O que não se vê
Atividade Paranormal (Paranormal Activity, Estados Unidos, 2009) exige do espectador um comprometimento total. Quem consegue mergulhar no filme, vai sentir uma emoção rara no cinema atual: medo verdadeiro, e não apenas em sustos esporádicos, mas contínuo. Quem perder o embarque, porém, terá poucas emoções além do tédio.
É inegável que o diretor-roteirista Oren Peli, estreante em longas, consegue criar uma atmosfera de suspense baseada em um ensinamento quase esquecido nessa era de efeitos digitais: o ser humano tem mais medo do que não conhece. Enquanto vampiros ficam cada vez mais pop e metem cada vez menos medo, uma luz que acende sem explicação no corredor lá no fundo da casa pode gerar um arrepio coletivo na espinha da platéia.
Narrar o filme como se tudo fosse um vídeo real feito pelo casal que lida com a assombração para investigar o fenômeno tem a evidente estratégia de aproximar ainda mais espectadores e protagonistas. Tentando levar essa sensação ao limite, o filme nem tem créditos – sem falar na propaganda viral da internet em que as cenas foram tratadas como verdadeiras.
O problema com esse tipo de narrativa é que ela não consegue se sustentar o tempo todo. Já era assim em A Bruxa de Blair (1999) e chegou ao limite do ridículo em Cloverfield – Monstro (2008) – o espanhol REC (2007) é o que se sai melhor. Em Atividade Paranormal, em vários momentos, a obsessão dos personagens em se filmar tudo fica forçada.
Enquanto em algumas cenas, a câmera é “esquecida” ligada e isso funciona, em muitas outras é nítido que o equipamento está funcionando apenas para a trama ser explicada – como nas cenas em que as gravações noturnas são analisadas. É uma armadilha que o filme armou para si mesmo e da qual não consegue escapar.
Atividade Paranormal (Paranormal Activity). Estados Unidos, 2009. Direção: Oren Peli. Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Ashley Palmer.
1 comentário
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11/02/2010 às 18:20
Jeff
Taí…gostei do cometário sobre…eu gostei muito do filme…e como um obcecado por filmes mais ainda pelo gênero, esse me causou arrepios e criou em meu quarto (á noite) uma atmosfera terrívelmente assustadora…assistí sózinho e valeu á pena a experiência.!!
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