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O Disney Plus lançou esta semana o documentário em três partes de Peter Jackson resgatando as gravações do Let it Be e a nova minissérie da Marvel, Gavião Arqueiro. Nos cinemas, a nova animação da Disney, Encanto, e a nova safra do cinema francês no Festival Varilux. Saiba mais sobre cada um na minha coluna na CBN João Pessoa.
TUDO ENTRE NÓS
½
Diário de Filmes 2021: 17
Compêndio rememorado
Amigos de adolescência, dois dos maiores compositores da música popular e líderes da maior banda de rock da história, John Lennon e Paul McCartney estavam rompidos e afastados desde o fim dos Beatles em 1970. Em 1976, Lennon havia se recolhido à vida familiar, depois de deixar expirar o contrato com a gravadora. Paul, por sua vez, estava vivendo grande sucesso liderando os Wings. E aí, um dia, Paul estava em Nova York e foi ao edifício Dakota visitar o velho parceiro.
Esse telefilme do canal musical VH1 imagina como teria sido esse encontro: os dois ex-beatles passando a tarde juntos, expondo suas dores, acertando suas contas, meditando, fumando um baseado, rememorando momentos felizes, tocando uma musiquinha juntos. A visita realmente aconteceu, mas o conteúdo do encontro é imaginação do roteiro (menos a quase aparição surpresa no Saturday Night Live, que quase aconteceu mesmo). Também não foi o primeiro reencontro da dupla após o fim dos Beatles.
Essa licença poética ajuda a dar mais significado ao fato da visita. O que aconteceu ali é um compêndio rememorado de elementos da vida dos dois amigos e dos Beatles: quase tudo é, de alguma maneira, citado ou discutido (embora sem músicas do grupo na trilha).
A direção ficou a cargo de um velho conhecido dos Beatles: Michael Lindsay-Hogg, diretor de alguns clipes do grupo e do documentário Let it Be (1970). É um retrato simpático e honesto, bem interpretado (especialmente por Aidan Quinn como Paul McCartney). Focado basicamente em uma conversa entre dois amigos com muita roupa suja para lavar.
Onde ver: YouTube
Two of Us, 2000.
Direção: Michael Lindsay-Hogg. Elenco: Aidan Quinn, Jared Harris, Neil Foster.
Os Beatles há 50 anos: juntos e separados
1970 marcou o lançamento não só do último disco dos Beatles, mas também solos de John, Paul, George e Ringo
por Renato Félix
* Versão estendida e corrigida de matéria publicada no Correio da Paraíba, em 27 de março de 2020
Em 10 de abril de 1970, foi publicada uma autoentrevista de Paul McCartney escancarando as ruínas dos Beatles. Os integrantes já não se entendiam mais, John Lennon já havia dito aos colegas que iria pular fora e já nem havia participado da gravação da canção “I, me, mine” em janeiro. Nesse texto, em um relise do lançamento de seu primeiro álbum solo, Paul simplesmente anunciava que estava fora do grupo.
Assim, o ano de 1970 veria não só o lançamento do último disco dos Beatles, Let it Be — quase todo gravado no começo de 1969, antes ainda do disco Abbey Road — , quanto os primeiros álbuns solo dos quatro beatles (mesmo que alguns tenham lançado antes discos experimentais, trilhas para filmes ou um ao vivo). Dos quais, o primeiro acabou sendo o de Ringo Starr: Sentimental Journey, que completa hoje 50 anos de lançamento. Veja a seguir um pouco da história dos cinco discos.
Sentimental Journey, de Ringo Starr (lançado em 27 de março) — Foi o primeiro álbum solo de um membro do grupo (descontando as experimentações de John e George nos anos anteriores, trilhas ou ao vivo). Os outros Beatles incentivaram, mas como Ringo não é um compositor no mesmo nível dos colegas, a ideia foi gravar músicas antigas, clássicos cantados em reuniões de sua família, como “Night and day”, “Bye bye, blackbird”, “Stardust”, “Love is a many splendored thing” e a canção-título.
O baterista dos Beatles começou a trabalhar no disco em agosto de 1969, com produção de George Martin. É uma pegada até surpreendente, bem diferente do que ele vinha fazendo com os Beatles. Meio retrô na proposta e buscando valorizar seu jeito de interpretar, que os companheiros (e sua mãe) elogiavam.
Cada faixa teve alguém diferente assinando os arranjos. Paul assina “Stardust”; Quincy Jones, “Love is a many splendored thing”; e Elmer Bernstein, “Have I told you lately that I love you?”; entre outros.
McCartney, de Paul McCartney (20 de abril) — Paul gravou sozinho e secretamente seu primeiro disco solo. O lançamento foi a pá de cal no relacionamento dele com os outros Beatles: John, George e Ringo queriam que Paul adiasse a data de seu disco para que McCartney não competisse com o Let it Be, que estava para ser colocado no mercado na mesma época. Ringo levou a proposta do trio à casa de McCartney e foi enxotado de lá pelo amigo.
Paul gravou o disco já na ressaca da separação dos Beatles, cada vez mais evidente. Começou na própria casa, com um equipamento de gravação caseiro, tocando todos os instrumentos e com Linda fazendo alguns backing vocals. Depois agendou horários em Abbey Road com um pseudônimo. Nesse espírito, bate de frente com os elaborados álbuns dos Beatles nos anos anteriores.
As gravações começaram ainda no final de 1969, depois que John anunciou aos outros três que estava deixando a banda, mas foi convencido a não tornar isso público. Paul se isolou em sua casa na Escócia, bebeu pacas, até que Linda conseguiu incentivá-lo a dar um rumo na vida. E ele começou o projeto de um disco solo. Aliás, o mais “solo” que ele podia.
A antológica “Maybe I’m amazed” é desse disco, além de canções como “That would be something”. Paul ainda lançaria Ram em 1971, antes de formar uma nova banda, os Wings.
Let it Be, de The Beatles (8 de maio) — O último disco dos Beatles foi, na verdade, o penúltimo a ser gravado. Era o projeto Get Back, que começou no começo de 1969, com a ideia de ser uma volta às raízes: o grupo gravando música de forma “crua”, sem tantos dos efeitos de estúdio que vinham utilizando, e com os ensaios registrados por câmeras para um futuro documentário e com a ideia de um grandioso show a ser feito.
No entanto, as gravações nos Twickenham Studios foram tensas e acabaram interrompidas quando George anunciou que estava deixando a banda. Conversa vai, conversa vem, a banda não acabou e as gravações foram retomadas, mas — por exigência de George — na Apple, companhia dos Beatles. O show acabou sendo no telhado do prédio, curto e sem aviso prévio.
Sobre o disco, o quarteto não gostou do resultado das gravações. Mexeram para lá, para cá, propostas de edição foram sendo feitas e rejeitadas, enquanto o grupo foi Deixando meio de lado o projeto e se concentrou para começar do zero outro disco, que viria a ser o Abbey Road, lançado ainda em 1969.
Mas a produção do documentário andou e ganhou data de lançamento para 1970. Em janeiro de 1970, Paul, George e Ringo trabalharam mais na canção “Let it be” e gravaram “I, me, mine” (de Harrison e última canção gravada pelos Beatles). Então, depois, John e o empresário Allan Klein (de quem Paul não gostava) entregaram as gravações para o produtor Phil Spector, que retrabalhou as músicas para a versão final do disco, que viria a ser lançado como Let it Be.
Paul não gostou das mudanças feitas em “The long and winding road” e “Let it be”, com orquestrações e overdubs que fugiam do conceito original cru. Ele finalmente conseguiu fazer sair em 2003 o Let it Be… Naked, que é o Let it Be sem as alterações by Phil Spector e mais próximo do que ele pretendia no projeto Get Back.
All Things Must Pass, de George Harrison (27 de novembro) — George começou sua carreira solo como uma represa de composições que era rompida: lançou um disco nem simples, nem duplo, mas triplo! Ele usou canções que ele havia composto na época dos Beatles, mas que não foram usadas — a canção-título é uma delas. Também tem o hit ‘My sweet Lord”, além de “What is life”, “Isn’t a pity” e “I’d had you anytime” (parceria com Bob Dylan).
Harrison produziu com Phil Spector e o disco reflete a personalidade musical própria de George, para além da trajetória com John, Paul e Ringo, mostrando a influência de Dylan, The Band e outros artistas daquele final de anos 1960. Principalmente, a parceria com outros artistas, que não o relegavam a um papel de coadjuvante, como Lennon e McCartney ainda faziam.
Ringo participa, além de velhos amigos como Billy Preston, Klaus Voorman e Eric Clapton. O terceiro disco é de jams. All Things Must Pass é a estreia solo que vale para George, mas ele já havia lançado antes o instrumental Wonderwall Music (1968) e o experimental Electronic Sound (1969).
Plastic Ono Band, de John Lennon/ Plastic Ono Band (11 de dezembro) — Lennon gravou em fevereiro o single “Instant karma”(e “Give peace a chance” em 1969) e já havia lançado três álbuns experimentais com Yoko (como Unfinished Music nº 1: Two Virgins, de 1968) e o ao vivo Live Peace in Toronto 1969 (com o grupo que montou para o show creditado como Plastic Ono Band). Mas este é que é considerado seu primeiro solo valendo pontos. E o derradeiro álbum solo de um agora ex-beatle em 1970 foi um grito, muito pessoal.
Com Phil Spector na produção junto com John e Yoko e com Ringo na bateria, o disco já abre com “Mother”, onde ele berra para a mãe (Julia, que morreu em 1958) e para o pai (Alfred, que largou a família quando ele era criança). Não é por acaso: o disco tem inspirações nas terapias de grito primal que vinha fazendo com Arthur Janov.
Também estão no disco “Working class hero” e “God”. “God” é aquela onde ele sentencia: “Não acredito nos Beatles/ Só acredito em mim/ Em Yoko e em mim”. Se ainda havia alguma esperança de que os quatro rapazes de Liverpool permanecessem juntos, ela parecia cada vez menor. No final de “God”, Lennon faz questão de avisar: “The dream is over” (“O sonho acabou”).
50. ‘I WANNA BE LOVED BY YOU’, de Quanto Mais Quente Melhor (1959)
Com Marilyn Monroe. Direção: Billy Wilder. Coreografia: Jack Cole. Canção de Herbert Stothart, Harry Ruby e Bert Kalmar.
“Boop-boop-a-doop”. A canção de 1928 é a cara da Betty Boop e não por acaso: a interpretação de Helen Kane, com sua voz meio infantil cantando esse “boop-boop-a-doop” inspirou a criação da personagem dos desenhos animados, em 1930. Como Quanto Mais Quente Melhor se passa em 1929, caiu como uma luva para Marilyn desfilar sua sensualidade brejeira na canção. Como Billy Wilder dizia, filmar com Marilyn podia ser um pesadelo, mas o resultado compensava de longe.
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49. ‘SO LONG, FAREWELL’, de A Noviça Rebelde (1965)
Com Charmian Carr, Nicholas Hammond, Heather Menzies-Urich, Duane Chase, Angela Cartwright, Debbie Turner e Kym Karath. Direção: Robert Wise. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II.
O capitão Von Trapp não que transformar sua família num grupo musical, mas está difícil. No final de uma festa em casa, seus sete filhos se despedem dos convidados com este encantador número musical. Uma das forças desse filme é o carisma das crianças. “So long, farewell, auf wiedersehen, adieu”, em um número reprisado mais tarde no filme (e rever sempre é muito bem-vindo).
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48. ‘CABARET’, de Cabaret (1972)
Com Liza Minnelli. Direção e coreografia: Bob Fosse. Canção de John Kander e Fred Ebb.
Liza, sozinha em cena: e precisa mais? A canção-título do filme estabelece que esse não é um musical inocente como a maioria do que vieram antes dele. E, três anos após a morte da mãe Judy Garland, Liza chama o trono para si com toda a justiça, ao menos nesse filme. A vida é um cabaré, old chum, apesar dos profetas do pessimismo.
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47. ‘A WHOLE NEW WORLD’, de Aladdin (1992)
Com Brad Kane e Lea Salonga (vozes). Direção: John Musker e Ron Clements. Canção de Alan Menken e Tim Rice.
Aladdin joga baixo para conquistar a princesa Jasmine: a leva em um passeio de tapete mágico pelo mundo. As maravilhas que vai encontrando são embaladas pela maravilha que é essa canção vencedora do Oscar. A animação é um deslumbre.
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46. ‘THE BALLET OF RED SHOES’, de Sapatinhos Vermelhos (1948)
Com Moira Shearer, Alan Carter, Joan Harris. Direção: Michael Powell e Emeric Pressburger. Coreografia: Robert Helpmann. Música de Brian Esdale.
Bailarina de carreira consolidada nos anos 1940, a escocesa Moira Shearer estreou no cinema no papel principal de Sapatinhos Vermelhos. E o ponto alto do filme é o balé que dá nome ao filme, um número espetacular de quase 15 minutos, que soma recursos cinematográficos à atmosfera da dança no palco para ir além da fábula dançada e representar o turbilhão emocional da protagonista: closes, planos de detalhe, câmera lenta, sobreposição de imagens. Este número impressionou tanto Gene Kelly que o inspirou para Sinfonia de Paris (1951).
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45. ‘ALWAYS LOOK ON THE BRIGHT SIDE OF LIFE’, de A Vida de Brian (1979)
Com Eric Idle. Direção: Terry Jones. Canção de Eric Idle.
Essa música adorável e incrivelmente otimista, com assobios e tudo, é um dos momentos mais clássicos do grupo Monty Python. Contribui para isso, é claro, o fato de ela ser cantada por um grupo que está sendo crucificado na Judeia dos tempos de Cristo. O tipo de nonsense que foi a genialidade do grupo inglês.
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44. ‘CAN’T BUY ME LOVE’, de A Hard Day’s Night (1964)
Com The Beatles. Direção: Richard Lester. Canção de Paul McCartney (creditada a John Lennon e Paul McCartney).
A Hard Day’s Night acompanha os Beatles no que seria seu cotidiano típico de correrias para fugir das fãs, compromissos comerciais e entrevistas chatas pra caramba. Em um momento de descuido dos outros, eles escapolem por uma porta, dão numa escada externa e se divertem a valer em campo aberto, filmados de helicóptero em patetices de cinema mudo. Sua descida pelas escadas é uma das mais célebres do grupo.
Para assistir, clique aqui.
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43. ‘PUT THE BLAME ON MAME’, de Gilda (1946)
Com Rita Hayworth (voz de Anita Ellis). Direção: Charles Vidor. Coreografia: Jack Cole. Canção de Allan Roberts e Doris Fischer.
Pê da vida com o marido, (“nunca houve uma mulher como”) Gilda irrompe no palco do nightclub que ele dirige e canta “Put the blame on Mame”. Não só isso, como tira uma das luvas — e é o bastante para que seja um dos mais sexy strip-teases da história. O vestido tomara-que-caia ajuda: nos closes é como se Gilda… bem… não estivesse usando nada.
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42. ‘BELLE’, de A Bela e a Fera (1991)
Com Paige O’Hara, Richard White, Alec Murphy, Mary Kay Bergman, Kath Soucie e coro (vozes). Direção: Gary Trousdale e Kirk Wise. Canção de Alan Menken e Howard Ashman.
Após um breve prólogo, A Bela e a Fera já mostra a que veio: a cena de apresentação da protagonista e seu vilarejo acanhado e o vilão valentão que a deseja é um espetáculo, com todo o jeito de Broadway. Dá para imaginar os cantores e bailarinos pelo palco. Mas aqui é cinema, há planos clássicos e divinos: Bela deslizando pelas prateleiras de livros em direção à câmera, ou a câmera girando em torno dela quando ela diz que quer “mais que essa vida provinciana”.
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41. ‘WOULDN’T BE LOVERLY?’, de My Fair Lady — Minha Bela Dama (1964)
Com Audrey Hepburn (voz de Marni Nixon). Direção: George Cukor. Coreografia: Hermes Pan. Canção de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe.
A florista pobre Eliza Doolittle tem sua canção de “eu quero” após ser desmerecida pelo irritante professor de dicção. Ela canta nesse momento adorável, errando todas as palavras que pode (canta “ands” em vez de “hands”, por exemplo). Sonha com um mundo de elegância e amor em meio aos restos e aos desvalidos. Audrey, que sempre apareceu como dama nos filmes, brilha como a pobretona inculta que, no fim, vai embora em sua carruagem: uma carroça de lixo.
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80. ‘SPRINGTIME FOR HITLER/ HEIL MYSELF’, de Os Produtores (2005)
Com John Barrowman, Gary Beach, Uma Thurman e coro. Direção e coreografia: Susan Stroman. Canção de Mel Brooks.
Uma ridicularização implacável do nazismo na figura de um musical da Broadway que o glorifica, a primeira parte é a refilmagem encorpada do número do filme original de 1968, Primavera para Hitler. Quando Hitler entra em cena, interpretado na peça pelo diretor gay Roger DeBris (por sua vez, vivido por Gary Beach), é a parte nova para Os Produtores e igualmente antológica e hilariante. O uso da expressão “Heil myself” é um tributo de Brooks a Ernst Lubitsch, que sacaneou Hitler com essa expressão em Ser ou Não Ser (1942), refilmado em 1983 como Sou ou Não Sou, com o próprio Mel Brooks no papel principal.
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79. ‘WE BOTH REACHED FOR THE GUN’, de Chicago (2002)
Com Richard Gere, Renée Zellweger, Christine Baranski. Direção e coreografia: Rob Marshall. Canção de John Kander e Fred Ebb.
Primor de metáfora, uma coletiva de imprensa manipulada por um advogado espertalhão é retratada como um show de ventriloquismo e marionetes, através de um delicioso ragtime, ritmo muito identificado com a época em que o filme se passa. Como acontece na narrativa de Chicago, o filme alterna entre o registro realista e o de fantasia, como musical.
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78. ‘THE RAIN IN SPAIN’, de My Fair Lady — Minha Bela Dama (1964)
Com Audrey Hepburn (com voz de Marni Nixon), Rex Harrison e Wilfrid Hyde-White. Direção: George Cukor. Coreografia: Hermes Pan. Canção de Frederick Loewe e Alan Jay Lerner.
Massacrada pelo tirânico professor de fonética, a florista pobre Eliza Doolittle finalmente consegue articular uma frase corretamente: “The rain in Spain stays mainly in a plain”. A euforia que toma conta de todos é um momento muito especial de My Fair Lady e o ponto de virada da trama da florista que o professor quer fazer virar dama.
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77. ‘THEY ALL LAUGHED’, de Vamos Dançar? (1937)
Com Ginger Rogers e Fred Astaire. Direção: Mark Sandrich. Coreografia: Hermes Pan e Harry Losee. Canção de George Gerswhin e Ira Gershwin.
Na trama de Vamos Dançar?, Fred dança balé clássico e finge que é russo. O encontro com Ginger é o choque de dois mundos, e esse choque acontece para valer em “They all laughed”, delicinha de canção dos Gershwin. Ginger canta na primeira parte, depois os dois se estranham na dança, depois Fred mostra quem é e o que sabe. Depois, o que vem é magia.
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76. ‘A HARD DAY’S NIGHT’, de A Hard Day’s Night (1964)
Com The Beatles. Direção: Richard Lester. Canção de John Lennon e Paul McCartney.
A abertura de A Hard Day’s Night é antológica, reproduzindo a histeria da beatlemania com toques de nonsense e dando o tom do que virá no filme: a reprodução cômica do que seria um dia no cotidiano agitado dos Beatles, com um ar meio de documentário. O apuro visual de Richard Lester fez essas imagens ficarem clássicas.
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75. ‘JUMPIN JIVE’, de Tempestade de Ritmos (1943)
Com Cab Calloway e os Nicholas Brothers. Direção: Andrew L. Stone. Direção de dança: Nick Castle. Coreografia: Clarence Robinson. Canção de Cab Calloway, Jack Palmer e Frank Froeba.
Você nunca vai ver no cinema alguma coisa igual aos Nicholas Brothers. De uma agilidade inacreditável eles faziam coisas que nem superstars do calibre de Ferd Astaire e Gene Kelly se atreviam. Infelizmente, o racismo jogava contra: para não incomodar as plateias segregacionistas de alguns estados, os grandes filmes reservavam a eles apenas participações especiais, que podiam ser cortadas nas exibições nesses lugares. Eles tinham melhor espaço em filmes de elenco negro e destinados ao público negro como este Tempestade de Ritmos. Antecedidos pelo inimitável Cab Calloway, os Nicholas sapateiam e saltam um sobre o outro, saltam por cima da orquestra, saltam subindo e descendo uma escada. Um assombro.
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74. ‘BLACK BOYS/ WHITE BOYS’, de Hair (1979)
Com Laurie Beechman, Debi Dye, Ellen Foley, Johnny Maestro, Fred Ferrara, Jim Rosica, Vincent Carella, Nell Carter, Charlayne Woodard, Trudy Perkins, Chuck Patterson, H. Douglas Berring, Russell Costen, Kenny Brawner e The Stylistics. Direção: Milos Forman. Coreografia: Twyla Tharp. Canção de Galt McDermot.
O número mais irreverente e iconoclasta de Hair faz um paralelo genial entre garotas num parque falando abertamente sobre seus desejos a respeito de rapazes de outra cor… e militares numa junta de alistamento avaliando os novos recrutas. A seriedade na face de alguns dos militares enquanto cantam o que cantam dá ainda mais graça à coisa toda.
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73. ‘SUDDENLY SEYMOUR’, de A Pequena Loja dos Horrores (1986)
Com Rick Moranis, Ellen Greene, Michelle Weeks, Tichina Arnold e Tisha Campbell-Martin. Direção: Frank Oz. Coreografia: Pat Garrett. Canção de Alan Menken e Howard Ashman.
Dois sofredores do mundo, o funcionário de uma floricultura testemunha o desencanto da mulher que ama, mas que só se envolve com homens abusivos. Sua declaração de amor é uma pérola de sentimento dentro da galhofa deste ótimo musical cômico. Rick Moranis está ótimo, mas Ellen Greene (reprisando seu papel dos palcos) é sensacional.
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72. ‘ANOTHER DAY OF SUN’, de La La Land — Cantando Estações (2016)
Com Reshma Gajjar, Hunter Hamilton, Damian Gomez, Candice Coke e elenco (vozes de Angela Parrish, Nick Baxter, Marius De Vries, Briana Lee e Sam Stone). Direção: Damien Chazelle. Coreografia: Mandy Moore. Canção de Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul.
Quantos sonhos a chatice de um engarramento esconde? Em outro dia comum de sol e carros parados em Los Angeles, as aspirações ganham vida quando os motoristas saem de seus carros e começam a contar daquilo que os levaram até a cidade: o sonho de vencer em Hollywood. Filmado numa autoestrada real, com três planos-sequência com cortes escondidos para que pareça tudo um único plano. É uma declaração de intenções do filme: abrindo com este número, sem qualquer dos personagens principais, já estão aqui o estilo narrativo, o estilo visual e o tema central.
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71. ‘I HAVE CONFIDENCE’, de A Noviça Rebelde (1965)
Com Julie Andrews. Direção: Robert Wise. Coreografia: Marc Breaux e Dee Dee Wood. Canção de Richard Rogers e Oscar Hammerstein II.
O carisma avassalador de Julie é combinado com a paisagem de tirar o fòlego de Salzburgo, captada através dos enquadramentos rigorosos e incríveis de Wise. Reparem, no começo, o recuo da câmera que mostra que a fraulein Maria está enquadrada entre as grades do portão. Ou quando ela vem do fundo do quadro, com os prédios ao fundo, e a câmera faz outro recuo para mostrar o ônibus para onde ela vai. Ou ela cantando na janela, com a paisagem refletida no outro vidro. Ou quando ela desde do ônibus e dá meia volta indo para o fundo do quadro. Fora a música, um canto de otimismo com violão na mão e saltinhos meio desengonçados no ar, que começa na dúvida e termina na autoconfiança plena.
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6 de julho, há 60 anos: Conhecem-se, em 1957, os cantores, compositores e multi-instrumentistas John Lennon e Paul McCartney, que seriam fundadores e líderes dos Beatles. Lennon tinha 16 anos e McCartney, 15, quando Paul viu uma apresentação da banda de John, The Quarrymen, em uma festa na St. Peter’s Church, em Liverpool (a foto do post é desse show, cerca de 15 minutos antes de John e Paul se conhecerem). Ivan Vaughan, membro da banda, apresentou os dois e McCartney tocou três músicas no violão. Duas semanas depois, entraria para a banda e depois levaria George Harrison, formando-se a base do que mais tarde viria a ser os Beatles, banda de rock mais importante da história.
Ainda há algo para saber sobre os Beatles? Bem, está para sair este novo documentário sobre o quarteto de Liverpool: The Beatles – Eight Days a Week: the Touring Years (“apresentando imagens raras e nunca vistas”, diz o trailer). Ele vai se concentrar no período da beatlemania, com o grupo excursionando pelo mundo e levando fãs à histeria, a ponto de não conseguir se ouvir nos shows. Não sei se trará alguma grande novidade, mas e daí? É claro que assistiremos! Para certa surpresa minha, a direção é do Ron Howard, de quem gosto (são dele Splash, Cocoon, Apollo 13, Uma Mente Brilhante, O Código Da Vinci, Frost/ Nixon, Rush…), mas desconhecia o lado documentarista (ele tem um longa no gênero: Made in America, de 2013). A data de estreia na Inglaterra é 15 de setembro, ainda não há data prevista no Brasil.
A lista seria de covers que conseguem reinventar uma música e melhorá-la? Ou só torná-la diferente? Ou só continuar muito boa? Eu não fecho em nenhum critério. Há um pouco de tudo isso nessa lista de música que adoro. O que elas têm em comum: são minhas versões preferidas e não são as originais (embora algumas pareçam ser).
10. “MORE THAN THIS”, 10,000 Maniacs (1997).
Autor: Bryan Ferry. Gravação original: Roxy Music (1982).
O primeiro single do último álbum do Roxy Music, antes de Bryan Ferry partir para a carreira solo voltou às paradas com a ótima e delicada versão do 10.000 Maniacs, estreando uma vocalista nova: Mary Ramsey no lugar de Natalie Merchant.
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9. “BETTE DAVIS EYES”, Kim Carnes (1981)
Autoras: Donna Weiss, Jackie DeShannon. Gravação original: Jackie DeShannon (1974)
A versão de Kim Carnes é hoje tão mais conhecida, que mal se sabe que ela é um cover da original de Jackie DeShannon, também ótima e mais próxima de um swing sinatriano.
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8. “ALWAYS ON MY MIND”, Pet Shop Boys (1987)
Autores: Johnny Christopher, Mark James e Wayne Carson. Gravação original: Brenda Lee (1972)
A canção de amor country foi reinventada para o sinthpop do Pet Shop Boys. Esta é uma daquelas canções que tem várias versões ótimas, com destaque também para a de Elvis Presley e a de Willie Nelson.
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7. “SUSPICIOUS MINDS”, Elvis Presley (1969)
Autor: Mark James. Gravação original: Mark James (1968)
A gravação do próprio compositor não fez sucesso e ela foi oferecida a Elvis. Virou um clássico. Depois, nos anos 1980, o Fine Young Cannibals também regravou.
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6. “COMO NOSSOS PAIS”, Elis Regina (1976)
Autor: Belchior. Gravação original: Belchior (1976)
Belchior lançou a música em seu disco de 1976, Alucinação. No mesmo ano, Elis a incluiu no seu show Falso Brilhante e o poder de sua interpretação extraordinária elevou a canção à imortalidade.
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5. “SINGIN’ IN THE RAIN”, Gene Kelly (1952)
Autores: Arthur Freed e Nacio Herb Brown. Performance original: Doris Eaton Travis (1929)
Doris Eaton Travis cantou primeiro a canção no palco, em The Hollywood Music Box Revue. Cliff Edwards (o Ukelele Ike) com as Brox Sisters foram dos primeiros a gravá-la, no filme The Hollywood Revue of 1929. Depois Judy Garland (em Um Amor de Pequena, 1940) e Doris Day a regravaram, entre muitos outros. Mas, claro, nenhuma é mais célebre que a de Gene Kelly para Cantando na Chuva, filme criado para desfilar as composições de Freed (produtor do grandes musicais da Metro, inclusive este) e Herb Brown.
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4. “I’VE GOT YOU UNDER MY SKIN”, Frank Sinatra e Bono (1993)
Autor: Cole Porter. Gravação original: Virginia Bruce (1936)
Essa canção de Cole Porter foi lançada no filme Nasci para Dançar, com Eleanor Powell, e foi cantada de um jeito meio operístico por Virginia Bruce para James Stewart. Sinatra a cantou pela primeira vez no rádio em 1946. Em 1956, surgiu sua antológica versão com arranjos estilo big band de Nelson Riddle. São os arranjos usados no disco Duets, de 1993, onde Old Blue Eyes divide os vocais com Bono Vox.
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3. “GIRLS JUST WANT TO HAVE FUN”, Cyndi Lauper (1983)
Autor: Robert Hazard. Gravação original: Robert Hazard (1979)
É surpreendente encarar o fato de que “Girls just want to have fun” não veio ao mundo pela voz de Cyndi Lauper. Mas o primeiro a gravá-la foi o próprio compositor Robert Hazard, em 1979. Mas isso perdeu-se na história: a canção nasceu mesmo na versão de Cyndi, indicada ao Grammy de gravação do ano e performance vocal pop feminina do ano, e regravada por mais de 30 artistas depois.
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2. “TWIST AND SHOUT”, The Beatles (1962)
Autores: Phil Medley e Bert Berns. Gravação original: Top Notes (1961)
Quando a canção foi gravada pela primeira vez ainda era chamada “Shake it up, baby” e era esquisitamente diferente (Medley reclamou muito da produção de Phil Spector). Os Isley Brothers colocaram a canção no mapa com sua gravação de 1962, já do jeito que a conhecemos (e produzida por Medley). E, no ano seguinte, os Beatles tomaram posse dela para sempre. Foi a última faixa do primeiro LP do grupo, registrada no fim de uma sessão de 11 canções gravadas em 10 horas. O efeito disso e do frio do estúdio é audível na voz de John Lennon que, com tudo isso, entregou uma performance definitiva.
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1. “TURN, TURN, TURN (TO EVERYTHING THERE IS A SEASON)”, The Byrds (1965)
Autor: Peter Seeger. Gravação original: The Limeliters (1962)
Seeger tirou quase toda a música do Livro do Eclesiastes, da Bíblia. O grupo folk Limeliters lançou a música, meses antes da versão do próprio Seeger. Marlene Dietrich a regravou em alemão em 1963 (como “Glau, glau, glau”)! Mas em 1965, foi o grupo The Byrds que a tornou um hit internacional com sua versão definitiva e insubstituível, melancólica e admirada pela existência humana na Terra.
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VEJA TAMBÉM:
Há 50 anos, em 1963, “She loves you” chegava ao primeiro lugar das paradas britânicas. Continua sendo o single mais vendido dos Beatles no Reino Unido e, segundo John Lennon, foi ideia de Paul McCartney mudar o habitual “I love you” para o então pouco usual “she loves you”, uma canção na terceira pessoa. os Beatles gravaram uma versão em alemão (“Sie liebt dich”) e o “yeah-yeah-yeah” do refrão batizou de certa maneira aquela aurora do rock (o primeiro filme do grupo, em 1964, A Hard Day’s Night, não por acaso chamou-se aqui Os Reis do Iê-Iê-Iê).
Linda McCartney, fotógrafa e esposa do ex-Beatle Paul McCartney, morreu há 15 anos, em 1998. A nova-iorquina já tinha alguma notoriedade como fotógrafa de astros do rock (para a Rolling Stone) quando conheceu Paul, no fim dos anos 1960. Eles se casaram em 1969 e Linda passou, também, a fazer parte da vida musical do marido – não só inspirando canções como “Maybe I’m amazed”, como fazendo fazendo parte da banda de Paul após os Beatles, os Wings, e de sua carreira solo. Ela morreu de câncer.