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50. ‘I WANNA BE LOVED BY YOU’, de Quanto Mais Quente Melhor (1959)
Com Marilyn Monroe. Direção: Billy Wilder. Coreografia: Jack Cole. Canção de Herbert Stothart, Harry Ruby e Bert Kalmar.
“Boop-boop-a-doop”. A canção de 1928 é a cara da Betty Boop e não por acaso: a interpretação de Helen Kane, com sua voz meio infantil cantando esse “boop-boop-a-doop” inspirou a criação da personagem dos desenhos animados, em 1930. Como Quanto Mais Quente Melhor se passa em 1929, caiu como uma luva para Marilyn desfilar sua sensualidade brejeira na canção. Como Billy Wilder dizia, filmar com Marilyn podia ser um pesadelo, mas o resultado compensava de longe.
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49. ‘SO LONG, FAREWELL’, de A Noviça Rebelde (1965)
Com Charmian Carr, Nicholas Hammond, Heather Menzies-Urich, Duane Chase, Angela Cartwright, Debbie Turner e Kym Karath. Direção: Robert Wise. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II.
O capitão Von Trapp não que transformar sua família num grupo musical, mas está difícil. No final de uma festa em casa, seus sete filhos se despedem dos convidados com este encantador número musical. Uma das forças desse filme é o carisma das crianças. “So long, farewell, auf wiedersehen, adieu”, em um número reprisado mais tarde no filme (e rever sempre é muito bem-vindo).
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48. ‘CABARET’, de Cabaret (1972)
Com Liza Minnelli. Direção e coreografia: Bob Fosse. Canção de John Kander e Fred Ebb.
Liza, sozinha em cena: e precisa mais? A canção-título do filme estabelece que esse não é um musical inocente como a maioria do que vieram antes dele. E, três anos após a morte da mãe Judy Garland, Liza chama o trono para si com toda a justiça, ao menos nesse filme. A vida é um cabaré, old chum, apesar dos profetas do pessimismo.
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47. ‘A WHOLE NEW WORLD’, de Aladdin (1992)
Com Brad Kane e Lea Salonga (vozes). Direção: John Musker e Ron Clements. Canção de Alan Menken e Tim Rice.
Aladdin joga baixo para conquistar a princesa Jasmine: a leva em um passeio de tapete mágico pelo mundo. As maravilhas que vai encontrando são embaladas pela maravilha que é essa canção vencedora do Oscar. A animação é um deslumbre.
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46. ‘THE BALLET OF RED SHOES’, de Sapatinhos Vermelhos (1948)
Com Moira Shearer, Alan Carter, Joan Harris. Direção: Michael Powell e Emeric Pressburger. Coreografia: Robert Helpmann. Música de Brian Esdale.
Bailarina de carreira consolidada nos anos 1940, a escocesa Moira Shearer estreou no cinema no papel principal de Sapatinhos Vermelhos. E o ponto alto do filme é o balé que dá nome ao filme, um número espetacular de quase 15 minutos, que soma recursos cinematográficos à atmosfera da dança no palco para ir além da fábula dançada e representar o turbilhão emocional da protagonista: closes, planos de detalhe, câmera lenta, sobreposição de imagens. Este número impressionou tanto Gene Kelly que o inspirou para Sinfonia de Paris (1951).
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45. ‘ALWAYS LOOK ON THE BRIGHT SIDE OF LIFE’, de A Vida de Brian (1979)
Com Eric Idle. Direção: Terry Jones. Canção de Eric Idle.
Essa música adorável e incrivelmente otimista, com assobios e tudo, é um dos momentos mais clássicos do grupo Monty Python. Contribui para isso, é claro, o fato de ela ser cantada por um grupo que está sendo crucificado na Judeia dos tempos de Cristo. O tipo de nonsense que foi a genialidade do grupo inglês.
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44. ‘CAN’T BUY ME LOVE’, de A Hard Day’s Night (1964)
Com The Beatles. Direção: Richard Lester. Canção de Paul McCartney (creditada a John Lennon e Paul McCartney).
A Hard Day’s Night acompanha os Beatles no que seria seu cotidiano típico de correrias para fugir das fãs, compromissos comerciais e entrevistas chatas pra caramba. Em um momento de descuido dos outros, eles escapolem por uma porta, dão numa escada externa e se divertem a valer em campo aberto, filmados de helicóptero em patetices de cinema mudo. Sua descida pelas escadas é uma das mais célebres do grupo.
Para assistir, clique aqui.
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43. ‘PUT THE BLAME ON MAME’, de Gilda (1946)
Com Rita Hayworth (voz de Anita Ellis). Direção: Charles Vidor. Coreografia: Jack Cole. Canção de Allan Roberts e Doris Fischer.
Pê da vida com o marido, (“nunca houve uma mulher como”) Gilda irrompe no palco do nightclub que ele dirige e canta “Put the blame on Mame”. Não só isso, como tira uma das luvas — e é o bastante para que seja um dos mais sexy strip-teases da história. O vestido tomara-que-caia ajuda: nos closes é como se Gilda… bem… não estivesse usando nada.
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42. ‘BELLE’, de A Bela e a Fera (1991)
Com Paige O’Hara, Richard White, Alec Murphy, Mary Kay Bergman, Kath Soucie e coro (vozes). Direção: Gary Trousdale e Kirk Wise. Canção de Alan Menken e Howard Ashman.
Após um breve prólogo, A Bela e a Fera já mostra a que veio: a cena de apresentação da protagonista e seu vilarejo acanhado e o vilão valentão que a deseja é um espetáculo, com todo o jeito de Broadway. Dá para imaginar os cantores e bailarinos pelo palco. Mas aqui é cinema, há planos clássicos e divinos: Bela deslizando pelas prateleiras de livros em direção à câmera, ou a câmera girando em torno dela quando ela diz que quer “mais que essa vida provinciana”.
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41. ‘WOULDN’T BE LOVERLY?’, de My Fair Lady — Minha Bela Dama (1964)
Com Audrey Hepburn (voz de Marni Nixon). Direção: George Cukor. Coreografia: Hermes Pan. Canção de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe.
A florista pobre Eliza Doolittle tem sua canção de “eu quero” após ser desmerecida pelo irritante professor de dicção. Ela canta nesse momento adorável, errando todas as palavras que pode (canta “ands” em vez de “hands”, por exemplo). Sonha com um mundo de elegância e amor em meio aos restos e aos desvalidos. Audrey, que sempre apareceu como dama nos filmes, brilha como a pobretona inculta que, no fim, vai embora em sua carruagem: uma carroça de lixo.
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INFÂMIA (William Wyler, 1961)
⭐⭐⭐½
Diário de Filmes 2019: 41
O lesbianismo não era, claro, um tema comum na Hollywood do começo dos anos 1960, em tempos ainda sob a censura do Código Hays — longe disso. Em parte, isso se reflete na maneira como o tema é tratado nesta adaptação da peça de Lillian Hellman, na qual uma menina maldosa inventa uma mentira sobre as duas donas de sua escola: elas seriam amantes.
Isso torna a vida das duas um inferno. A menina conta a sua avó sussurrando — mesmo com as duas estando em um ambiente onde ninguém as ouve. As professoras, sem saber porque os pais estão levando as crianças embora, forçam um pai a revelar o motivo: a cena é mostrada de longe. Nas duas cenas, não ouvimos as palavras — apenas vemos a reação de quem escuta. Outra razão para isso é que o filme assume o ponto de vista das pessoas conservadoras daquela comunidade — as duas professoras incluídas. É, mais uma vez, “o amor que não ousa dizer seu nome”. Na segunda metade, o filme deixa de lado as meias palavras.
É datado, claro, mas não tanto quanto a versão dos anos 1930 (dirigida pelo mesmo William Wyler), que limou a homossexualidade da trama. O fato desta versão de 1961 ser dirigida por um cineasta classe A como Wyler (recém-saído do multioscarizado Ben-Hur), e com duas estrelas de primeira grandeza como Audrey Hepburn e Shirley MacLaine, não deixa de ser marcante.
60. ‘FLESH FAILURES/ LET THE SUNSHINE IN’, de Hair (1979)
Com John DeRobertas, Grand L. Bush, Beverly D’Angelo, John Savage, Treat Williams, Don Dacus, Annie Golden, Cheryl Barnes e coro. Direção: Milos Forman. Coreografia: Twyla Tharp. Canção de Galt MacDermot, Gerome Ragni e James Rado.
A apoteose do filme – em uma canção forte, que bate direto – mostra os soldados americanos indo para o Vietnã, jovens que marcham até serem engolidos pela completa escuridão representada pela entrada do avião militar. Quem canta, aparece primeiro como um anônimo que nem se identifica na multidão de soldados, até se aproximar da câmera. O drama adicional é do hippie que está lá por engano, tendo tomado o lugar do amigo para que este curtisse um último bom momento com a namorada antes de partir – mas não houve tempo para a troca ser desfeita. Essa troca é uma mudança do filme em relação à peça.
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59. ‘YOU’RE THE ONE THAT I WANT’, de Grease — Nos Tempos da Brilhantina (1978)
Com Olivia Newton-John e John Travolta. Direção: Randal Kleier. Coreografia: Patricia Birch. Canção de John Farrar.
A resolução final do romance entre os personagens de Olivia e Travolta, onde ele resolve ser mais certinho para ficar com ela, mas ela é que deixa de ser a boazinha absoluta para ficar com ele. Sobra carisma e química entre os dois.
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58. ‘AFTER YOU GET WHAT YOU WANT, YOU DON’T WANT IT’, de O Mundo da Fantasia (1954)
Com Marilyn Monroe. Direção: Walter Lang. Coreografia: Robert Alton. Canção de Irving Berlin.
Um dos grandes momentos de Marilyn nesse filme de grande elenco, que incluía Ethel Merman, Donald O’Connor e Mitzi Gaynor. O número é uma apresentação para uma plateia, mas Marilyn, em ascensão no estrelato, domina a cena completamente. Não dá para tirar os olhos dela. Ainda mais nesse vestido.
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57. ‘EASTER PARADE’, de Desfile de Páscoa (1948)
Com Judy Garland e Fred Astaire. Direção: Charles Walters. Coreografia: Fred Astaire e Charles Walters. Canção de Irving Berlin.
Uma inversão no clichê de gênero: em vez do homem cantar para a garota, ela é quem o corteja. Judy chega a fazer Fred sentar no colo dela! É uma reconciliação, mas a personagem de Judy mostra aos poucos, com muito charme, que está tudo bem. A canção de Irving Berlin é uma delícia e na voz de Judy, é difícil ficar melhor. E tem esses passinhos na escada, no final, uma graça. Era Fred voltando à Metro e para ficar (substituindo aqui Gene Kelly, escalado para o filme, mas que havia quebrado o tornozelo) e Judy em seus últimos anos no estúdio: foi, infelizmente, o único filme em que contracenaram (os dois estiveram no elenco de Ziegfeld Follies, de 1945, mas o filme era em esquetes e eles não apareceram juntos na mesma cena).
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56. ‘ON THE TOWN’, de Um Dia em Nova York (1949)
Com Gene Kelly, Frank Sinatra, Jules Munshin, Vera-Ellen, Ann Miller e Betty Garrett. Direção: Gene Kelly, Stanley Donen. Canção de Rioger Edens, Adolph Green e Betty Comden.
Pela primeira vez no filme, o sexteto protagonista (os marinheiros e as namoradas que paqueram em suas 24 horas de folga em Nova York) estão juntos na mesma cena. O cenário é o alto do Empire State (de mentirinha, claro, no estúdio da Metro). O encontro não deixa por menos, com uma grande apresentação de humor e dança, com carisma para dar e vender. É o começo de uma grande noite.
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55. ‘FUNNY FACE’, de Cinderela em Paris (1957)
Com Fred Astaire e Audrey Hepburn. Direção: Stanley Donen. Coreografia: Fred Astaire e Eugene Loring. Canção de George Gershwin e Ira Gershwin.
E se Audrey Hepburn fosse contratada da Metro? Pode-se ter boa ideia aqui, nesse musical da Paramount, mas que tem na equipe boa parte da turma da MGM (incluindo o diretor e o astro Astaire). O resultado, na prática, um musical da Metro feito na Paramount. E um momento especial é este, com o fotógrafo vivido por Fred revelando seu trabalho com a livreira vivida por Audrey. A cena de música e a dança no quarto escuro, com o processo de revelação incluído na cena, é para rever mil vezes. Audrey foi bailarina na juventude e mostra toda sua graça aqui.
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54. ‘SHADOW WALTZ’, de Cavadoras de Ouro (1933)
Com Dick Powell, Ruby Keeler e côro. Direção: Marvyn LeRoy. Direção de dança: Busby Berkeley. Canção de Harry Warren e Al Dubin.
Busby Berkeley parecia não ter limites. Em “Shadow waltz”, ele colocou dezenas de garotas com violinos em um cenário de plataformas curvas. Ao apagar as luzes, o contorno dos violinos se mostram iluminados e aí começam as evoluções, em círculo e até na forma de um violino gigante. Que criador de imagens marcantes ele foi!
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53. ‘THE SOUND OF MUSIC’, de A Noviça Rebelde (1965)
Com Julie Andrews. Direção: Robert Wise. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard Rogers e Oscar Hammerstein II.
Após aquela “overture” pelas montanhas da Áustria e aquela tomada de tirar o fôlego de helicóptero se aproximando daquele pontinho que vira a Julie Andrews, segue-se uma declaração de intenções do filme: a fraulein Maria cantando seu amor pela música. Ainda não sabemos nada dela, mas já sabemos isso, o essencial que vai fazer diferença na vida de todos no filme. O filme também já mostra que não vai economizar nas paisagens embasbacantes.
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52. ‘YOU WERE MEANT FOR ME’, de Cantando na Chuva (1952)
Com Gene Kelly e Debbie Reynolds. Direção: Gene Kelly e Stanley Donen. Coreografia: Gene Kelly. Canção de Arthur Freed e Nacio Herb Brown.
Don Lockwood, o ator vivido por Gene Kelly, quer declarar seu amor para Kathy Selden, a jovem atriz vivida por Debbie Reynolds. Mas diz que não consegue se não tiver o cenário adequado. Num estúdio, uma aulinha de mágica de Hollywood: luz do luar de um refletor, brisa noturna de ventiladores… E um dos mais bonitos números românticos do cinema. Debbie Reynolds penou nas mãos de Gene Kelly, um obcecado pela perfeição. Um dia, Fred Astaire a pegou chorando num canto da MGM e ela contou suas dificuldades. Então, ele ensaiou e deu dicas a ela. Como se vê aqui, ela aprendeu mais do que bem.
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51. ‘I COULD HAVE DANCED ALL NIGHT’, de My Fair Lady — Minha Bela Dama (1964)
Com Audrey Hepburn (voz de Marni Nixon). Direção: Geotge Cukor. Coreografia: Hermes Pan. Canção de Frederick Loewe e Alan Jay Lerner.
Logo depois de ‘The rain in Spain’, a pobre e inculta florista Eliza Doolittle está nas nuvens: finalmente mostrou que pode falar direito e potencial para ser uma dama, aos olhos de seu irascível professor. É levada pela governanta para dormir, mas quem conseguiria assim tão rápido? Durante todo o processo (subir escadas, trocar de roupa, se lavar), ela só canta que “poderia dançar a noite inteira”). Audrey, em um de seus pontos mais altos em ser adorável.
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80. ‘SPRINGTIME FOR HITLER/ HEIL MYSELF’, de Os Produtores (2005)
Com John Barrowman, Gary Beach, Uma Thurman e coro. Direção e coreografia: Susan Stroman. Canção de Mel Brooks.
Uma ridicularização implacável do nazismo na figura de um musical da Broadway que o glorifica, a primeira parte é a refilmagem encorpada do número do filme original de 1968, Primavera para Hitler. Quando Hitler entra em cena, interpretado na peça pelo diretor gay Roger DeBris (por sua vez, vivido por Gary Beach), é a parte nova para Os Produtores e igualmente antológica e hilariante. O uso da expressão “Heil myself” é um tributo de Brooks a Ernst Lubitsch, que sacaneou Hitler com essa expressão em Ser ou Não Ser (1942), refilmado em 1983 como Sou ou Não Sou, com o próprio Mel Brooks no papel principal.
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79. ‘WE BOTH REACHED FOR THE GUN’, de Chicago (2002)
Com Richard Gere, Renée Zellweger, Christine Baranski. Direção e coreografia: Rob Marshall. Canção de John Kander e Fred Ebb.
Primor de metáfora, uma coletiva de imprensa manipulada por um advogado espertalhão é retratada como um show de ventriloquismo e marionetes, através de um delicioso ragtime, ritmo muito identificado com a época em que o filme se passa. Como acontece na narrativa de Chicago, o filme alterna entre o registro realista e o de fantasia, como musical.
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78. ‘THE RAIN IN SPAIN’, de My Fair Lady — Minha Bela Dama (1964)
Com Audrey Hepburn (com voz de Marni Nixon), Rex Harrison e Wilfrid Hyde-White. Direção: George Cukor. Coreografia: Hermes Pan. Canção de Frederick Loewe e Alan Jay Lerner.
Massacrada pelo tirânico professor de fonética, a florista pobre Eliza Doolittle finalmente consegue articular uma frase corretamente: “The rain in Spain stays mainly in a plain”. A euforia que toma conta de todos é um momento muito especial de My Fair Lady e o ponto de virada da trama da florista que o professor quer fazer virar dama.
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77. ‘THEY ALL LAUGHED’, de Vamos Dançar? (1937)
Com Ginger Rogers e Fred Astaire. Direção: Mark Sandrich. Coreografia: Hermes Pan e Harry Losee. Canção de George Gerswhin e Ira Gershwin.
Na trama de Vamos Dançar?, Fred dança balé clássico e finge que é russo. O encontro com Ginger é o choque de dois mundos, e esse choque acontece para valer em “They all laughed”, delicinha de canção dos Gershwin. Ginger canta na primeira parte, depois os dois se estranham na dança, depois Fred mostra quem é e o que sabe. Depois, o que vem é magia.
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76. ‘A HARD DAY’S NIGHT’, de A Hard Day’s Night (1964)
Com The Beatles. Direção: Richard Lester. Canção de John Lennon e Paul McCartney.
A abertura de A Hard Day’s Night é antológica, reproduzindo a histeria da beatlemania com toques de nonsense e dando o tom do que virá no filme: a reprodução cômica do que seria um dia no cotidiano agitado dos Beatles, com um ar meio de documentário. O apuro visual de Richard Lester fez essas imagens ficarem clássicas.
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75. ‘JUMPIN JIVE’, de Tempestade de Ritmos (1943)
Com Cab Calloway e os Nicholas Brothers. Direção: Andrew L. Stone. Direção de dança: Nick Castle. Coreografia: Clarence Robinson. Canção de Cab Calloway, Jack Palmer e Frank Froeba.
Você nunca vai ver no cinema alguma coisa igual aos Nicholas Brothers. De uma agilidade inacreditável eles faziam coisas que nem superstars do calibre de Ferd Astaire e Gene Kelly se atreviam. Infelizmente, o racismo jogava contra: para não incomodar as plateias segregacionistas de alguns estados, os grandes filmes reservavam a eles apenas participações especiais, que podiam ser cortadas nas exibições nesses lugares. Eles tinham melhor espaço em filmes de elenco negro e destinados ao público negro como este Tempestade de Ritmos. Antecedidos pelo inimitável Cab Calloway, os Nicholas sapateiam e saltam um sobre o outro, saltam por cima da orquestra, saltam subindo e descendo uma escada. Um assombro.
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74. ‘BLACK BOYS/ WHITE BOYS’, de Hair (1979)
Com Laurie Beechman, Debi Dye, Ellen Foley, Johnny Maestro, Fred Ferrara, Jim Rosica, Vincent Carella, Nell Carter, Charlayne Woodard, Trudy Perkins, Chuck Patterson, H. Douglas Berring, Russell Costen, Kenny Brawner e The Stylistics. Direção: Milos Forman. Coreografia: Twyla Tharp. Canção de Galt McDermot.
O número mais irreverente e iconoclasta de Hair faz um paralelo genial entre garotas num parque falando abertamente sobre seus desejos a respeito de rapazes de outra cor… e militares numa junta de alistamento avaliando os novos recrutas. A seriedade na face de alguns dos militares enquanto cantam o que cantam dá ainda mais graça à coisa toda.
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73. ‘SUDDENLY SEYMOUR’, de A Pequena Loja dos Horrores (1986)
Com Rick Moranis, Ellen Greene, Michelle Weeks, Tichina Arnold e Tisha Campbell-Martin. Direção: Frank Oz. Coreografia: Pat Garrett. Canção de Alan Menken e Howard Ashman.
Dois sofredores do mundo, o funcionário de uma floricultura testemunha o desencanto da mulher que ama, mas que só se envolve com homens abusivos. Sua declaração de amor é uma pérola de sentimento dentro da galhofa deste ótimo musical cômico. Rick Moranis está ótimo, mas Ellen Greene (reprisando seu papel dos palcos) é sensacional.
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72. ‘ANOTHER DAY OF SUN’, de La La Land — Cantando Estações (2016)
Com Reshma Gajjar, Hunter Hamilton, Damian Gomez, Candice Coke e elenco (vozes de Angela Parrish, Nick Baxter, Marius De Vries, Briana Lee e Sam Stone). Direção: Damien Chazelle. Coreografia: Mandy Moore. Canção de Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul.
Quantos sonhos a chatice de um engarramento esconde? Em outro dia comum de sol e carros parados em Los Angeles, as aspirações ganham vida quando os motoristas saem de seus carros e começam a contar daquilo que os levaram até a cidade: o sonho de vencer em Hollywood. Filmado numa autoestrada real, com três planos-sequência com cortes escondidos para que pareça tudo um único plano. É uma declaração de intenções do filme: abrindo com este número, sem qualquer dos personagens principais, já estão aqui o estilo narrativo, o estilo visual e o tema central.
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71. ‘I HAVE CONFIDENCE’, de A Noviça Rebelde (1965)
Com Julie Andrews. Direção: Robert Wise. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard Rogers e Oscar Hammerstein II.
O carisma avassalador de Julie é combinado com a paisagem de tirar o fòlego de Salzburgo, captada através dos enquadramentos rigorosos e incríveis de Wise. Reparem, no começo, o recuo da câmera que mostra que a fraulein Maria está enquadrada entre as grades do portão. Ou quando ela vem do fundo do quadro, com os prédios ao fundo, e a câmera faz outro recuo para mostrar o ônibus para onde ela vai. Ou ela cantando na janela, com a paisagem refletida no outro vidro. Ou quando ela desde do ônibus e dá meia volta indo para o fundo do quadro. Fora a música, um canto de otimismo com violão na mão e saltinhos meio desengonçados no ar, que começa na dúvida e termina na autoconfiança plena.
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A última impressão é a que fica? Aqui está uma lista de meus 50 finais preferidos de filmes.
50. NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA. Woody Allen, 1977
ALVY: “Eu, eu pensei naquela velha piada, sabe, um, um cara vai a um psiquiatra e diz: ‘Doutor, hã, meu irmão está louco. Ele pensa que é uma galinha’. E, hã, o doutor diz: ‘Bem, por que você não o interna?’. E o cara diz: ‘Eu ia, mas eu preciso dos ovos’. Bem, acho que isso é muito como eu me sinto sobre relacionamentos. Você sabe, eles são totalmente irracionais e loucos e absurdos e… mas, hã, acho que continuamos com eles porque, hã, a maioria de nós precisa dos ovos”.
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49. O BEBÊ DE ROSEMARY. Roman Polanski, 1968
ROSEMARY: “Você está balançando muito rápido”.
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48. A DOCE VIDA. Federico Fellini, 1960
MARCELLO: “Não consigo escutar!”.
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47. O SÉTIMO SELO. Ingmar Bergman, 1957
JOF: “E a Morte, a mestre severa, os convida para dançar”.
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46. OS INTOCÁVEIS. The Untouchables. Brian de Palma, 1987
REPÓRTER: “Estão dizendo que vão revogar a Lei Seca. O que o senhor vai fazer?”
ELLIOT NESS: “Acho que vou tomar um drinque”.
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45. CHINATOWN. Chinatown. Roman Polanski, 1974
WALSH: “Esqueça, Jake. É Chinatown”.
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44. BONEQUINHA DE LUXO. Breakfast at Tiffany’s. Blake Edwards, 1961
HOLLY: “O Gato… Onde está o Gato?…”
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43. A SEPARAÇÃO. Jodaeiye Nader az Simin. Asghar Farhadi, 2011
JUIZ: “Você quer que eles esperem lá fora, se for difícil para você?
TERMEH: “Eles podem?”
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42. A VIDA DE BRIAN. Life of Brian. Terry Jones, 1979
SR. FRISBEE: “Olhe sempre o lado bom da vida”.
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41. CLUBE DOS CINCO. The Breakfast Club. John Hughes, 1985
BRIAN: “Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um CDF…”
ANDREW: “…e um atleta…”
ALLISON: “…e uma inútil…”
CLAIRE: “…e uma princesa…”
BENDER: “…e um marginal.”
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41. PACTO DE SANGUE. Double Indemnity. Billy Wilder, 1944
KEYES: “Você nunca vai chegar na fronteira”
WALTER: “Isso é o que você pensa”
KEYES: “Você não vai chegar nem ao elevador”.
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40. BUTCH CASSIDY. Butch Cassidy and the Sundance Kid. George Roy Hill, 1969
BUTCH: “Tenho uma grande ideia de para onde deveríamos ir depois daqui”.
***
39. A MONTANHA DOS SETE ABUTRES. Ace in the Hole/ The Big Carnival. Billy Wilder, 1951
CHUCK: “Gostaria de ganhar mil dólares por dia, Sr. Boot? Sou um jornalista que vale mil dólares por dia. Pode ficar comigo por nada”.
***
38. DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. Glauber Rocha, 1964
CORISCO: “Mais fortes são os poderes do povo!”.
***
37. OS BONS COMPANHEIROS. Goodfellas. Martin Scorsese, 1990
HENRY: “Sou um ninguém. Vou viver o resto da minha vida como um merda”.
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36. TOY STORY 3. Toy Story 3. Lee Unkrich, 2010
WOODY: “Até mais, parceiro”.
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35. CAVADORAS DE OURO. Gold Diggers of 1933. Mervyn LeRoy, 1933
CAROL: “Lembre-se do meu homem esquecido”.
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34. HOMEM DE FERRO. Iron Man. Jon Favreau, 2008
TONY STARK: “Eu sou o Homem de Ferro”.
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33. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS. Bruno Barreto, 1976
TRILHA SONORA: “O que será, que será, que andam suspirando pelas alcovas?”
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32. SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Dead Poets Society. Peter Weir, 1989
ANDERSON: “Oh, capitão, meu capitão!”.
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31. OURO E MALDIÇÃO. Greed. Erich von Stroheim, 1924
MARCUS: “Não há água em uma centena de milhas daqui. Nós… somos… homens… mortos”.
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29. A PRINCESA E O PLEBEU. Roman Holiday. William Wyler, 1953
ANN: “Muito feliz, Sr. Bradley”.
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28. A MALVADA. All about Eve. Joseph L. Mankiewicz, 1950
ADDISON: “Você deve perguntar à Srta. Harrington como conseguir um. A Srta. Harrington sabe tudo sobre isso”.
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27. 8 ½. 8 ½. Federico Fellini, 1963
GUIDO: “Esta confusão… sou eu”.
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26. INIMIGO PÚBLICO. The Public Enemy. 1931
MIKE: “Mãe, estão trazendo Tom para casa!”.
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25. OS INCOMPREENDIDOS. Les 400 Coups. François Truffaut, 1959
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24. THELMA & LOUISE. Thelma & Louise. Ridley Scott, 1991
THELMA: “Apenas vamos em frente”.
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23. TEMPOS MODERNOS. Modern Times. Charles Chaplin, 1936
CARLITOS: “Sorria!”
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22. OS SUSPEITOS. The Usual Suspects. Bryan Singer, 1995
VERBAL: “O maior truque do diabo foi convencer o mundo de que ele não existe”.
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21. CINEMA PARADISO. Nuovo Cinema Paradiso. Giuseppe Tornatore, 1988
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20. …E O VENTO LEVOU. Gone with the Wind. Victor Fleming, 1939
RHETT: “Francamente, minha querida, estou cagando pra isso”.
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19. OS PÁSSAROS. The Birds. Alfred Hitchcock, 1963
CATHY: “Posso levar os periquitos, Mitch? Eles não machucaram ninguém”.
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18. LADRÕES DE BICICLETA. Ladri di Biciclette. Vittorio de Sica, 1948
BRUNO: “Papai! Papai!”
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17. SE MEU APARTAMENTO FALASSE. The Apartment. Billy Wilder, 1960
FRAN KUBELIK: “Cale a boca e dê as cartas”.
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16. CASABLANCA. Casablanca. Michael Curtiz, 1942
RICK: “Louis, acho que este é o início de uma bela amizade”.
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15. O PLANETA DOS MACACOS. Planet of the Apes. Franklin J. Schaffner, 1968
GEORGE TAYLOR: “Seus maníacos! Vocês estragaram tudo! Malditos sejam!”.
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14. A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM. Mike Nichols, 1967
TRILHA SONORA: “Olá, escuridão, velha amiga”.
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13. DE VOLTA PARA O FUTURO. Back to the Future. Robert Zemeckis, 1985
DOUTOR BROWN: “Ruas? Para onde vamos não precisamos… de ruas”.
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12. 2001 – UMA ODISSEIA NO ESPAÇO. 2001 – A Space Odyssey. Stanley Kubrick, 1968
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11. BONNIE AND CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS. Bonnie and Clyde. Arthur Penn, 1967
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10. RASTROS DE ÓDIO. The Searchers. John Ford, 1956
TRILHA SONORA: “Um homem vai procurar seu coração e sua alma”
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9. CIDADÃO KANE. Citizen Kane. Orson Welles, 1941
JERRY THOMPSON: “Talvez ‘Rosebud’ seja alguma coisa que ele não conseguiu. Ou alguma coisa que ele perdeu”.
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8. PSICOSE. Psycho. Alfred Hitchcock, 1960
NORMA BATES: “Ele vão dizer: ‘Ela não mataria uma mosca’…”.
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7. QUANTO MAIS QUENTE MELHOR. Billy Wilder, 1959
OSGOOD: “Ninguém é perfeito”.
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6. NOITES DE CABÍRIA. Le Notti di Cabiria. Federico Fellini, 1957
GAROTA: “Boa noite”.
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5. MANHATTAN. Woody Allen, 1979
TRACY: “Nem todo mundo se corrompe. Você tem que ter um pouco de fé nas pessoas”.
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4. A FELICIDADE NÃO SE COMPRA. It’s a Wonderful Life. Frank Capra, 1946
HARRY: “Ao meu irmão mais velho George: o homem mais rico da cidade”.
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3. O PODEROSO CHEFÃO. The Godfather. Francis Ford Coppola, 1972
KAY: “É verdade? É?”
MICHAEL: “Não”.
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2. CREPÚSCULO DOS DEUSES. Sunset Boulevard. Billy Wilder, 1950
NORMA DESMOND: “Está bem, Sr. DeMille, estou pronta para o meu close-up”.
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1. LUZES DA CIDADE. City Lights. Charles Chaplin, 1931
CARLITOS: “Você consegue ver agora?”
FLORISTA: “Sim, eu consigo ver agora”.
Meu amigo Jack Herbert me mostrou no Facebook esse comercial encantador de uma marca de chocolate, estrelado por… Audrey Hepburn! Através da computação gráfica, o comercial (veiculado na TV britânica) traz Audrey de volta à vida. O resultado impressiona, confira:
Aproveito para publicar minha matéria dos 20 anos da morte da atriz, completados em janeiro. No final, admiradores da atriz contam qual seu momento preferidos. Entre eles, Ruy Castro, José Geraldo Couto, Suzana Uchôa Itiberê e João Batista de Brito.
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Em julho de 2010, uma pesquisa pela internet perguntou qual seria a mulher mais bonita do século 20. Em um meio onde o imediatismo impera (o segundo lugar, por exemplo, ficou com uma cantora do grupo Girls Aloud), a vencedora foi uma atriz que havia morrido há 18 anos e cujo auge da carreira foi nos anos 1950 e 1960: Audrey Hepburn. Confiabilidade não é uma qualidade de pesquisas virtuais, mas esse resultado quer dizer algo: a persona da atriz – que morreu há exatas duas décadas, aos 63 anos – continua em evidência, admirada por velhos e novos fãs.
Não faltava a Audrey beleza física, é evidente. Mas ela não era voluptuosa e cheia de curvas perigosíssimas como outras deusas do cinema de sua época – Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Sophia Loren ou Brigitte Bardot. Audrey era diferente e boa parte de seu charme estava na capitalização disso. Ela combinava um ar de quem precisa de proteção e uma certa molecagem, o que cativou de cara a equipe que selecionava atrizes para A Princesa e o Plebeu (1953), e, depois, o público e a Academia de Hollywood, que deu a ela um Oscar logo em seu primeiro filme importante.
Já é lendária – mas verdadeira – a história de que o astro do filme, Gregory Peck, vendo o desempenho daquela novata, exigiu dos produtores que o nome dela viesse antes do título com destaque igual ao seu – uma situação impensável na época. “Ela é a verdadeira estrela do filme. Vou parecer ridículo se meu nome aparecer maior que o dela”, disse Peck.
Até aquele momento, Audrey tinha tido um grande momento na carreira: fez o papel principal de Gigi nos palcos, escolhida pela própria autora, Colette. No cinema, eram ainda pequenos papéis, mas A Princesa e o Plebeu mudou tudo. Suas peripécias por Roma como a princesa cansada dos afazeres diplomáticos e com vontade de viver um dia comum a transformaram em uma estrela de primeira grandeza.
Na sequência, ela fez Sabrina (1954), uma história de Cinderela onde ela era a filha de um motorista e que se transforma quando passa uma temporada em Paris, passando a ser disputada por Humphrey Bogart e William Holden. O diretor era Billy Wilder, que a dirigiu de novo em Amor na Tarde (1957) e disse uma das mais belas coisas sobre ela: “O que é preciso para você se tornar uma estrela de verdade é um elemento extra que Deus pode lhe dar ou não. Você já nasce com ele. Não pode aprender. Deus beijou o rosto de Audrey Hepburn, e ali estava ela”.
Até 1967, Audrey fez poucos filmes, quase todos muito bons, alguns chegando ao status de icônicos. Os melhores foram, além dos dois primeiros hollywoodianos, são o musical Cinderela em Paris (1957), o drama Uma Cruz à Beira do Abismo (1959), a mistura de comédia e suspense que é Charada (1963), o musical My Fair Lady – Minha Bela Dama (1964), o drama Um Caminho para Dois (1967) e o suspense “para valer” Um Clarão nas Trevas (1967).
E, claro, Bonequinha de Luxo (1961), talvez o mais icônico dos filmes e papéis de Audrey. Sua Holly Goolightly – criação do escritor Truman Capote, que queria Marilyn Monroe no papel – marcou tanto pelo vestido preto (como sempre, desde Sabrina, Audrey era vestida pelo estilista francês Givenchy) quanto pela cena em que ela canta “Moon river” na escada de incêndio.
Até 1967, Audrey tinha sido casada com o ator Mel Ferrer muito menos bem sucedido que ela. Em 1967, ela deu um longo tempo do cinema quando se divorciou e se casou com o médico Andrea Dotti. Só voltou ao cinema em 1976, com um grande filme: Robin e Marian.
A partir daí foram poucos filmes e poucos destaques. Seu papel mais importante no período é o de embaixadora da Unicef, a partir de 1987. Ela viajou por países muito pobres, como a Somália, ajudando a chamar a atenção para populações vivendo na miséria.
Audrey estava, assim, retribuindo um pouco da ajuda que ela, belga de nascimento, própria teve na infância, durante a II Guerra Mundial, na Holanda. Para ela, viajar pelo Unicef foi seu principal papel. E foi por isso que Elizabeth Taylor disse, quando Audrey morreu, que “Deus tem agora o mais belo novo anjo, que saberá o que há para fazer no Céu”. E é por isso que tantos acham que seu último papel no cinema foi tão apropriado: em Além da Eternidade (1989), de Spielberg, ela interpretou um anjo.
— MINHA AUDREY PREFERIDA
RUY CASTRO, escritor
“Audrey Hepburn foi sempre maravilhosa – em cada fotograma que filmou -, mas a cena que mais gosto é a da sequência final de A Princesa e o Plebeu: ela, de novo como princesa; Gregory Peck, como o repórter que a entrevista”.
ALANA AGRA, médica
“O ‘meu’ momento Audrey é Sabrina, daqueles raros momentos em que tudo dá certo – do roteiro maravilhoso ao elenco, os figurinos, o p&b belíssimo, e Audrey mais icônica do que já tinha estado até então, com vestidos de sonho”.
SUZANA UCHÔA ITIBERÊ, editora da revista Preview
“Uma das cenas mais saborosas e espontâneas de Audrey Hepburn que tenho guardada na memória acontece em Charada, que Stanley Donen dirigiu em 1963. No auge da ação, ela pega Cary Grant de surpresa e pergunta: ‘Sabe o que você tem de errado?’. Ele, afobado e na defensiva, responde: ‘Não, o quê?’. E ela solta um sedutor e malandro: ‘Nada!’. O tom de voz perfeito e um rosto suave irresistível. Essa era Audrey”.
JOÃO BATISTA DE BRITO, crítico
“Adoro, em A Princesa e o Plebeu, quando ela, ainda tonta, entra no pequeno apartamento de Gregory Peck e eles discutem um verso de poesia romântica, que ela diz ser Keats e ele, garante ser Shelley (ele tinha razão)”.
JOSÉ GERALDO COUTO, crítico
“Minha cena favorita está na ponta da língua: é aquela em que ela canta ‘Moon river’ e toca violão na escada externa do prédio onde mora, em Bonequinha de Luxo, do Blake Edwards. É um momento de delicadeza e beleza inexcedíveis, capaz de enternecer o mais duro dos corações”.
KAROLINE ZILAH, jornalista
“Uma cena que para mim tem o status de hors concours: o momento em que ela canta ‘Moon river’ na sacada do apartamento, demonstrando uma Holy Golightly extremamente vulnerável apesar de toda a sexualidade e suposta segurança que ela exalava antes de revelar seu verdadeiro ‘eu’. É uma cena tão delicada e emocionante, que sempre me lembro desta imagem em particular quando penso em Audrey”.
RENATO FÉLIX, jornalista
“Audrey tem muitos momentos icônicos, mas um que eu particularmente acho o máximo é ela dançando com Fred Astaire no quarto escuro em Cinderela em Paris, depois de ele cantar ‘Funny face’ para ela. Bailarina, ela teve tão pouca chance de dançar na carreira…”.
ANDRÉ RICARDO AGUIAR, escritor
“O meu momento Audrey Hepburn preferido é o da brincadeira da Boca da Verdade, em Roma, no filme A Princesa e o Plebeu. Adoro o improviso que Gregory Peck fez na cena e o susto real que ele provocou na Audrey”.
CAROLINA QUEIROZ, jornalista
“Eu considero seu momento mais emblemático aquele em que ela inicia o trabalho de embaixatriz da Unicef, em 1987. Depois disso, ela mostrava ao mundo que não era apenas uma atriz maravilhosa, mas uma pessoa extraordinária!”.