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O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
ou STAR WARS – EPISÓDIO V: O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
ou STAR WARS – O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
⭐⭐⭐⭐⭐
Diário de filmes 2024: 1
Onde ver (em 05/01/2024) – Mídia física: DVD (da Fox e da Disney), blu-ray (da Disney). Streaming: Disney Plus.
Urgente e sensacional
Há alguns anos, escolho para primeiro filme do ano um que eu ame muito. Desta vez a escolha caiu sobre o capítulo do meio da trilogia original de “Guerra nas Estrelas”, porque combinou de Arthur ter visto o primeiro no fim do ano passado (e, vale sempre a pena frisar, começamos como todo mundo deveria começar: pelo “Guerra nas Estrelas” original).
O filme é o que parece ter menos sofrido com as alterações digitais feitas por George Lucas ao longo dos anos, ao sabor dos sucessivos relançamentos em diversas mídias. Não que não haja, apenas o filme foi mais poupado de más intervenções que “Guerra nas Estrelas” (ou, vá lá, “Uma Nova Esperança”) e “O Retorno de Jedi”.
Assim, o filme flui sem sobressaltos, aproveitando-se de que a ambientação e os personagens principais já estavam apresentados no anterior para dividir a história em duas subtramas que vão se encontrar lá na frente. Enquanto Luke Skywalker vai em busca do antigo mestre jedi Yoda para continuar seu treinamento, seus amigos Han Solo, Leia, Chewbacca e C-3PO são caçados implacavelmente pelo Império espaço afora.
É mais do que nunca o espírito dos velhos seriados de cinema de Flash Gordon. “Nossos heróis escaparão? Veja na próxima semana!”. Isso está no DNA de Star Wars (além das adições que a gente sabe dos faroestes, filmes de samurai de Akira Kurosawa, capa-e-espadas, etc). Porém no primeiro filme ainda não havia a certeza de que haveria sucesso e, a partir dele, continuações. Então, havia ali um fechamento da trama em algum nível: se não houvesse outro filme, aquela história estava encerrada e pronto. Agora, não havia dúvidas de que o terceiro filme viria, então houve o conforto de deixar o final em aberto mesmo, deixando o público em suspenso até o que viria ser O Retorno de Jedi. Mas o “veja na próxima semana” virou “veja daqui a três anos”.
O final reflete o que é O Império Contra-Ataca: tudo é intenso, urgente, veloz e sensacional, começando com a história em andamento, terminando com a história em andamento e culminando naquela que é uma das maiores revelações da história do cinema, arruinada por algum novato que decida se iniciar pela trilogia-prelúdio.
Estados Unidos, 1980. Direção: Irvin Kershner. Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, James Earl Jones (voz), Alec Guinness, Billy Dee Williams, Anthony Daniels, David Prowse, Kenny Baker, Frank Oz (voz e manipulação de boneco), Peter Mayhew, Jeremy Bulloch, Julian Glover, Clyde Revill (voz), Treat Williams.
Há exatamente 35 anos estreava a Tela Quente!
A então nova sessão de filmes da Globo ocupava a faixa de segunda, após a novela, para bater de frente com a estreia de Jô Soares no SBT. O humorista tinha trocado de emissora naquele ano e estrearia o Veja o Gordo, que era o Viva o Gordo com outro nome na casa nova.
A Globo não brincou em serviço e lançou a nova sessão em 7 de março de 1988 com O Retorno de Jedi. Nas semanas seguintes, naquele primeiro mês, foi de Os Caçadores da Arca Perdida, Rocky III e Alien, o Oitavo Passageiro.
A Tela Quente foi de uma importância vital na minha cinefilia. Pra mim, 1988 foi um ano muito especial. Vi Cantando na Chuva na madrugada do ano novo, abrindo as portas do cinema clássico. Lia na biblioteca do Sesc o Video Guia 1988, da Nova Cultural, e aprendi sobre inúmeros filmes. A revista Set havia sido lançada no segundo semestre de 1987. E comecei a ir sozinho ao cinema.
Entre tudo isso, em março veio a Tela Quente. Nela assisti pela primeira vez muitos sucessos que marcaram minha vida de adolescente. Só naquele 1988, houve Os Caça-Fantasmas, Jornada nas Estrelas II e III, O Feitiço de Áquila, Um Tira da Pesada, Um Espírito Baixou em Mim, Banzé no Oeste, O Enigma da Pirâmide e meu primeiro James Bond, 007 – Os Diamantes São Eternos, entre outros.
E filmes de prestígio como A Rosa Púrpura do Cairo, Vestida para Matar e o naquela época já clássico Janela Indiscreta.
Assistir grandes filmes na segunda à noite virou um hábito que só ajudou a amar o cinema.
Por isso, pra mim, essa data é importante. 1988 marca os 35 anos da minha cinefilia e a Tela Quente é elemento importante dela.
HAN SOLO (Ron Howard, 2018)
⭐⭐⭐½
Diário de Filmes 2019: 18
Fazer um filme sobre o passado de um personagem tão mítico quanto Han Solo – com outros criadores e outro elenco – é praticamente pedir pra perder. Dificilmente vai se chegar à altura da representação original (no caso, Harrison Ford na trilogia original de Guerra nas Estrelas). Dito isso, não é um filme ruim. É uma aventura honesta e com boa dose de diversão. Mas seria ótimo se fosse tão inspirado quanto os posters setentistas da divulgação do filme.
STAR WARS – OS ÚLTIMOS JEDI
Passagem de bastão
por Renato Félix
Na sua origem, a saga Star Wars é uma colcha de retalhos de referências. Aos antigos seriados de cinema de Flash Gordon dos anos 1930, a filmes japoneses de samurai, a faroestes e filmes de capa-e-espada da Hollywood clássica. A trilogia original é bem isso e, agora, ela própria é uma fonte de referências. E, assim, na nova trilogia, do qual Star Wars – Os Últimos Jedi (2017) é o novo capítulo, a série faz referência principalmente a si mesma.
Assim, qualquer razoável iniciado em Star Wars vai encontrar ecos de episódios passados por todo o novo filme (como já acontecia em O Despertar da Força, 2015, o filme anterior). Desde o começo em alta voltagem com uma batalha espacial, visto antes em Ataque dos Clones (2002), ao muitos elementos e situações que citam diretamente O Retorno de Jedi (1983). Ou na busca por um mestre distante e há muito isolado, vista em O Império Contra-Ataca (1980).
O segundo filme desta nova trilogia também reafirma que os grandes personagens clássicos não são os protagonistas: são, na verdade, um forte apoio para os novos rostos. Sim, Luke Skywalker (Mark Hamill) está de volta e tem alguns grandes momentos reservados a ele, mas seu principal papel é encaminhar Rey (Daisy Ridley) nas artes jedi. O filme, e isso é ainda mais claro que em O Despertar da Força, é uma passagem de bastão.
Uma parte considerável do filme se detém nos esforços de Rey para convencer Luke a sair da toca e ajudar a Resistência, em vias de ser erradicada. Enquanto Luke tem sua crise com o passado e suas crenças, ela tem diálogos à distância com seu grande inimigo, Kylo Ren (Adam Driver), um recurso dramático muito bem conduzido.
A trama se separa em dois outros núcleos dramáticos: em um, a General Leia (Carrie Fisher) precisa conduzir a fuga da Resistência, acossada pelas forças da Primeira Ordem, e domar a impetuosidade de seu melhor piloto, Poe (Oscar Isaac, que ganha mais espaço); no outro, Finn (John Boyega) e uma nova personagem, Rose (Kelly Marie Tran), vão a um planeta-cassino à procura de um decodificador para ajudar a despistar a Primeira Ordem.
Nesse segmento, aparecem umas pequenas tintas políticas. Rose aponta o dedo para aquela elite, afirmando que “ninguém ganha tanto dinheiro assim se não for com a guerra”. Comentários sociais que vão reverberar nos belos momentos finais do filme.
A sequência também serve ao (lento) desenvolvimento do personagem de Boyega e introduz o de Benicio del Toro, um malandro pouco confiável, mas com uma visão de mundo bem-vinda a Star Wars.
A saga sempre se banhou na maniqueísmo, contrapondo um lado claramente bom e outro claramente mau. Ao conduzir a história, George Lucas procurou borrar essas fronteiras em O Retorno de Jedi (1983) ao tratar da redenção de Darth Vader e, desajeitadamente, na trilogia-prelúdio, ao narrar a queda de Anakin Skywalker.
Mas derrapou feio quando sua sanha revisionista mudou, em 1997, a cena em que Han Solo atira a sangue-frio e à traição no caçador de recompensas Greedo, em Guerra nas Estrelas (1977). Lucas não resistiu à tentação de “desborrar” a fronteira, primeiro fazendo Solo “atirar depois” e, depois, “atirar ao mesmo tempo”.
DJ, o personagem de Del Toro, em certo momento rouba a nave de um comerciante de armas, de quem tanto os vilões da Primeira Ordem quanto os mocinhos da Resistência usaram os serviços. Um tímido, mas eloquente, tom de cinza em uma saga que prima pelo preto no branco.
O filme tem momentos de visual arrebatador (principalmente a luta na sala vermelha e o combate no planeta coberto de sal) e humor (em situações inesperadas, inclusive). Também contraria um artifício narrativo tradicional na série, que é ignorar o fato de que o som não se propaga no espaço para gerar mais emoção nos combates espaciais. Desta vez, em uma cena chave (envolvendo a sempre ótima Laura Dern), o diretor Rian Johnson optou por retirar o som e gerar a emoção pela ausência dele.
Parênteses: O fato de que cinemas tiveram que colocar avisos para que a plateia soubesse que isso é de propósito faz pensar a que ponto de emburrecimento chegou uma parcela do público dos cinemas. Fecha parênteses.
E, algo que faz diferença tanto em como o filme foi feito quanto como ele é assistido, Os Últimos Jedi marca a despedida de Carrie Fisher.
A atriz morreu em dezembro de 2016, cerca de um ano antes da estreia do filme. Mas já tinha filmado todas as suas cenas para Os Últimos Jedi. O filme, então, e a plateia minimamente informada são conscientes o tempo todo dessa despedida. Não dá para não ter atenção sobre como Leia é tratada e como o filme resolveu ou não seu desfecho na trama.
Há outras coisas, mas isso, sem dúvida, tornou a experiência de Os Últimos Jedi diferente.
Star Wars – Os Últimos Jedi. Star Wars – The Last Jedi. EUA, 2017. Direção: Rian Johnson. Elenco: Daisy Ridley, Mark Hamill, Adam Driver, John Boyega, Oscar Isaac, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Gwendoline Christie, Benicio del Toro, Laura Dern. Voz: Frank Oz. Em captura de movimento: Lupita Nyong’o, Andy Serkis.
* Versão estendida da crítica publicada no Correio da Paraíba, em 20/12/2017
13 de julho, 75 anos: Nasce, em 1942, o ator americano Harrison Ford. Um dos atores mais populares de todos os tempos, estrelando duas das franquias de maior sucesso do cinema: Star Wars (como Han Solo, aparecendo em quatro filmes) e Indiana Jones (no papel-título, também em quatro filmes). Também protagonizou outros filmes importantes, como Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982) e A Testemunha (1985).
Coluna Cinemascope (#15). Correio da Paraíba, 28/12/2016.
A Força da princesa
por Renato Félix
Eram os meados dos anos 1970 e a ideia de princesa ainda era a da mocinha de vestido longo presa em uma torre à espera do cavaleiro que iria salvá-la e com quem ela invariavelmente casaria. Ou da mocinha pobre encontrada (e salva) por um príncipe que se casaria com ela. E aí apareceu Carrie Fisher.
Ela própria uma princesa na corte de Hollywood (filha da atriz Debbie Reynolds e do cantor Eddie Fisher), também aparece como princesa, a Leia Organa de Guerra nas Estrelas (1977) e suas continuações. Naquele primeiro filme da série, ela foi demolindo o estereótipo: peitava Darth Vader logo no começo, e, presa, assistia seu planeta ser explodido e era torturada (mas não revelava a informação que os vilões queriam).
E quando o cavaleiro aparecia em sua cela para salvá-la, ela é quem tomou as rédeas da situação: tomou a arma e explodiu uma parede, dizendo “Alguém tem que salvar nossas peles”. Em O Retorno de Jedi (1983), escravizada e humilhada por Jabba naquele biquíni de metal, matou ela mesma o gangster na operação de fuga dos rebeldes.
Leia, naqueles anos 1970 e 1980, era o contrário do que uma princesa parecia dever ser. Comandava operações militares, tinha espírito de liderança, não levava desaforo para casa. Uma grande personagem, personificada de maneira eterna em Carrie Fisher, que nos deixou ontem.
Hoje até o Disney Channel tenta desfazer a imagem de princesa que a própria Disney consolidou dos anos 1930 aos 1950. Com o slogan “Sou princesa, sou real”, tenta vender a ideia de que ser princesa é lutar por seus ideais e para realizar seus sonhos e tal. Bonitinho, mas quarenta anos antes, Carrie Fisher já era a princesa que representava isso.
FOTO: Guerra nas Estrelas (1977)
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Pelo jeito, o mundo de Guerra nas Estrelas vai ser mesmo onipresente por muito tempo. Mal saímos de Star Wars – O Despertar da Força e já saiu o primeiro trailer de Rogue One – A Star Wars Story, o primeiro derivado (para o cinema) da série criada por George Lucas (mas só se não contarmos a animação Star Wars – Clone Wars, piloto da série de TV, mas que passou no cinema). Rogue One se passa pouco antes do Guerra nas Estrelas original (rebatizado depois como Uma Nova Esperança, blá-blá-blá), com uma equipe de rebeldes encarregada de roubar os planos da arma definitiva do Império: a Estrela da Morte, uma estação espacial armada com poder para destruir um planeta inteiro. Com Felicity Jones (de A Teoria de Tudo), Madd Mikkelsen (de A Caça) e Forest Whitaker (Oscar de melhor ator por O Último Rei da Escócia). Estreia no Brasil: 16 de dezembro.
A seguir, os meus melhores filmes de 2015, apenas entre os que estiveram em cartaz nos cinemas de João Pessoa. Antes, como em todo ano, a numeralha em torno do circuitão pessoense.
– 163 filmes estiveram em cartaz nos cinemas de João Pessoa em 2014 (419 estrearam no Brasil, segundo o levantamento da Abraccine). É um a menos que no ano passado, pertinho do recorde de 2007 (165), marca de antes do fechamento do primeiro multiplex do MAG. O Boulevard faz esse acompanhamento desde 2006.
– A participação do cinema brasileiro foi de 25,76% dos filmes em cartaz, só um pouco menor que no ano passado, quando chegou a 26,8%, melhor marca desde que começamos a contar. Em números brutos, são 42 este ano contra 44 em 2014. Em 2013, foram 32.
1 – DIVERTIDA MENTE, de Pete Docter
A Pixar deu uma aula de emoção dentro da mente de uma pré-adolescente. Acompanha ao mesmo tempo a vida dessa menina cujo mundo vira de cabeça para baixo quando a família se muda de cidade e suas emoções básicas personificadas. Tudo vira uma bagunça quando a Alegria e a Tristeza somem da sala de comando. O lance genial é justamente descobrir a beleza e a importância da Tristeza na vida de todos nós. Crítica no Boulevard
2 – QUE HORAS ELA VOLTA?, de Anna Muylaert
Conseguiu combinar algo dificílimo no cinema brasileiro: a crítica social e o drama de personagens que conquistam o espectador. Regina Casé lembra a grande atriz que é como a Val, empregada em uma casa rica, que recebe a filha que vai prestar o vestibular. A outra mentalidade da moça, que não se acha inferior a ninguém, sacode a vida de patrões e empregados e ajuda o filme a colocar em xeque uma herança social incômoda . Crítica no Boulevard
3 – BIRDMAN (OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA), de Alejandro González Iñarritu
O falso plano-sequência único (construído a partir de diversos planos-sequência de verdade e efeitos visuais) é de embasbacar. Mas além disso o filme transpira a angústia de seu protagonista e possui grandes interpretações de todo o elenco (Michael Keaton, Edward Norton e Emma Stone à frente) para um mergulho na necessidade e perigos de fazer arte.
4 – STAR WARS – O DESPERTAR DA FORÇA, de J.J. Abrams
Com cerca de meia hora já adentradas do episódio VII de Guerra nas Estrelas, o espectador pode se dar conta de que nenhum dos personagens clássicos apareceu ainda e ele está acompanhando apenas as aventuras do novos rostos da série (Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver e, claro, o andróide BB-8). Um início corajoso que compensa muito uma rendição excessiva à trilogia original na repetição de certas situações. No fim, há um equilíbrio admirável entre essa herança que nos fez esquecer a trilogia-prelúdio e esperar ansiosamente pelo que o futuro reserva. Crítica no Boulevard
5 – MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA, de George Miller
É incrível pensar que, 30 anos depois, a franquia Mad Max voltaria com o mesmo diretor e uma disposição de se reinventar radicalmente. Semelhante ao segundo filme, o personagem principal é metido em uma situação onde ele é quase testemunha: a fuga de mulheres usadas como reprodutora pelo líder de uma cidade que detém o poder através da posse de um líquido precioso. O que nos anos 1980 era a gasolina, refletindo a crise do petróleo, agora é água. As fugitivas são lideradas por uma feroz Charlize Theron com um braço só. A trama se resume a uma gigantesca fuga sobre rodas pelo deserto, uma estilizada ode ao movimento com o visual alucinado do qual Miller é mestre. Diário de filmes no Boulevard
6 – O PEQUENO PRÍNCIPE, de Mark Osborne
Em geral, a decisão de dividir a história original com uma atual, sobre uma garotinha adultizada pela mãe e que conhece seu vizinho, um velho aviador, seria de torcer o nariz. Mas a verdade é que a nova história se alimenta bem do conto de Saint Exupèry e visualmente o filme acerta muito ao separar a animação digital para a nova história e o stop-motion para a trama do livro. E ainda há trilha irrestistível, com canções de Camille.
7 – MISTRESS AMERICA, de Noah Baumbach
Em geral, a decisão de dividir a história original com uma atual, sobre uma garotinha adultizada pela mãe e que conhece seu vizinho, um velho aviador, seria de torcer o nariz. Mas a verdade é que a nova história se alimenta bem do conto de Saint Exupèry e visualmente o filme acerta muito ao separar a animação digital para a nova história e o stop-motion para a trama do livro. E ainda há a trilha irresistível, com canções de Camille.
8 – PERDIDO EM MARTE, de Ridley Scott
Não é de hoje que Hollywood é fascinada com a paisagem marciana. E Scott não deixa de usar o que pode dessa paisagem em um filme que também se arrisca e acerta ao passar um tempo considerável apenas com Matt Damon em cena. O bom humor de seu personagem faz não só sua vida menos difícil como ajuda também o espectador nessa travessia.
9 – O CONTO DA PRINCESA KAGUYA, de Isao Takahata
A história da princesinha que nasce em um broto de bambu e é encontrada por um lavrador é contada por delicadeza ímpar nessa produção do Studio Ghibli. Um dos filmes mais bonitos do ano.
10 – PONTE DOS ESPIÕES, de Steven Spielberg
No auge da guerra fria, o advogado de uma companhia de seguros é jogado dentro de uma trama em que precisa defender um espião soviético capturado nos EUA e depois negociar sua troca por outro, americano, preso na Alemanha Oriental. A recriação de um clima paranoico dos dois lados e descobrir a humanidade no “inimigo” são alguns dos méritos desse thriller.
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MAIS RETROSPECTIVA 2015
Nostalgia com um pé no futuro
Renato Félix
Os fãs puderam, enfim, relaxar (ou ficar ainda mais animados): Star Wars – O Despertar da Força é um legítimo seguidor da trilogia original da série Guerra nas Estrelas e não guarda qualquer maior relação estética com a trilogia-prelúdio. É uma realização impressionante nesse ponto: 32 anos após O Retorno de Jedi (1983), chega a ser estranho assistir algo inédito e que soa ao mesmo tempo tão familiar.
Aos não-fãs (e até aos desconfiados e maltratados por terem se iniciado na série pela trilogia-prelúdio), vale a aposta de ir ao cinema: Star Wars – O Despertar da Força é pautado em novos personagens que encaram a história original como uma lenda, algo de que apenas ouviram falar. É com isso que o filme dialoga muito bem com quem só conhece a série de ouvir o papo dos amigos que a curtem ou das zilhões de referências que aparecem por aí o tempo todo, de comerciais de TV a pegadinhas do Programa Silvio Santos.
O Despertar da Força é um grande acerto também em diversos outros aspectos. J.J. Abrams parece ter nascido para comandar esse projeto. Ele próprio já tinha feito os dois Star Trek que dirigiu soarem mais como Guerra nas Estrelas do que como a série original Jornada nas Estrelas. Se George Lucas achava que tinha limitações tecnológicas quando produziu a trilogia original (1977-83) e que não as tinha mais quando produziu, escreveu e dirigiu a trilogia-prelúdio (1999-2005), se refestelando mais do que devia nos efeitos digitais, Abrams compreende que as “limitações” dos anos 1970 e 1980 sempre foram, de fato, uma vantagem.
Assim, o novo filme minimiza os efeitos digitais em prol do uso de maquetes e efeitos realizados no set sempre que possível. Foi uma opção que fez diferença e valeu a pena. Com isso, o novo Star Wars retorna a um futuro “velho”, meio sucateado, nos confins da galáxia e que parece mais real.
Outro acerto é o investimento na construção de novos personagens muito bons. Tanto a catadora de lixo Rey (Daisy Ridley) quanto o stormtrooper desertor Finn (John Boyega) e o novo vilão, Kylo Ren (Adam Driver), são complexos e funcionam muito bem. São mais complexos, na verdade, que os protagonistas da trilogia original, que sempre foram bastante arquetípicos. Mesmo Leia (Carrie Fisher), que renegava o estereótipo da princesa a ser salva, mas acabava sendo arquetípica para o outro lado.
O filme confia nesses personagens, nessa nova geração. Quando Han Solo entra em cena, O Despertar da Força já começou há algum tempo e, sem perceber, o espectador está acompanhando apenas personagens novos, com grandes possibilidades de estar totalmente envolvido pela trama e sem dar pela falta dos medalhões até então. Mas os astros vêm e o filme dá a cada um uma entrada solene em cena.
Abrams teve a nobreza e esperteza de convocar Lawrence Kasdan para acompanhá-lo no roteiro. Roteirista do melhor filme da série, O Império Contra-Ataca (1980), ele certamente também fez diferença. O filme entrega e sonega informação ao espectador com muita destreza. Constrói uma bela aventura sem se preocupar em ser explicadinho, leva a atenção do espectador para onde quer e, no fim, boa parte dos personagens continua com histórias não reveladas, guardadas para os próximos episódios.
Como não se trata de Lost, Abrams não terá infindáveis episódios para criar mistérios e, depois, não saber como resolvê-los. O que ele fez é colocar as pulgas nas orelhas dos espectadores, que passaram a especular o que este ou aquele personagem representa. E manter um pouco da aura de mistério que foi parte importante da divulgação de O Despertar da Força.
O principal deles era a respeito da maneira como seria a participação de Mark Hamill como Luke Skywalker. Não por acaso, a primeira frase do letreiro incial é “Luke Skywalker está desaparecido”. Boa parte da trama deste sétimo episódio gira em torno da busca por ele, o último jedi. A Primeira Ordem (o que restou do Império) e a Resistência (liderada pela ex-princesa e agora general Leia, vivida de novo por Carrie Fisher) querem encontrá-lo.
É a essa trama que os novos personagens são jogados depois de se conhecerem. Ao lado disso, muito da trama repete passos de Guerra nas Estrelas (1977; rebatizado desnecessariamente a partir de 1999 como Star Wars – Uma Nova Esperança) e O Retorno de Jedi (1983). Nisso, o filme aposta em um caminho mais fácil, de identificação imediata com os velhos fãs maltratados com a trilogia-prelúdio.
Mas há que considerar que o espírito original da série era esse mesmo: Guerra nas Estrelas revisitava os seriados de Flash Gordon dos anos 1930 (que passavam em episódios no cinema sempre com o “continua na próxima semana” no final), os filmes japoneses de samurais, os capa-e-espada e os faroestes clássicos. Nada mais natural, portanto, que o novo Star Wars remeter à sua própria versão de quase 40 anos antes.
O que importa é que a combinação disso com os novos personagens e as ligações entre eles funcionou bem demais. É um grande retorno, mas dando um significativo passo à frente.
Star Wars – O Despertar da Força. Star Wars – The Force Awakens. Estados Unidos, 2015. Direção: J.J. Abrams. Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Lupita Nyong’o, Andy Serkis, Peter Mayhew, Gwendoline Christie, Anthony Daniels, Kenny Baker, Max von Sydow, Simon Pegg, Warwick Davis.
(ampliado do texto publicado no Correio da Paraíba, em 19/12/2015)
O que entra na quinta, o que fica até quarta e o que continua em cartaz nos cinemas paraibanos (João Pessoa, Campina Grande e Patos).
JOÃO PESSOA
Entram quinta em JP:
– ‘STAR WARS – O DESPERTAR DA FORÇA’ (Cinépolis Manaíra [2D leg, 3D leg, 2D dub, 3D dub]; Cinespaço MAG [2D leg, 2D dub, 3D leg, 3D dub]; Cinesercla Tambiá [2D dub, 3D dub]; Cinépolis Mangabeira [3D leg, 3D dub])
Pré-estreia em JP:
– ‘ALVIN E OS ESQUILOS – NA ESTRADA’ (Cinépolis Manaíra [2D dub], diariamente; Cinespaço MAG [2D dub], diariamente; Cinesercla Tambiá [2D dub], diariamente; Cinépolis Mangabeira [2D dub], diariamente)
Só até quarta em JP:
– ‘A VISITA’ (Cinesercla Tambiá [2D dub])
– ‘HOTEL TRANSILVÂNIA 2’ (Cinépolis Manaíra [2D dub]; Cinesercla Tambiá [2D dub])
– ‘AWAKE – A VIDA DE YOGANANDA’ (Cinespaço MAG [2D leg])
– ‘O PRESENTE’ (Cinesercla Tambiá [2D dub])
Continuam em JP:
– ‘DÍVIDA DE HONRA’ (Cinépolis Manaíra [2D leg])
– ‘JOGOS VORAZES – A ESPERANÇA: O FINAL’ (Cinépolis Manaíra [2D leg, 2D dub]; Cinespaço MAG [2D leg]; Cinesercla Tambiá [2D dub]; Cinépolis Mangabeira [2D dub])
– ‘NO CORAÇÃO DO MAR’ (Cinépolis Manaíra [3D leg, 3D dub]; Cinesercla Tambiá [2D dub]; Cinépolis Mangabeira [2D dub])
– ‘OLHOS DA JUSTIÇA’ (Cinépolis Manaíra [2D leg]
– ‘PEGANDO FOGO’ (Cinépolis Manaíra [2D leg]; Cinespaço MAG [2D leg]; Cinépolis Mangabeira [2D dub])
– ‘BEM CASADOS’ (Cinépolis Manaíra [2D em port]; Cinesercla Tambiá [2D em port]; Cinépolis Mangabeira [2D em port])
– ‘TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS’ (Cinépolis Manaíra [2D em port])
– ‘TERRA DE MARIA’ (Cinépolis Manaíra [2D leg])
– ‘O REINO GELADO 2’ (Cinépolis Mangabeira [3D dub], apenas sábado e domingo)
– ‘QUARTO DE GUERRA’ (Cinépolis Manaíra [2D dub]; Cinépolis Mangabeira [2D dub])
– ‘O ÚLTIMO CAÇADOR DE BRUXAS’ (Cinesercla Tambiá [2D dub])
– ‘VICTOR FRANKENSTEIN’ (Cinesercla Tambiá [2D dub])
CAMPINA GRANDE (Cinesercla Partage)
Entram quinta em CG:
– ‘STAR WARS – O DESPERTAR DA FORÇA’ [3D leg, 2D dub, 3D dub]
Pré-estreia em CG:
– ‘ALVIN E OS ESQUILOS – NA ESTRADA’ [2D dub], diariamente
Só até quarta em CG:
– ‘A VISITA’ [2D dub]
– ‘O PRESENTE’ [2D leg, 2D dub]
– ‘O REINO GELADO 2’ [2D dub]
Continuam em CG:
– ‘JOGOS VORAZES – A ESPERANÇA: O FINAL’ [2D dub]
– ‘NO CORAÇÃO DO MAR’ [2D dub]
– ‘BEM CASADOS’ [2D em port]
– ‘VICTOR FRANKENSTEIN’ [2D dub]
PATOS (Cine Guedes)
Entra quinta em Patos:
– ‘STAR WARS – O DESPERTAR DA FORÇA’ [3D dub]
Pré-estreia em Patos:
– ‘ALVIN E OS ESQUILOS – NA ESTRADA’ [2D dub], diariamente
Só até quarta em Patos:
– ‘JOGOS VORAZES – A ESPERANÇA: O FINAL’ [3D dub]
– ‘NO CORAÇÃO DO MAR’ [3D dub]
– ‘O REINO GELADO 2’ [3D dub]
Continuam em Patos:
– ‘COMO SOBREVIVER A UM ATAQUE ZUMBI’ [2D dub]
REMÍGIO (Cine RT)
O cinema está em manutenção
Saiu o novo trailer de Star Wars – O Despertar da Força e continua parecendo tudo certo. Os personagens (os novos e os velhos conhecidos) aparecem um pouco mais e todos compõem bem. Boto fé nos novos protagonistas (fora que ter uma mulher e um negro como protagonistas, sim, corrige um desleixo histórico da série). Por enquanto é muito bom ver o velho clima de Guerra nas Estrelas de volta. Não vai ser por falta de devoção: a gente sabe que J.J. Abrams, o diretor, ama a série (afinal, praticamente transformou seus dois Jornada nas Estrelas em Guerra nas Estrelas). A estreia no Brasil é em 17 de dezembro.
Minha querida amiga Katiuscia me mandou o link para este comercial. Imagina se eu não ia querer essa fantasia quando criança!
Adendo: Começando por este, o blog Nerdices, do site da Superinteressante, elencou os dez melhores comerciais estrelados por Darth Vader. A Força está com ele!