi relançado sob o Código Hays.
Estados Unidos. Direção: Rouben Mamoulian. Roteiro: Samuel Heffenstein, George Marion Jr. e Waldemar Young, baseado na peça de Léopold Marchand e Paul Armont. Elenco: Maurice Chevalier, Jeanette MacDonald, Charles Ruggles, Myrna Loy, Charles Butterworth, C. Aubrey Smith.

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4 – ENTREGA A DOMICÍLIO ou DOIS MÚSICOS DESAFINADOS (The Music Box)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: não disponível no Brasil. YouTube: legendado, dublado.

Uma ideia simples rendeu um antológico curta de O Gordo e o Magro, vencedor do Oscar de melhor curta de comédia: a dupla precisa entregar um piano em uma casa no alto de uma longa escadaria. Naturalmente, o piano sempre descarrila escada abaixo por mais esforço que os dois amigos façam – numa espécie de paródia hilariante do mito de Sísifo.
Estados Unidos. Direção: James Parrot. Roteiro: H.M. Walker. Elenco: Stan Laurel, Oliver Hardy, Billy Gilbert.

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3 – O FUGITIVO (I Am a Fugitive from a Chain Gang)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

A Warner era conhecida na época por abordar as feridas sociais e este é um de seus principais representantes. Paul Muni é um veterano de guerra que troca um emprego seguro para tentar virar um engenheiro trabalhando em construções pelo país. Mas a Grande Depressão logo o coloca em dificuldades: sem emprego e sem dinheiro. Enganado, acaba preso e mandado a uma prisão de trabalhos forçados. As condições desumanas denunciadas aqui ajudaram a expor essa realidade da violência do Estado e a mudar leis. A cena final, com Muni entrando nas sombras para dizer a última frase, é soberba.
Estados Unidos. Direção: Mervyn LeRoy. Roteiro: Howard J. Green, Brown Holmes, Sheridan Gibney e Robert E. Burns. Elenco: Paul Muni, Glenda Farrell, Helen Vinson.

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2 – LADRÃO DE ALCOVA (Trouble in Paradise)
Mídia física: DVD (só e no digipack Ernst Lubitsch). Streaming: não disponível no Brasil

Nestes anos ainda pré-código Hays, Ernst Lubitsch podia ser atrevido e fazer um filme como esse, cheio de insinuações sexuais que qualquer um sacava fácil. Logo quando o título original aparece, surgem as palavras “Trouble in” e “Paradise” demora um pouco mais, para o público ver a imagem de uma cama no lugar (logo, “confusão na cama”). Miriam Hopkins e Herbert Marshall se seduzem num jantar, fingindo que são milionários, mas logo descobrem que ambos são golpistas. E tudo bem: bater a carteira um do outro faz parte da sedução. Eles planejam um golpe em uma milionária, mas as coisas se complicam quando a vítima mostra interesse no golpista. Quando a sombra dos dois aparece na cama, o público sabe que a coisa é séria. Dois anos depois, um filme como esse não poderia mais ser feito.
Estados Unidos. Direção: Ernst Lubitsch. Roteiro: Samson Raphaelson e Grover Jones, baseado na peça de Aladar Laszlo. Elenco: Herbert Marshall, Miriam Hopkins, Kay Francis, Charles Ruggles, Edward Everett Horton, C. Aubrey Smith, Robert Greig.

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1 – SCARFACE, A VERGONHA DE UMA NAÇÃO (Scarface)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte, Looke. Aluguel ou compra digitais: Claro Vídeo, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes.

Acompanhando a trajetória de um gangster quase psicopata, com algumas passagens em comum com a vida de Al Capone, um dos principais chefões da época, o filme de Howard Hawks é violento e até foi acusado de glamourizar a vida dos criminosos. O jornalista Ben Hecht, autor do argumento, conhecia bem o assunto e Hawks usa todo seu talento como narrador, distribuindo marcas de “X” pelo filme para sublinhar as mortes. E ainda há a relação do protagonista com a irmã, próxima do incesto. Um filme vigoroso, destemido, intenso e, sobretudo, muito bem contado.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Co-direção: Richard Rosson. Roteiro: Fred Pasley e Howard Hawks (não creditado), com diálogos de Seton I. Miller, John Lee Mahin e W.R. Burnett, a partir do argumento de Ben Hecht, baseado no livro de Armitage Trail. Elenco: Paul Muni, Ann Dvorak, Karen Morley, Osgood Perkins, George Raft, Boris Karloff, Jean Harlow.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico.

Não é nenhuma novidade que a comédia costuma ser menosprezada pela crítica profissional. Fazer rir muitas vezes é considerado “pouco importante”, a habilidade narrativa da comédia é pouco analisada e, paralelamente, os prêmios também não dão atenção a filmes ou atores nesse gênero. A nova lista da revista Sight and Sound, divulgada na quinta, mostra isso de maneira chocante: dos 100 melhores filmes apontados como os melhores do mundo na votação com 1.639 críticos de todo o planeta, míseros oito são comédias.

São eles: Cantando na Chuva (1952, em 10° na lista), Playtime – Tempo de Diversão (1967, 23º), Luzes da Cidade (1931, 36°), Quanto Mais Quente Melhor (1959, 38°, foto acima), Se Meu Apartamento Falasse (1960, 54°), Bancando o Águia (1924, 54°), Tempos Modernos (1936, 78°), A General (1928, 95°). Dois de Chaplin, dois de Buster Keaton, dois de Billy Wilder, um de Jacques Tati e o musical de Gene Kelly e Stanley Donen. Metade vindo lá do cinema mudo.

Não é uma novidade. É praticamente o mesmo número da lista anterior, de 2012, com apenas um a mais: mesmos filmes, apenas com o acréscimo de Se Meu Apartamento Falasse.

Mestres como Woody Allen, os irmãos Marx, Ernst Lubitsch, Preston Sturges, Howard Hawks, o grupo Monty Python, entre outros, foram todos sumariamente escanteados pelos críticos.

Na lista paralela dos melhores segundo os diretores (480 votaram), a coisa é ainda pior. Só seis comédias conseguiram lugar entre os 100, nenhuma entre os 40 primeiros: Playtime – Tempo de Diversão (41º), Luzes da Cidade (46º), Doutor Fantástico (1964, 46º), Cantando na Chuva (53º), Quanto Mais Quente Melhor (62º), Tempos Modernos (72º).

Em 2012, foram: Tempos Modernos (22º), Luzes da Cidade (30º), Quanto Mais Quente Melhor (37º), Playtime – Tempo de Diversão (37º), Se Meu Apartamento Falasse (44º), Cantando na Chuva (67º), A General (75º), Em Busca do Ouro (1925, 91º). Oito filmes. O número, que já era mínimo, ainda diminuiu em 2022.

Filmes como O Diabo a Quatro (1933), Levada da Breca (1938), Ninotchka (1939), A Roda da Fortuna (1953), Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Monty Python em Busca do Cálice Sagrado (1975), Um Convidado Bem Trapalhão (1968), Meu Tio (1958) ou Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu… (1980) podem até ser encarados com simpatia pela crítica e pelos cineastas, mas na hora de serem realmente valorizados, são sempre preteridos por dramas. Pra ser bom de verdade, nada de “brincadeira”, o filme tem que ser “sério”, ser sério supostamente é ser “profundo”. Estamos em 2022, é incrível que essa seja uma máxima ainda em voga, mas a lista não deixa dúvida quanto a isso.

Não admira que Jeanne Dielman, um filme de quase 3h30 de duração sobre o tédio, seja o filme que alcançou o primeiro lugar este ano.

EDIÇÃO (05/12/2022): A versão anterior deste texto continha um erro: dizia que eram sete as comédias na lista de 2002, faltando incluir Playtime. A informação foi corrigida.

20 – ABISMO DE UM SONHO (Lo Sceicco Bianco)
Mídia física: DVD. Streaming: Globoplay, Looke, NetMovies, Oi Play.

Primeiro filme solo de Fellini como diretor já traz na alma o antagonismo entre realidade e sonho, já começando a deixar de lado no neo-realismo italiano, na história de um jovem casal recém-casado que, em plena lua de mel, são separados pela metrópole que os seduz.
Itália. Direção: Federico Fellini. Roteiro: Federico Fellini, Tullio Pinelli e Ennio Flaiano, a partir de argumento de Michelangelo Antonioni, Fellini e Pinelli. Elenco: Alberto Sordi, Brunella Bovo, Leopoldo Trieste, Giulietta Masina.

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19 – VIVA ZAPATA! (¡Viva Zapata!)
Mídia física: DVD. Streaming: Star Plus, Looke, NetMovies. YouTube: dublado.

Visão hollywoodiana da vida de um dos líderes da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, vivido por um Brando que disputou o papel com Anthony Quinn (que era mesmo mexicano, perdeu o papel, mas ganhou o Oscar de coadjuvante interpretando o irmão de Zapata).
Estados Unidos/ México. Direção: Elia Kazan. Roteiro: John Steibeck e Edgecumb Pinchon (não creditado). Elenco: Marlon Brando, Anthony Quinn, Jean Peters, Joseph Wiseman .

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18 – SÓ A MULHER PECA (Clash by Night)
Mídia física: DVD (digipack Barbara Stanwyck). Streaming no Brasil: Looke, NetMovies.

Drama noir de Fritz Lang em que Barbara Stanwyck é uma mulher que volta à sua cidade após uma aventura mal sucedida. Acaba se casando com um pescador grandalhão meio ingênuo e tendo um caso com o melhor amigo dele. Marilyn Monroe, à beira de se tornar uma estrela, faz uma coadjuvante sexy.
Estados Unidos. Direção: Fritz Lang. Roteiro: Alfred Hays, baseado em peça de Clifford Odets. Elenco: Barbara Stanwyck, Paul Douglas, Robert Ryan, Marilyn Monroe, J. Carrol Naish, Silvio Minciotti, Keith Andes.

Crítica de Só a Mulher Peca:
Dilema moral e um título bem machista

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17 – CARNAVAL ATLÂNTIDA
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: som original,

Nada mais Atlântida que fazer Helena de Tróia cair no carnaval. Aqui, Cecil B. De Mille vira Cecílio B. De Milho, produtor que quer filmar um épico grego e Oscarito é o consultor histórico, que tenta bravamente resistir à rumbeira Maria Antonieta Pons. Grande Otelo e Colé tratam de carnavalizar a sisudez original e o filme tem “Vai nascer sapinho”, “Cachaça”, “No tabuleiro da baiana” e “Alguém como tu” nos números musicais.
Brasil. Direção: José Carlos Burle. Roteiro: José Carlos Burle, Berliet Junior e Victor Lima. Elenco: Oscarito, Eliana Macedo, Cyll Farney, José Lewgoy, Maria Antonieta Pons, Grande Otelo, Colé, Renato Restier, Wilson Grey.

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16 – A MULHER ABSOLUTA (Pat and Mike)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

O sétimo dos nove filmes que Spencer Tracy e Katharine Hepburn fizeram juntos foi escrito para extrair o melhor das personalidades do casal e também das capacidades físicas de Kate, que realmente era ótima tenista e jogadora de tênis. Ela interpreta uma atleta prodígio, menos que fica inibida quando o noivo está presente. Tratar disso é um problema para seu novo empresário (Tracy), que acaba se apaixonando por ela.
Estados Unidos. Direção: George Cukor. Roteiro: Ruth Gordon e Garson Kanin. Elenco: Katharine Hepburn, Spencer Tracy, Aldo Ray, William Ching, Charles Bronson.

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15 – SCARAMOUCHE (Scaramouche)
Mídia física: DVD. Streaming: Looke, NetMovies.

Capa-e-espada clássico, famoso pelo mais longo duelo de espadas do cinema, em que Stewart Granger e Mel Ferrer atravessam várias dependências de um grande teatro. É uma história de vingança na França pré-revolução, com muito glamour e cores.
Estados Unidos. Direção: George Sidney. Roteiro: Ronald Millar, George Froeschel e, não creditados, Talbot Jennings e Carey Wilson, baseado no romance de Rafael Sabatini. Elenco: Stewart Granger, Eleanor Parker, Janet Leigh, Mel Ferrer, Henry Wilcoxon, Nina Foch.

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14 – O INVENTOR DA MOCIDADE (Monkey Business)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado; dublado,

Comédia maluca raiz, com o ponto de partida de um chimpanzé de laboratório que cria acidentalmente uma fórmula da juventude, virando de cabeça para baixo a vida profissional e pessoal do químico responsável. Antes dos créditos, Cary Grant saindo por uma porta e o diretor o mandando voltar (“Ainda não, Cary”) dá o tom da maluquice, em que atores adultos mais tarde interpretam versões rejuvenescidas de si mesmos.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Ben Hecht, Charles Lederer, I.A.L. Diamond e, não creditado, Howard Hawks, a partir de argumento de Harry Segall. Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Marilyn Monroe, Charles Coburn, Hugh Marlowe.

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13 – OS DOIS MOSQUETEIROS (The Two Mouseketeers)
Mídia física: não disponível no Brasil. Streaming: Não disponível no Brasil. Vimeo: som original.

Jerry e Espeto são mosqueteiros do rei da França, Tom é o guarda do Cardeal Richelieu e responsável por tomar conta da comida de um banquete. Essa ambientação de Tom & Jerry em Os Três Mosqueteiros funcionou tão bem que a dupla voltou a ela outras três vezes. É um exemplo fascinante da qualidade da animação da série dos personagens, com muito movimento e um desenho e cenários belíssimos, vencendo o Oscar de curta de animação daquele ano.
Estados Unidos. Direção e roteiro: William Hanna e Joseph Barbera. Vozes na dublagem original: Françoise Brun-Cottan, William Hanna.

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12 – O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA (The Greatest Show on the Earth)
Mídia física: DVD. Streaming: Oldflix, Mubi. Aluguel ou compra digitais: Microsoft Store.

Só o cinema poderia mostrar em todo o seu esplendor o espetáculo de cores e prodígios de um grande circo nos anos 1950. E Cecil B. DeMille, o diretor para contá-lo como um épico. O filme mostra, com grande elenco, os dramas pessoais e profissionais de trapezistas, domadores, palhaços e do gerente do mastodôntico show. Oscar de melhor filme.
Estados Unidos. Direção: Cecil B. DeMille. Roteiro: Fredric M. Frank, Barré Lyndon e Theodore St. John, com contribuição não creditada de Jack Gariss, a partir de argumento de Frank, St. John e Frank Cavett. Elenco: Charlton Heston, Betty Hutton, Cornel Wilde, James Stewart, Dorothy Lamour, Gloria Grahame, Henry Wilcoxon, Lawrence Tierney.

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11 – TEMPORADA DE CAÇA ou CAÇA AO PATO (Rabbit Seasoning)
Mídia física: DVD (em Aventuras com Pernalonga – Vol. 1). Streaming: HBO Max.

Pernalonga, Patolino e Hortelino se reencontram no segundo curta da Trilogia da Caça. Tão sensacional quanto o primeiro, com seu belíssimo visual (agora no outono, enquanto o primeiro se passava na primavera) e seu timing cômico absolutamente preciso, este é aquele do diálogo “Você vai atirar nele agora ou vai esperar até chegar em casa?”.
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Vozes na dublagem original: Mel Blanc, Arthur Q. Bryan.

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10 – BRINQUEDO PROIBIDO (Jeux Interdits)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

Um conto da II Guerra, em que uma garotinha fica órfã após seus pais serem mortos durante um bombardeiro e acaba sendo acolhida por um família pobre do interior da França. Faz um forte laço com o menino da casa, que a ajuda a, de alguma forma, lidar com as perdas e a realidade – principalmente com a montagem de um pequeno cemitério de animais. As duas crianças sustentam o protagonismo de um filme duro.
França. Direção: René Clement. Roteiro: adaptação de Jean Aurenche, Pierre Bost e René Clement, diálogos de Bost, Aurenche e François Boyer, baseado no romance de Boyer. Elenco: Georges Poujouly, Brigitte Fossey, Amédée, Laurence Badie.

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9 – EUROPA ’51 (Europa ’51)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

O segundo filme de Ingrid Bergman sob a direção de Roberto Rossellini a coloca como uma mulher de alta sociedade em crise após a morte do filho e que acaba conhecendo a realidade da pessoas pobres da Itália. O voluntariado e caridade vão virando uma obsessão que nem ela, nem as pessoas à sua volta entendem bem: e sua imagem para uns é de louca, para outro é de santa. Mais uma vez a estrela sueca de Hollywood é colocada em cena como um corpo estranho glamouroso na Itália devastada do pós-guerra.
Itália. Direção: Roberto Rossellini. Roteiro: Roberto Rossellini, Sandro De Feo, Mario Pannunzio, Ivo Perilli e Brunello Rondi, a partir de argumento de Rossellini. Elenco: Ingrid Bergman, Alexander Knox, Ettore Giannini, Giulietta Masina.

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8 – LUZES DA RIBALTA (Limelight)
Mídia física: DVD. Streaming: Mubi.

Um velho comediante decadente e uma jovem bailarina que tentou se matar e não consegue andar se encontram e dão um ao outro motivos para viver e ter esperança. Chaplin se volta quase totalmente para o drama, reservando a comédia para alguns números de palco do velho Calvero. Um deles, histórico por ser o único momento em tela reunindo dois gênios cômicos do cinema mudo: Chaplin e Buster Keaton. Melancólico, mas apoiado na ideia de que ajudar o outro é ajudar você mesmo.
Estados Unidos. Direção e roteiro: Charles Chaplin. Elenco: Charles Chaplin, Claire Bloom, Sydney Chaplin, Nigel Bruce, Norman Lloyd, Buster Keaton, Geraldine Chaplin, Edna Purviance.

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7 – E O SANGUE SEMEOU A TERRA (Bend of the River)
Mídia física: DVD (só e na coleção A Arte de Anthony Mann). Streaming: Looke, NetMovies. YouTube: som original com legendas em inglês; dublado.

James Stewart reinventou sua persona cinematográfica nos faroestes em que foi dirigido por Anthony Mann. Este é o segundo, em que ele é o homem com um passado obstinado em garantir que uma comunidade que está se estabelecendo num local isolado receba o carregamento de mantimentos de que precisa, embora outras pessoas estejam de olho. Stewart faz um pistoleiro vivido, introspectivo e, se preciso, implacável, muito bem secundado por Arthur Kennedy e Rock Hudson, numa aventura cheia de reviravoltas.
Estados Unidos. Direção: Anthony Mann. Roteiro: Borden Chase, baseado em romance de William Gulick. Elenco: James Stewart, Arthur Kennedy, Julie Adams, Rock Hudson, Jay C. Flippen, Lori Nelson.

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6 – UMBERTO D. (Umberto D.)
Mídia física: DVD, blu-ray (como extra em Ladrões de Bicicleta). Streaming: Belas Artes a la Carte. YouTube: legendado.

A saga de um velhinho e seu cachorrinho tentando sobreviver e manter a dignidade em Roma com a baixíssima aposentadoria que recebe. Clássico neo-realista, estrelado por atores não profissionais, e tão duro quanto emocionante, unindo a questão social dos pobres da Itália a elementos de melodrama trazidos pela trilha musical e pela relação sentimental entre um homem e seu mascote.
Itália. Direção: Vittorio De Sica. Roteiro: Cesare Zavattini. Elenco: Carlo Battisti, Maria Pia Casilio, Lina Gennari.

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5 – VIVER (Ikiru)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte, FilmBox +.

Um conto humanista em que um funcionário público descobre ter câncer e estar com os dias contados. Com isso, vem a insuportável sensação de que sua vida não tem significado. Sua busca por esse sentido contrasta com a rotina de sua vida até então: um trabalho afogado na burocracia de uma repartição, onde papéis vêm e vão de um setor para o outro e problemas reais da população nunca são solucionados. Kurosawa leva o espectador a testemunhar a cruzada existencial de seu protagonista.
Japão. Direção: Akira Kurosawa. Roteiro: Akira Kurosawa, Shinobu Hashimoto e Hideo Oguni. Elenco: Takashi Shimura, Shin’ichi Himori, Haruo Tanaka, Minoru Chiaki.

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4 – DEPOIS DO VENDAVAL (The Quiet Man)
Mídia física: DVD. Streaming: Oldflix, FilmBox +.

Uma carta de amor de John Ford às tradições e idiossincrasias da Irlanda. Produzido pela pequena Republic, o filme é uma mistura turbulenta de romance e comédia sobre Sean, um boxeador traumatizado que volta à Irlanda e tem vários choques culturais a partir do momento em que começa a cortejar uma tempestuosa ruiva, Mary Kate. O ponto culminante é, ao se casarem, a exigência dela em receber o dote de seu irmão brutamontes, que não quer pagar, e que o marido saia no braço com ele pelo dinheiro, o que Sam se recusa a fazer. Ford, que ganhou o Oscar de melhor direção, leva tudo na base no olhar carinhoso e idealizado, onde até uma briga homérica é motivo de alegria.
Estados Unidos/ Irlanda. Direção: John Ford. Roteiro: Frank S. Nugent, com contribuição não creditada de John Ford, baseado no conto de Maurice Walsh. Elenco: John Wayne, Maureen O’Hara, Victor McLaglen, Barry Fitzgerald, Ward Bond, Mildred Natwick.

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3 – ASSIM ESTAVA ESCRITO (The Bad and the Beautiful)
Mídia física: DVD. Streaming: Não disponível no Brasil.

A trajetória de um produtor talentosíssimo, mas inescrupuloso, nas memórias de seus três colaboradores mais íntimos: um diretor, um roteirista e uma atriz. Fascinante história de ascensão e queda em Hollywood, onde o cinema em si é um dos principais personagens. Amarrado por três flashbacks, é uma incrível viagem narrativa de Vincent Minnelli.
Estados Unidos. Direção: Vincente Minnelli. Roteiro: Charles Schnee, baseado em conto de George Bradshaw. Elenco: Kirk Douglas, Lana Turner, Barry Sullivan, Dick Powell, Walter Pidgeon, Gloria Grahame, Gilbert Roland, Leo G. Carroll, Ned Glass, Kathleen Freeman.

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2 – MATAR OU MORRER (High Noon)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Looke, NetMovies, Oi Play. Aluguel ou compra digitais: Amazon, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.

Uma parábola do macartismo, em que a população de uma cidade vira as costas para o xerife, que está em busca de ajuda para enfrentar um bando que chegará à cidade no trem do meio-dia. Na perseguição aos comunistas, muitos de Hollywood também não ajudaram colegas acusados e até os delataram ao comitê do Senado. O roteirista Carl Foreman foi um desses perseguidos a cair na lista negra e se inspirou na própria história para essa metáfora no velho oeste. Com um veterano Gary Cooper em grande forma (Oscar de melhor ator) e uma Grace Kelly começando, o filme ainda é contado praticamente em tempo real, com vários relógios aparecendo, dando o tom do suspense.
Estados Unidos. Direção: Fred Zinnemann. Roteiro: Carl Foreman, baseado no conto de John W. Cunningham. Elenco: Gary Cooper, Grace Kelly, Thomas Mitchell, Lloyd Bridges, Katy Jurado, Otto Kruger, Ian McDonald, Lee Van Cleef.

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1 – CANTANDO NA CHUVA (Singin’ in the Rain)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: HBO Max, Oldflix. Aluguel ou compra digitais: Google Play/ YouTube Filmes, Amazon, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.

O mundo do cinema na virada dos filmes mudos para os falados é o cenário. A narrativa da comédia musical era muito popular na época. A reunião de talentos na frente e atrás da câmera era tanto um padrão para as produções de Arthur Freed na Metro, quanto um ponto altíssimo dentro dessa mesma unidade de produção. “Make’em laugh”, “You were meant for me”, “All I do is dream of you”, “Good morning”, “Moses supposes” e, claro, “Singin’ in the rain” são números musicais espetaculares. Jean Hagen cria uma Lina Lamont que é uma pérola da comédia na história do par de astros do cinema mudo que tem a carreira ameaçada com a chegada do som porque a atriz tem a voz terrivelmente estridente. O filme é uma alquimia feita por gente que sabia muito bem o que estava fazendo, mas que, de alguma forma, deu ainda mais certo do que costumava dar nos outros musicais da MGM.
Estados Unidos. Direção: Gene Kelly e Stanley Donen. Roteiro: Betty Comden e Adolph Green. Elenco: Gene Kelly, Donald O’Connor, Debbie Reynolds, Jean Hagen, Millard Mitchell, Cyd Charisse, Douglas Fowley, Rita Moreno.

Crítica de Cantando na Chuva:
Antídoto contra o baixo astral

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Indicações de onde os filmes estão disponíveis atualizadas em 06/09/2022.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico

20 – NOSSO BARCO, NOSSA ALMA (In Which We Serve)
Mídia física: DVD (da LW Editora e na caixa O Cinema de David Lean, da Versátil). Streaming: não disponível no Brasil. YouTube: som original.

O dramaturgo Noël Coward entrou no esforço de guerra britânico escrevendo, atuando e co-dirigindo “a história de um barco”. Coward chamou David Lean para ajudá-lo, no que foi o primeiro crédito como diretor do até então montador. O drama engajado se afasta das comédias soficisticadas de Coward.
Reino Unido. Direção: Noël Coward e David Lean. Roteiro: Noël Coward. Elenco: Noël Coward, John Mills, Bernard Miles, Celia Johnson, Kay Walsh, Richard Attenborough, Leslie Howard (narração).

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19 – VENDAVAL DE PAIXÕES (Reap the Wild Wind)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

Ambientado no século XIX, junta a aventura da navegação por uma rota comercial marítima na costa dos Estados Unidos com um triângulo amoroso entre Paulette Goddard, Ray Milland e John Wayne (ainda a caminho do astro que viria a ser. Paulette faz a mocinha entre as tradições e a aventura e o clímax é uma luta submarina contra um polvo gigante.
Estados Unidos. Direção: Cecil B. DeMille. Roteiro: Alan Le May, Charles Bennett e Jesse Lasky Jr., com contribuição de Jeanie Macpherson, baseado em uma história de Thelma Strabel. Elenco: Ray Milland, John Wayne, Paulette Goddard, Raymond Massey, Robert Preston, Susan Hayward, Hedda Hopper.

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18 – VIDA CACHORRA (Dog Trouble)
Mídia física e streaming: não disponível no Brasil. Dailymotion: som original, sem legendas.

Quando sua perseguição eterna arruma problemas com um cachorrão. Tom & Jerry deixam suas diferenças de lado e se unem para se livrar dele. É a primeira vez que os adversários se unem, em uma animação carismática e movimentada.
Estados Unidos. Direção: Joseph Barbera e Wiliam Hanna, com Rudolph Ising (não creditado) e Michael Lah (não creditado). Roteiro: Cal Howard (não creditado). Voz na dublagem original: Lillian Randolph.

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17 – IDÍLIO EM DÓ-RÉ-MI (For Me and My Gal)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

Judy Garland pela primeira vez em um papel adulto e Gene Kelly estreando no cinema já garantiriam o interesse. Os dois mostram uma forte química juntos desde o começo, num filme que celebra a memória do vaudeville e fala da I Guerra Mundial para referenciar a II.
Estados Unidos. Direção: Busby Berkeley. Roteiro: Richard Sherman, Fred F. Finklehoffe e Sid Silvers, de argumento de Howard Emmett Rogers. Elenco: Judy Garland, Gene Kelly, George Murphy, Martha Eggerth, Ben Blue.

Crítica de Idílio em Dó-Ré-Mi:
No palco da guerra

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16 – COMO JOGAR BEISEBOL (How to Play Baseball)
Mídia física e streaming: não disponível no Brasil. Dailymotion: som original, sem legendas.

Uma ideia genial dos animadores da Disney: a série de curtas “educativos” estrelados não só pelo Pateta, mas por vários patetas. O personagem sustenta sozinho episódios como este, em que satiriza diversos aspectos do beisebol, com a excelência da animação Disney.
Estados Unidos. Direção: Jack Kinney. Roteiro: Dick Kinney e Sylvia Moberly-Holland. Narração na dublagem original: Fred Shields.

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15 – A CANÇÃO DA VITÓRIA (Yankee Doodle Dandy)
Midia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil. Aluguel ou compra digitais: Amazon.

James Cagney ganhou o Oscar de melhor ator com seu retrato do dramaturgo, ator, cantor, dançarino e compositor George M. Cohan, de extremo sucesso na Broadway no começo do século XX com produções espalhafatosamente patrióticas. O musical da Warner se esforça para reproduzir os números musicais e embala tudo no espírito do esforço de guerra.
Estados Unidos. Direção: Michael Curtiz. Roteiro: Robert Buckner e Edmund Joseph, com contribuição não creditada de Julius J. Epstein e Philip G. Epstein. Elenco: James Cagney, Joan Leslie, Walter Houston, Rosemary DeCamp, S.Z. Sakall.

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14 – HORA DA SINFONIA (Symphony Hour)
Mídia física: DVD (em Disney Treasures Mickey Mouse em Cores Vivas: Volume 2). Streaming: não disponível no Brasil. Dailymotion: som original, sem legendas.

Maestro, Mickey comanda seus amigos em uma orquestra, mas todos têm seus instrumentos em cacos por causa de uma trapalhada do Pateta. O resultado é uma sinfonia de sons dissonantes, mas com notas altas no sofrimento do regente, na fúria do patrocinador Bafo e no Pato Donald, engraçadíssimo ao procurar emprego enquanto a desastrosa apresentação ainda está acontecendo. Comédia da melhor qualidade.
Estados Unidos. Direção: Riley Thomson (não creditado). Roteiro: Davm. Elenco: Walt Disney, Billy Bletcher, Pinto Colvig, Clarence Nash.

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13 – MULHER DE VERDADE (The Palm Beach Story)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil. YouTube: legendado.

Comédia maluca que não nega o nome. Um casal que se ama está à beira do divórcio por causa da falta de dinheiro. Assim, a esposa pretende se separar, casar com algum ricaço e aí financiar o projeto do então marido inventor. Nada faz muito sentido, mas é muito engraçado.
Estados Unidos. Direção e roteiro: Preston Sturges. Elenco: Claudette Colbert, Joel McCrea, Rudy Vallee, Mary Astor.

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12 – ALÔ, AMIGOS (Saludos, Amigos)
Mídia física: DVD. Streaming: Disney Plus.

Na política da boa vizinhança dos EUA com a América Latina, a Disney buscou fazer um afago nos vizinhos do sul, com uma mistura de documentário com animação. Entre as cenas que mostram a viagem dos animadores do estúdio aos países da América do Sul, curtas que teriam sido inspirados nessa visita. O principal deles, que fecha o média-metragem é o exuberante “Aquarela do Brasil”, com a estreia nas telas do Zé Carioca sendo o anfitrião do Pato Donald no país, mostrando as belezas naturais, o samba, os cassinos e até uma cachacinha.
Estados Unidos. Direção: Norman Ferguson (supervisor, não creditado), Wilfred Jackson, Jack Kinney, Hamilton Luske, Bill Roberts. Roteiro: Homer Brightman, Ralph Wright, Roy Williams, Harry Reeves, Dick Huemer e Joe Grant. Vozes na dublagem original: Clarence Nash, José Oliveira, Pinto Calvig, Fred Shields (narração).

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11 – SOBERBA (The Magnificent Ambersons)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte, Looke, NetMovies.

Depois de Cidadão Kane, o segundo filme de Orson Welles foi uma produção empolada, sobre os fantasmas vivos de uma família decadente. Uma obra sombria, em tom bem distante da vivacidade de Kane. Com Welles filmando no Brasil, a RKO sequestrou o filme, cortou mais de 40 minutos, destruiu o que retirou da metragem original e filmou um novo final, mais otimista. Os cinéfilos ainda esperam um dia que alguém encontre uma cópia original que tenha sobrevivido. Por enquanto o filme mantém boa parte do espírito original: a narração radiofônica e literária, mas os planos-sequência, a atmosfera expressionista.
Estados Unidos. Direção: Orson Welles. Roteiro: Orson Welles, baseado no romance de Booth Tarkington. Elenco: Joseph Cotten, Dolores Costello, Tim Holt, Anne Baxter, Agnes Moorehead, Orson Welles (narração).

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10 – A INCRÍVEL SUZANA (The Major and the Minor)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

A estreia de Billy Wilder como diretor tem Ginger Rogers se passando por criança para conseguir uma passagem mais barata de trem, mas isso gera uma crescente confusão. Ginger sempre mostrou ser boa de comédia, e aqui ainda tinha as falas rápidas de Wilder e Brackett.
Estados Unidos. Direção: Billy Wilder. Roteiro: Charles Brackett e Billy Wilder, com argumento de Fanny Gilmore, sugerido pela peça de Edward Childs Carpenter. Elenco: Ginger Rogers, Ray Milland, Rita Johnson, Robert Benchley.

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9 – BAMBI (Bambi)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: Disney Plus. YouTube: dublado.

O visualmente deslumbrante ciclo de crescimento do pequeno cervo foi a última grande produção da Disney até 1950 – o estúdio passou a lançar longas formados por conjuntos de curtas durante a II Guerra. O filme vai do encantamento da descoberta do mundo até a morte da mãe, um dos grandes momentos trágicos do cinema. O Homem foi eleito um dos maiores vilões do cinema americano pelo American Film Institute.
Estados Unidos. Direção: James Algar, Samuel Armstrong, David Hand, Graham Held, Bill Roberts, Paul Satterfield, Norman Wright, Arthur Davis, Clyde Geronimi. Roteiro: Perce Pearce (direção de história), Larry Morey (adaptação) e, no desenvolvimento de história, Vernon Stallings, Mel Shaw, Carl Fallberg, Chuck Couch, Ralph Wright, baseado em conto de Felix Salten. Vozes na dublagem original: Donnie Dunagan, Albright, John Sutherland, Paula Winslowe, Peter Behn. Vozes na dublagem brasileira de 1942: Pery Ribeiro, Oscar Nobre, Almirante. Vozes na dublagem brasileira de 1993: Peterson Adriano, José Leonardo, Juraciára Diácovo, Nizo Neto.

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8 – SABOTADOR (Saboteur)
Mídia física: DVD, blu-ray. Streaming: não disponível no Brasil.

Aquele tema caro a Hitch: sujeito é acusado injustamente (aqui, de ser um sabotador) e foge pelo país tentando provar sua inocência. O mestre do suspense num modo mais aventura, culminando pela grande sequência no alto da Estátua da Liberdade.
Estados Unidos. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Peter Viertel, Joan Harrison e Dorothy Parker, a partir de argumento de Alfred Hitchcock (não creditado). Elenco: Robert Cummings, Priscilla Lane, Otto Kruger, Norman Lloyd.

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7 – BONITA COMO NUNCA (You Were Never Lovelier)
Mídia fisica: DVD, Streaming: HBO Max.

“The Shorty George”, tão maravilhoso quanto simples número, hoje é editado pelo YouTube com várias outras músicas. Sobretudo mostra a química extraordinária entre Fred Astaire e Rita Hayworth neste segundo, último e melhor filme que fizeram juntos. “I’m old fashioned” é outro momento mágico do filme, que se passa em Buenos Aires.
Estados Unidos. Direção: William A. Seiter. Roteiro: Michael Fessier, Ernest Pagano e Delmer Daves, a partir de argumento de Carlos A. Olivari e Sixto Pondal Ríos. Elenco: Fred Astaire, Rita Hayworth, Adolphe Menjou, Isobel Elsom, Xavier Cugat.

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6 – A ESTRANHA PASSAGEIRA (Now, Voyager)
Onde ver: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

Bette Davis chegou à sua quinta indicação ao Oscar de melhor atriz em cinco anos (sétima no total, dois prêmios). Com um diretor mais amigável, ela estava livre para dar suas opiniões sobre sua atuação e sua caracterização – como sua versão feia e desarrumada do começo da história. Bette é uma solteirona retraída dominada pela mãe opressiva à beira de um colapso nervoso que passa por um tratamento cujo passo decisivo é uma viagem de navio para socializar. Numa escala no Rio, surge a paixão por um homem casado e o desabrochar de uma mulher forte e segura.
Estados Unidos. Direção: Irving Rapper. Roteiro: Casey Robinson, baseado em romance de Olive Higgins Proudy. Elenco: Bette Davis, Paul Henreid, Claude Rains, Gladys Cooper, Bonita Granville.

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5 – ROSA DE ESPERANÇA (Mrs. Miniver)
Mídia física: DVD. Streaming: Looke, NetMovies. Aluguel ou compra digitais: AppleTV/ iTunes, Google Play/ YouTube Filmes, Amazon.

Os bombardeios nazistas à Inglaterra foram o pano de fundo deste drama que ganhou o Oscar de melhor filme. Uma família inglesa de classe média alta vive seu cotidiano leve e de frivolidades, como as tensões envolvendo um concurso da rosa cultivada mais bonita da região. Mas pouco a pouco a guerra se aproxima e muda para sempre a vida dessas pessoas. Wyler, um mestre do drama, se alistou para dirigir documentários sobre a guerra após terminar este filme, que ganhou também os Oscars de direção, atriz e atriz coadjuvante.
Estados Unidos. Direção: William Wyler. Roteiro: Arthur Wimperis, George Froeschel, James Hilton e Claudine West, com contribuição não creditada de Paul Osborn e R.C. Sheriff, baseado no romance de Jan Struther. Elenco: Greer Garson, Walter Pidgeon, Teresa Wright, May Whitty, Henry Travers.

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4 – A MULHER DO DIA (The Woman of the Year)
Mídia física: DVD. Streaming: não disponível no Brasil.

Ele é um experiente colunista esportivo, ela é uma renomada jornalista de política internacional. Trocam farpas em seus textos, mas, na primeira em que se veem (ele abre uma porta, ela está de perna estendida, ajeitando a meia), se apaixonam. Mas ainda existem as diferenças entre eles, sobretudo a agenda atribulada dela, na qual o amor talvez não tenha espaço. Tracy e Hepburn, um dos grandes casais da tela, dentro e fora dela, em seu primeiro filme juntos, afiadíssimos na comédia.
Estados Unidos. Direção: George Stevens. Roteiro: Ring Lardner Jr. e Michael Kanin, com contribuição não creditada de John Lee Mahin. Elenco: Spencer Tracy, Katharine Hepburn, Fay Bainter, Reginald Owen.

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3 – BOLA DE FOGO (Ball of Fire)
Mídia física: DVD, blu-ray, Streaming: Oldflix, Looke, NetMovies.

Uma versão safadinha de Branca de Neve e os Sete Anões na história dos cérebros enclausurados na redação de uma enciclopédia e a gostosa cantora, namorada de um gangster, que, para se esconder da polícia, aparece na casa de onde eles não saem para nada. Enquanto os velhinhos babam por ela, Gary Cooper tem interesse na moça apenas para estudar suas gírias e apesar de seu “corpo perturbador”. O encontro de Billy Wilder no roteiro e Hawks na direção só podia dar numa comédia antológica.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Charles Brackett e Billy Wilder, a partir de argumento de Wilder e Thomas Monroe. Elenco: Gary Cooper, Barbara Stanwyck, Oskar Homolka, Henry Travers, S.Z. Sakall, Richard Haydn, Dana Andrews, Dan Duryea, Gene Krupa.

Crítica de Bola de Fogo:
Branca de Neve num ‘corpo perturbador’

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2 – SANGUE DE PANTERA (Cat People)
Mídia física: DVD. Streaming: HBO Max.

“Mostre um homem vestido como um gato e o que ele vai parecer?”. “Um homem vestido como um gato”. Esse diálogo entre diretor e produtor de um filme de horror dentro do drama Assim Estava Escrito (1952) remete diretamente a Sangue de Pantera, onde uma mulher teme se transformar em uma pantera assassina caso fique mais íntima de seu noivo, por causa de uma maldição de sua Sérvia natal. O filme, produzido por Val Lewton, opta por manter a ameaça nas sombras, usando a imaginação do espectador e driblando o baixo orçamento. Uma técnica que se mostraria eficiente através dos tempos, mesmo com todos os efeitos especiais disponíveis.
Estados Unidos. Direção: Jacques Torneur. Roteiro: DeWitt Bodeen. Elenco: Simone Simon, Kent Smith, Tom Conway, Jane Randolph, Elizabeth Russell.

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1 – SER OU NÃO SER (To Be or Not to Be)
Mídia física: DVD. Streaming: Belas Artes a la Carte.

De todos os filmes que focaram de uma maneira ou de outra a II Guerra em 1942, nenhum é mais demolidor que Ser ou Não Ser, a comédia que mete uma trupe teatral de Varsóvia em uma trama de espionagem para salvar os membros da resistência polonesa aos nazistas. Os atores levam seus talentos para fora do palco, fingindo e se disfarçando para enrolar os alemães, enquanto o casal que chefia a companhia duela por protagonismo e por ciúmes. O humor contra o horror, num filme engraçadíssimo, com uma Carole Lombard luminosa em seu último filme (ela morreu num acidente de avião antes do filme estrear).
Estados Unidos. Direção: Ernst Lubitsch. Roteiro: Edwin Justus Mayer, a partir de argumento de Ernst Lubitsch e Melchior Lengyel. Elenco: Carole Lombard, Jack Benny, Robert Stack, Felix Bressart, Lionel Atwill, Stanley Ridges, Sig Ruman, Tom Dugan.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico

20 – O BARCO DAS ILUSÕES (Show Boat)
Onde ver: DVD, Looke, NetMovies.

40 anos dos dramas dos atores e pessoa de apoio de um barco que cruza o Rio Mississipi apresentando um espetáculo para as cidades às margens do rio. O melodrama envolvendo Kathryn Grayson, Howard Keel e Ava Gardner é contado em tom operístico, até xaroposo, mas tem momentos bonitos com Joe E. Brown e animação com o casal (também na vida real) Marge e Gower Champion.
Estados Unidos. Direção: George Sidney. Roteiro: John Lee Mahin, baseado na peça musical de Oscar Hammerstein II e Richard Rogers, por sua vez baseado no romance de Edna Ferber. Elenco: Kathryn Grayson, Ava Gardner, Howard Keel, Joe E. Brown, Marge Champion, Agnes Moorehead.

Crítica de O Barco das Ilusões:
Ópera fluvial

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19 – NA ESTRADA DO CÉU (No Highway in the Sky)
Onde ver: DVD, YouTube.

James Stewart é um engenheiro aeronáutico na Inglaterra, que prevê que um novo modelo de avião vai falhar quando atingir uma determinada quantidade de horas de voo. A bordo, ele tenta convencer tripulação e passageiros do perigo iminente. Um bom suspense que dá muita importância à ciência frente ao ceticismo. 
Reino Unido/ Estados Unidos. Direção: Henry Koster. Roteiro: R.C. Sherriff, Oscar Millard e alec Coppel, baseado em romance de Nevil Shutte. Elenco: James Stewart, Glynis Johns, Marlene Dietrich, Jack Hawkins, Janette Scott, Dora Bryan, Wilfrid Hyde-White, Bessie Love.

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18 – QUO VADIS? (Quo Vadis?)
Onde ver: DVD, blu-ray, Oldflix, Looke, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, YouTube (dublado).

Épico romano/ religioso na tradição de Hollywood, com perseguição aos cristãos e Nero tocando fogo em Roma. A carpintaria da Metro em filmagens na Itália. 
Estados Unidos. Direção: Mervyn LeRoy, Anthony Mann (não creditado). Roteiro: John Lee Mahin, S.N. Berhman e Sonya Levien, com contribuição de Hugh Gray, baseado no romance de Henryk Sienkiewicz. Elenco: Robert Taylor, Deborah Kerr, Leo Genn, Peter Ustinov, Patricia Laffan, Elizabeth Taylor, Bud Spencer.

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17 – FILHOTE CHEIROSO (Slicked-up Pup)
Onde ver: Dailymotion (som original).

A fase de Tom & Jerry nos 1940 e 1950 é divina. Aqui, um plot clássico, mas extremamente bem executado: Tom é ameaçado pelo cachorrão para manter o filhotinho limpo, mas Jerry o sabota de todas as maneiras. Basicamente, é uma releitura do primeiro curta da dupla (o gato pressionado, o camundongo atrapalhando), mas com piadas no timing exato e grandes expressões dos personagens. 
Estados Unidos. Direção: Joseph Barbera, William Hanna. Roteiro: não creditado. Vozes na dublagem original: Daws Butler, William Hanna.

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16 – CHAGA DE FOGO (Detective Story)
Onde ver: DVD.

William Wyler comanda a adaptação dessa peça, com a trama se passando toda numa delegacia, e explorando os preconceitos e drama pessoal de um policial, vivido pelo sempre intenso Kirk Douglas. 
Estados Unidos. Direção: William Wyler. Roteiro: Philip Yordan e Robert Wyler, baseado na peça de Sidney Kingsley. Elenco: Kirk Douglas, Eleanor Parker, William Bendix, Cathy O’Donnell, Lee Grant.

Crítica de Chaga de Fogo:
Dia infernal na delegacia

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15 – AVISO AOS NAVEGANTES
Onde ver: DVD, YouTube.

A chanchada acompanha uma trupe teatral que volta de Buenos Aires para o Rio de navio. A bordo, Oscarito é um clandestino encontrado pelo cozinheiro Grande Otelo, com ambos se envolvendo com um espião internacional. A Atlântida cristalizando seu estilo típico: misturar comédia, música, uma leve trama policial, trocas de identidade, Oscarito e Grande Otelo como a dupla cômica, Eliana como a mocinha e José Lewgoy como o vilão. 
Brasil. Direção: Watson Macedo. Roteiro: Alinor Azevedo, Watson Macedo e Paulo Machado. Elenco: Oscarito, Grande Otelo, Eliana Macedo, Anselmo Duarte, Adelaide Chiozzo, José Lewgoy, Ivon Cury, Zezé Macedo, Bené Nunes, Glauce Rocha, Emilinha Borba, Francisco Carlos.

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14 – ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (Alice in Wonderland)
Onde ver: DVD, blu-ray, Disney Plus, YouTube (dublado).

Esta versão Disney da obra de Lewis Carroll não é tão celebrada em comparação a outros longas do estúdio, mas é uma das que melhor levou às telas o nonsense do escritor britânico. O visual é uma delícia e é bem engraçado.
Estados Unidos. Direção: Clyde Geronimi, Wildred Jackson, Hamilton Luske, Jack Kinney (não creditado). Roteiro: Winston Hibler, Ted Sears, Bill Peet, Erdman Penner, Joe Rinaldi, Milt Banta, William Cottrell, Dick Kelsey, Joe Grant, Dick Huemer, Del Connell, Tom Oreb, John WalbridgeVozes na dublagem original: Kathryn Beaumont, Ed Wynn, Richard Haydn, Sterling Holloway, Verna Felton. Vozes na dublagem brasileira de 1951: Therezinha Marçal, Octávio França, Jorge Goulart, Sarah Nobre, Orlando Drummond.

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13 – PATOLINO BICO LONGO (Drip-Along Daffy)
Onde ver: DVD (Coleção Looney Tunes – Aventuras com Patolino e Gaguinho), Dailymotion (som original).

Chuck Jones e Michael Maltese foram o diretor e o roteirista que melhor exploraram o Patolino. O colocou contracenando com o Pernalonga e também nos mais diversos cenários: o pato foi Sherlock Holmes, Buck Rogers, policial de seriado, Robin Hood… Aqui, é um herói de faroeste, disparando uma piada antológica ou expressão engraçadíssima atrás da outra. 
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Vozes na dublagem original: Mel Blanc.

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12 – O MONSTRO DO ÁRTICO (The Thing from Another World)
Onde ver: DVD (Clássicos Sci-Fi – Vol. 2).

Howard Hawks produziu de maneira independente (e dizem que dirigiu de fato) esse hoje clássico da ficção científica que mostra militares e cientistas em um local isolado às voltas com uma ameaça alienígena. Uma trama repetida incontáveis vezes pelo cinema depois. O filme dribla o baixo orçamento com inteligência e a construção eficiente do clima de suspense.
Estados Unidos. Direção: Christian Nyby. Roteiro: Charles Lederer, com contribuições não creditadas de Howard Hawks e Ben Hecht, baseado no conto de John W. Campbell Jr. Elenco: Kenneth Tobey, Margaret Sheridan, Robert Cornthwaite, Douglas Spencer.

Crítica de O Monstro do Ártico:
O medo que vem de fora

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11 – NÚPCIAS REAIS (Royal Wedding)
Onde ver: DVD, Looke, NetMovies, Claro Vídeo, YouTube (legendado; dublado).

Fred Astaire e Jane Powell são irmãos que se apresentam juntos, evocando o início da carreira de Astaire ao lado de sua irmã Adele. Tem cenas inspiradas (Fred e Jane tentando dançar num navio que balança muito é bem divertido) e dois momentos imortais: Astaire dançando com um guarda-chapéus; e nas paredes e teto de um quarto, um imenso prodígio técnico e artístico.
Estados Unidos. Direção: Stanley Donen. Roteiro: Alan Jay Lerner. Elenco: Fred Astaire, Jane Powell, Peter Lawford, Sarah Churchill.

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10 – O MISTÉRIO DA TORRE (The Lavender Hill Mob)
Onde ver: não disponível em home video ou streaming.

O filme de roubo coloca um metódico funcionário bancário ao lado de um fabricante de miniaturas da Torre Eiffel num plano para contrabandear uma grande quantia em ouro. Alec Guinness e Stanley Holloway são brilhantes, o diretor Crichton é uma mestre da comédia, cria muitas cenas inspiradas (como a descida alucinada da Torre Eiffel, na perseguição a meninas que estão levando as estatuetas “premiadas”) e ainda há a ponta de Audrey Hepburn antes da fama. 
Reino Unido. Direção: Charles Crichton. Roteiro: T.E.B. Clarke. Elenco: Alec Guinness, Stanley Holloway, Sidney James, Alfie Bass, Marjorie Fielding, Audrey Hepburn.

Crítica de O Mistério da Torre:
Ninguém prevê os imprevistos

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9 – UMA AVENTURA NA ÁFRICA (The African Queen)
Onde ver: DVD, Telecine Play, Oi Play.

O título brasileiro poderia ser do making of, já que a trupe liderada pelo diretor-roteirista John Huston filmou na África essa história quase totalmente centrada em dois personagens: o beberrão capitão canadense de um barco fluvial e a missionária inglesa que, na I Guerra, fogem de soldados alemães e depois decidem enfrentá-los. 
Estados Unidos. Direção: John Huston. Roteiro: James Agee e John Huston, John Collier (não creditado) e Peter Viertel (não creditado), baseado no romance de C.S. Forester. Elenco: Humphrey Bogart, Katharine Hepburn, Robert Morley, Peter Bull.

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8 – TAMBÉM FOMOS FELIZES (Bakushu)
Onde ver: DVD (O Cinema de Ozu), YouTube (legendado).

O olhar de Ozu para as vidas comuns e urbanas do Japão no pós-guerra se consagrou como um dos mais sensíveis do cinema. A trama central aqui é a da jovem que não está interessada em se casar, apesar da pressão que sofre da família. O conflito entre tradição e modernidade mais uma vez em cena na obra do diretor japonês. 
Japão. Direção: Yasujiro Ozu. Roteiro: Kogo Noda e Yasujiro Ozu. Elenco: Setsuko Hara, Chishu Ryu, Chikage Awashima, Kuniko Miyake.

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7 – TEMPORADA DE CAÇA (Rabbit Fire)
Onde ver: DVD (Coleção Looney Tunes – Aventuras com Pernalonga).

É incrível, mas Pernalonga e Patolino nunca haviam dividido um curta inteiro antes. Colocar os dois juntos foi uma ideia genial de Michael Maltese e Chuck Jones neste desenho. “Temporada de pato!”. “Temporada de coelho!”. É uma aula de timing cômico. Não por acaso, abriu uma trilogia. 
Estados Unidos. Direção: Chuck Jones. Roteiro: Michael Maltese. Vozes na dublagem original: Mel Blanc, Arthur Q. Bryan.

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6 – A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole ou The Big Carnival)
Onde ver: DVD.

Billy Wilder dá um safanão na imprensa sensacionalista com Kirk Douglas interpretando um arrogante como só ele conseguia fazer. É o jornalista que já foi grande em Nova York, foi parar em Albuquerque, consegue emprego em um jornaleco local (“Eu posso cuidar de grandes notícias ou pequenas notícias. E se não houver notícias, eu saio e mordo um cachorro”) e fareja uma volta por cima ao sabotar o resgate de um homem soterrado numa montanha para esticar o drama e controlar o acesso do resto da imprensa (quando os colegas imploram, dizendo “estamos no mesmo barco”, ele dispara: “Eu estou no barco. Vocês estão na água”).
Estados Unidos. Direção: Billy Wilder. Roteiro: Billy Wilder, Lesser Samuels e Walter Newman, de argumento de Victor Desny (não creditado). Elenco: Kirk Douglas, Jan Sterling, Robert Arthur, Porter Hall, Frank Cady, Richard Benedict.

Crítica de A Montanha dos Sete Abutres:
A serpente na gaveta

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5 – PACTO SINISTRO (Strangers on a Train)
Onde ver: DVD, blu-ray, HBO Max, Looke, Apple TV/ iTunes.

“E se?”. Essa pergunta, aliada à completa amoralidade de um personagem, já rendia um grande filme a Alfred Hitchcock. E se dois caras que não se conhecem pudessem se safar de seus assassinatos “trocando” os crimes? Um matando o desafeto do outro? Esse é o ponto de partida de um dos maiores clássicos de Hitch, que coloca um jogador de tênis pressionado a cumprir sua parte por um psicopata que levou a ideia a sério. Tem um monte de grandes cenas: o assassinato no parque visto pela lente do óculos, a partida de tênis com o olhar fixo de Robert Walker, o isqueiro que cai pelo bueiro, o clímax no carrossel desgovernado. 
Estados Unidos. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Raymond Chandler e Czenzi Ormonde, com Ben Hecht (não creditado), adaptação de Whitfield Cook, baseado no romance de Patricia Highsmith. Elenco: Farley Granger, Robert Walker, Ruth Roman, Leo G. Carroll, Patricia Hitchcock.

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4 – UMA RUA CHAMADA PECADO (A Streetcar Named Desire)
Onde ver: DVD, blu-ray, Looke, Google Play/ YouTube Filmes, Microsoft Store.

Elia Kazan levou para a tela Brando, Kim Hunter e Karl Malden de sua montagem teatral da obra de Tennessee Williams. Vivien Leigh, a superestrela do elenco, foi Blanche na montagem londrina. Um elenco em seu máximo, com a frágil Vivien e o brutamontes Brando duelando de maneira inesquecível, através de um filme intenso nas emoções e na sensualidade e que brigou ponto a ponto com a censura (ganhou uns e perdeu outros).
Estados Unidos. Direção: Elia Kazan. Roteiro: Tennessee Williams e Oscar Saul, baseado em peça de Williams. Elenco: Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden.

Crítica de Uma Rua Chamada Pecado:
Transpirando sexo

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3 – O DIA EM QUE A TERRA PAROU (The Day the Earth Stood Still)
Onde ver: DVD.

No contexto da ficção científica dos anos 1950, com a paranoia anticomunista gerando vários filmes sobre ameaças extraterrestres, o filme de Robert Wise era diferente: tinha a visita de um alienígena, mas que vinha alertar sobre os perigos da escalada do conflito entre nós mesmos. O filme acerta em tudo: no contato com pessoas comuns, através principalmente de uma secretária viúva e seu filho; na atmosfera de suspense do robô Gort; na cena icônica da frase “Klaatu barada nikto”.
Estados Unidos. Direção: Robert Wise. Roteiro: Edmund H. North, baseado em conto de Harry Bates. Elenco: Michael Reenie, Patricia Neal, Hugh Marlowe, Sam Jaffe.

Crítica de O Dia em que a Terra Parou:
Contatos imediatos

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2 – SINFONIA DE PARIS (An American in Paris)
Onde ver: DVD, blu-ray, HBO Max, Now, Looke, Google Play/ YouTube Filmes, Apple TV/ iTunes, Microsoft Store.

A fantasia de Paris para um americano, elevada à máxima potência. O sujeito que ficou por lá após o fim da II Guerra e tenta ganhar a vida pintando se apaixona por uma bailarina e, quando a coisa dá errada, se vê dentro de pinturas de artistas franceses famosos. O filme todo é uma delícia, a perícia de Minnelli na direção e Gene Kelly nas coreografias e dançando estão perfeitamente combinadas. Mas a longa sequência em que pinturas ganham vida é um prodígio artístico e técnico espetacular. 
Estados Unidos. Direção: Vincente Minnelli. Roteiro: Alan Jay Lerner. Elenco: Gene Kelly, Leslie Caron, Oscar Levant, Nina Foch, Georges Guétary.

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1 – UM LUGAR AO SOL (A Place in the Sun)
Onde ver: DVD, Microsoft Store.

Tudo poderia ser um conto-de-fadas: o gato borralheiro e uma princesa rica se apaixonam e vivem felizes para sempre. No caso, ele é o trabalhador pobre, empregado da fábrica do tio rico. Frequentando a mansão do parente, se encanta por aquela vida, representada uma garota rica e belíssima por quem se apaixona e ela por ele. Mas há um porém: ele já se relacionava com uma colega da fábrica, que está grávida. O destino trágico nos leva à cena do bote, cujo desfecho nós vemos sem que o filme nos diga claramente o que aconteceu: acidente ou assassinato? Stevens, um grande mestre, filma tão de longe o lago quanto filma de perto os olhares, danças e beijos entre Liz Taylor e Montgomery Clift.
Estados Unidos. Direção: George Stevens. Roteiro: Michael Wilson e Harry Brown, baseado na peça de Patrick Kearney, por sua vez baseada no romance de Theodore Dreiser. Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere, Raymond Burr.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico

SARGENTO YORK
⭐⭐⭐½
Diário de Filmes 2021: 62

Herói relutante

Do ponto de vista de 2021, é natural fazer uma associação entre Sargento York, que completa 80 anos este ano, e Até o Último Homem, que Mel Gibson dirigiu e que foi lançado em 2016. São dois filmes que contam histórias reais sobre pacifistas religiosos que na hora H se convertem, cada um à sua maneira, em heróis de guerra.

Uma diferença é que o filme de Howard Hawks se passa na I Guerra, e o de Gibson na II. Outra é que Alvin C. York salva sua tropa usando suas habilidades de exímio atirador, enquanto Desmond Doss não chega a disparar um tiro: vira herói resgatando vários colegas de pelotão feridos numa batalha. E, finalmente, Sargento York é um bom filme, enquanto Até o Último Homem é um trabalho constrangedor.

Howard Hawks dirige com solenidade meio incômoda, reverência demais ao personagem que era vivo na época das filmagens e convenceu pessoalmente Gary Cooper a interpretá-lo, embora o ator tivesse consciência de que era velho para o papel (ganhou o Oscar, mesmo assim).

É um tom diferente daquele que se tornou marca do diretor, que gostava de contar histórias de heróis profissionais, que levam sua missão em frente custe o que custar. York é um herói relutante, que precisa ponderar muito até se convencer de que algumas lutas têm que ser travadas pela paz, justiça e segurança dos seus.

Até chegar aí, o filme conta a vida do personagem, de jovem beberrão caipira, muito pobre, que luta para fazer vingar um pedaço de terra, e tem uma iluminação divina na forma de um raio que poderia tê-lo matado. Convertido, o exército vai colocá-lo em dúvida a respeito de suas convicções.

Está certo que parece que o verdadeiro York era daquele jeito mesmo (dizem que ele foi às filmagens, um membro da equipe perguntou quantos inimigos ele matou na guerra e York começou a chorar ao lembrar). Mas o filme não precisava ser assim.

Felizmente, Hawks é tão bom diretor que mantém o filme interessante, Gary Cooper é aquela competência sóbria de sempre e Margaret Wycherly tem grande desempenho como a mãe sempre dedicada do herói.

Onde ver: DVD.

Sergeant York, 1941.
Direção: Howard Hawks. Elenco: Gary Cooper, Walter Brennan, Joan Leslie, Margaret Wycherly, Ward Bond

20 – UMA NOITE NO RIO (That Night in Rio)
Onde ver: DVD, YouTube (dublado).

Alice Faye e Don Ameche são os protagonistas dessa comédia de identidades trocadas, passada num Rio de Janeiro de fantasia. Mas o filme, até pela locação, foi feito para Carmen Miranda, em sua segunda produção em Hollywood. Ela canta quatro músicas e o diretor finalmente descobre como filmá-la, dando espaço para sua dança, em vez de “prendê-la” em closes.
Estados Unidos. Direção: Irving Cummings. Roteiro: George Seaton, Bess Meredyth e Hal Long, com diálogos adicionais de Samuel Hoffenstein, adaptação de Jessie Ernst, baseado em peça de Rudolph Lothar e Hans Adler. Elenco: Alice Faye, Don Ameche, Carmen Miranda, S.Z. Sakall, Bando da Lua, Maria Montez.

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19 – MADEIRA (Timber)
Onde ver: DVD Disney Treasures – Cronologia do Donald, YouTube (som original).

Outro ótimo curta do Donald dirigido por Jack King. Desta vez com o Bafo-de-Onça como antagonista e patrão, o forçando a trabalhar como lenhador. Muito movimentado e com ótimas gags.
Estados Unidos. Direção: Jack King (não creditado). Roteiro: Carl Barks e Jack Hannah (não creditados), com argumento de Frank Tashlin (não creditado). Vozes na dublagem original: Clarence Nash, Billy Bletcher.

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18 – SARGENTO YORK (Sergeant York)
Onde ver: DVD, YouTube (legendado; dublado).

A história real de um rapagão do interior que se torna um católico fervoroso e, depois (contra a vontade até o momento decisivo) em herói de guerra é dirigida cheia de solenidade por Hawks. Um herói relutante é um personagem que não é o habitual do diretor, mais chegado aos profissionais do perigo. A trama da I Guerra foi levada ao cinema, claro, de olho na entrada americana na II Guerra. Cooper ganhou aqui seu primeiro Oscar. Acima da idade para o papel, ele relutou em aceitar o personagem que tinha uma bondade irreal – até conhecer o verdadeiro York, que pediu pessoalmente ao ator para interpretá-lo.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Abem Finkel, Harry Chandlee, Howard Koch e John Huston, com Sam Cowan (não creditado), baseado no diário de Alvin C. York. Elenco: Gary Cooper, Walter Brennan, Joan Leslie, Margaret Wycherly, Ward Bond.

Crítica de Sargento York:
Herói relutante

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17 – SEU ÚLTIMO REFÚGIO (High Sierra)
Onde ver: DVD.

Bogart faz um bandido que sai da cadeia e aceita o serviço de um assalto. Mas ele está cansado, pensando em parar. Tem aspirações de um vida classe média ao lado de uma menina virginal de uma família que conhece e à qual se afeiçoa. Mas ele tem futuro? O filme vende firme a redenção do bandido, que, no filme, só faz mal a outros bandidos. E Bogart e Ida Lupino estão ótimos.
Estados Unidos. Direção: Raoul Walsh. Roteiro: John Huston e W.R. Burnett, baseado em romance de Burnett. Elenco: Humphrey Bogart, Ida Lupino, Arthur Kennedy, Henry Travers.

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16 – SUPERMAN ou SUPER-HOMEM (Superman)
Onde ver: extra no DVD Superman – O Filme (edição tripla); DVD Superman de Max Fleischer – 1941-1942; DVD Superman em A Humanidade em Perigo; YouTube (som original e dublado).

A animação dos Estúdios Fleischer foi a primeira adaptação para o cinema do personagem de Jerry Siegel e Joe Shuster, contando com as vozes do programa de sucesso no rádio, e as introduções “Mais rápido que uma bala…” e “É um pássaro! É um avião!”. Feita através de rotoscopia, a animação é de encher os olhos, mas ainda melhoraria nos episódios seguintes, assim como a trama que, aqui, enfoca um cientista louco.
Estados Unidos. Direção: Dave Fleischer e Steve Muffati (não creditado). Roteiro: Seymour Kneitel e Izzy Sparber, e Jay Morton (não creditado), baseado em personagens criados por Jerry Siegel e Joe Shuster. Vozes na dublagem original: Bud Collyer, Joan Alexander, Jack Mercer.

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15 – AMOR À PRIMEIRA VISTA (The Nifty Nineties)
Onde ver: DVD Disney Treasures – Mickey Mouse em Cores Vivas – Volume 2, YouTube (som original).

Mickey, símbolo máximo da Disney, vinha perdendo espaço nos curtas animados do estúdio, sendo ofuscado por seus coadjuvante (Donald, Pateta e Pluto). Passou por uma pequena reinvenção em 1941, com um visual mais rebuscado, mais magro e com cabeça, mãos e pés maiores. Esse curta é um charme só: Mickey e Minnie num encontro romântico no final do século 19. A atmosfera é um encanto: o par vai a um show de vaudeville (cujos artistas homenageiam os animadores Ward Kimball e Fred Moore), veem um melodrama contado em slides (antepassado do cinema), passeiam em um carro cuja velocidade máxima é tipo 20km/h.
Estados Unidos. Direção: Riley Thomson (não creditado). Roteiro: não creditado. Vozes na dublagem original: Walt Disney, Thelma Boardman, Ward Kimball, Fred Moore, Clarence Nash.

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14 – DIVERSÃO DE HOLLYWOOD (Hollywood Steps Out)
Onde ver: DVD Aventuras com a Turma Looney Tunes – Volume 3; YouTube (som original).

Este curta animado da Warner satiriza vários astros e estrelas do cinema dos anos 1940: Bing Crosby, James Stewart, Greta Garbo, Cary Grant, Dorothy Lamour, Groucho Marx e muitos outros. Uma inspirada alopração.
Estados Unidos. Direção: Tex Avery. Roteiro: Melvin Millar. Vozes na dublagem original: Dave Barry, Sara Berner, Mel Blanc.

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13 – QUE ESPERE O CÉU (Here Comes Mr. Jordan)
Onde ver: DVD, YouTube (legendado; dublado).

Divertida fantasia sobre o além, em que um boxeador morre, mas, na verdade, é levado antes da hora. Porém, não pode voltar ao seu corpo, porque foi cremado. É feito um arranjo para que retorne em outro corpo: o de um milionário assassinado. Bem divertido, consegue naturalizar seus absurdos, apoiado em um elenco carismático.
Estados Unidos. Direção: Alexander Hall. Roteiro: Sidney Buchman e Seton I. Miller, baseado na peça de Harry Segall. Elenco: Robert Montgomery, Claude Rains, Evelyn Keyes, Edward Everett Horton.

Crítica de Que Espere o Céu:
Gambiarra do além

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12 – O PEQUENO FURACÃO (The Little Whirlwind)
Onde ver: DVD Disney Treasures – Mickey Mouse em Cores Vivas – Volume 2, Disney Plus, YouTube (som original).

Esse foi o curta em que o Mickey estreou seu novo visual, mais magro, com cabeça, mãos e pés maiores e com as célebres orelhas com efeito de relevo. O ratinho segura o desenho sozinho, tentando limpar as folhas de um quintal para ganhar um bolo da Minnie, mas enfrentando um furacãozinho bagunceiro. Muito movimentado, com um visual muito bonito.
Estados Unidos. Direção: Riley Thomson (não creditado). Roteiro: não creditado. Vozes na dublagem original: Walt Disney, Thelma Boardman.

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11 – AO COMPASSO DO AMOR (You’ll Never Get Rich)
Onde ver: DVD, HBO Max, HBO Go.

Depois de encerrar a série de filmes em parceria com Ginger Rogers na RKO, Fred Astaire encontrou outra parceira à altura em Rita Hayworth, na Columbia. Eles produziram magia juntos em dois filmes, este foi o primeiro. Toda a trilha é de Cole Porter, com destaque para “So near and yet so far”, o melhor momento de Astaire e Rita no filme.
Estados Unidos. Direção: Sidney Lanfield. Roteiro: Michael Fessier e Ernest Pagano. Elenco: Fred Astaire, Rita Hayworth, Robert Benchley.

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10 – SUSPEITA (Suspicion)
Onde ver: DVD, Belas Artes a la Carte, Looke, YouTube (dublado).

O quase sempre afável Cary Grant aqui é escalado por Hitchcock como o ameaçador marido de Joan Fontaine (que levou o Oscar de melhor atriz). Ela desconfia que ele quer matá-la e, para ressaltar isso, Hitch cria alguns momentos antológicos, como Grant subindo a escada com o copo de leite, cuja iluminação, através de um truque, chama a atenção do espectador diretamente para ele.
Estados Unidos. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Samson Raphaelson, Joan Harrison e Alma Reville, baseado em romance de Anthony Berkeley. Elenco: Cary Grant, Joan Fontaine, Cedric Hardwicke.

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9 – PÉRFIDA (The Little Foxes)
Onde ver: DVD, YouTube.

Bette Davis domina a cena neste dramão sobre uma família sulista que tenta se recuperar financeiramente com um negócio que envolve mão de obra barata de sua região. Porém, Regina Giddens (Bette) precisa convencer seu marido doente a entrar na sociedade com os outros irmãos. E aí entram os venenos, as pressões, as puxadas de tapete. William Wyler está afiado na direção, usando bem demais o cenários para explorar os ângulos de câmera.
Estados Unidos. Direção: William Wyler. Roteiro: Lillian Hellman, baseado em sua peça, com cenas e diálogos adicionais por Arthur Kober, Dorothy Parker e Alan Campbell. Elenco: Bette Davis, Herbert Marshall, Teresa Wright, Richard Carlson.

Crítica de Pérfida:
Do jeito que Bette quer

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8 – DUMBO (Dumbo)
Onde ver: DVD, blu-ray, Disney Plus, YouTube (dublado).

Depois que os ambiciosos Pinóquio e Fantasia não foram bem nas bilheterias, Walt Disney apostou em um longa mais simples e infantil, basicamente uma Silly Symphony estendida. Dumbo é isso, uma fantasia leve e sentimental de um elefantinho desprezado por ter orelhas imensas, mas que uma hora descobre que consegue voar por causa delas. Funciona bem demais e ainda tem aquela cena pré-psicodélica do delírio dos elefantes rosa, provocado por um porre.
Estados Unidos. Direção: Ben Sharpsteen (supervisão), Samuel Armstrong (sequência), Norman Ferguson (sequência), Wilfred Jackson (sequência), Jack Kinney (sequência), Bill Roberts (sequência), John Elliott (não creditado). Roteiro: argumento de Joe Grant e Dick Huemer, com desenvolvimento de história de Bill Peet, Aurelius Bataglia, Joe Rinaldi, Vernon Stallings e Webb Smith, com direção de história de Otton Englander, baseado em livro de Helen Aberson e Harold Pearl. Vozes na dublagem original: Edward Brophy, Cliff Edwards, Sterling Holloway, Verna Felton. Vozes na dublagem brasileira de 1941: João de Barro, Grande Otelo, Almirante, Sarah Nobre, Jararaca, Ratinho. Vozes na dublagem brasileira de 1973: Ênio Santos, Francisco Milani, Cahuê Filho, Estelita Bell, Orlando Drummond, Mário Monjardim, Milton Gonçalves, MPB-4, Quarteto em Cy. Vozes na dublagem brasileira de 1998: Sérgio Stern, Cláudio Galvan, Marcelo Coutinho, Mariangela Cantú, Orlando Drummond, Mabel Cézar, Guilherme Briggs.

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7 – O DIABO E A MULHER (The Devil and Miss Jones)
Onde ver: DVD digipack Comédias Clássicas.

O diabo é um magnata tão rico que nem lembra que é dono também de uma loja de departamentos. A mulher é a Srta. Jones, uma funcionária da loja, do setor de sapatos. Quando ele se emprega lá secretamente para descobrir quem está liderando protestos dos trabalhadores contra o dono, por melhores condições de trabalho, ela acolhe o “novato”. E o patrão acaba vendo na pele os problemas de seus funcionários. Um dos vários filmes da época sobre as questões trabalhistas, aqui ancorado em elenco sólido e ótimos roteiro e direção.
Estados Unidos. Direção: Sam Wood. Roteiro: Norman Krasna. Elenco: Jean Arthur, Charles Coburn, Robert Cummings, Spring Byington, Edmund Gwenn, S.Z. Sakall.

Crítica de O Diabo e a Mulher:
Comédia trabalhista

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6 – COMO ERA VERDE MEU VALE (How Green Was My Valley)
Onde ver: DVD, YouTube (dublado), YouTube (som original, com legendas).

Na virada do século, no País de Gales, o cotidiano de uma família onde pai e filhos, assim como toda a vila, trabalham na mina local. A história é vista em retrospectiva pelo filho mais novo, já adulto. De novo John Ford alia a força dos laços familiares a um trama sobre a vida e desafios dos trabalhadores. Nostálgico e sentimental, mais até do que o normal para o diretor, que de novo compõe belas imagens míticas.
Estados Unidos. Direção: John Ford. Roteiro: Philip Dunne, baseado no romance de Richard Llewellyn. Elenco: Walter Pidgeon, Maureen O’Hara, Roddy McDowall, Sarah Allgood, Anna Lee, Donald Crisp, Barry Fitzgerald.

Crítica de Como Era Verde Meu Vale:
Laços de família, tensões trabalhistas

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5 – AS TRÊS NOITES DE EVA (The Lady Eve)
Onde ver: DVD.

Barbara Stanwyck em estado de graça com uma golpista que tem um jovem e ingênuo milionário (Henry Fonda) na mira durante uma viagem de navio. Só que ela se apaixona de verdade por ele, mas ele descobre a farsa inicial e a despreza. Tempos depois, ela consegue a oportunidade de se vingar, reaparecendo na mansão da família dele como uma lady inglesa. Grande comédia, cheia de idas e vindas, num ano especial tanto para Barbara quanto para o diretor Preston Sturges.
Estados Unidos. Direção: Preston Sturges. Roteiro: Preston Sturges e Monckton Hoffe, baseado em peça de Hoffe. Elenco: Barbara Stanwyck, Henry Fonda, Charles Coburn.

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4 – ADORÁVEL VAGABUNDO (Meet John Doe)
Onde ver: DVD, YouTube (legendado; dublado e colorizado)

Um Frank Capra em ótima forma, mais uma vez em seus temas humanistas. A abertura já é sensacional: o jornal que troca de direção, simbolizado pela placa original sendo retirada à britadeira, com close na expressão “free press” sendo detonada letra por letra. Em seguida, o garoto que sai da sala do novo editor e “convida” os jornalistas da vez a serem demitidos simplesmente apontando o dedo, fazendo um assovio e o gesto de garganta cortada. Barbara Stanwyck é um deles, mas vira o jogo quando inventa, em sua última coluna, um desempregado em desespero que afirma que vai se atirar de um prédio em protesto contra a as condições sociais no país. A repercussão a faz não só recuperar seu emprego, mas manter a farsa junto com o jornal, encontrando no pobretão vivido por Gary Cooper alguém para personificar o “João Ninguém” fictício. Surge um movimento social que os poderosos não demoram a querer manipular. Leia mais.
Estados Unidos. Direção: Frank Capra. Roteiro: Robert Riskin, com contribuições aos diálogos de Myles Connolly, de um argumento de Richard Connell e Robert Presnell Sr. Elenco: Gary Cooper, Barbara Stanwyck, Walter Brennan.

Crítica de Adorável Vagabundo:
Jornalismo e política de maneira romântica

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3 – CONTRASTES HUMANOS (Sullivan’s Travels)
Onde ver: DVD.

Preston Sturges faz um belo tributo a seu gênero de ofício, a comédia, na trama do diretor de cinema que faz muito sucesso divertindo as plateias com seus filmes, mas que acha que, naquele momento de crise nos EUA, precisa dizer algo importante: quer fazer um épico dramático sobre os desvalidos. Mas o que ele sabe sobre ser pobre? Resolve, então, passar alguns dias vivendo como um dos inúmeros sem teto que vagam pelo país. Sturges surpreendentemente vai da comédia rasgada ao drama e, através do drama, mostra a importância da comédia.
Estados Unidos. Direção e roteiro: Preston Sturges. Elenco: Joel McCrea, Veronica Lake, Robert Warwick.

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2 – RELÍQUIA MACABRA ou O FALCÃO MALTÊS – RELÍQUIA MACABRA (The Maltese Falcon)
Onde ver: DVD, blu-ray, HBO Max, Now, Apple TV/ iTunes.

Estreia na direção de John Huston e estreia também do filme noir como gênero. Huston pescou o livro de Dashiell Hammet dos direitos de adaptação que a Warner já tinha (e que já havia filmado duas vezes) e construiu uma narrativa direta como o próprio detetive Sam Spade, que podia até podia até estar de caso com a mulher do sócio, mas não ia deixar barato o assassinato dele. Desvendar o crime implica em se envolver na caçada internacional de uma turma de golpistas por uma estatueta lendária, histórica e de ouro. George Raft declinou do papel principal porque achou que o filme não tinha importância. Mas ele acabou se revelando feito do “material do que são feitos os sonhos”.
Estados Unidos. Direção e roteiro: John Huston, baseado em romance de Dashiell Hammett. Elenco: Humphrey Bogart, Mary Astor, Peter Lorre, Sydney Greenstreet.

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1 – CIDADÃO KANE (Citizen Kane)
Onde ver: DVD, blu-ray, HBO Max, Now, Google Play/ YouTube Filmes, Looke, Microsoft Store, Apple TV/ iTunes.

Consagrado através dos anos como “o mais importante filme já feito”, muito do que era um compêndio de revoluções narrativas em Cidadão Kane já foi absorvido, reprocessado e subvertido pelo próprio cinema. O que fica é a arte maravilhosa de contar uma história, começando pela opção de começar pela morte do protagonista, para depois resumir sua vida e então ver o que está por trás dos fatos pelos depoimentos de quem o conheceu. Mas também pela disposição feroz de fazer cada cena algo inspirado, criativo, inteligente. Orson Welles e seus colaboradores (principalmente o co-roteirista Herman J. Maniewicz e o diretor de fotografia Gregg Toland) buscaram ferozmente soluções imaginativas. Planos-sequência (com vários planos dentro do plano), profundidade de campo (combinando megacloses e personagens minúsculos ao fundo, criados na câmera ou combinados com projeção de fundo), o uso expressivo do forte contraste entre luz e sombra, os pontos de vista de baixo pra cima, o humor de comédia maluca alternando com o melodrama. Uma maravilha na qual em cada segundo há algo para se comentar: do “Proibida a entrada” do começo ao “Proibida a entrada” do final.
Estados Unidos. Direção: Orson Welles. Roteiro: Herman J. Mankiewicz e Orson Welles. Elenco: Orson Welles, Joseph Cotten, Everett Sloane, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead.

Crítica de Cidadão Kane:
Uma narrativa para além das revoluções

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EDIÇÃO:

3/8/2021: Entrou Pérfida (em 9º), saiu Um Bom Momento para uma Moeda.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico

BOLA DE FOGO
⭐⭐⭐⭐
Diário de Filmes 2021: 31

Branca de Neve de ‘corpo perturbador’

A trama de um homem cerebral e comedido que tem vida posta de pernas para o ar por causa de uma mulher que aparece de repente em sua vida não era exatamente nova em Hollywood. Nem mesmo na carreira de Howard Hawks: o diretor havia lançado o maluco Levada da Breca três anos antes.

Mas, agora, não é só um homem: são oito. E a mulher é, mais do que nunca, uma tentação: Barbara Stanwyck é a liberada cantora de boate que, envolvida com um gangster e procurada pela polícia, vai encontrar abrigo em uma casa onde estão oito professores que se dedicam há anos à elaboração de uma enciclopédia.

Com roteiro de Billy Wilder e Charles Brackett (Wilder começaria a dirigir seus próprios filmes naquele mesmo ano), o filme tira um sarro da situação central de Branca de Neve e os Sete Anões (1937). Uma paródia safadinha que concentra suas piadas nessa colisão de dois mundos, com Cooper tentando manter como pode a dignidade diante do “corpo perturbador” de Barbara (palavras do personagem).

Com uma situação divertida bem explorada em ótimos diálogos (o professor vivido por Cooper está interessado nas gírias da cantora para sua pesquisa), o filme é uma demonstração da perícia do versátil Hawks na comédia. É grande diversão com excelente elenco (Barbara foi indicada ao Oscar).

Onde ver: DVD, Oldflix

Ball of Fire, 1942.
Direção: Howard Hawks. Elenco: Gary Cooper, Barbara Stanwyck, Henry Travers, Dana Andrews, S.Z. Sakall, Richard Haydn, Dan Duryea

10 – MARROCOS (Morocco)
Onde ver: DVD (só e na coleção Marlene Dietrich).

Depois de O Anjo Azul na Alemanha, Marlene Dietrich e Joseph von Sternberg deram sequência à parceria em Hollywood. Marlene é magnética, protagoniza uma escandalosa sequência em que tasca um beijo numa moça, mas o filme não vai muito além disso, chegando a um final duro de engolir.
Estados Unidos. Direção: Joseph von Sternberg. Roteiro: Jules Furthman, baseado em peça de Benno Vigny. Elenco: Marlene Dietrich, Gary Cooper, Adolphe Menjou.

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9 – LÁBIOS SEM BEIJOS
Onde ver: YouTube.

Saído de Cataguazes para a Cinédia, no Rio, Humberto Mauro assumiu a direção deste drama romântico mudo, de história simples: garota se apaixona por rapaz com fama de Don Juan, depois de se desentenderem. Um equívoco de identidades faz a moça achar que ele se envolveu com a irmã dela. Imagens bonitas do Rio, em planos às vezes inspirados, como o vento na rua, na abertura.
Brasil. Direção: Humberto Mauro. Roteiro: Adhemar Gonzaga. Elenco: Lelita Rosa, Paulo Morano, Didi Viana.

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8 – A IDADE DO OURO (l’Age d’Or)
Onde ver: DVD (O Cão Andaluz/ A Idade do Ouro), YouTube.

Segundo filme da parceria surrealista entre Luís Buñuel e Salvador Dalí, aqui eles já não se entenderam tão bem quanto em Um Cão Andaluz (1929). É mais linear, com ideias mais concatenadas, mas ainda visualmente instigante, embora muito longo para tanta viagem.
França. Direção: Luís Buñuel. Roteiro: Luís Buñuel e Salvador Dalí. Elenco: Gaston Modot, Lya Lys.

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7 – OS GALHOFEIROS (Animal Crackers)
Onde ver: DVD.

A chegada do cinema falado poderia ser saudada só pela possibilidade dos filmes dos Irmãos Marx. Neste, o segundo, eles aprontam numa mansão onde há uma recepção a um explorador famoso e há o roubo de uma obra de arte. Ideias desconexas e humor demolidor. A música em homenagem ao Capitão Spaulding virou tema do quiz show de Groucho Marx na TV e, depois, revisitada em Todos Dizem Eu Te Amo (1996), de Woody Allen.
Estados Unidos. Direção: Victor Heerman. Roteiro: Morrie Ryskind, baseado em peça de Ryskind, George S. Kaufman, Bert Kalmar e Harry Ruby. Elenco: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Zeppo Marx, Lillian Roth, Margaret Dumont.

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6 – ASSASSINATO (Murder!)
Onde ver: DVD (só ou na coleção Hitchcock – Primeiros Anos: Vol. 2).

Um dos primeiros filmes falados de Hitchcock, também é tido como o primeiro em que pensamentos de um personagem são ouvidos pelo espectador. A trama já é super Hitch: um integrante de um júri que condena uma acusada passa a investigar o caso antes que pode inocentar a moça antes que ele seja executada.
Reino Unido. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Alma Reville, da adaptação de Alfred Hitchcock e Walter C. Mycroft, baseado em romance de Clemence Dane e Helen Simpson. Elenco: Herbert Marshall, Norah Baring, Phyllis Konstam.

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5 – TERRA (Zemlya)
Onde ver: DVD, YouTube (legendas em espanhol).

O filme soviético celebra o esforço coletivo de uma comunidade rural de se manter enquanto isso desagrada a poderosos vizinhos donos de terras. Há momentos visuais poderosos, de contemplação de paisagens da natureza e paisagens do rosto humano. Além de momentos dramaticamente fortes, como os camponeses urinando no trator recém adquirido que parou no meio da estrada e precisa de água. E a nudez da moça enlutada pelo noivo, líder assassinado. Coisas de que a censura não gostou.
União Soviética. Direção e roteiro: Aleksandr Dovzhenko. Elenco: Stepan Shkurat, Semyon Svashenko, Yelena Maksimova.

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4 – A PATRULHA DA MADRUGADA (The Dawn Patrol)

É o filme que Anjos do Inferno queria ser. Howard Hawks já coloca no centro sua trama recorrente de heróis profissionais que fazem seu trabalho a todo custo, seja qual for o risco envolvido. Aqui, enquanto aviadores arriscam o pescoço em missões suicidas, seu comandante sofre pela responsabilidade e pressão terrível de mandá-los sabendo que muitos não voltarão. Hawks brilhante nas cenas de ação e no drama.
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Dan Totheroh, Howard Hawks e Seton I. Miller, baseado na história de John Monk Saunders. Elenco: Richard Barthelmess, Douglas Fairbanks Jr., Neil Hamilton.

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3 – SEM NOVIDADES NO FRONT ou NADA DE NOVO NO FRONT (All Quiet on the Western Front!)
Onde ver: DVD, blu-ray, Claro Vídeo, Apple TV/ iTunes, Google Play/ YouTube Filmes.

A I Guerra vista pelo lado de jovens alemães idealistas que se alistam, mas só encontram miséria, sofrimento e morte nos campos de combate. Ganhou o Oscar de melhor filme e chegou a ser censurado pelo contundente tom antibelicista. Fora isso, tem tomadas muito inspiradas, como o discurso patriótico em sala de aula, com uma parada imponente passando na rua, ao fundo. Ou a morte através do plano da mão que tenta alcançar uma flor.
Estados Unidos. Direção: Lewis Milestone. Roteiro: George Abbott, Del Andrews (adaptação), Maxwell Anderson (adaptação e diálogos), C. Gardner Sullivan (supervisão), Walter Anthony (não creditado) e Lewis Milestone (não creditado), baseado em romance de Eric Maria Remarque. Elenco: Louis Wolheim, Lew Ayres, John Wray.

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2 – O ANJO AZUL (Der Blaue Engel)
Onde ver: DVD, Oldflix, YouTube.

O encontro mágico entre Marlene Dietrich e o diretor Joseph von Sternberg na Alemanha, que rendeu outros seis filmes em Hollywood. Marlene interpreta Lola-Lola, a cantora de um espetáculo que vira o objeto de desejo e obsessão de um orgulhoso professor moralista. Eles se casam, a vida dele vai degringolando até perder completamente a dignidade. A combinação de ar desinteressado e pernas lendárias de Marlene já estavam aí definindo sua persona.
Alemanha. Direção: Josef von Sternberg. Roteiro: Carl Zuckmayer, Karl Vollmöller, Robert Liebmann e Josef von Sternberg (não creditado), adaptação do romance de Heinrich Mann. Elenco: Emil Jannings, Marlene Dietrich, Kurt Gerron.

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1 – SOB OS TETOS DE PARIS (Sous le Toits de Paris)
Onde ver: DVD, Belas Artes a la Carte.

Na abertura, o filme começa mostrando telhados para depois descer sobre uma rua onde pessoas cantam até se deter sobre uma moça em uma porta. Um plano sequência antológico para 1930, um tempo do qual se fala muito das limitações que o som impunha à imagem naquele começo de cinema falado. O filme, na verdade, é parcialmente mudo, com cartelas, e parcialmente com diálogos sonoros e canções. As sacadas visuais contam com beleza a história de um vendedor de partituras que se apaixona por uma polonesa, mas é preso e ela fica dividida entre ele e o melhor amigo.
França. Direção e roteiro: René Clair. Elenco: Albert Préjean, Pola Illéry, Edmond T. Greville.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico.

Ritmo Louco

Fred Astaire e Ginger Rogers em “Ritmo Louco”

20. ‘OVER THE RAINBOW’, de O Mágico de Oz (1939)
Com Judy Garland. Direção: Victor Fleming. Canção de E.Y. Harburg e Harold Arlen.

Uma das canções definitivas do cinema americano, com Judy no papel para o qual a Metro queria Shirley Temple. Ainda no Kansas tão sem graça que é fotografado em sépia, a menina Dorothy sonha com algum lugar mais colorido (que ela conhecerá após o furacão que a levará “além do arco-íris”). Não precisa muito para criar um momento eterno: é Judy cantando, com seu ar de quem precisa de proteção, e apenas com Totó de plateia.

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19. ‘FRIEND LIKE ME’, de Aladdin (1992)
Com Robin Williams. Direção: John Musker e Ron Clements. Canção de Alan Menken e Howard Ashman.

Escalar Robin Williams como o Gênio de Aladdin foi um jogada de mestre. O comediante improvisou a valer, em imitações, vozes e diálogos. E deu um show na interpretação desta música introdutória de seu personagem. O que inspirou os animadores a também darem um show para acompanhar sua interpretação. É tão fantástico que a versão live action de 2019, com todo o CGI à disposição, simplesmente não consegue acompanhar.

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18. ‘BROADWAY RHYTHM BALLET’, de Cantando na Chuva (1952)
Com Gene Kelly, Cyd Charisse e elenco. Direção: Gene Kelly e Stanley Donen. Coreografia: Gene Kelly. Canção de Arthur Freed e Nacio Herb Brown.

“Gotta dance!”. Ao modo do que Sinfonia de Paris fez um ano antes, Cantando na Chuva também reservou um grande balé para perto do seu final. É quase um curta-metragem dançado dentro do filme. No caso, é a imaginação de um número para o filme-dentro-do-filme: um dançarino que tenta começar na Broadway e sua trajetória ao sucesso, tendo, no caminho, o encontro com uma sedutora mulher que é namorada de um gangster. Para o número, foi escalada a monumental Cyd Charisse, bailarina que até então fazia apenas pequenos papéis nos musicais da MGM. Com pernas intermináveis, este número a catapultou para o primeiro time dos musicais do estúdio. E já estava demorando.

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17. ‘CHEEK TO CHEEK’, de O Picolino (1935)
Com Fred Astaire e Ginger Rogers. Direção: Mark Sandrich. Coreografia: Hermes Pan e Fred Astaire. Canção de Irving Berlin.

Este talvez seja o momento mais icônico da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers. Apareceu de novo em momentos capitais, por exemplo, de A Rosa Púrpura do Cairo (1985) e À Espera de um um Milagre (1999). Muito se fala sobre essa cena, inclusive que Fred odiava esse vestido de Ginger, que ela insistiu em usar, porque as penas o faziam espirrar e se soltavam durante a dança. Ginger acabou ganhando o apelido sacana de “Feathers”, mas a a magia da dança no cinema é isso aí: fazer o difícil parecer sublime. “Anjos… Eles são como anjos no céu”, diz sobre eles o personagem de À Espera de um Milagre.

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16. ‘LET’S CALL THE WHOLE THING OFF’, de Vamos Dançar? (1937)
Com Fred Astaire e Ginger Rogers. Direção: Mark Sandrich. Coreografia: Hermes Pan e Harry Losee. Canção de George Gershwin e Ira Gershwin.

George Gershwin notou que Fred Astaire e Ginger Rogers tinham sotaques diferentes. E escreveu com o irmão letrista Ira uma canção especialmente para brincar com isso. “You say ‘eether’, and I say ‘eyether’“, “You say ‘tomayto’, and I say ‘tomahto’” e por aí vai. A canção, em si, já é uma obra-prima, mas ainda tem a parte da dança, esse impressionante dueto… sobre patins! Número que, fora os ensaios, levou mais de 150 takes. No fim, na cena em que os dois se estabanam na grama falsa, Fred e Ginger já estavam mesmo com tudo doendo de tanto repetirem a cena.

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15. ‘AN AMERICAN IN PARIS BALLET’, de Sinfonia de Paris (1951)
Com Gene Kelly, Leslie Caron é elenco. Direção: Vincente Minnelli. Coreografia: Gene Kelly. Música de George Gershwin.

Sapatinhos Vermelhos bateu fundo em Gene Kelly. Ele usou o recurso de um grande balé como clímax de um filme já no ano seguinte, em Um Dia em Nova York. Usaria também, de maneira ainda mais elaborada, em Cantando na Chuva. E, entre eles, aqui: um ponto de inflexão em sua carreira como astro e como coreógrafo. Seu personagem é pintor e, neste delírio quando perde a mulher amada, ele entra literalmente dentro de obras de pintores franceses famosos. É um espetáculo de coreografia, cenografia, fotografia e de Gene e da estreante Leslie Caron como atores-dançarinos.

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14. ‘SUPERCALIFRAGILISTICEXPIALIDOCIOUS’, de Mary Poppins (1964)
Com Julie Andrews e Dick van Dyke. Direção: Robert Stevenson. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard M. Sherman e Robert B. Sherman.

A palavra para se dizer quando não se sabe o que dizer. Dentro de um mundo de desenho animado, Mary Poppins e Bert cantam e dançam com os desenhos, no estilo dos números musicais no teatro inglês de 1910. É uma canção antológica, que ficou em 36º lugar na eleição das 100 canções do cinema americano pelo American Film Institute. É um trava-língua indo e voltando: Julie Andrews diz a palavra de trás pra frente em um momento (e já mostrou que ainda consegue fazê-lo).

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13. ‘DIAMONDS ARE A GIRL’S BEST FRIEND’, de Os Homens Preferem as Louras (1953)
Com Marilyn Monroe. Direção: Howard Hawks. Coreografia: Jack Cole. Canção de Jule Styne e Leo Robin.

1953 foi o ano em que Marilyn explodiu para o mundo. E este permanece até hoje seu número-assinatura: no filme, ela se apresenta para uma plateia, mas também manda um recado irônico para o ex-noivo. É icônico, uma referência visual e auditiva para sempre. Não por acaso, foi citado no clipe de “Material girl”, da Madonna, e nos filmes Moulin RougeAves de Rapina. Mas como Marilyn não há igual.

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12. ‘YOU’RE ALL THE WORLD TO ME’, de Núpcias Reais (1951)
Com Fred Astaire. Direção: Stanley Donen. Coreografia: Nick Castle. Canção de Burton Lane e Alan Jay Lerner.

Dançando, Fred Astaire era capaz de tudo: até de subir pelas paredes. Nem a gravidade era páreo para ele. Num efeito especial genial ainda hoje, Fred dança nas paredes e no teto de um quarto. Por muito tempo cinéfilos se perguntaram como foi feito. O segredo é que o quarto inteiro girava e a câmera girava junto. Astaire usava a perícia para acompanhar a rotação. Esse exemplo antológico do artesanato do cinema foi usado recentemente com a mesma técnica em A Origem, por exemplo. Mas lembre-se que aqui estamos falando de 1951.

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11. ‘NEVER GONNA DANCE’, de Ritmo Louco (1935)
Com Fred Astaire e Ginger Rogers. Direção: George Stevens. Direção de dança: Hermes Pan. Canção de Dorothy Fields e Jerome Kern.

Fred quer Ginger, Ginger quer ir embora. Ele tenta reconquistá-la, primeiro, cantando. Então, eles estão juntos na pista de dança vazia. O que se segue é uma preciosidade. Do andar desalentado, evolui-se para a dança. Na dança, surgem passos que já foram trocados em momentos mais felizes no filme. É a dança contando a história, sem palavras. Uma dança espetacular em um plano-sequência de 2 minutos e 30 segundos, que inclui uma subida de escada e a dança seguindo depois disso. Só há um corte, para um segundo plano, com os muitos giros de Ginger Rogers (que levou 47 takes em um dia e fez os pés de Ginger sangrarem).

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20 — O PÁSSARO AZUL (The Blue Bird)
Onde ver:
DVD, YouTube (dublado).

A Metro quis Shirley Temple para estrelar O Mágico de Oz em 1939, e não conseguiu. A Fox, então, resolveu colocar a estrela mirim em sua própria aventura encantada. Já aos 12 anos, Shirley já não é mais tão novinha e faz um papel antipático. Não é Oz, longe disso, mas o filme marcou uma geração. 
Estados Unidos. Direção: Walter Lang. Roteiro: Ernest Pacal, com Walter Bullocm (diálogos adicionais), baseado em peça de Maurice Maeterlinck. Elenco: Shirley Temple, Spring Byington, Nigel Bruce, Gale Sodeengard.

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19 — A VOLTA DE FRANK JAMES (The Return of Frank James)
Onde ver:
DVD, Looke, NetMovies, YouTube (som original, sem legendas; dublado).

O filme fantasia os eventos que teriam acontecido após o assassinato do lendário Jesse James, pelas costas, por homens de seu bando. O irmão Frank sai de seu esconderijo para vingar a morte. É uma continuação de Jesse James (1939), inclusive abrindo com a cena da morte do filme anterior, e vários atores reprisando seus papéis, inclusive Henry Fonda. Lang, bem ajustado aos filmes B americanos, está bem longe de seus dias no Expressionismo Alemão. 
Estados Unidos. Direção: Fritz Lang. Roteiro: Sam Hellman. Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine.

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18 — PICA-PAU ATACA NOVAMENTE (Knock, Knock)
Onde ver:
DVD (Coleção Clássica Pica-Pau e Seus Amigos – Vol. 1), Amazon Prime Video, Claro Vídeo, YouTube (legendado; dublado). 

Apesar do título brasileiro falar em novo ataque, essa é a estreia do Pica-Pau, na série do Andy Panda, apenas como uma dor de cabeça ocasional para o pai do ursinho. O personagem ainda nem tinha nome. Seu comportamento alucinado garantiu a ele protagonizar um novo curta no ano seguinte (Pica-Pau Biruta, em que enlouquece um psiquiatra) e o resto é história
Estados Unidos. Direção: Walter Lantz e Alex Lovy (não creditados). Roteiro: Lowell Elliot e Ben Hardaway. Vozes na dublagem original: Sara Berner, Mel Blanc.

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Wild Hare

17 — COELHO SELVAGEM (A Wild Hare)
Onde ver: Dailymotion.

Outro curta com uma estreia muito importante: aqui, o Pernalonga surge definido, após alguns protótipos terem aparecido em desenhos anteriores. O coelho subverte a caçada de Hortelino com todos os truques que aprimoraria nos anos seguintes. Pela primeira vez, ele diz o célebre “O que é que há, velhinho?”. 
Estados Unidos. Direção: Tex Avery. Roteiro: Rich Hogan. Vozes na dublagem original: Mel Blanc, Arthur Q. Bryan.

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Melodia da Broadway de 1940 - 03

16 — MELODIA DA BROADWAY DE 1940 (Broadway Melody of 1940)
Onde ver:
DVD.

Não é um dos mais inspirados musicais da Metro, mas aconteceu de unir os dois melhores em seu ofício. Fred Astaire e Eleanor Powell, dois gênios absolutos, o melhor dançarino e a melhor dançarina do cinema, se encontraram na tela e entregaram juntos pelo menos dois momentos antológicos. “Jukebox’s dance” e “Begin the beguine” entram em qualquer antologia séria da dança no cinema. 
Estados Unidos. Direção: Norman Taurog. Roteiro: Leon Gordon e George Oppenheimer, história original de Jack McGowan e Dore Schary, contribuições não creditadas de Preston Sturges, Walter DeLeon, Vincent Lawrence, Albert Mannheimer, Eddie Moran, Thomas Phipps e Sid Silvers. Elenco: Fred Astaire, Eleanor Powell, George Murphy, Frank Morgan.

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Ponte de Waterloo

15 — A PONTE DE WATERLOO (Waterloo Bridge)
Onde ver:
DVD.

Depois de …E o Vento Levou, Vivien Leigh estrelou esse melodrama que volta aos dias da I Guerra: ela é uma bailarina que se apaixona por um oficial. Tudo vai bem, mas ela perde o emprego e acha que ele morreu em combate. Sem dinheiro e esperança, acaba se tornando prostituta. Refilmagem de um filme de 1931, parece datado na maneira como trata a prostituição (ninguém ousa dizer o nome). Mas, bem, o filme se passa nos anos 1910. Vivien é absolutamente hipnotizante e Robert Taylor é um dos atores mais bonitos que o cinema já viu. 
Estados Unidos. Direção: Mervyn LeRoy. Roteiro: S.N. Behrman, Hans Rameau e George Foerschel, baseado em peça de Robert E. Sherwood. Elenco: Vivien Leigh, Robert Taylor, Virginia Field, Lucile Watson, Maria Ouspenskaya.

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Bichano em Maus Lençóis

14 — UM BICHANO EM MAUS LENÇÓIS ou UM GATO TRAVESSO (Puss Get the Boot)
Onde ver: Dailymotion.

Esse curta é a estreia de dois dos personagens mais amados e de maior sucesso dos desenhos animados: Tom & Jerry. Aqui, ainda sem seus nomes definitivos: Tom é chamado de Jasper, e Jerry nem tem seu nome mencionado. Mas a dinâmica já está toda aí: com o camundongo aproveitando que a dona mandou o gato não fazer bagunça para fazer da vida do bichano um inferno. 
Estados Unidos. Direção e roteiro: William Hanna e Joseph Barbera. Voz na dublagem original: Lillian Randolph.

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13 — A CARTA (The Letter)
Onde ver:
DVD, YouTube.

Bette Davis já surge em cena descarregando uma arma em um infeliz. Depois disso, ela se justifica para o marido e o advogado, mas sua história é ameaçada pela notícia de que há uma carta comprometedora. Wyler mostra sua perícia com a câmera e o uso da luz para contar esse dramão de crime e castigo.
Estados Unidos. Direção: William Wyler. Roteiro: Howard Koch, baseado na peça de W. Somerset Maughan. Elenco: Bette Davis, Herbert Marshall, James Stephenson, Gale Sondergaard.

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12 — VOCÊ DEVIA ESTAR NO CINEMA (You Ought to Be in Pictures)
Onde ver:
DVD (Aventuras com Patolino e Gaguinho), Dailymotion (som original, colorizado).

Patolino convence Gaguinho a romper seu contrato de desenho animado com a Warner e tentar ser ator no cinema. Isso acontece numa divertida mistura de personagens animados em cenários reais, com o produtor Leon Schlesinger interpretando a si mesmo, e o roteirista Michael Maltese como um guarda de estúdio. 
Estados Unidos. Direção: Friz Freleng. Roteiro: Jack Miller. Elenco: Leon Schlesinger, Michael Maltese. Voz na dublagem original: Mel Blanc.

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Correpondente Estrangeiro11 — CORRESPONDENTE ESTRANGEIRO (Foreign Correspondent)
Onde ver:
DVD, Oldflix, YouTube.

O segundo filme de Alfred Hitchcock em Hollywood é um suspense de espionagem já sobre a II Guerra (os EUA estavam ainda fora do conflito, mas a Inglaterra natal do diretor estava dentro). É daqui a grande cena do avião que cai no mar e acompanhamos a queda de dentro da cabine até a água entrar. 
Estados Unidos. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Charles Bennett e Joan Harrison, com diálogos de James Hilton e Robert Benchley, e contribuições de Ben Hecht (não creditado) e Richard Maibaum (não creditado). Elenco:Joel McCrea, Laraine Day, Herbert Marshall, George Sanders, Robert Benchley, Edmund Gwenn.

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Marca do Zorro10 — A MARCA DO ZORRO (The Mark of Zorro)
Onde ver:
DVD, Oldflix.

Tyrone Power estrela a versão 1940 do herói da literatura que já havia tido uma adaptação antológica no cinema mudo (em 1920, com Douglas Fairbanks). Bem produzida, ágil, é um grande representante do gênero capa-e-espada. Tem um grande herói, um baita vilão (Basil Rathbone) e uma mocinha das mais deslumbrantes (Linda Darnell, aos 16 anos nas filmagens). O duelo final é antológico. 
Estados Unidos. Direção: Rouben Mamoulian. Roteiro: John Taintor Foote, com adaptação de Garret Fort e Besse Meredyth para o romance seriado de Johnston McCulley. Elenco: Tyrone Power, Linda Darnell, Basil Rathbone, Gale Sondergaard.

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Sr Pato Sai de Casa

9 — O SR. PATO SAI DE CASA ou DONALD ADORA DANÇAR (Mr. Duck Steps Out)
Onde ver:
DVD (DisneyTreasures – Cronologia do Donald – vol. 1),YouTube (som original).

O curta da Disney mostra Donald e seus três sobrinhos em um inusitado duelo quando o pato visita a namorada. O desenho estabelece de vez a personagem da Margarida, que aqui ganha seu nome. Tem aquele momento safadinho em que, no sofá, ela dá aquela afastada no pato saidinho, mas o chama com o rabinho. Clarence Nash faz todas as vozes (inclusive a da Margarida). 
Estados Unidos. Direção: Jack King. Roteiro (não creditados): Carl Barks, Chuck Couch, Jack Hannah, Harry Reeves, Milt Schaffer e Frank Tashlin. Voz na dublagem original: Clarence Nash.

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Loja da Esquina8 — A LOJA DA ESQUINA (The Shop Around the Corner)
Onde ver:
DVD.

A comédia romântica de Lubitsch se passa em uma loja de presentes em Budapeste, com algumas tramas, sendo a principal a do casal de vendedores que vive às turras, mas que, sem saber, são apaixonados um pelo outro. É que eles trocam cartas de maneira anônima. A combinação da direção com os ótimos James Stewart e Margaret Sullavan é perfeita. O filme originou o também bem bom Mensagem para Você, em 1998, já no mundo dos e-mails. 
Estados Unidos. Direção: Ernst Lubitsch. Roteiro: Samson Raphaelson, com colaboração de Ben Hetch (não creditado), baseado em peça de Miklós László. Elenco: Margaret Sullavan, James Stewart, Frank Morgan, Joseph Schildkraut.

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Grande Ditador

7 — O GRANDE DITADOR (The Great Dictator)
Onde ver:
DVD, blu-ray, Telecine Play, Oi Play, YouTube.

Chaplin usou música e algumas falas pontuais em seus dois filmes anteriores, mas este é o seu primeiro falado para valer. E ele não desperdiçou sua voz. De um lado há um barbeiro judeu (o último filme de Carlitos?) em um gueto. Do outro, o ditador que parodia Hitler. Na primeira cena, o ditador ridículo discursa histrionicamente num alemão inventado. Na última, o barbeiro que foi parar no lugar do ditador faz o maior discurso pela paz e humanismo no cinema. É bom lembrar que a guerra já estava comendo no centro na Europa e os EUA ainda nem aí. 
Estados Unidos. Direção e roteiro: Charles Chaplin. Elenco: Charles Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie.

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Núpcias de Escândalo6 — NÚPCIAS DE ESCÂNDALO (The Philadelphia Story)
Onde ver:
DVD, Apple TV/ iTunes.

A primeira cena é de antologia. Cary Grant sai pela porta em direção ao carro. Atrás dele, vem Katharine Hepburn, flutuando, com seus tacos de golfe. Ao chegar perto, os solta no chão. E, com aquela cara de satisfação, parte um dos tacos ao meio. É quando sabemos que estamos assistindo a uma separação. A história começa mesmo quando ela vai casar de novo, o ex reaparece com um repórter e uma fotógrafa de uma revista de fofocas para embaralhar o negócio. Uma comédia de erros de Cukor é cheia de maus entendidos, paixões que vêm e vão, falsas premissas. O elenco é incrível, mas o show é de Kate Hepburn: a peça na Broadway foi escrita para ela; ela comprou os direitos para o cinema; ela apostou no material para reerguer sua carreira em Hollywood, que andava em baixa. Deu certíssimo. 
Estados Unidos. Direção: George Cukor. Roteiro: Donald Ogden Stewart, com colaboração de Waldo Salt (não creditado), baseado em peça de Philip Barry. Elenco: Katharine Hepburn, Cary Grant, James Stewart, Ruth Hussey, John Howard.

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Rebecca5 — REBECCA, A MULHER INESQUECÍVEL (Rebecca)
Onde ver:
DVD, blu-ray, Looke, Oldflix, NetMovies, YouTube.

A estreia de Hitchcock em Hollywood foi um duelo entre ele e o produtor David O. Selnick pelo controle criativo do filme. A história é a da jovem que se casa com um aristocrata, mas a presença da primeira mulher morta na propriedade é sufocante além da conta. Rebecca é o nome até do próprio filme, a pobre nova Senhora De Winter nem nome tem na história. 
Estados Unidos. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Robert E. Sherwood e Joan Harrison, com adaptação de Philip MacDonald e Michael Hogan para o romance de Daphne Du Maurier. Elenco: Joan Fontaine, Laurence Olivier, Judith Anderson, George Sanders.

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Fantasia

4 — FANTASIA (Fantasia)
Onde ver:
DVD, blu-ray, Disney Plus, YouTube (versão completa, mas sem créditos, dublada; versão editada, dublada).

Walt Disney pensou bem grande ao conceber Fantasia: um filme-concerto, com curtas animados inspirados em peças da música clássica. E a ideia ainda era ir relançando o filme anualmente, trocando alguns segmentos a cada vez. Não deu porque o filme não foi bem de bilheteria, mas ele acabou encontrado seu público e status de obra de arte ao ser relançado. É a silly symphony definitiva, que vai do Mickey aprendiz de feiticeiro à uma representação ambiciosa do começo da vida na Terra. 
Estados Unidos. Direção: James Algar, Samuel Armstrong, Ford Beebe Jr., Norman Ferguson, David Hand, Jim Handley, T. Hee, Wilfred Jackson, Hamilton Luske, Bill Roberts, Paul Satterfield e Ben Sharpsteen. Roteiro: Joe Grant e Dick Huemer (diretores de história), Lee Blair, Elmer Plummer, Phil Dike, Sylvia Moberly-Holland, Norman Wright, Albert Heath, Bianca Majolie, Graham Heid, Perce Pearce, Carl Fallberg, William Martin, Leo Thiele, Robert Sterner, John McLeish, Otto Englander, Webb Smith, Erdman Penner, Joseph Sabo, Bill Peet, Vernon Stallings, Campbell Grant, Arthur Heinemann e Phil Dike. Elenco: Deems Taylor, Leopold Stokowski.

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Pinóquio - 023 — PINÓQUIO (Pinocchio)
Onde ver:
DVD, blu-ray, Disney Plus, YouTube (dublado).

A animação em Pinóquio é, 80 anos após seu lançamento, de cair o queixo. O conto moral infantil que ainda cala fundo no imaginário coletivo, sobre amor paterno, fadas e os perigos das mentiras e do mundo, é embalado por imagens lindamente confeccionadas, movimentos de câmera elaborados e momentos impactantes (a impressionante aparição da baleia Monstro, a assustadora sequência dos meninos se transformando literalmente em burros). 
Estados Unidos. Direção: Hamilton Luske e Ben Sharpsteen (supervisores), Norman Ferguson, T. Hee, Wilfred Jackson, Jack Kinney, Bill Roberts. Roteiro: Ted Sears, Otto Englander, Webb Smith, William Cottrell, Joseph Sabo, Erdman Penner, Aurelius Battaglia, com colaboração não creditada de Bill Peet e Frank Tashlin, baseado em livro de Carlo Collodi. Vozes na dublagem original: Dickie Jones, Cliff Edwards, Christian Rub, Evelyn Venable, Charles Judels. Vozes na dublagem brasileira de 1940: Doraldo Thompson, Mesquitinha, Baptista Junior, Zezé Fonseca. Vozes na dublagem brasileira de 1965: Carlos Alberto Mello, Ênio Santos, Luis Motta, Selma Lopes.

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Jejum de Amor2 — JEJUM DE AMOR (His Girl Friday)
Onde ver:
DVD, Belas Artes a la Carte, Looke, Oldflix, Google Play/ YouTube Filme, Apple TV/ iTunes, YouTube.

A Primeira Página é uma peça onde os dois personagens principais são um editor de jornal e seu repórter que quer largar o emprego para se casar, mas é empurrado para a cobertura de um preso à beira da execução. Howard Hawks contava que, lendo diálogos numa festa com uma amiga, sacou que ficava muito melhor se um dos personagens fosse uma mulher. E, assim, a peça ganhou sua segunda adaptação para o cinema, na qual “o” repórter passava a ser “a” repórter. Cary Grant e Rosalind Russell, além de parceiros profissionais, agora também seriam ex-casados. À tensão romântica, Hawks ainda acrescentaria o modo de metralhar os diálogos. Rapidíssimos e sobrepostos, com uma técnica ensaiada onde o espectador não ficaria sem entender nada importante, e ainda abertos aos improvisos dos atores, são um marco na maneira de atuar no cinema. E, claro, é muito engraçado. 
Estados Unidos. Direção: Howard Hawks. Roteiro: Charles Lederer, com colaboração de Ben Hecht (não creditado) e diálogos adicionais de Morrie Ryskind (não creditado), baseado na peça de Hecht e Charles MacArthur. Elenco: Cary Grant, Rosalind Russell, Ralph Bellamy, Gene Lockhart, Cliff Edwards.

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The Grapes Of Wrath - 1940

1 — VINHAS DA IRA (The Grapes of Wrath)
Onde ver:
DVD

A saga de uma família americana que é expulsa de sua terra por ricos proprietários e atravessa o país até a Califórnia em busca de trabalho digno em plantações. A miséria nos Estados Unidos durante a Grande Depressão viajou da prosa premiada de John Steinbeck para a narrativa de um cineasta maravilhoso, John Ford. Ele conta esse épico da pobreza, que avança com a formação da consciência social do filho mais velho da família, vivido por Henry Fonda, a respeito de uma sociedade que se vende como justa, mas massacra os pobres com violência, discriminação e mesquinharia. Ganhou os Oscars de direção e atriz coadjuvante (para Jane Darwell, a comovente mãe do clã). 
Estados Unidos. Direção: John Ford. Roteiro: Nunnally Johnson, baseado em romance de John Steinbeck. Elenco: Henry Fonda, Jane Darwell, John Carradine, Charley Grapewin, Dorris Bowdon, Ward Bond.

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ATUALIZAÇÕES:

11/2/2021: A lista passa de 15 filmes para 20. Os cinco novos filmes são: O Pássaro Azul (20º), A Volta de Frank James (19º), Pica-Pau Ataca Novamente (18º), A Carta (13º), Você Devia Estar no Cinema (12º). Coelho Selvagem foi de 14º para 17º. Melodia da Broadway de 1940 foi de 15º para 16º. A Ponte de Waterloo, de 13º para 15º. Um Bichano em Maus Lençóis, de 12º para 14º. Correspondente Estrangeiro, de 10º para 11º. A Marca do Zorro, de 9º para 10º. O Sr. Pato Sai de Casa, de 11º para 9º.

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OUTRAS LISTAS DE MELHORES:

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NOTA: A percepção sobre os filmes mudam com o tempo. Esta é a minha percepção agora, limitada ao que vi, naturalmente — esta lista pode mudar à medida em que for revisitando alguns filmes ou assistir a outros que ainda não conheço deste ano específico

Rei Leao - 1994 - 03

“Hakuna matata”, de “O Rei Leão” (1994)

150. ‘THAT’S ENTERTAINMENT’, de A Roda da Fortuna (1953)
Com Jack Buchanan, Nanette Fabray, Oscar Levant e Fred Astaire. Direção do filme: Vincente Minnelli. Coreografia: Michael Kidd. Canção de Arthur Schwartz e Howard Dietz.

Uma das canções mais emblemáticas do show business sobre si mesmo (junto com “There’s no business like show business”; ficou em 45º na lista das 100 canções do cinema americano, segundo o American Film Institute) é usada pelo diretor teatral e autores da peça para convencerem o veterano astro vivido por Fred Astaire a interpretar… Fausto! Afinal, tudo é entretenimento e o mundo é um palco.

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149. ‘HAKUNA MATATA’, de O Rei Leão (1994)
Com Nathan Lane, Ernie Sabella, Jason Weaver e Joseph Williams. Direção: Roger Allers, Rob Minkoff. Canção de Elton John e Tim Rice.

A expressão “hakuna matata” existe mesmo na língua suaíli, falada no sudeste da África, e quer dizer “sem preocupações”. É um dos grandes momentos de O Rei Leão, apresentando devidamente os personagens Timão e Pumbaa e servindo como passagem de tempo do pequeno Simba para o Simba adulto. Como a expressão é real, é uma grande tolice a “tradução” brasileira para algo que não existe, “hatuna matata”.

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148. ‘I GOT LIFE’, de Hair (1979)
Com Treat Williams. Direção: Milos Forman. Canção de Galt MacDermot, Gerome Ragni e James Rado.

O horror da gente de bem: hippies invadem um jantar chique, só para que um amigo que vai para a guerra passe, antes, uns minutos olhando para uma garota bonita por quem ele se apaixonou. Ao serem convidados a sair, o líder faz uma afirmação de identidade daquelas: fazendo da mesa de jantar uma passarela para seu discurso empolgante. Detalhe ótimo de cena: os outros hippies tentando minimizar o estrago tirando os pratos e copos da frente, antes que sejam pisados. Tem um quê de Buñuel esse número.

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147. ‘JAILHOUSE ROCK’, de Prisioneiro do Rock (1957)
Com Elvis Presley. Direção: Richard Thorpe. Coreografia: Alex Romero e Elvis Presley. Canção de Jerry Leiber e Mark Stoller.

Elvis fez muitos musicais no cinema, mas poucos têm prestígio de verdade. Há músicas ótimas, mas os números não são muito inspirados. Aqui é diferente: estamos na Metro, que entendia do riscado. No filme, o número é uma apresentação na TV.

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146. ‘RUN AND TELL THAT’, de Hairspray — Em Busca da Fama (2007)
Com Elijah Kelley e Taylor Parks. Direção: Adam Shankman. Canção de Marc Shaiman e Scott Wittman.

O que não falta em Hairspray é energia, e esse é um dos números mais vibrantes do filme (começando numa sala da escola, avança pelos corredores, vai para dentro de um ônibus e termina num bairro popular). É também uma afirmação de identidade contra o racismo: encontrar a própria voz, “Quanto mais escura a fruta, mais doce é o suco” e “As pessoas daqui têm que se virar para pagar o aluguel, têm que tirar um dólar de 60 centavos”.

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145. ‘GREASED LIGHTNING’, de Grease — No Tempo da Brilhantina (1978)
Com John Travolta e Jeff Conaway. Direção: Randal Kleiser. Coreografia: Patricia Birch. Canção de Jim Jacobs e Warren Casey.

John Travolta roubou este número de Jeff Conaway. Na Broadway, o personagem de Conaway é quem canta e Travolta usou seu poder para passá-la a seu personagem. Assistindo, dá pra ver o motivo. É um número de grande vitalidade, um daqueles que encarna uma espécie de “realidade paralela”: o conserto de um carro ferrado vira um cenário chique de gosto duvidoso.

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144. ‘PUTTIN’ ON THE RITZ’, de Romance Inacabado (1946)
Com Fred Astaire. Direção: Stuart Heisler e Mark Sandrich (não creditado). Direção de dança: Hermes Pan. Canção de Irving Berlin.

Fred planejou se aposentar como ator de cinema com esse filme da Paramount, onde tem esse solo impressionante (dois anos depois, a MGM o convenceu a voltar). Despedida com um momento antológico. Pés e bengala fazem música. No climax, ele duela com nove cópias dele mesmo. Mas ainda tem essa feitiçaria da bengala subir do chão para sua mão! A bola procura o craque.

https://vimeo.com/31922652

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143. ‘DREAMGIRLS’, de Dreamgirls — Em Busca de um Sonho (2006)
Com Beyoncé Knowles, Jennifer Hudson e Anika Noni Rose. Direção: Bill Condon. Canção de Henry Krieger e Tom Eyen.

Moldadas durante o filme, as Dreams (as Supremes, com outro nome) fazem sua retumbante estreia no meio de Dreamgirls. Deslumbrantes, com uma impressionante Beyoncé à frente, elas fazem valer a espera. O filme tenta atrapalhar desviando o foco do número pra um diálogo que poderia ficar para antes ou depois, mas as garotas podem mais.

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142. ‘BY A WATERFALL’, de Belezas em Revista (1933)
Com coro e elenco. Direção: Lloyd Bacon. Coreografia: Busby Berkeley. Canção de Sammy Fain e Irving Kahal.

Um dos famosos caleidoscópios humanos criados e dirigidos por Busby Berkeley. E daí que, na história, esse número impossível se passa num palco? Berkeley nos mostra até debaixo d’água os movimentos organizados e em visões de 90º de cima, com as garotas criando diversas imagens, que seriam a marca de suas coreografias nos anos 1930.

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141. ‘MY RIFLE, MY PONY AND ME/ CINDY, CINDY’, de Onde Começa o Inferno (1959)
Com Dean Martin, Ricky Nelson e Walter Brennan. Direção: Howard Hawks. Canção “My rifle, my pony and me”, de Dmitri Tiomkin e Paul Francis Webster; “Cindy, Cindy” (ou “Cindy” ou “Get along home, Cindy”), de autoria desconhecida.

Um número musical num faroeste? Sim! Howard Hawks não desperdiçou o fato de ter Dean Martin e o ídolo jovem Ricky Nelson no mesmo elenco e separou um momento do filme para mostrar a camaradagem dos homens da lei através da música. Só faltou o John Wayne cantar junto.

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O INVENTOR DA MOCIDADE

Sem borda - 04 estrelas

A primeira cena de O Inventor da Mocidade, antes dos créditos, mostra a porta da frente de uma casa e Cary Grant quase saindo dela, quando é interrompido pela voz (suponho) do diretor: “Ainda não, Cary”. Já é uma amostra de que o disparate total vai dar a ordem nessa comédia maluca temporã, da mesma dupla diretor-ator do clássico Levada da Breca (1938), mas produzida e lançada em anos em que Jerry Lewis já começava a dominar o gênero.

Cary Grant foi um ator que se saía tão bem quanto galã romântico quanto num aloprado papel cômico como este: um cientista dedicado a criar uma fórmula para o rejuvenescimento e que, por acidente, tem seu preparo remisturado por um dos macacos do laboratório. Testando o produto em si mesmo, o cientista rejuvenesce mentalmente até a infância.

Cary se entrega bravamente ao papel, assim como Ginger Rogers, que interpreta sua esposa e também é afetada pela fórmula em determinado momento. Tudo vai num crescendo cada vez mais em direção ao mais desenfreado absurdo. Só não chega a romper as barreiras da realidade (bem, a da proposta pelo filme) como os filmes vindouros de Mel Brooks e do trio Zucker-Abrahams-Zucker.

O Inventor da Mocidade injustamente acabou ficando injustamente para a história como “um filme de Marilyn Monroe”. Marilyn estava às vésperas de se tornar a grande estrela que foi: no ano seguinte emplacaria três filmes de sucesso que redefiniram sua carreira. Aqui, embora estampe as capas de DVDs e blu-rays do filme, ainda é coadjuvante.

Mas seu papel também tem destaque: é a secretária sexy da empresa para a qual Cary trabalha e divide com ele algumas das loucuras em que ele se mete. Seu brilho é evidente no meio de duas estrelas consagradas como Cary e Ginger. O próprio Howard Hawks viu logo: a colocou em Os Homens Preferem as Loiras (1953), fez ela canta “Diamonds are a girl’s best friend” e criou um momento antológico que ajudou a consolidar o mito.

Monkey Business. Estados Unidos, 1952. Direção: Howard Hawks. Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Marilyn Monroe, Charles Coburn, Hugh Marlowe. Visto em DVD.

No meio de um dos maiores faroestes de todos os tempos, o diretor Howard Hawks arrumou um tempo para aproveitar o talento dos dois cantores de seu elenco: o crooner Dean Martin e o astro jovem Ricky Nelson. Eles cantam “My rifle, my pony and me” e “Get along home, Cindy” e criam um momento de camaradagem entre os delegados que estão segurando um assassino na cadeia e aguentando a pressão da gangue que quer soltá-lo. Até o Walter Brennan acompanha, faltou só o John Wayne cantar também.

Onde Começa o Inferno. Rio Bravo. Estados Unidos, 1959. Direção: Howard Hawks. Elenco: John Wayne, Dean Martin, Angie Dickinson, Ricky Nelson, Walter Brennan.

Cena anterior: Cabaret.

Howard Hawks

Os mineiros entraram definitivamente na rota das grandes mostras. Primeiro, foi a de Chaplin, com a obra completa do gênio. Hoje, começa outra, dedicada à obra completa de Howard Hawks.

É um excelente resgate, visto que Hawks faz tempo é pouco citado entre os grandes de todos os tempos. Na pesquisa que o blog aqui fez com cinéfilos paraibanos em 2010 sobre seus cineastas preferidos, dos 100 ouvidos apenas um citou Hawks entre seus cinco – e fui eu mesmo.

Enfim, sejam bem-vindos os filmes de Hawks, o cineasta dos homens com uma missão. E também um dos mais versáteis do cinemão de Hollywood, deixando clássicos no filme de gãngster, nas comédias malucas, no musical e, principalmente, no faroeste.

Algumas histórias sobre ele são muito boas como a de que estava pescando com o amigo Ernest Hemingway e este o desafiou a fazer um filme a partir de um livro ruim. Hawks devolveu: “Faço um filme bom do seu pior livro”. Hemingway escolheu e o filme foi Uma Aventura na Martinica (1944), que, ainda por cima, revelou Lauren Bacall.

Foi Hawks também que se indignou porque um xerife ficava pedindo ajuda a todo mundo para encarar um bandido em Matar ou Morrer (1952) e fez um filme em que o xerife, contra todo mundo, mantém o bandido preso: Onde Começa o Inferno (1959), tão antológico quanto seu “espelho”.

Hawks talvez não esteja sendo tão lembrado por não ter sido exatamente um revolucionário ou um inventor no cinema. Foi, no entanto, um exímio contador de histórias, um talentosíssimo narrador. Como você vê a seguir, nessa nossa lista de dez grandes Howard Hawks.

Em tempo: a mostra, no Cine Humberto Mauro, começa hoje com Levada da Breca (1938) e segue por um mês com exibições diárias – quase todas em 35mm. Inclui até filmes mudos e curiosidades como O Proscrito (1948) em que ele acabou não creditado como diretor no final. Há também um curso com Inácio Araújo, debates e palestras. Confira a programação completa.

10 - "O Inventor da Mocidade" (1952)

10 – “O Inventor da Mocidade” (1952)

Comédia com Marilyn antes da fama e chimpazés.

9 - "Bola de Fogo" (1941)

9 – “Bola de Fogo” (1941)

Roteiro de ninguém menos que Billy Wilder, antes de ele mesmo começar a dirigir.

8 - "Paraíso Infernal" (1939)

8 – “Paraíso Infernal” (1939)

Aventura tipicamente hawksiana: um grupo de homens faz a perigosíssima correspondência aérea na América do Sul, custe o que custar.

7 - "Os Homens Preferem as Loiras" (1953)

7 – “Os Homens Preferem as Loiras” (1953)

Raro filme de Hawks em que as mulheres comandam a ação, e o diretor contribui de novo para a criação do mito Marilyn Monroe. Leia mais.

6 - "Scarface, a Vergonha de uma Nação" (1932)

6 – “Scarface, a Vergonha de uma Nação” (1932)

Um dos filmes de gangster essenciais.

5 - "À Beira do Abismo" (1946)

5 – “À Beira do Abismo” (1946)

Hawks reuniu Bogart e Bacall (casal que formou em Uma Aventura na Martinica) adaptando o romance de Raymond Chandler.

4 - "Jejum de Amor" (1940)

4 – “Jejum de Amor” (1940)

De novo Cary Grant em uma comédia romântica (e maluca) sobre jornalismo.

3 - "Rio Vermelho" (1948)

3 – “Rio Vermelho” (1948)

Hawks recontou O Grande Motim, que se passa no mar, no Velho Oeste!

2 - "Levada da Breca" (1938)

2 – “Levada da Breca” (1938)

A quintessência da comédia maluca, com Katharine Hepburn e Cary Grant no máximo.

1 - "Onde Começa o Inferno" (1959)

1 – “Onde Começa o Inferno” (1959)

Não há a chegada da civilização, a luta dos pioneiros ou outra coisa além de uma aventura de faroeste pura e contada com maestria.

 

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