De carona com Julia Roberts
Belas paisagens, geográficas, humanas e até culinárias. É nisso que Comer, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love, EUA, 2010) investe a maior parte de seu tempo e esforço. Com Julia Roberts como guia, a adaptação do best seller mezzo autoajuda de Elizabeth Gilbert, baseado em sua própria história de superação de crise, passeia por Roma, Índia e Bali, por pratos de macarronada e pela própria Julia e por Javier Bardem.
Julia interpreta a autora do livro, Liz, que empreendeu a viagem ao redor do mundo após descobrir que sua vida não tinha sentido e passar por um divórcio complicado e um namoro com um garotão que também se mostrou não ser a resposta. Na Itália, aprende o prazer de comer bem e de “não fazer nada”. Na Índia, aprende a meditar e a se perdoar. Na Indonésia, a estar de novo disponível para o amor.
Falta uma certa unidade nessas escalas todas e, principalmente, vigor na narrativa. Tudo é muito morno: da insatisfação e tristeza do começo à redescoberta da paixão na parte final. Claro, ainda pode agradar às mulheres que se identifiquem com a crise da personagem e fantasiem uma solução semelhante para seus problemas, mas não para todas – porque o filme nem é especialmente emocionante.
A trama segue aos solavancos, com um bom segmento na Itália, seguido pelo marasmo da parte indiana – salva ainda pelo sempre competente Richard Jenkins. Bardem aparece na terceira parte, interpretando um brasileiro, ao som de Bebel Gilberto cantando “Samba da bênção” no CD player, e depois o papai João com “Wave” e “S’ wonderful”.
Parênteses: é visível o esforço para caracterizar bem o personagem, incluindo algumas expressões em português. Se o sucesso não foi 100%, fica a boa intenção.
Julia não chega a ter uma grande interpretação – nem o diretor Ryan Murphy contrói o filme de maneira a exigir isso dela -, mas seu carisma está lá. Se o longo Comer, Rezar, Amar não afunda totalmente é muito por causa dela.
Comer, Rezar, Amar (Eat, Pray, Love, EUA, 2010). Direção: Ryan Murphy. Elenco: Julia Roberts, Javier Bardem, Billy Crudup, Viola Davis, James Franco.
2 comentários
Comments feed for this article
21/10/2010 às 12:54
Priscilla
Caro Renato,
Leio algumas coisas por aqui de vez em quando. Sou cinéfila e admiro suas escritas. Resolvi comentar justamente na crítica que discordei. Meus argumentos não vão muito além da identificação. Acho que filme, basicamente, é isso. A forma de admirar uma arte tem a ver com o sentimento de quem a aprecia. Desta forma, o que me chama atenção pode não significar nada a outrem.
Não sou fã de Julia Roberts, mas ela me convence como Liz Gilbert. Acho a história fantástica, como uma busca muito humana daquilo que sempre almejamos: a felicidade. Ela, jornalista bem sucedida, com uma vida mais que confortável e um marido que a ama, vê no mundo afora uma oportunidade de mudança de vida. Aceita a solidão e encara a busca por aquilo que a faça feliz apreciando pequenos prazeres.
Não achei o filme morno, pelo contrário, senti-me envolvida do começo ao fim. A história é simples, mas rica de boas sacadas. Um filme querido enfim.
É isso.
CurtirCurtir
21/10/2010 às 15:49
linda susan
Já li o livro, adorei a entrevista com a autora na Globo News e assisti trailler e matérias. Faltava assistir o filme.O que fiz a semana passada qdo estive em João Pessoa.Amei o filme é adorável e discute as angústias femininas diante da vida e das relações com as nossas exigências e as da sociedade que estamos inseridas, de uma forma agradável e reflexiva.Boa parte das mulheres se vê um pouco no personagem, e o melhor de tudo é que o final feliz é estimulante e não é só no filme a Liz Gilbert está feliz com o marido brasileiro.Será que vem um vovo filme do novo livro?
CurtirCurtir